Evil Ways escrita por Moonlight


Capítulo 15
É como se vivêssemos num labirinto eternamente.


Notas iniciais do capítulo

Meus amores!!
Quem ficou até as uma da manhã de sábado escrevendo para não atrasar no domingo? Quem teve a semana mais puxada do ano e está prestes a ter uma pior? Acertaram!! õ/ Eu, de coraçãozinho, amei esse capítulo. Espero que gostem muitão também, e que gostem da Annie tanto quanto Finnick.



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Há uma velha lenda na família materna de Annie Cresta que contava a história de um antigo descendente judeu que fugiu de dois campos de concentração Poloneses no horrível período do Holocausto, cuja moral da história resumia-se em:

Há uma perseverança em tomava em você
Que te faz o homem que você quer ser
Vê aquilo que você vê
Sente o que você sente
E te dar o que você quer ter

Finnick Odair queria Annie Cresta.

Ele a queria tanto que ele estava perdendo sua dignidade e se encontrava parado na porta da clínica pela terceira vez na mesma semana. Finnick estava desesperado pela moça, e ele não via problema algum em correr atrás de uma garota para conquista-la. Isso porque, mesmo com aquela incansável beleza e com aquele rosto malditamente bonito, Finnick agia como um bom moço do interior em grande maioria do tempo.

Ele é um daqueles tipos de cara em que encontramos dificuldade em descrever. Ele é bonito, e ele sabe disso. Ele pode ter garotas a hora que quiser, e quando decidia fazer uma conquista, estava ali todo armado com o mais forte charme e perfume. Mas, na maioria do tempo, quando se trata de flertes com garotas dos quais esse específico tipo de cara achava bonita, ele travava. Ficava tímido, algo que o deixava mais bonitos ainda.

A primeira vez que viu Annie Cresta, Finnick já se viu travado. Vocês com toda certeza se lembram desse encontro em que a primeira coisa que Finnick dissera foi: “Você viu o Doutor Peeta Mellark por ai?”. Já na segunda vez que se viram, Finnick formou toda uma estratégia quebrada logo de cara por Annie, o que o deixou ainda menos confiante para flertar com a garota perfeita.

Mas Finnick a queria. Ele a queria tanto que apagou automaticamente a linha tênue existente entre o flerte romântico e o desespero e estava ali, na porta do libertas, louco da vida para ver Annie novamente e explicar a ela que, de fato, ele não era louco. Mas não via problema algum em ser.

Annie, por sua vez, havia pensado em várias precauções a tomar em relação ao rapaz que estava a perseguindo: Pensou em chamar a segurança, um amigo próximo, ou a polícia, mas o pior é que ela sabia que ele estava sendo mais um adolescente apaixonadinho do que um tarado. Ela tinha visto nos olhos dele aquele dia, e reconheceu um olhar que somente seu pai havia lhe lançado a vida toda: Um olhar de total ternura e admiração. E se Finnick Odair tinha isso, então era sinal de que algo estava ali, para ela, e que ela não deveria deixar ir.

Por isso no terceiro dia da semana, Annie deu passos quase trêmulos em direção à Finnick, que abriu um sorriso do tamanho da América ao vê-la ali, vindo em sua direção. Sua visão era quase como um sonho, enquanto a moça – ainda sem graça com o sorriso de Finnick – acariciava um dos braços e olhava para os lados o tempo todo.

— Nós vamos a um café. — Ela afirmou, parando frente a Finnick.

— Nós vamos a um café. — Ele repetiu, aceitando a informação de Annie.

— Vamos somente conversar. Sobre nossas vidas. — Ela disse outra vez, com voz firme.

Annie mantinha em si toda uma insegurança propícia ao momento, mas ela se recusava a deixar a fachada que criara. Não queria que Finnick pensasse errado, porque ela nunca sabia o que os garotos pensavam. Finnick sorriu ao ver a valentia e exigências da moça na sua frente, que aparentava tão frágil como uma criança.

— Vamos somente conversar sobre nossas vidas. — Ele assentiu, confirmando.

Finnick não reclamou por nem um segundo quando Annie desviou da rota para a cafeteria tão visitada por ele e Peeta e o fez andar por mais meia hora para chegar numa livraria de fachada amarela e bege. Era um lugar com um cheiro agradável de coisa velha e café, o que mostrou logo de cara o tipo de pessoa que Annie Cresta era.

Bem... Ao menos era que seria, se esse fosse o tipo de pessoa que Annie cresta fosse.

Na verdade, ela mal sabia onde teria um café por ali, por isso quando seguiu para a direita esperou ter a sorte de cruzar com um a qualquer momento. Pensou que Finnick fosse dizer algo, mas ele parecia não conhecer a região ali, ao não ser a clinica e o estacionamento há 3 minutos dela. Mal sabia Annie que se tivesse virado à esquerda, andaria apenas por 10 minutos até parar no café onde Finnick e Peeta se encontravam, e que naquele café estaria um homem que causaria sérias discussões entre Finnick e Annie até o casal se separar.

Mas Annie Cresta virou à direita, este homem destinado a ser um carrasco se tornou somente um cara qualquer quenunca apareceu na frente de Annie a vida toda, ao não ser naquela fila de banco vinte e nove anos depois. E assim a vida deu mais um nó até procurar a saída. É como se vivêssemos num labirinto eternamente.

Annie e Finnick se acomodaram em um puff com uma mini mesa de madeira, feita com caixotes reciclados, que fez tanto Finnick quanto Annie pensar que era uma boa ideia, mas nunca tão boa aplicada na prática, como por exemplo, na sala de sua casa. Pediram o que iriam beber e se encararam num jogo de silêncio até Finnick quebrá-lo dizendo:

— Obrigado por sair comigo. — Disse. Mais uma onde de silêncio ergueu-se, fazendo-os surfar e ele a quebrou tão rápido quanto a primeira vez. — Quero dizer, eu sei que eu parecia um serial killer, mas obrigado mesmo assim.

Não que Annie estivesse saída de um manicômio, mas Finnick evitou usar a palavra louco.

— Tem algo de estranho em você. Achei sensato descobrir o que era. — Ela respondeu, levando o café a boca.

— Alguma força sobrenatural ou coisa assim? — Ele perguntou.

Finnick gostava de histórias malucas. Tinha uma mente criativa, e era uma pessoa muito sociável e aberta. O que poderia assustar Annie, se isso não a fizesse cócegas gostosas por dentro.

— Não, eu não acredito nisso. Nem em forças, nem em destino, nem em deus algum. — Completou ela.

— Sério? Me diga o por quê. — Perguntou Finnick, tomando o achocolatado sem tirar os olhos interessados nela. Nunca tinha conversado com um ateu e, como dito antes, Finnick gostava de saber e ver opiniões divergentes. Ele era uma eterna criança curiosa. Por outro lado, Annie gelou-se por inteira e mesmo que o assunto não fosse desconfortável, não achou que fosse algo a se discutir num primeiro encontro.

— Não acho que é o melhor momento em discutir sobre isso. — Ela disse seca, mesmo que a nuca estivesse molhada de suor. Finnick entendeu, dando o assunto por encerrado.

— Tudo bem, tudo bem. Vamos falar sobre nós mesmos, então. — Ele começou, aliviando o clima. — Me chamo Finnick Odair, tenho 22 anos, estou no ultimo semestre de Ciências Biológicas e estou prestes a iniciar minha pós-graduação em Biologia Marinha. Meu pai sempre me disse que eu tinha que fazer o que amava, e estar na água é algo natural para mim, um garoto que mora no meio de Nova York. — Annie riu, fazendo Finnick ganhar um ponto no placar automático da conquista que, querendo ou não, é contabilizado em todos os casais e em todos os encontros.

— Você trabalha? — Annie perguntou.

— Sou Salva Vidas na Piscina Pública do Ginásio Poliesportivo NYCITY. — Respondeu. — Meu pai não é rico, e eu preciso de dinheiro para pagar não somente a faculdade, mas este café para você. — A moça sorriu. 2 à 0 para Finnick. — E você, me conte sobre Annie Cresta.

— Hm, tudo bem! — Ela largou seu café na mesa e passou a se concentrar com os olhos fechados. Annie não podia olhar para Finnick enquanto retratava sobre si mesma, do contrário, se perderia nos olhos dele. — Annie Cresta tem 22 anos, e é professora do primário numa creche no centro de Nova York. Ela tem medo de stalkers, e gosta de ironia quando não é... tímida demais para isso. — O rubor nas bochechas de Annie fez Finnick encantar-se facilmente com ela. 2 à 1.

— Porque Annie Cresta não tem telefone? — Perguntou Finnick.

Annie gostaria de se sentir incomodada, mas na verdade, se sentia triste mesmo. Uma vez, Doutora Coin lhe dissera que qualquer situação a faria retomar para o trauma, e isso a faria cada vez menos sociável. Annie queria sentir raiva de Finnick pelas perguntas, mas não era sua culpa. Queria sentir raiva de si mesma, seu pai, terroristas e americanos, mas Annie não conseguia sentir nada além de tristeza.

— Olha, sobre isso, é que... Isso só volta para aquele assunto que eu não queria falar sobre, entende? É algo não só sobre mim, mas...

— Annie, me ouça. — Finnick começou. — Sei que você mal me conhece, mas você conhece Peeta, e se eu sou melhor amigo daquele cara, isso quer dizer que eu não sou uma má pessoa. Eu não brinco com pessoas Annie. Eu não as persigo como persegui você para deixá-las magoadas. — Finnick interrompe a si mesmo procurando palavras para parecer menos afobado em frente a garota dos sonhos. — Se tem algo sobre você que você não gosta, me mostre. Isso não vai me fazer ficar menos admirado. — Finnick Sorriu, como se fosse um pai que explicasse a uma criança que só porque o bebê mais novo acabou de nascer não significa que os pais não vão mais amar o mais velho. — Se, o que você não quer falar é algo ruim, mas faz parte de você, não há razão alguma para esconder. É sobre você, e eu quero conhecê-la. Confie em mim, Annie Cresta, eu vou compreender.

Cresta olhou prontamente para os olhos de Finnick, e como todas as vezes com exceção a primeira que o viu, encontrou ali a sinceridade. Isso fez seus lábios começarem a se mexer e suas palavras saírem tão naturalmente quanto inseguramente.

— Quando eu tinha oito anos, eu faltei na escola na manhã de 11 de setembro. Eu estava com catapora naquela semana. Meu pai, aquele dia, ele... Ele me ligou do trabalho, e me disse para pegar 150 dólares na gaveta de meias dele, pegar um táxi até o World Trade Center e tirar ele do prédio. Ele me implorava para salvar ele de lá, e tirar ele dali, e num piscar de olhos, desligou o telefone. Dois minutos depois ele ligou outra vez, e disse para eu dar o dinheiro a mamãe, deitar na minha cama e dormir porque a noite ele voltaria para me fazer carinho. E ele... Nunca voltou.

Finnick mira nos olhos da forte e fraca Annie ao mesmo tempo, compreendendo a complexidade de sua história.

— E desde então, eu não atendo um telefone, eles me dão repulsa, medo e ataques de pânico. E também é por isso que eu não acredito em forças, deuses e nada dessas coisas. Eu sei que meu pai acreditava, mas eu nunca senti sua presença nas noites que ele disse que estaria lá, e mesmo que sentisse, eu não a queria. Eu queria meu pai, não uma alma transparente dele. Não é nenhuma mágoa pela situação ao geral, ou ódio do tal Deus, mas são as experiências de vida que te torna o ser humano que você é. Eu tenho total certeza que no mesmo 11 de Setembro pelo menos uma pessoa saiu viva e sã de tudo aquilo, acredita que viu um milagre com os olhos e glorifica a Deus. Comigo foi o contrário, apenas. Por favor, não me julgue, só...

— Não te julgo. — Finnick interrompeu.

Toda essa história, até o momento, só fizera Finnick gostar ainda mais da ruiva. Annie não tem telefone porque não pode atendê-los. Não acha que uma força de deus atraiu Finnick a ela, pois é ateia, mesmo com pai católico e mãe judia. Annie é professora, porque se estivesse na escola no dia 11 de Setembro, não atenderia ao telefone. Sendo assim, Annie desejava nunca ter saído da escola.

— ...E minha mãe me deixou quando tinha quatro anos. — Naquela altura, Finnick havia se comovido com tudo aquilo e sentiu que era seguro o suficiente compartilhar com Annie aquilo que nunca compartilhou com garota nenhuma: Sua história. — Ela se separou do meu pai e se casou com esse dono de restaurante de camarão ou coisa assim na Califórnia. Ela nunca me quis, se pudesse teria me abortado, e foi o que realmente fez quando me deixou para trás sem se lembrar do meu nome. — Finnick encerrou o assunto, olhando para a mesinha de caixotes desejando que Annie não estivesse leh dando aquele maldito olhar de pena. Mas, quando levantou os olhos e a viu, ela esboçava apenas aquele olhar de admiração, como se estivesse dizendo: “Nossa, você também sobreviveu”. Foi ali que ele realmente sentiu mais forte que nada poderia fazê-lo mudar de ideia em relação à moça, — Sabe, a vida não é fácil para ninguém, mas podemos fazê-la feliz.

— Como? — Annie perguntou, interessada.

— Como, por exemplo, você me dando a chance de ter sua maravilhosa presença outra vez. — Annie gargalhou, porque sabia que Finnick falaria aquilo. Por isso, ela tirou de sua bolsa uma folha infantil rosa cheia de gatos, sapatos e corações, claramente um caderno do “My Little Poney” de uma das suas alunas.

— Aqui está, Finnick. — Ela sorriu ansiosa pela cara revoltada de Finnick. E deu certo.

— Ah, não Annie! — Finnick reclamou, sorrindo.

Na folha, continha uma lista cujo título era “Lugares que Annie Cresta sempre visita” e alguns possíveis horários em que ela poderia estar lá. Para Annie, estava tudo certo, mas Finnick não gostava da expectativa da espera.

— Não aceito isso. Quero ter a certeza de te encontrar de novo, e o mais rápido possível. Bem... que tal no meu apartamento, quinta feira que vem, as 19h? — Sorriu ele, sem perceber a cara assustada da moça.

— Finnick, você não acha que está cedo demais para esse convite?

Droga. Estava sim, com toda certeza estava, Jesus, como estava!

— Ora Annie... sua... maliciosa! — Finnick deu uma risada nervosa. — Quinta feira que vem é... meu aniversário! — Finnick arregalou os olhos, porque era verdade. Voltou a sua desculpa esfarrapada, tentando desviar de Annie e tentar pela primeira vez encobrir uma mentira na moça. — E eu darei uma festa quinta feira que vem, 13 de Março, meu aniversário. Você deveria ir. — Finalizou.

— Eu irei. — Annie respondeu, fazendo o coração de Finnick dar um pulo tão alto quanto um jogador de basquete e, de quebra, dar uma enterrada. — Escreva o endereço nesse bloco de papel enquanto me conta as utilidades de um salva-vidas em plena Nova York.

Finnick o fez. Continuaram por mais duas horas conversando. Annie faltou em seu trabalho pela primeira vez na vida, e Finnick já estava quase no pé da rua de tanto burlar o emprego para ver aquela mulher. E ele estava tão feliz com aquilo, porque agora ele tinha a atenção de Annie, seu sorriso, seu olhar confiante, sua história e quase tudo num único encontro. Ele só não tinha uma festa planejada em menos de uma semana, mas não é nada que Peeta não resolva por ele. Oh, Annie Cresta... Você fez Finnick Odair esquecer até do próprio aniversário.

E antes que eu me esqueça: Aquela força estranha sobre Finnick que fez Annie se sentir atraída? Era paixão, caro leitores.

Vamos deixá-los tomando mais café enquanto eles ainda não percebem que não podem passar mais de uma hora sem se beijarem.


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Notas finais do capítulo

Meus amores!!
Quem ficou até as uma da manhã de sábado escrevendo para não atrasar no domingo? Quem teve a semana mais puxada do ano e está prestes a ter uma pior? Acertaram!! õ/ Eu, de coraçãozinho, amei esse capítulo. Espero que gostem muitão também, e que gostem da Annie tanto quanto Finnick.