Bad Heroes escrita por Katreem


Capítulo 17
Moments


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora e não me matem hihihihi. Esse capítulo traz algumas pistas sobre novos heróis e creio que muita gente errou sobre os poderes do Caleb heheh. Enfim, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/598475/chapter/17

Em uma cidade pequena como Rosewood tudo o que você faz chama a atenção das pessoas. Ainda mais quando você está dentro do carro de uma das maiores delinquentes da cidade. Alison não se incomodou em mostrar para todos que estavam na calçada que ela tinha comprado um CD novo da Britney Spears, colocando as músicas no volume máximo. Seus cabelos loiros balançavam junto com o ritmo frenético das batidas sensuais. Aquele CD era um mix com todas as músicas de Britney que já estouraram nas paradas do mundo inteiro, e eu me lembrava de algumas delas, como a que estava tocando agora: Gimme More.
Ao contrário do que imaginei, o carro de Ali era limpo e organizado. Com cheiro de aromatizante de baunilha e estofados brilhantes, além de um painel sofisticado e sem nenhum arranhão sequer. Eu estava encolhida no banco de trás, me sentindo como se estivesse realmente no show da Britney, e confesso que não foi uma das melhores sensações que já cheguei a ter.
No banco do carona, Hanna tentava passar delineador nos olhos claros, mas Alison estava constantemente soprando baforadas de ar frio em cima dela, deixando Hanna irritada.
— Alison! — Hanna disse. A garota loira controlando o carro apenas riu com a língua entre os dentes, se divertindo.
Quando Hanna voltou a colocar o delineador sobre as pálpebras, Ali deu um tapa em seu cotovelo, fazendo o acessório riscar uma linha preta por cima da sobrancelha de Hanna, e ela não pareceu nem um pouco feliz.
— Ah, eu vou matar você! — Hanna avançou para cima de Alison, que continuou rindo.
Elas não estavam brigando de verdade, aquilo parecia mais uma espécie de abraço misturado com tentativa de estrangulamento, e Hanna começou a rir também.
O carro parou — ou melhor, praticamente invadiu a calçada — em frente à Boutique da Mandi, com o som ligado e Hanna e Alison rindo histericamente. Perguntei-me se elas tinham fumado maconha antes de sairmos.
— Olha lá a Spencer! — Ali apontou minha amiga, que terminava de falar com Melissa na porta da boutique. — Vamos lá com essa nerd.
Eu tentei dizer o quanto Spencer ficaria transtornada ao ver Hanna e Alison se aproximando dela e de Melissa, mas já era tarde demais.
— Vem, Em. — Ali me chamou com a mão e depois saiu do carro, colocando o braço por cima do ombro de Hanna enquanto as duas caminhavam juntas até as irmãs Hastings. Eu as segui com medo que Spencer fosse sacar uma metralhadora para nos matar por Ali e Hanna surgirem assim na frente da família dela. Afinal, os Hastings detestavam Alison e Hanna, principalmente Alison, que somente por fazer parte da família DiLaurentis já tinha a antipatia completa dos Super-Hastings. Os pais de Spencer não iam com a cara dos pais de Ali, e os filhos não engoliam uns aos outros. Às vezes, eu gostaria de saber o porquê.
Assim que Melissa viu Alison e Hanna, ela fez sua melhor cara de “não me importo” e se afastou com um semblante altivo depois de me dar um breve sorriso.
— O que estão fazendo aqui? — Spencer pareceu direcionar sua pergunta a Alison, mas seus olhos ficaram em mim.
— Viemos buscar você. — Alison disse, esmurrando o ombro esguio de Spencer.
— O quê? Para onde vamos? É alguma missão?
Ali começou a falar algo sobre irmos ao shopping, mas eu me perdi na porta de vidro da boutique. Através dela eu conseguia enxergar Caleb com uma face rubra e enfezada, e Melissa gritava alguma coisa como “você vai usar esse terno”. Ele estava vestindo terno preto e justo, com a camisa branca de botões aberta e os cabelos bagunçados. Eu diria que nunca o vira tão apresentável.
— Oh, mais que bonitinho. — Hanna sussurrou para mim, olhando Caleb, que fazia gestos de vômito atrás de Melissa.
Eu sorri, mas Spencer tinha parado de conversar com Alison e agora me olhava inquisitiva.
— Achei que estava de castigo.
— Eu estou.
Ela pareceu que ia dizer alguma coisa, mas deve ter pensado melhor.
— Spence, quem é aquele? — Hanna apontou para um cara que estava ao lado de Caleb, também experimentando ternos.
— É o Wren. — Disse Spencer. — O que é isso no seu rosto? — ela tocou a linha preta atravessada na sobrancelha de Hanna.
— O que esse tal de Wren vai fazer no casamento? — Ali perguntou.
— Vai ser padrinho, ele é amigo de faculdade de Melissa. — Spencer olhou o homem magro de terno cinza, que parecia ligeiramente tímido ao lado de Caleb.
— Até que ele é gato. — Ali disse. — Você não acha, Em?
Achar uma resposta para aquela pergunta foi tão difícil quanto prestar atenção em algo que não fossem os olhos de Alison exalando um brilho provocante. Mas se ela achava que iria ficar fazendo essas provocações e eu iria aceitar na boa, ela estava muito enganada.
— Ãhn? — resmunguei confusa. — É, ele é bonito sim.
Hanna pareceu perceber meu desconforto ao dizer aquilo. Ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas e depois sorriu desconfiada. E Alison apenas entortou os lábios em um sorrisinho sapeca.
— Então, Caleb sabe sobre... Nós? — Perguntei.
— Só contei sobre os poderes, mas ele não sabe que estamos salvando Nova Iorque no tempo vago. Ele acha que os treinos são só para não sairmos por aí destruindo tudo. — Spencer deu de ombros.
— Ele está melhor da gripe? — Ali sorriu.
— Acho que sim. — Spen franziu a testa. — Ele passa o tempo todo no quarto desenhando, fazendo várias coisas, até mesmo costurando.
Hanna arqueou as sobrancelhas.
— Costurando?
— Não parece o estilo dele. — Comentei.
— Tudo bem, Spence, vamos logo. — Ali disse. Fiquei surpresa por Spencer não ter repreendido Ali por usar o seu apelido, dizendo que elas não tinham intimidade para isso e um monte de outras coisas, como ela sempre fazia.
— Não posso sair, ainda tenho o vestido de festa para provar. — Spencer cruzou os braços.
— Fala sério! — Hanna bufou. — Ainda temos que pegar Aria. Vamos logo, Spencer.
Notei que Melissa vinha em nossa direção.
— Vem comigo, Emily. — Hanna me arrastou para o carro quando viu a irmã mais velha de Spencer chegando cada vez mais perto. Alison disse algo para Spencer, e esta bateu os braços ao lado do corpo, suplicante.
— Mas eu não posso! — Ela disse da forma mais controlada que conseguiu.
— Ah! Vamos! — Ali puxou Spencer pelo braço.
Spence não resistiu por motivos que eu já conhecia, por exemplo, o fato de ela não suportar Melissa e sempre querer distância dela. Assim que todas as portas do carro se fecharam, Melissa veio correndo em nossa direção, tomando cuidado para não tropeçar em seu salto alto. Eu admito que desejei que ela desse de cara na grama, mas depois me repreendi por isso. Apesar de ser muito chata, ela nunca tinha feito nada para mim. Quando ela estava quase chegando ao carro, Alison arrancou, fazendo sair fumaça dos pneus.
— Bom casamento, varapau! — Ali gritou da janela, oferecendo a Melissa seu dedo do meio enquanto avançávamos pela rua.

O clima no carro tinha ficado mais agradável do que eu podia apostar. Ali estava contando para Spencer que seu atirador de gelo havia quebrado, e Spencer relatava ter acontecido o mesmo com o atirador de água dela. Ezra havia construído pequenos mecanismos — uma pequena estrutura de metal semelhante a um relógio de pulso — inerentes aos trajes de Ali e Spencer para que o gelo e a água não viessem diretamente de suas peles, pois segundo ele, quando usávamos o poder vindo de nossas próprias peles, a força e estabilidade de nossos poderes caíam cerca de trinta por cento. Sendo assim, esses mecanismos eram postos nos pulsos de Alison e Spencer, e eram ligados diretamente as veias e circuitos internos das duas. Ezra disse que Hanna não precisava, pois sua própria fonte de energia era ela mesma. Para mim também não era necessário, pois meu poder vinha da mente.
— Eu não sei o que aconteceu. — Ali disse, dando a volta no volante. — Ele simplesmente pifou quando cheguei em casa.
— Acho que consigo concertá-los. — Spencer soltou.
— Acha mesmo?
— Na verdade, é fácil. Só é preciso ver o que tem de errado com as teias ligantes e...
— Construir novas. — As duas terminaram juntas.
— Por algum acaso, estão fazendo coral? — Hanna se meteu na conversa enquanto Alison piscava para mim pelo espelho retrovisor.
— Alguém te perguntou alguma coisa aqui? — Spencer a olhou.
Ótimo, pensei, Spencer deixava de brigar com Ali para criar birra com Hanna. Simplesmente ótimo.
Olhei Hanna pedindo que ela parasse somente com o olhar, o que pareceu dar certo.
— Podemos resolver isso hoje, vamos para a minha casa depois do shopping. — Alison disse. Ela virou o carro em uma rua e parou perto da entrada da clinica. Lá em cima um letreiro estava fazendo o prédio se destacar: Sullivan’s.
Quando fui sair do carro, as mãos de Hanna me puxaram de volta pelo casaco.
— O que... — Olhei para ela perplexa, mas Hanna sorriu e apontou para frente.
Assim que meus olhos seguiram o local onde ela apontou, vi Aria sentada tranquilamente em sua cadeira nova na calçada. Ela tinha acabado de sair da consulta. A questão era que ela não estava sozinha. Ao seu lado, com o jaleco branco chamuscado por cima de uma camiseta verde surrada, o cabelo espetado para cima que deveria estar com vinte centímetros de altura e uns óculos de aviador enorme, estava Ezra, nosso “tutor”.
— O que ele está falando? — Perguntou Spencer, com um ar de riso ao observar Ezra falando empolgadamente com Aria.
— Emily... — Hanna começou.
— Não, nem pensar. — Cortei-a no mesmo segundo.
— Por favor. — Modo Hanna Fofoqueira On.
— Eu já disse.
— Em... — Eu estava imparcial até Alison vir com aquela voz pidona e os olhos grandes e azuis brilhando. — Por favor.
Você sabe que vou te recompensar mais tarde. Seus pensamentos pareciam querer voar para fora da mente.
Bufei, cedendo rapidamente ao pedido dela.
— O que aconteceu com você? — Aria perguntou tentando controlar as risadas. — Seu cabelo...
Ezra pôs as mãos, que estavam com luvas marrons enormes, na cintura e negou com cabeça enquanto ria.
— Eu... — Ele acabou rindo antes mesmo de completar a frase e Aria riu junto. Juro que tive vontade de ir até lá apertar as bochechas dela por tanta fofura. — são alguns projetos novos. — Ele terminou assim que as risadas iam perdendo o ritmo.
— Projetos novos? São para nós?
— Hm... Não exatamente. — Ezra coçou a nuca, mesmo que isso parecesse impossível com aquelas luvas grossas.
— Posso saber? — Aria juntou as mãos, curiosa.
Enquanto eu os lia, passava tudo para as mentes das meninas, o que parecia um pouco complicado, — e até doloroso — mas não havia nada que eu não faria para deixar Alison feliz.
— Está bem, nada de interessante. — Ali disse. Ela saiu do carro sendo seguida por nós e caminhou até uma Aria risonha e um Ezra elétrico.
— Meninas! — Ezra ergueu as mãos para cima. — Minhas garotas!
Hoje ele parecia particularmente agitado, o que provocou risinhos da minha parte. Assim que ele se aproximou, um cheiro de queimado invadiu a atmosfera e seu cabelo parecia uma estalactite preta apontada para o céu. Ri de novo.
— O que houve com... — Spencer começou, observando Ezra com o nariz torcido.
— Trajes! Coisas novas! — Ezra colocou um dos braços ao redor do meu ombro. Percebi que os pelos de seu braço estavam queimados também, o que não gerava um cheiro muito agradável. — A Garota da Mente! Você consegue ver, Em? É um mundo cheio de possiblidades!
Ele saiu de perto de mim e deu alguns passos para frente, olhando para cima como se visse um estouro de ideias a sua frente. Considerei a possibilidade de ele estar bêbado. Os olhos de Ezra brilhavam alegremente junto com um sorriso deslumbrado. Ele fechou os punhos e se virou. Vi Alison trocar um comentário junto com Hanna e Spencer, e depois elas riram. Aria observava Ezra como se quisesse ler a mente dele, e tendo aquela ideia, resolvi fazê-lo.
Os pensamentos dele eram como explosões de conhecimento dentro do meu cérebro. Eram fórmulas e cálculos que não acabavam mais, imagens piscavam a todo instante e pude ver algumas coisas surpreendentes. Um escudo redondo pintado de azul e vermelho com uma estrela no meio passou girando como um freesbe e uma armadura vermelha e dourada atirava um laser vermelho contra alguma coisa.
— Eu preciso terminar algumas coisas! — Ezra exclamou me tirando de sua mente instantaneamente. — Vejo vocês no treino.
Ele atravessou a rua desajeitadamente, se virando para acenar enquanto corria. Seus olhos pararam em Aria por tempo demais e Ezra tropeçou nos próprios pés, quase caindo de cara na calçada. Todas nós não pudemos evitar uma risada.
— Tudo bem, o que deu nele hoje? — Perguntei, não escondendo minha incredulidade.
— Ás vezes ele acorda meio Albert Aisten. — Alison deu risada e logo eu me dirigi até Aria, pegando a tranquilamente nos braços.
— Parece que ele andou tomando todos aqueles cafés do Brew de novo. — Spencer comentou rindo e dobrando a cadeira de Aria.
Aria apertou suas mãozinhas ao redor do meu ombro e sorriu olhando o caminho que Ezra havia acabado de fazer.
— Vocês tinham que ter visto, ele veio correndo pela rua perseguindo uma formiga que ele chama de Antonny. — Ela disse quando a eu colocava no carro.
Todas riram muito enquanto nos acomodávamos nos bancos.
— É bom ver que ele não mudou muita coisa desde a faculdade. — Alison acelerou com o carro.
— Como sabe disso? — Spencer perguntou. Eu teria perguntado, mas estava ocupada fazendo cócegas em Aria com a ajuda de Hanna.
— Ezra é amigo do imbecil do Jason e de Harry também, embora tenham personalidades um tanto opostas. — Alison respondeu com os olhos na estrada. — Eu conheci Ezra em uma feira de ciências da faculdade de Hollis, quando nossa família linda e perfeita — ela revirou os olhos — foi ver o projeto que o grupo de Jason, Ezra e Harry tinham feito.
Nesse momento, Spencer fez o favor de tirar o CD da Britney e colocou em uma estação de rádio qualquer.
— Não, não! — Aria ria e debatia seus braços na direção do rosto de Hanna. — Parem, por favor! — Ela implorava com o rosto vermelho de tanto rir. Sua gargalhada cheia de vida ocupando o carro.
— Tudo bem, tudo bem. — Levantei as mãos em rendição. Alison nos olhou do banco do motorista com um leve sorriso.
— E qual era o projeto deles mesmo, Ali? — Hanna perguntou enquanto agarrava a perna de Aria e fingia que era uma guitarra. A pequena apenas sorria e cutucava alguns dos fios azuis e pretos do cabelo loiro de Hanna.
— Um comunicador. — Ali respondeu engatando a marcha. — Um radiozinho de criança amarrado em cadarços de tênis e colocado como um colar no pescoço de um macaco. Ele faria com que o macaco falasse.
Spencer esbugalhou tanto os olhos que pensei que eles fossem saltar.
— E funcionou?
— Mais ou menos. — Ali disse sem muito interesse. Viramos na rua perto do shopping e logo várias vozes zumbiram dentro da minha cabeça, as bloqueei no mesmo instante.
— O que houve? — Aria perguntou. Hanna fingia cantar Highway To Hell, que tocava no rádio, e fazia a perna de Aria como guitarra.
Tirei minha atenção da conversa por um tempinho para rir daquela cena.
— O macaco começou a fazer barulhos estranhos e disse que Ezra era um psicopata e Harry e Jason eram seus capangas assassinos, além de falar que a diretora era gostosa e que bateria uma para ela. Os professores acharam que era algum tipo de piada e que a voz do macaco era uma gravação. — Ali riu. — Eles quase foram expulsos, essa foi a melhor parte.
Alison aumentou o volume e começou a cantar junto com Hanna. Aria apenas ria enquanto sua perna estava sendo feita de instrumento musical. A música até que era empolgante.
Agarrei a mão de Aria e a fiz de microfone.
— I’m on the highway to hell! — Incrivelmente, todas cantaram o refrão juntas. — I’m on the highway to hell! Highway the hell!
No embalo da música, fomos cantando e nos agitando dentro do carro até o estacionamento. Alison estacionou na vaga para deficientes e assim que saímos do carro, um guarda veio nos abordar.
— Alison DiLaurentis... — O guarda cerrou os olhos quando se aproximou. Aria apertou meus ombros, que era o que ela sempre fazia quando alguma coisa a incomodava. E eu sabia disso porque era sempre eu quem a carregava, como agora. — Eu já disse para não estacionar nessa vaga. Já é a terceira vez nessa semana. Vai querer multa?
Ele pegou um bloco um pouco espesso e arqueou as sobrancelhas para nós.
— Seu bando aumentou.
Alison me puxou junto com Aria para perto dela.
— Está vendo essa coisinha adorável aqui? — Ela bagunçou o cabelo de Aria. — Ela não pode andar, seu estúpido. E não, meu bando não aumentou. Eu tenho mais amigas agora, amigas de verdade. — Ali piscou para nós.
O cara piscou rapidamente e olhou Aria nos meus braços.
— Ah, certo. — Colocou seu bloco de volta no bolso. — Sendo assim...
Alison não deixou que ele terminasse. Ela passou por ele esbarrando em seu ombro e nós a seguimos, mas sem esbarrar em ninguém, é claro.
As pessoas nos olhavam enquanto praticamente desfilávamos pelo shopping. Aria ainda nos meus braços, já que Ali disse que o uso da cadeira não seria necessário.
Ali revirava os olhos a cada pessoa que acenava para ela.
— Fracassados. — Resmungava.
Spencer estava ao nosso lado, mexendo em seu atirador, que era um bracelete prateado bem preso aos pulsos dela. Em volta do acessório, a pele de Spen era marcada por veias arroxeadas, assim como a pele de Alison também. Hanna olhava para as pessoas e para as lojas de roupas como se quisesse se casar com as peças da nova coleção da Gucci. O King James estava bem cheio essa tarde, e as adolescentes de Rosewood Day nos olhavam com as testas franzidas e os jogadores deixavam cantadas baratas no ar. Aria escondeu o rosto no meu cabelo quando passamos por uma loja de bombons e Noel Kahn, que estava lá dentro, nos olhou. Ali acenou para ele, que acenou de volta.
Finalmente entramos no supermercado, que era gigante. Ali pegou um carrinho e o empurrou em minha direção e assim que coloquei Aria no carrinho, ela apanhou um saquinho de jujubas.
— Podem pegar o que quiserem, hoje é por minha conta. — Ali incentivou, pegando uma carteira de cigarros.
— Ei, Aria, tudo bem aí? — Falei empurrando o carrinho pela seção de doces. Hanna veio até nós e derramou várias barras de chocolate no carro.
— Sim, Em! — Ela disse mordendo uma jujuba e me dando algumas.
Ali abriu um vidro de ketchup e despejou em sua boca quando avançamos para outra seção. Spencer fez careta enquanto devorava um saco de batatas.
— Ei, Han! — Ali disse com um cigarro na boca. Hanna entendeu o recado e acendeu o cigarro com a ponta do dedo, vi que embaixo dos braços ela segurava várias garrafas de vinho. — Valeu. — Alison soprou uma baforada.
Hanna foi até o fim do corredor e começou a organizar as garrafas como pinos de boliche. Quando acabou, ficou ao lado das garrafas e fez um joinha com a mão. Aria roía um bolinho de chocolate, Spencer olhava Ali e Hanna e eu me distraía com um pacote de Cheetos.
Ali foi até a outra ponta do corredor e pediu que eu segurasse o cigarro dela. Então ela juntou as mãos e uma bola de gelo surgiu, transparente e brilhante.
— O que vocês... — Spencer começou, mas Ali lançou a bola deslizando pelo corredor rapidamente em direção às garrafas.
— Strike! — Ela gritou quando as garrafas de vinho se espatifaram ao serem atingidas.
— Legal! — Aria sorriu. Eu olhei para os lados me certificando de que ninguém estava nos vendo. — Você está fumando? — Senti uma jujuba acertar meu rosto e olhei para Aria encolhida dentro do carrinho.
Spencer pegou a bola de gelo e Hanna pegou mais garrafas. Cristo, não deixe elas fazerem isso.
— O que? — Olhei para Aria sem entender. Ela apontou o cigarro de Ali que eu estava segurando. — Ah, não!
Fiquei olhando o cigarro por um tempo, ele parecia bastante convidativo.
— Você está encarando o cigarro. — Aria afirmou com boca cheia de jujubas.
Ouvi um som de vidro quebrando e Spencer gritando: Strike!
— Talvez. Você acha que eu deveria...
— Minha mãe diz que faz mal. — Aria engoliu quatro jujubas de uma vez.
— Só uma vez não vai matar. — Afirmei aproximando o cigarro da boca.
— Você que sabe. — Aria virou o saquinho na boca.
Dei de ombros e dei uma tragada. A primeira impressão foi de que meu nariz estava entrando em ruína e meu peito ardeu, pegando fogo. E então tive uma conclusão difícil e dolorosa: eu havia contraído câncer de pulmão depois daquela tragada.
Comecei a tossir e coloquei uma das mãos sobre o peito.
— Eu vou morrer, Aria. — Falei entre uma tossida e outra.
— Gente, a Em vai morrer. — Aria estava com a boca suja de chantilly e um spray nas mãos.
— A luz no fim do túnel...
Ali pegou o cigarro da minha mão e veio com aquele sorriso sapeca.
— Fraca demais, Doce Em. — Ela deu uma tragada. — Hanna, preciso de ovos.
Atravessamos o supermercado com Hanna em cima de um skate que ela havia pego na seção dos brinquedos, Spencer equilibrando uma vassoura na testa, Aria comendo todas as coisas doces que tinham no carrinho, Ali fumando tranquilamente e eu recebendo pirulitos de Aria. Ela parecia um esquilo com mais de vinte jujubas guardadas em cada bochecha. Hanna tratou de pegar duas cartelas com ovos e quando chegamos até a seção das ferramentas, Ali pegou um bastão.
— Muito bem. — Ela disse apertando as mãos firmemente ao redor da madeira. — Manda ver.
Aria encheu minha boca de chantilly antes que eu pudesse perguntar o que elas iriam fazer. Hanna pegou um ovo e tacou em Ali, mas ela rebateu com o bastão, fazendo voar gema para todo lado.
— Aqui, Em. — Aria esticou os pequenos braços e me entregou uma lata de Diet Coke.
— Minha vez! — Falei dando um gole na bebida e a entregando para Ali. Peguei o bastão e rebati quando Hanna lançou o ovo, o único problema foi que os pedaços da casca e a gema voaram no rosto de um segurança que estava próximo.
Ali abriu a boca, Spen deixou uma garrafa de vinho cair e Hanna deu uma risadinha, mas a calou assim o segurança lhe exalou um olhar incisivo. Aria mastigou suas jujubas sem piscar e eu fiquei estática com o bastão acima da cabeça e as mãos o segurando.
— Oh-oh. — Foi tudo que consegui dizer.
Ele grunhiu e avançou em nossa direção. Larguei o bastão e peguei Aria do carrinho, Spencer saiu correndo feito uma maluca, assim como todas nós. Como Aria era leve — pelo menos para mim — não foi difícil correr com ela. Percorremos por um enorme corredor na seção de enlatados. O segurança chamou reforços, o que me deixou seriamente chateada. Reforço? Que bobagem. Logo mais dois caras usando uniforme preto apareceram atrás da gente.

Eu não saberia muito bem como descrever com é fugir de autoridades. Eu adoraria contar sobre como foi engraçado ver Hanna tacando ovos nas caras deles e Alison e Spencer atirando latas de conserva também.
Mas na verdade meu único pensamento foi: Ahhhhhhhhhh!
Aria se agarrou em mim como um carrapato enquanto corríamos em direção à saída. Não poderia culpá-la, eu era seu meio de transporte quando ela estava sem a cadeira. Eu e ela estávamos mais a frente enquanto as meninas tentavam se livrar dos seguranças, mas senti meus planos de sair de lá ilesa serem detonados quando avistei um segurança no fim do corredor. E era o segurança. Era muito alto e tinha a cara toda pipocada por acne, olhou para mim e Aria nos matando com o olhar, estava com as pernas longas abertas. Tive uma ideia meio insana e impossível, mas esperei que desse certo.
Com dificuldade consegui desgrudar Aria de mim e a segurei com as duas mãos à minha frente.
— Vai ficar tudo bem, o.k?
Ela assentiu hesitante.
— O.k.
Sendo assim coloquei as costas dela no chão e a empurrei com força. Aria saiu deslizando rapidamente pelo chão, passando por debaixo das pernas do cara. E antes que ele se virasse para pegá-la, corri e me joguei em cima dele. Caí por cima dele no chão e tentei agir rápido. Agarrei sua pistola de choque na cintura e não fazia ideia de como usá-la. Apontei para o rosto dele e apertei um botão na mesma hora. Três fios dispararam da arma e grudaram na testa dele, transmitindo a corrente elétrica. O cara começou a tremer até que apagou.
— Vamos, Spencer! — Ali gritou.
— Cala a boca! Vocês são retardadas!
Olhei para trás e vi que elas tinham se livrado dos outros seguranças. Spencer correu e pegou Aria. Hanna me ajudou a levantar.
— Bom trabalho, Em. — Disse ela.
— Valeu.
Então eu percebi: eu estava me tornando uma delinquente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A Em virou uma delinquente! Jesus amado hueheuehue. Hmmm o que será que o Ez ta aprontando? No próximo tem missão!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bad Heroes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.