Evil Ways escrita por Moonlight


Capítulo 29
Ela disse “Sempre”.


Notas iniciais do capítulo

O título desse capítulo seria "XO", mas então terminei de escrever e encontrei um melhor. Por isso, quero dizer que esse capítulo tem muitas canções. Na verdade, duas em especial:
XO na versão do John Mayer e Stay With Me do Sam Smith.
Bom, é só isso de importante nas notas iniciais. Sentir falta de vocês é importante Também né?
POIS EU SENTI! LETS GO



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A escala musical tem sete notas: Dó, Re, Mi, Fá, Sol, Lá e Si. O instrumento como o violão tem 6 cordas, cada uma delas com um nota diferente: Mi menor, Si, Sol, Ré, Lá, Mi maior. A menos que seja uma marionete, as pessoas não podem ser controladas por cordas. A exceção é quando tais cordas, juntas, ecoam acordes da canção “XO” e a voz do John Mayer esteja percutindo em todo o salão. Uma gaita, com as mesmas sete notas também está presente na canção, mas não por muito tempo, de modo que talvez um beijo dure mais que sua participação nos versos do refrão. E dura.

Peeta Mellark segurou a mão de Katniss Everdeen e a levou para o exato centro da pista de dança. Os formandos e seus acompanhantes ao redor – e a empolgada Katniss – estavam felizes. Michael Jackson foi rei, e há muito tempo não se escutava ou dançava suas músicas, principalmente as mais antigas como “Don’t Stop Till Get Enough”, com tanta devoção. Katniss dançava com os braços abertos, rebolando de um lado para o outro e cantando a música, enquanto sorria para Peeta e sua maneira engraçada de repetir seus passos. Cinna Kani e Johanna Mason estavam um pouco a direita segundos antes, mas sumiram misteriosamente. Finnick Odair e Annie Cresta nunca se dirigiram a pista de dança, Peeta tem certeza disso. Eles foram se beijar em algum canto escondido.

Quando a música acabou, o som de um violão calmo e uma gaita soou por todo o salão. Katniss sorriu sem graça, porque como amante da música, ela sabia qual era aquela. Sabia sua letra de cor. E não queria ficar ali no meio dos casais se beijando enquanto olhava para Peeta com uma cara “E aí! Então... como você tá?!”. Peeta, entretanto, pegou-a pela mão e iniciou uma suave dança.

— Isso faz parte de um plano para deixar seus pais sozinhos? — Katniss perguntou, enquanto apontava com a cabeça a mesa em que Haymitch e Effie aparentemente conversavam em paz. Effie parecia estar tentando esconder um sorrisinho.

Peeta olhou para a mesa, achando mais um motivo naquela noite para estar realmente contente, antes de responder:

— Ah não, isso foi parte do plano “Katniss eu realmente quero muito dançar com você”. — Ele falou, fazendo-a olhar para ele com uma deliciosa curiosidade e um sorriso satisfeito. Ah, como Haymitch tinha razão, ela pensou. — Mas esse é bom também. Olha só como minha mãe está aos poucos abandonando Candy Crush pra se socializar com uma pessoa normal.

— Oh, essa pessoa normal é Haymitch? — Katniss perguntou irônica, fazendo Peeta rir. — Aliás, eu gostei muito desse plano.

— O “Katniss eu realmente quero muito dançar com você”?

— Sim. Ele é parecido com meu plano “Peeta me convida pra sair”, mas eu nunca o coloquei em pratica.

Oh, merda. Katniss estava olhando para Peeta quando falou aquilo, e percebeu pela reação do rapaz que pareceu tê-lo deixado sem graça demais. E pronto, é assim que eu estrago algo que poderia ser legal. Com toda certeza eu estou espantando o garoto. Katniss continuou acompanhando os passos lentos dele enquanto escondia a cara cheia de vergonha, olhando por cima do ombro de Peeta – achando os olhares de Johanna e Cinna paradinhos no bar, sorrindo e piscando para ela, deixando tudo ainda pior. Argh. Porra.

Foi por isso que Katniss não viu o tamanho do sorriso que Peeta lançou para ela. Ela realmente disse aquilo? Ela quer sair comigo, haha! Foi o que ele pensou quando a viu desviar o olhar. Ah, deus. Sabe, foi ali que Peeta percebeu que ganhou Katniss, por isso ficou uns segundinhos sem reação. É como se, num jogo, dentre milhares de nomes em vidros transparentes, alguém puxasse exatamente o nome de Katniss. E logo em seguida o dele. E estivessem ali feitos para estarem juntos, por pura sorte.

— Oh, Katniss. Você me pegou. — Peeta riu com graça, procurando os olhos tempestuosos de Katniss de volta na linha dos seus azuis. E ela os voltou. — Eu realmente nem sei o que te dizer. Te convidar pra sair agora parece muito pouco perto de tudo o que eu gostaria de fazer.

— O que você gostaria de fazer? — Katniss perguntou quase imediatamente, sem respirar, antes mesmo de Peeta terminar a frase. Seus olhos comeram e tragaram Peeta num gesto. Diga que você me quer.

— Te beijar parece um bom começo.

Katniss não prestava muita atenção na canção, porque era impossível prestar atenção em seres humanos ao seu redor quando Peeta estava a sua frente, pedindo para beija-la. Mas XO fez-se presente. Seus versos diziam, ritmados, tudo o que Katniss – e Peeta, que mal conhecia ou prestava atenção na canção – queriam dizer. E foi nessas, uma dessas em que as músicas viram reais trilhas sonoras de nossas vidas, que Katniss cantou para Peeta, com sua suave e doce voz:

É melhor você me beijar antes que o nosso tempo acabe.

E Peeta o fez.

Passou uma de suas mãos pelo o rosto e o firmou na nuca de Katniss, com ternura, até seus lábios juntar-se aos dela. As mãos de Katniss agarraram o blazer do paletó de Peeta, na tentativa de não cair com as pernas bambas. Estava ali, um momento ansiado desde que eles colocaram os olhos um no outro, na situação mais estranha em que um casal poderia se conhecer. Num banho de sangue. “Katniss Everdeen, Peeta. Evil Ways. Nebraska. E você nunca vai dominá-la, rapaz.” Foi o que Haymitch lhe disse na noite que ele a viu pela primeira vez. E foi Lembrando disso que Peeta aprofundou o beijo ainda mais.

—... Nós falamos de Peeta como se ele estivesse morto! E ele só está bem ali. Beijando Katniss. — Haymitch apontou a cena.

O quê? — Effie gritou.

Haymitch apontou a pista de dança novamente, fazendo Effie girar o corpo em diversas posições até achar uma em que ninguém estivesse dançando na frente do casal. Quando conseguiu, olhou para Haymitch e sorriu incrédula, sendo retribuída por ele. É claro que teve um pouquinho de ciúmes (afinal, tinha uma mulher tomando o filho dela para longe!), mas Effie virara fã de Katniss desde o começo da noite. E quanto Haymitch, ele estava orgulhosamente feliz pelos dois.

— Eles são bonitos juntos. — Effie concluiu.

— Eles são. — Haymitch concordou. — Sabe, é a primeira namorada do meu filho que eu vejo. E o primeiro namorado da minha quase filha. — Ele analisou cuidadoso, seguindo por um sorriso estranho. — É quase como um incesto na minha cabeça.

— Oh Haymitch, cale a boca! — Effie gargalhou.

Effie e Haymitch voltaram seus olhares para apurar a felicidade gratuita do casal. Katniss e Peeta ainda dançavam, rodavam em círculos e se beijavam sem dizer mais uma palavra um ao outro. Não era mais necessário.

— Aquilo é o Peeta e a Katniss...?

Sim! Eles ficam fofos juntos. — Falou Annie, interrompendo seu namorado Finnick enquanto os dois voltavam para mesa e assistiam a cena.

— Eu falei que eles ficam bonitos juntos! — Effie sorriu, presunçosa.

— Eu sabia daquilo. — Haymitch comentou fingindo sem muita importância, ainda olhando para Peeta e Katniss dançando. Depois se virou para Finnick, que estava sentado de mãos dadas com Annie cresta. — Eu dei umas jogadinhas em Katniss, outras em Peeta que já estava de saco cheio de ouvir coisas de você e bum! Casal.

— Então você foi o cupido deles? — Effie perguntou, audaciosa.

— Cupido é uma palavra muito forte. — Haymitch respondeu, fazendo o jovem casal a sua frente dar um risinho. — Asas e flechas? Acho que não. Eu fui, hãn... uma espécie de... Mentor. Foi isso! Eu fui mentor deles.

— Eu também ajudei Peeta, você sabe. — Finnick diz. — Não só com Katniss, mas em todos os movimentos em relação a mulheres: Chegar de mansinho, as frases certas, movimento das mãos e... Bem não vou falar o resto. A mãe do garanhão e minha digníssima estão aqui. — Finn piscou para Annie, sorrindo.

— Ah é? Tudo bem então. — Annie falou, fingindo magoa. — Eu vou caminhar um pouco com a Effie e ela vai me contar várias coisas sobre você, Finn.

— Ah, pode ter certeza. Vamos Annie — Effie e Annie Cresta se levantaram da mesa e seguram numa caminhada enquanto Katniss e Peeta ainda beijavam e Johanna e Cinna estavam na missão de ficarem bêbados. Haymitch continuou na mesa com Finnick, o jovem galã e charmoso Finnick, que estava tão tremendamente apaixonado que começou a falar dos ciúmes de Annie segundos depois dela levantar da mesa. Haymitch, entretanto, fez questão de retomar o assunto anterior.

— Então... O que você ensinou Peeta? — Ele perguntou, sem dar muita importância, bebendo sua dose de whiskey que os garçons passaram servindo.

— Hm, tá querendo aprender meus truques? Voltar ao jogo? Alguma dama especial? — Finnick sorriu malicioso. É lógico que ele sabia que Haymitch nunca havia saído do jogo. Lembrava-se muito bem da foto da Seeder, a professora de física com quem Haymitch dera uns amassos um tempo antes de Peeta lhe dizer que é seu filho. Ela era bem bonita, para falar a verdade.

Entretanto, para Haymitch, seu novo alvo era Effie Trinket. E ele não queria cantadas baratas nem joguinhos de sedução. Ele tinha gostado dela, de um jeito estranho, e não queria sacanear a mãe do seu filho. Até porque ele decidira que, se fosse mesmo tentar algo com a Trinket, teria que ser algo sério. E ele estava disposto a arriscar. Porque depois de Maysilee Donner, nenhuma mulher lhe pareceu tão a certa como Effie pareceu – mesmo tendo xingado-a e discutido logo no primeiro encontro. Amor é assim.

— Caro Finnick, eu nunca sai de jogo. — Haymitch respondeu. — Mas é uma nova temporada de jogos, preciso de um novo técnico e jogadas novas. O jogo é o mesmo, mas a maneira de se jogar muda.

— Então vamos lá, eu serei seu novo técnico. Na verdade, Técnico é uma palavra muito forte. Vamos chamar de Mentor. — Finnick piscou, fazendo Haymitch rir, rendendo-se a piada. — Bom, existem muitos truques. Tem aqueles truques que funcionam com as mais novas, de vinte e poucos. As mais velhas, de 30 até 40. Eu particularmente não cheguei na faixa das 50, embora quase perdi uma aposta com Peeta em que teria que beijar a bibliotecária da faculdade dele. —Finnick fez uma careta, lembrando-se da velha Sra. Turner. — Temos truques para as sexys, as tímidas, até as comprometidas. Mas tem aqueles... Que funcionam com todas. — Finn deu uma pausa dramática, provocando curiosidade em Haymitch. — E a graça é que “O Truque” não é uma coisa só, e sim a mistura de vários ingredientes, como uma receita. Então anote essa, dona de casa: Confiança. Mas não muita, você não pode ser charlatão metido. Timidez a dose certa, e um pouco de cara de pau e o principal: Sorriso malandro. E três cubos de açúcar.

— Porque três cubos de açúcar? — Haymitch perguntou, curioso.

— Por nada. — Finnick sorriu, — Só estou sendo engraçadinho. — Finn piscou para Haymitch, erguendo as sobrancelhas. Haymitch agarrou seu copo de Whiskey e tomou todo o resto num gole só, ainda olhando seriamente para o Odair. — Sabe o porquê de você não estar rindo agora? — Finnick começou. — Porque você não é uma mulher. Se fosse, iria me achar charmoso. Enfim, vamos continuar...

Enquanto isso, Effie e Annie caminhavam quase silenciosamente pelo jardim noturno do lado de fora do salão. Effie reparava na decoração: Era lindo. Era como se as flores fossem pequenos sóis, e os leds fossem estrelas. Alguns vagalumes foram soltos ali, deixando ainda mais bonito. Ela pensava o quanto queria algo parecido em sua casa quando Annie falou, baixinho.

— É muito lindo. — E ela sorria, bonita e tímida. Effie apreciou-a até se animar num pulo, lembrando do porque estavam andando ali.

— Ah, claro!! Vamos, deixe-me lembrar coisas sobre o Finn... — Effie mordia os lábios enquanto visualizava o rosto do Finnick aos 18 e 19 anos, pensado em como havia criado-o e consertado metade das burradas dele pela vida.

— Oh, honestamente senhorita Trinket, eu não quero saber. — Annie abaixou a cabeça, olhando para seus pés e para as flores mais baixas. — Sabe... Eu tenho a impressão de saber que tipo de cara o Finn era. — Annie olhou para Effie, e aquilo que imaginou que seria um olhar de pesar era algo mais similar a um olhar de certeza. — Por isso eu não quero ouvir as histórias antigas dele. Porque, de certa forma, vai estragar todo o novo Finnick que ele se moldou para mim. — Annie ficou em silêncio, deixando Effie ponderar aquilo. — Você já sentiu algo assim? Alguma vez na vida?

Annie era muito jovem. Muito inexperiente em romances, o que fazia com que ela carregasse o seu à sua maneira. Effie olhava para o rosto livre de rugas e o corpo livre de gestações da moça. Admirou-a por sua esperteza. Ela era muito mais do que qualquer adjetivo ou julgamento, muito mais do que uma simples mulher, e Finnick enxergara aquilo quando pôs os olhos nela.

— Eu já me senti amada, uma vez. Plutarch era o nome dele. — Effie disse. — Mas ele nunca se moldou para mim. Então, pensando sobre isso, nunca me senti assim, Annie. — Effie respondeu. — Mas eu gostaria.

Annie lançou um sorriso genuíno a Effie. Ela estava feliz, porque era a primeira vez na noite que se sentiu a vontade sem ter Finnick por perto. Ela sabia que Effie estava sendo o primeiro passo, e logo Johanna e Katniss seriam os próximos, porque elas pareciam legais, tendo essa conclusão gerada no aniversário de Finnick. E ela estava feliz, no geral, por estar em volta de pessoas. E ser boas com elas. E ser boa consigo também. Finnick fez muito por ela, especialmente aquilo. Ela também percebeu que ele a fez se sentir como mulher nenhuma se sentia com namorados, então, embora Annie não fosse normal, o que Finn fazia por amor a ela e com amor a ela também não era normal. Era especial. Era mais do que tudo. E ela estava contente por isso.

— Sabe, Finnick é praticamente meu filho também. — Effie falou, carinhosamente. — O pai dele sempre trabalhou muito para dar a ele uma vida boa, e por isso ele praticamente morava na minha casa. Eu o criei junto com Peeta. E eu estou muito feliz em saber que você faz o meu segundo filho feliz.

Os versos de XO já haviam acabado há tempos. Peeta e Katniss ainda dançavam ao som de uma música qualquer enquanto sussurravam palavras carinhosas um pro outro, meio aos beijos. Peeta não detinha mais o senso de quantas vezes ele deveria beijá-la naquela noite, e Katniss não sabia – nem queria – recuar, e assim eles ficaram durante minutos e segundos até o DJ pedir para os formandos se reunirem na parte superior do enorme salão.

— Eu já volto. — Peeta falou antes de desaparecer.

O perfume de Peeta ficou no ar por tempo demais até Katniss perceber que estava sozinha.

Ainda meio tonta, e um pouco nas nuvens, Katniss se dirigiu a mesa onde Finnick e Haymitch conversavam. Sentou-se, massageou um pouco os calcanhares e finalmente olhou para os dois rostos e os dois sorrisos que a encaravam, especialmente o que vinha com rugas.

— Então, Katniss...

— Tchau Haymitch. — Katniss se levantou da mesa, caminhando para longe.

Katniss pensou ter visto Effie Trinket e Annie Cresta se dirigindo ao banheiro, embora achasse estranha uma estar na companhia da outra. Não que fosse anormal, é só algo que ela nunca pensou que veria, mesmo que fosse perfeitamente plausível. Ansiando por algum lugar onde pudesse sentar e massagear os malditos calcanhares, Everdeen seguiu para o não tão lotado balcão do bar, onde, dentre mil formandos semi-bebados, Johanna e Cinna faziam questão de se destacar escandalosamente. Bom, eu não tenho outra escolha, Katniss pensou. Porcaria.

— Muito perigoso essa mesa de Haymitch e Finnick. — Katniss falou inofensivamente se aproximando de Cinna e Johanna. Os dois a olharam normalmente, e depois para Finn e Haymitch a fim de confirmar o que ela disse.

— Certo. Então Katniss... — Cinna formou nos lábios o exato mesmo sorriso que Haymitch e Finnick, sendo acompanhado por Johanna. Katniss queria ficar brava por ficar tão sem graça, mas só então ela reparou que ia receber muito mais destes até o fim da noite, com toda certeza. No fim das contas, decidiu seguir a onda.

Então Cinna... — Katniss imitou a entonação. — É a segunda vez que ouço isso hoje. Faça valer a pena.

— Bom, a minha nova amiga Johanna disse que você caiu por Peeta desde que o viu. Isso é verdade?

— Sua nova amiga Johanna é uma boa mentirosa. — Katniss respondeu, olhando Johanna com um olhar estreito. Como ela pode dizer isso pra Cinna? Eles se conheceram hoje.

— Bem o contrário de você, Katniss, que tá tremendo toda aí de nervosismo. — Johanna rebateu. — Quer saber o que meu novo amigo Cinna fez? Ele quebrou todo o código de ética e me contou fofocas sobre como Peeta tinha acabado de conhecer o pai e, com ele, no pacote, uma mulher devastadora. — Johanna fez charme, pontuando ultima frase.

— E ele disse a mesma coisa a Effie. — Cinna informou. — Viu como ela te olhou? Effie conheceu poucas garotas, mas você é a primeira que ela amou.

— Wow, calma aí. — Katniss interrompeu todo aquele non-sense, um pouco assustada. — Peeta e eu só nos beijamos. E sem querer ser rude, mas foi algo que só diz respeito a nós. Portanto, vocês estão muito agitados, precipitando coisas. Foi só um beijo. Uns beijos. — corrigiu.

— Claro, encerramos isso aqui. — Johanna falou, olhando para Cinna, enquanto fazia um gesto com as mãos dando a entender que a fechava como zíper. Encerrado. — Cinna, agora que você ta vendo o corpo dela de perto, acha mesmo que o vestido de noiva tomara que caia vai ficar bom? — Johanna atuou, movendo as mãos próximas a cintura de Katniss e sorrindo maliciosa. É claro que não iam encerrar tão cedo.

— Olha, ela tem seios volumosos, vai ficar ótimo. — Cinna confirmou, fingindo profissionalismo. — Ao não ser que esteja grávida, então terei que um modelo meio pura de amor pero santa no soy. — Cinna falou com seu espanhol enferrujado. — Já pensou na cor dos vestidos das madrinhas, Kat? Tenho que desenhar o de Johanna.

— Deem um tempo! — Katniss se rendeu finalmente, sorrindo. Não era tão ruim, afinal. E eles só estavam fazendo aquilo porque ela havia beijado Peeta. E no fundo, porque era bom ouvir aqueles planos. — Nós só nos beijamos. Não vamos apressar as coisas. — Katniss deu o veredito final, pedindo um Dry Martini para o garçom. — Dourado ficaria bonito na Johanna. — Katniss sussurrou.

Baixo o suficiente para Johanna ignorar, alto o suficiente para fazer Cinna sorrir.

— Sem apressar as coisas... — Cinna sussurrou novamente, e ironicamente, para si mesmo. Ele conhecia histórias como essa. E ele sabia o final de cada uma delas.

***

Katniss não era boa em ficadas de uma noite.

Sabe, vestir seus sapatinhos tamanho 36 e deixar a casa dos homens com quem dormia era fácil. O difícil era a problemática sensação de sempre estar deixando algo importante para trás. Então, quando Katniss podia, ela ligava. Não que algum dos homens com quem ela já esteve em ficadas de uma noite estivesse interessado no que ela tinha a dizer – quer dizer, o sexo já estava feito – mas Katniss sentia se bem em deixar tudo claro entre ambos.

Na manhã com Peeta, Katniss levantou- se da cama, livrando se do lençol que dava uma volta completamente nos seus pés. Observou a serenidade de Peeta enquanto dormia com as costas para o colchão, seus braços fortes e abertos, ocupando toda a cama e convidando a para abraça-lo delicadamente e ele, embriagado de sono, apenas fecharia e a abraçaria como reflexo. Lindo. Absolutamente lindo.

Com muita dificuldade em seu senso de direção num lugar tão grande e rico, Katniss se dirigiu ao banheiro do quarto dele. Lavou o rosto, fez um gargarejo com pasta de dente e olhou seu reflexo no espelho limpo. Ficou ali, por minutos e minutos, ponderando. Ela não podia ir embora assim, como nas ficadas de uma noite, porque muitos dos laços que a envolvia também estavam atados em Peeta, seja por Haymitch ou Johanna e Effie. E, talvez, pela razão mais importante: Ela não queria partir. Era Peeta. Não uma foda de uma noite.

Voltando para o quarto, Katniss encarou uma visão tão bonita quanto Peeta dormindo: Ele acordado. Cachos bagunçados, olhos confusos, e uma das mãos do lado da cama em que Katniss dormira.

— O que você está fazendo? — Ele perguntou.

— Eu não sei. — Ela respondeu sorrindo sem graça, com a cara ainda um pouco vermelha e a voz um pouco rouca, fazendo Peeta pensar que nunca tinha visto uma bagunça tão bonita. — Eu acho que é verdade, eu não sou boa em ficadas de uma noite.

— Então porque você não... Fica comigo? — Peeta perguntou, sentando-se no colchão.

Katniss levou seu corpo magro para o confortável colchão King Size de Peeta sem respondê-lo com palavras. Deitou-se, virada para ele, e esperou ele também se deitar e fazer o mesmo. Olhos de Tempestade em Oceano pacífico, similares e mais intensos aos olhos de Água Doce e Água Salgada de Finnick Odair e Annie Odair, perdão, Cresta.

Mas em sua cabeça, Katniss respondeu Peeta.

Ela disse “Sempre”.


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Notas finais do capítulo

PS: No capítulo passado eu esqueci de explicar que "Kani", sobrenome que escolhi para Cinna é inspirado em Karl Kani, o primeiro homem negro a lançar uma linha de Hip Hop da Moda e se tornou um dos 100 Africano-Americanos mais ricos do mundo, em 1996, segundo a revista People. Pesquisei horas no google, e ele foi o unico estilista negro que se fez notável nas minhas pesquisas. Pois é.

O que acharam?????? Olha eu tenho que falar pra vocês que eu demoro muito sim, mas recentemente foi por um excelente motivo: Como eu fiquei presa na criatividade desse capítulo, eu escrevi o futuro de Evil Ways! E das duas fanfics que vão ser postadas logo depois de terminar essa aqui. Falando nelas, me perguntaram sobre, então vou postar aqui as sinopses das duas:

"A ARTE DA FOME"

SÃO PAULO – ANOS 20
Peeta Mellark é um pintor americano que abandona Nova York para expor seus quadros na Semana da Arte Moderna em são Paulo, em 1922. Com um português fluente e dinheiro no bolso, Peeta frequenta os salões de dança, assiste às corridas de automóvel, às partidas de foot-ball, vai aos bailes de máscaras e torna-se integrado a elite paulistana da época. Perdido pela ressaca de uma noite de folia, Peeta se encontra no centro da metrópole, jogado na sarjeta de uma indústria, onde é amparado pela pobre operária Katniss Everdeen."

"ONDE ESTÁ A FELICIDADE?"

RIO DE JANEIRO – 1812
PERÍODO JOANINO
O Rei de Portugal, D. João VI assina um decreto de 28 de maio de 1810 que reconhece a necessidade da construção de "teatros decentes" para a nobreza que necessitava de diversão, refugiados de Bonaparte da Colônia Brasileira. Com tais espetáculos, Peeta Melarque vê a chance de ter o reconhecimento dos Nobres e Reis depois de ter ficado em um Portugal arrastado pelos franceses.
Peeta é a personagem principal da peça “Onde está a felicidade?”, o espetáculo mais desejado e comentado pelos Portugueses. Mas, é ao por acidentalmente seus olhos em Katniss, - filha de índio com Sr. – que Peeta passa a questionar os verdadeiros valores de sua peça."

E como eu sinto que eu to sacaneando tanto vocês com essas demoras que eu vou dar aqui uma prévia do próximo capítulo pra voces verem:

"Eles ficaram assim, desse modo, se encarando. Beije-a, o cara pensou, associando os solos de guitarra com os lábios de batom vermelho da garota. Beije-a. E agora, eles estavam ali. Ignorando completamente essa parte da história, essa química imediata que ambos sabem que aconteceu, mas tanto Haymitch quanto Effie não tocaram nessa parte. "



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