Oh, o motivo pelo qual me mantenho firme

Oh, porque eu preciso fazer esse buraco desaparecer

É engraçado porque você está em ruínas,

Mas eu era a única que precisava ser salva

Porque quando você nunca vê as luzes

É difícil saber quem de nós está desabando

~Pov Meg

Mais um dia se passou nesse inferno. Eu havia conhecido pessoas novas e não jantei sozinha desta vez. Greg, o psicólogo estava se aproximando de mim. Não sei se por causa dos meus problemas ou se era porque estava gostando da minha companhia.

A noite chegou e com ela mais um dia sozinha. Liam não escreveu pra mim, de novo. Eu sei que ele disse que não escreveria sempre, mas isso me preocupava. Eu me sentia só e triste, queria muito saber como ele estava.

Enfim, mesmo que ele não me escrevesse eu prometi que escreveria, então me levantei e peguei um pergaminho, a pena e a tinta.

“Meu Liam,

Bom, você não me escreveu ontem e eu estou preocupada. Como você está? Se quiser desabafar você sabe que eu estou aqui não é?

Sei que disse que não poderia escrever sempre e eu entendo você, mas eu sinto sua falta. Pode não estar se importando agora, ou só estar ocupado. As coisas aqui estão boas, pelo menos estão melhores do que eu achei que estariam.

Não me sentei sozinha hoje. O psiquiatra, Greg se sentou comigo hoje.

Daqui duas semanas eu poderei receber visitas e eu pensei, será que você poderia vir? Sei que minha mãe não vai te avisar, mas Draco disse que se você quiser ele pode arrumar um jeito de te trazer sem que ela saiba.

Então é isso meu Liam, escreva quando puder e se quiser vir eu estarei te esperando.

Beijoos da sua Rainbow...

Sinto saudades”

Entreguei a carta a Aiko e suspirei. Espero que ele responda dessa vez. Ouvi uma batida na porta e fui rapidamente atender. Parado diante de mim com uma expressão envergonhada estava Greg sorrindo.

–Sim?

–Então eu... É que... Eu notei que você nunca sai do quarto então eu pensei em te levar para o campo de futebol, o que acha?

–Vou adorar. –Eu sorri e saí com Greg até o campo, quando chegamos lá nós nos sentamos na grama e ficamos olhando o céu, haviam poucas estrelas, mas mesmo assim a noite estava linda.

–Então, se é uma clínica pra bruxos porque o campo é de futebol e não Quadribol?

–Alguns dos pacientes não veem a hora de sair daqui, acho que se subirem em uma vassoura nós nuca mais os veremos. –Ele deu um sorriso triste.

–Mas se eles não querem ficar aqui por que não vão embora?

–Muitas vezes a família os impede disso e alguns não podem sair porque tem problemas mentais. E você? Queria estar aqui?

–Não. Minha mãe acha que eu sou maluca, assim como todos que trabalham aqui.

–Eu não te acho maluca. –Ele disse sorrindo e me fazendo sorrir também.

–E por que não acha? É o que alguém normal acharia. Quem não acha uma garota que chegou aqui com uma ficha como a minha maluca?

–Eu não acho porque dá pra ver que você só fez o que fez porque tem problemas. O que me pergunto é: que tipos de problemas fizeram você ficar assim?

–Eu não sei, eu só... Lidava com toda a dor emocionalmente e sentia vergonha, culpa. Então eu decidi descontar tudo isso em mim mesma. Por isso eu me machucava.

–E por que em sua ficha consta bulimia e anorexia? Você é muito bonita.

–Obrigada pelo elogio, mas eu não me vejo como uma garota bonita quando me olho no espelho.

–E sua mãe?

–O que tem ela?

–Já escreveu pra ela depois que entrou aqui? –Eu balancei minha cabeça negando e abracei minhas pernas. –Por que não?

–Nosso relacionamento não é dos melhores.

–Hum, entendo.

–Ela briga comigo o tempo todo e isso machuca de uma forma horrivelmente imensa; diz que eu não sou uma boa filha, mas eu tento sempre; usa a desculpa de estar estressada quando brigamos, mas ela não percebe que eu estava me destruindo; não confia em mim, embora eu entenda isso porque eu mesma não acredito que mereça a confiança de ninguém; e o que mais me machuca é que desde que o papai morreu ela não me abraça. Às vezes é só o que eu preciso.

–Posso te pedir uma coisa? –Eu balancei a cabeça. –Escreva uma carta pra ela, pode ser pequena, apenas desabafe. Não precisa enviar. Acho que pode fazer bem.

–Eu vou tentar. –Ele sorriu e eu também. –E você? É casado? Tem filhos?

–Não e não. –Nós rimos. –Divorciado e não tenho filhos.

–Por que se separou?

–Decidimos que seria melhor assim, brigávamos muito.

–Ficaram juntos por quanto tempo?

–Dois anos. –Quando desviei o olhar do céu percebi que ele olhava pra mim. –Liam vem te visitar daqui duas semanas?

–Não sei, ele não me respondeu ainda.

–Ainda não me conformei com o fato de que uma garota como você esteja solteira.

–Como eu disse, ele é só meu amigo. Eu tinha um namorado antes, mas ele me traiu.

–Estão querendo fazer um baile de Natal na clinica, antes de vocês saírem para ir pra casa, você deveria convidá-lo.

–Sério? Mas o baile não seria só para os pacientes?

–Ainda não temos nada confirmado, mas acho que poderão convidar uma pessoa. Um par.

–Você vai com quem?

–Eu minha cara Meg vou sozinho porque como eu trabalho aqui não será tão vergonhoso quanto parece. –Nós rimos.

–Deveria chamar alguém.

–E quem seria?

–Não sei, Elisa já tem par? Ela é bonita.

–Sim ela é muito bonita, mas não me dou muito bem com Elisa.

–Por que não?

–Você se daria bem com a melhor amiga da sua ex-mulher?

–Acho que não. –Nós rimos e ele deu de ombros.

A nossa conversa continuaria, mas o som de uma sineta tocou, fazendo com que Greg se levantasse e me estendesse a mão para me ajudar.

–Hora de dormir. –Ele disse e eu balancei a cabeça.

–Posso te fazer uma pergunta? –Ele assentiu. –Está conversando comigo porque sou sua paciente e isso facilitaria as coisas pra você com o tratamento ou está conversando comigo porque gostou da minha companhia embora saiba que eu seja maluca e por isso estou internada?

–Estou conversando com você porque quero que saiba que eu sou seu amigo e que não te acho maluca. –Eu sorri. –Vem, eu te levo até seu quarto.

E assim seguimos até o meu dormitório. A conversa era animada e descontraída e realmente estava me fazendo esquecer um pouco os problemas que rodeavam a minha mente e a preocupação com Liam, mas assim que fechei a porta e me deitei tudo voltou.

Eu queria ter ficado em Londres, assim poderia ficar com Liam e cuidar dele. Eu sentia tanto a sua falta, juro que se eu pudesse ficaria ao lado dele nesse exato momento. Era só no que eu conseguia pensar.

Não tenho certeza de como me sentir quanto a isso

Algo no seu jeito de se mexer

Faz com que eu acredite não ser possível viver sem você

Isso me leva do começo ao fim

Eu quero que você fique