Evil Ways escrita por Moonlight


Capítulo 6
Um mini Haymitch vagando sobre a Terra


Notas iniciais do capítulo

Pessoas! mais um capitulo publicado! espero que gostem, e COMENTEM, fechou? (don't make me saaaad, don't make me cryyy)



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Um ano mais próximo da morte. É isso que aquele seu tio ou amigão inconveniente falam nos seus aniversários. Naquele sábado de manhã, Haymitch se sentiu com dois meses mais próximos da morte.

Havia um mês que os cubanos lhe visitaram e lhe fizeram dançar, no PIOR sentido da palavra. PIOR MESMO.

Era noite, e Haymitch estava rasgando mentalmente a ultima das lições de casa que teria vergonha como ser humano em ler. Johanna desaparecera desde a última terça feira, quando invadiu a casa dele para roubar arroz e antes disso, havia sumido por semanas, todas as noites, dizendo que havia arrumado emprego. Nunca falava qual seria este: Toda vez que alguém lhe perguntava, Johanna sorria e dizia: “haha, Parem”. Já Katniss, essa estava se matando de trabalhar. Garota idiota, porque ainda tentava?

Quer dizer, é Haymitch quem vai morrer.

Era esse tipo de pensamento que o cercava durante um mês completo. Dois meses mais próximos da morte, ele pensava nas maneiras mais decentes de morrer: Se jogando na frente de um carro pra salvar uma criança, protegendo idosas de assalto à mão armada, doar algum órgão insubstituível a um pai de família. Bem, pelo menos esse lance dos órgãos ele já havia deixado bem claro para Katniss e Johanna:

“Se eu não morrer muito feio, e eles deixarem meus órgãos intactos, vocês dão os que estiverem bons ainda. Menos meu fígado. Esse morre comigo”.

Johanna abriu a porta do apartamento de Haymitch com uma caixa de pizza na mão e uma carranca na cara, porque aquele era mais um dos infernais sábados em que ela não saíra a pedido de Katniss, portanto ficava para beber qualquer coisa que Haymitch tivera na geladeira. Johanna não tinha os sentimentos que Katniss tinha e escondia em relação a Haymitch, mas de fato, não queria ver o velho morrer. Então até que não era tão ruim assim passar um sábado no apartamento ao lado: Talvez fosse os últimos em dois meses.

Caramba, esse velho deu um soco em todos os tarados que já bateram na porta de Johanna. E teve aquela vez em que ele a amparou bêbada na porta de casa, antes mesmo de Katniss chegar em sua vida para cumprir com este trabalho. Haymitch nunca a tocou, nem a cantou, nem ao menos a tratou de uma forma desrespeitosa. Haymitch sempre soube quem ela era. E mesmo com a constante troca de farpas, Johanna respeitava o velho Texas. Cacete, Katniss deve estar arrasada por trás daquela cara dura.

— Cadê a Nebraska? — Perguntou Haymitch. A barba não estava mais para fazer – ele decidira simplesmente não se preocupar com ela e deixá-la crescer em todo seu rosto. Os cabelos pareciam surpreendentemente mais limpos embaixo daquela toca cinza. E as olheiras diminuíram ao passar das semanas. Parece até mesmo que ele estava aceitando os fatos. E estava.

— Ainda não voltou do escritório. Deixe uns pedaços pra ela. — Disse Johanna. Seca e grossa, como Haymitch a conhecia. Graças a deus, pensou. Odiaria se Johanna ou Katniss mudassem completamente o comportamento com ele devido a sua morte agendada. Se sentiria como uma velho doente, e por pior que fosse, não gostaria de se sentir assim. Antes fosse brocha.

— Onde arranjou dinheiro pra pizza? — Perguntou Haymitch.

— É uma pizza, não uma divida com a máfia cubana. Relaxe, não foi da Haymitch Box. — Johanna sorriu presunçosamente, assistindo a carranca de Haymitch enquanto o provocava.

Haymitch Box, aliás, era a caixa onde Katniss e Johanna juntavam dinheiro para pagar a divida do velho. Se não desse certo e Haymitch não cumprisse o prazo, ao menos é um dinheiro para TV nova. Até certo momento, em um mês, Johanna era a maior colaboradora com incríveis 3 mil dólares em dinheiro escondidos no fundo do armário do banheiro do apartamento. Já Katniss vendera sua amada Winchester por 2 mil dólares, que junto com o salário do Haymitch e o fogão que ele vendeu por um preço caro e injusto demais para a senhora velhinha do primeiro andar, contabilizavam quase sete mil dólares em dinheiro. Poderiam continuar até arrecadar os vinte mil reais necessários, mas Katniss e Johanna tinham gastos com faculdade e apartamento. E bem... fogões e armas para vender não surgem do nada todos os dias. Precisavam de 13 mil reais em dois meses, e com os ganhos e gastos, isso não aconteceria nem que sonhassem.

— Porque não pegamos emprestado do banco? — sugeriu Katniss.

— Claro, bancos serão bonzinhos com dívidas mafiosas. Além do mais, não sei qual de nós três tem o nome mais sujo aqui. — rebateu Johanna, deixando os em silêncio.

E por isso que a Haymitch Box se encontrava em residência, guardadinha, esperando para ser usada. Ninguém queria envolver bancos com máfias. Ninguém mesmo.

— O que você quer fazer nesses dois meses? — Perguntou Johanna, depois de dez minutos de silencio um desconfortável.

— Que bom que perguntou, pois tenho uma lista! — Haymitch se ajeitou na em sua poltrona, largando a pizza na tampa da caixa enquanto Johanna, sentada no chão a sua frente, o observava com graça. — Primeiro: não vou me demitir. Vou ficar até o ultimo dia e deixar um recado sobrenatural pros meus alunos antes de morrer. Alguma coisa do tipo: “você nunca sabe o dia de amanhã, seus merdas” e ai, quando eu morrer, eles vão se cagar tanto que vão dar um jeito naquelas vidas.

Um jeito engraçado de dizer. Uma maneira errada de agir. Mas uma boa intenção por trás: É assim que Haymitch agia.

— Segundo: Eu quero ir uma ultima vez em um show do Led Zeppelin. — completou. Johanna abriu um sorriso incrédulo.

— Você já foi assistir Led Zeppelin?

— Agosto de 92, New York, Turnê Americana. — Sorriu Haymitch. — Eu estava no segundo semestre de faculdade, duro, sem um tostão. Mas foi um show foda.

— E como você conseguiu grana, Texas? — Johanna sorria. Certamente Texas sempre lhe contava as histórias malucas que ela gostaria que seu pai (um renomado poeta e jornalista) lhe contasse.

Johanna e o pai nunca deixaram de se bater de frente desde que ele percebeu que a filha tinha uma voz ativa e sangue fervente nas veias. Nunca concordou com as decisões da filha, e quando esta fez 18 e se mudou, perdeu todo o contato com a única que carrega seu sobrenome. Então não é como se Haymitch fosse como um pai, ou um substituto para Johanna. Ele é somente um puta amigo legal.

— Doei meu esperma. — Haymitch ignorou as gargalhadas da Johanna enquanto tomava um gole na garrafa de cerveja.

— Puta que pariu! — Johanna ainda se encontrava fora de controle. — Deus me livre ter um mini Haymitch vagando sobre a terra. — Johanna voltou a rir, dessa vez, tendo Haymitch como companhia. — Você doou esperma para poder assistir Led Zeppelin?!

— Você tem ideia do que foi “Whole Lotta Love” ao vivo? — Rebateu.

Então eles continuaram a rir. Continuaram a rir como nunca na vida. Continuaram a rir como nunca fizeram na companhia um do outro. Como bons amigos. Deus, ela sentiria falta do Texas. Foi naquele momento em que as risadas vão sendo engolidas e os sorrisos vão se desabrochando da cara que Haymitch falou a única coisa que pensou naquele momento:

— Obrigado, New York. — Johanna sorriu. Assentiu logo em seguida. Levantou sua garrafa de cerveja e brindou pela primeira e ultima vez com Haymitch, enquanto ouvia novas histórias sobre seu passado rock star. Nada de poemas, histórias de guerra ou prêmios de literatura dessa vez, como seu pai sempre fizera. Histórias de vida real. Estavam assim por quase uma hora quando Katniss chegou abrindo a porta exasperada, sem ao menos dar uma boa noite ou estranhar a crise de risadas em excesso sem influência direta de maconha. A Everdeen largou a porta escancarada, mirando mais Haymitch do que Johanna quando proferiu:

— Eu consegui um caso. — E ofegou.

E foi abraçada por Johanna logo em seguida. E depois, Haymitch. E sentiu o peso do mundo nas costas, por ter a chance de salvar a vida de Haymitch e não ter tempo o suficiente.

— Gale Hawthorne. Divórcio, guarda dos filhos, processo contra a ex-esposa. — Continuou Katniss, sem respirar por segundos. — Mas... O julgamento só sai em três meses. — completou.

Foi então que o peso do mundo que Katniss tomou para si foi retirado quando Haymitch a abraçou pela terceira vez na vida e completou dizendo:

— Eu estou orgulhoso de você, Everdeen.

Haymitch deu-lhe um beijo na testa e esperou pelo momento de lhe dizer que talvez não necessite ser salvo.


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Notas finais do capítulo

Até mais! :D