Aomine Daiki, um escultor muito renomado em sua cidade de origem, viajava um mundo para conseguir sua última inspiração. O rapaz era relativamente novo com seus 25 anos bem vividos. Porém sempre há um fim para tudo, uma parede que nos faz apenas querer desistir do que “poderia ter sido”. Essa parede tinha um nome e era tão viva quanto ele.

Momoi Satsuki estava se apagando de sua vida. Não havia conhecido a garota ainda estava viva, ela era uma cantora tão famosa quanto ele era, mas tinha perdido a vida quando o avião em que estava caiu devido a um mal tempo. Aconteceu antes mesmo que ele tinha nascido, mas a lenda que se criou em torno da moça havia sido tanta que até sua geração soube de sua existência. Mas detalhes importantes lhe escaparam até que completasse 16 anos. Como o rosto da jovem principalmente.

Não pode negar que tinha se envolvido de forma inconciliável com a dona daqueles olhos rosados. Chegou ao ponto de jurar que já tinham se encontrado antes. Isso quando ele ainda tinha 13. 12 anos se passaram com aquele garoto sonhador tentando trazer de qualquer forma um pouco da essência daquela mulher para si. Infrutífero. Sua mãe ficava preocupada, assim como seus antigos colegas de turma.

Mas como poderiam entender que desde que se conheceram ele vivia por e para ela? Era apenas muito extremado agir daquela forma. No entanto ao olhar a água nem um pouco límpida a muitos metros abaixo de si ele considerou-a ainda mais.

Respirou fundo para poder soltar o ar logo depois.

Ele já estava esquecendo. Se antes já era difícil captar qualquer vínculo que seja do outro lado o passar dos anos deixava suas mãos mais desgastadas e confusas. Aquela linha do destino estava se perdendo. O que mais poderia fazer?

– Ei você!

Aomine se sobressaltou ao perceber que era chamado. Mas era claro que tal pessoa faria. Estava muito próximo da barra que separava a ponte do mar aberto. Não precisava pensar muito para saber o que viria a seguir.

Era agora ou nunca. Aomine rapidamente se pôs em cima da barra de metal e sentiu as gotas de chuva cada vez mais fortes em seu rosto. A barra estava molhada e qualquer passo em falso o levaria para o “outro lado” literalmente. Mas não era como se devesse ficar preocupado com isso. Não voltaria atrás. Deu um passo no vazio. O seu corpo de imediato inclinou com a gravidade.

Ou era o que aconteceria se não sentisse duas mãos segurarem fortemente suas orelhas o puxando para trás. Aparentemente a pessoa pulou atrás de si para conseguir esse feito, deveria ser muito rápido para conseguir a sua proeza.

O rosto o espantou.

Que criatura era aquela? Aomine se perguntou sem compreender. Já tinha passado do tempo que acreditava em cada coisinha inacreditável que aparecesse em sua vida como algo normal. Então quando ele viu aquele projeto de Momoi Satsuki bem embaixo de si teve que segurar um grito.

Ah não. De todo mundo que podia encontrar... Logo um fantasma?

–... Está bem...? - a pessoa questionou em um tom preocupado.

– O... O que aconteceu com seu cabelo...? - Aomine disse forçando as palavras a sair.

–... Ele sempre foi assim... Pode se levantar? - a pessoa perguntou dessa vez mais desconfiada.

– Claro...

Observou aquele espécime diante de si numa mistura de medo e incredulidade. A policial se levantou e atendeu o comunicador que tocou naquele momento. Tinha cabelos tão róseos pelo que se lembrava. Porém não eram tão curtos, não era? Aomine maldizia-se por ter perdido a única foto que tinha daquela pessoa, a única ainda existente também. Poderiam ser pessoas bem diferentes, as duas.

Só que uma sensação forte em seu peito dizia que não.

Talvez tentar pular de uma ponte não tinha sido a pior de suas ideias.

Sua mente começou a clarear.

– Tem alguém para vir buscá-lo? Família ou amigos? - a policial perguntou em tom profissional depois de desligar seu comunicador.

– Nenhum dos dois... - Aomine disse massageando a nuca com a mão sem jeito.

– Então vai ter que me acompanhar. Senhor...?

– Só Aomine ‘tá bom. - Aomine disse fazendo um gesto com a mão despreocupado.

– Então Aomine-kun... Vamos dar uma volta? Eu tenho trabalho a fazer e não quero ter que procurar seu corpo de manhã cedo.

– Ah, não se preocupe, já encontrei o que queria encontrar.

Tudo seria perfeito se ele não tivesse descoberto um detalhe importantíssimo. Uma diferença que mudaria toda a perspectiva a respeito de sua situação.

Satsuki era homem.