Rosas e Espinhos escrita por Miiou


Capítulo 8
Capítulo 7 - Sorrir


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa! Eu realmente não pude postar semana passada! Eu estava na casa de minha amiga e lá não tem internet que preste. Eu passei a semana estudando que nem louca para as provas de sábado.
Desculpa mesmo.
Depois desse capítulo, prometo postar um maior, para deixar vocês felizes!
Vou fazer o possível para postar a tempo.
Boa leitura!



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Capítulo 7 - Sorrir

 

 

 

 

Eis a minha lista de coisas que eu nunca me imaginei fazer em minha sã vida.

 

        A primeira é que nunca me imaginei reconfortada, principalmente quando eu não preciso de reconforto. A segunda é que nunca me imaginei em sonhos tão reais e indiscretamente desejáveis. A terceira, devo dizer que é a razão de todas as outras, é o fato de eu nunca me imaginar em sã consciência tendo um novo amigo loiro, de olhos cinza como um céu nublado, que tem rivalidade com o meu sobrenome, que tem rivalidade com a minha casa, que tem rivalidade com o meu mundo e que me fez abrir mão de tudo por essa suposta aventura. Sim, seria imensamente interessante.

 

        Foi surpreendente acordar de manhã sem me sentir incomodada com o fato de ouvir pássaros piando em meu ouvido, com o fato de ter raios solares constantes entrando pela entrada da caverna e batendo em minha pele como se quisesse perfurar meus ossos. Foi surpreendente como me senti bem com o aroma que inspirava minhas narinas, com a textura de uma pele coberta de um tecido grosso, que mesmo assim parecia não existir. Foi inacreditavelmente gostoso acordar naquela posição, como se eu tivesse nascido para permanecer lá, pela eternidade, ouvindo o bater coordenado de um coração pulsante, quente.

 

        Tanto foi bom até o sonho acabar e eu tomar consciência de onde estava.

 

        Mais uma vez, com minha bela mania de me mexer enquanto dormia me enrosquei no tronco de um suposto diabo com fantasia de anjo. Mais que droga! Primeiro isso, agora eu chego chamando meu novo “amigo” de anjo. Frustrante.

 

        Abri os olhos, já iluminados pelas tiras insistentes de luz que me perfuravam a visão. Olhei para cima e me surpreendi com o que vi.

 

        Vi um Scorpius Malfoy simplesmente impassível, me olhando como se tivesse acordado para isso e apenas isso. Vi um garoto de dias atrás, um garoto infantil, chato, desdenhoso, um garoto que nunca iria querer estabelecer relações sociais. Vi olhos cinza me encontrarem. Vi um anjo. Um belo anjo a lampejar sua aura ao meu redor e me embebedar com sua pura visão. Pisquei uma vez. Tudo voltou a ser o que era. Eu era Rose Weasley e estava deitada no colo do Malfoy.

 

        Impassível diante de minha descoberta; voltei a baixar a cabeça e olhar para minhas pernas. Novamente entrelaçadas, como nossa estranha ligação que agora parecia de certa forma imaculada. Queria ficar assim, queria prolongar o momento e Scorpius não parecia discordar de meu pensamento. Mas éramos jovens, tolos, eu não sabia o que era isso que batia em meu peito, mas sabia que era o culpado por minha cabeça se encher de sangue para pensar, para corar e era o culpado por fazer meus braços se mexerem para macular o imaculável.

 

        Nada em cima de mim me impedia de sair dali, parecia que o mundo conspirava pela nossa separação. Suspirei inaudivelmente e me apoiei em meus braços, dando impulso para me separar daquele pulsar. Sentei-me e encarei novamente meu companheiro de sono, corada.

 

         - Desculpe, eu costumo me mexer à noite. – falei encabulada.

 

        Scorpius soltou um som que eu não soube distinguir, olhou para um lado, para o outro, como se tivesse acabado de ter consciência da situação, por fim, abaixou o olhar para os pés e de alguma maneira bem esquisita, pareceu... Corar.

 

        - Hã, er... – falou lutando com as palavras – Tudo bem, ninguém perdeu nenhum osso, tudo bem então.

 

        Sorri para ele, ele retribuiu com um pequeno sorriso de lado.

 

        - Bom dia. – falei.

 

        Ele não respondeu, então continuei.

 

        - Melhor irmos ver onde estamos, precisamos sair daqui, parece que ninguém tomou consciência de nossa ausência, que frustrante, como podem... – mas eu fui interrompida.

 

        - Olhe, antes de inventar de sair lá pra fora, melhor arrumarmos uma maneira de subirmos por esse abismo e voltarmos pela entrada da caverna, muito mais conveniente, não acha? – falou como se fosse óbvio.

 

        - Oh! Claro senhor sabe-tudo, mas não acho que conseguiremos subir por... – fui interrompida novamente.

 

        - Pense! Se cairmos dessa altura e não estamos mortos, não deve ser tão alto assim. – colocou a mão no queixo, em sinal de pura reflexão. – podemos invocar vassouras ou coisa do tipo, então vamos subir.

 

        - Ássio! – exclamei feliz por poder dar a colaboração dos livros.

 

        - Sabe usar esse feitiço? – perguntou incrédulo.

 

        - Sei sim. Meu tio ensinou como fazer nas férias passadas, só preciso praticar um pouco. – falei orgulhosa.

 

        - Claro santo Potter. Sempre salva o dia... – parou de falar com o olhar que eu o mandei – sabe voar?

 

        - Eu... – suspirei frustrada – bem, eu não sou boa com a vassoura. – tinha puxado isso de minha mãe.

 

        - Tudo bem, eu lhe levo comigo, fica até mais fácil. – disse por fim, como se fechasse o assunto.

 

        - Hum, certo então. – falei, me virando e apalpando o chão, como se estivesse a arrumar uma cama.

 

        Nunca vi Scorpius a comandar. Ele sempre dava idéias até boas na aula e sabia responder bem a uma pergunta, mas... Na verdade, nunca me importei muito em participar da vida de Scorpius. Ele sempre foi um garoto muito fechado ao mundo a fora, a idéia que eu tenho é de que ele não considera ninguém, não confia em ninguém. Isso pode ser um erro, claro, nós devemos desconfiar de certas coisas, mas de tudo e todos... Como alguém pode viver assim, como alguém pode ser feliz assim?

 

        Scorpius nunca disse ser feliz.

 

        Scorpius nunca mostrou ser feliz, apesar dessa mascara que ele tanto presa manter.

 

        Agora pensando, aposto que ele deve me considerar como os outros “amigos” dele. Ele nunca deve ter tido um exemplo de felicidade e de amizade fiel. Isso é uma coisa que os sonserinos não se dão ao luxo, os sonserinos fazem amigos pelo simples fato de se beneficiarem com a amizade, aprendi isso com o tempo. O que será que ele pretendia tirar da minha amizade?

 

        Ficamos de costas um para o outro, eu presa em minhas reflexões e Scorpius... Scorpius fazendo alguma coisa.

 

        Pensei em Lily. Perdi o aniversário dela, ela vai me matar. Perdi o aniversário da minha melhor amiga e prima. Pensei em James, será que ele notou que eu não estava na escola? Será que ele sentiu minha falta?

 

        E Alvo? O que será que ele deve ter pensado quando eu não voltei da aula com Scorpius?

 

        Frustrante.

 

        Precisava de ar, precisava simplesmente ficar um tempo sem a presença de ninguém. Precisava ficar longe de Scorpius.

 

        Levantei-me rapidamente, fazendo Malfoy pular de susto. Ele olhou para mim com um olhar divertido e malicioso.

 

        - Então? Encabulada? – rasgou um sorriso horrível em seu rosto.

 

        - Eu... – primeiro me desconcertei, depois fiquei confusa, ai veio à raiva – Olha aqui sua Barbie ambulante de... – não consegui terminar.

 

        - Amigona, em? – falou sarcástico.

 

        Suspirei frustrada e voltei a me sentar mantendo uma distancia considerável do garoto.

 

        - Olha, você ainda me da nos nervos. – olhei para ele séria – Alvo me deixa irritadíssima. Quinnity passa o dia todo a me atormentar, mas eu adoro os dois, são meus melhores amigos.

 

        - Ah certo. – falou sarcástico – você não chama eles de Barbie.

 

        - E eles não soltam mil e uma doses de escárnio para cima de mim todo o tempo.

 

        - Tuché. – estalou um dedo e colocou a mão no queixo, em sinal de reflexão e puro drama.

 

        Reprimi um riso e meu nariz me denunciou.

 

        - O que tem de engraçado, ruiva? – perguntou incrédulo.

 

        - Não é nada... Só que... – hesitei um pouco.

 

        - Pode falar, não vou te matar... Ainda. – falou insinuante.

 

        Contive-me para não tremer. Scorpius sabia umas azarações terríveis. Uma vez um menino havia desaparecido por uma semana depois de ter uma discussão com Malfoy. Ele foi encontrado de alguma maneira dentro dos canos da escola, coberto de dejetos dos outros e no seu braço havia uma cicatriz inflamada que dizia: “para você aprender, moleque.”. O menino foi mandado para o St. Mungus e até hoje eu não vejo ele.

 

        - É só que... Bem, nunca te imaginei imitando um mexicano. – ele me olhou com mais incredulidade – Que é? Achei engraçado!

 

        - Disso? Nossa ruiva, como você é fácil. – sorriu maldoso para mim.

 

        - Ah, vá à merda! – ri de mim mesma.

 

        Ele ficou me olhando de uma maneira esquisita e desconfortável enquanto eu ria, o que me deixou encabulada. Abaixei o rosto e fiquei olhando para as minhas mãos enquanto soltava as palavras em um suspiro.

 

        - Então, a gente vai continuar sendo amigos, quando voltarmos? – tremi um pouco – N-nós po-podemos ser amigos, certo? – não me atrevi a encará-lo, me sentia muito tola falando aquilo, como se dependesse dele.

 

        - Não, vai contra meus princípios isso. – ele virou o rosto para mim, senti seu olhar queimando minha nuca – não podemos ser amigos.

 

        - Mas...

 

        - Isso não quer dizer que eu não queira. Mesmo não podendo, vamos ser amigos. – levantei meus olhos para olhá-lo, não acreditando no que estava a ouvir – isto é, se você quiser Rose.

 

        - É, vai ser divertido ver as pessoas olhando para a gente estranho. – engoli em seco e tentei sorrir.

 

        - As pessoas na Sonserina vão me matar. Espera só o Zabini saber disso. – sorriu de uma forma macabra em retribuição.

 

        - Você é tão pessimista. – abanei a cabeça – Não sabe sorrir, não?

 

        - Como? É claro que eu sei sorrir ruiva! – falou como se fosse obvio.

 

        - Não, você não sabe. Esse sorriso que você da é a coisa mais feia que eu já vi. – ele fechou a cara e me olhou mortalmente – Calmo ai pangaré! Só estou fazendo um comentário. Como você é estressado! – ta, eu fui bem grossa.

 

        Ele me encarou de cima para baixo, me examinando, como se vendo se valia à pena fazer o que ia fazer. Ele pareceu bem hesitante, suspirou muitas vezes, mas por fim, abriu um sorrisinho...

 

        (Música de fundo: The Only Exception – Paramore – Link: http://www.youtube.com/watch?v=-J7J_IWUhls&feature=fvst [N/A: Eu amo essa música! *-*])

 

 

        Foram bem rápidos os segundos, seus lábios se abriram um pouco e as pontas levantaram de uma forma... Meiga?! Nossa, eu nunca vi Scorpius tão bonito. Apesar de ser um sorriso meio tosco e nada alegre, ele estava tão cativante... Espera ai! Eu chamei Scorpius de bonito? Ah, ta. Ele é bonito, mas isso não é coisa que se pense!

 

        - Nooossa! – falei batendo palmas, teatralmente – ainda assim, estou achando muito fraco esse sorriso... – me aproximei mais dele, insinuante, seu sorriso abriu um pouco mais, com um toque de divertimento – quem sabe eu não posso aumentar ele um pouco, não é? – pisquei para ele, me aproximando mais um oitavo de espaço.

 

        Scorpius chegou até a contrair os lábios em um beiço, o que me assustou um pouco. Coloque as mãos em sua cintura e...

 

        - HAHAHAHAHAHAHAHA...! – se contorceu, enquanto eu fazia cócegas nele – RO-SE! HAHAH... PARE COM ISSO AGO- HAHA... PARA! – ele segurou meus pulsos com força, me fazendo gemer baixinho de dor. – para. – repetiu, afrouxando o aperto.

 

        Abri a boca para falar, mas percebi que as palavras não queriam sair. Fechei a boca e fiquei olhando-o, esperando por uma ação.

 

        O silêncio foi ficando cada vez mais desconfortável. O que será que Scorpius estava pensando? Seus olhos nunca me largavam, de forma que eu ficasse ainda mais desconfortável.

 

        Depois de mais alguns minutos de mudez, Scorpius se aproximou de mim, seus cabelos loiros a cair em cima dos olhos de inverno, nublando sua visão, se aproximou até nossos narizes se encostarem, respirei pesadamente e forçada. O ar de inverno me denunciou a respiração, o que me fez, novamente, corar. Ele estava tão perto. Seu hálito, não tão fresco pela manhã, roçava de maneira convidativa em minha pele, me fazendo descompassar a respiração, por sua sensualidade discreta e ao mesmo tempo tão explicita.

 

        Ele entreabriu os lábios, como se me convidasse para o seu mundo, como se quisesse que eu entrasse por essa fenda e descobrisse todos os seus maiores segredos, todos os seus desejos. Como se finalmente ele estivesse se abrindo e confiando plenamente em alguém.

 

        Eu não sei o que fiz para merecer isso.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que não ta muito grande, mas é que eu tive que separar ai, para poder deixar a fic mais ordenada. Ah, só para constar, próximo capítulo eles saem desse buraco! \o/
Sem reviews eu não posto, ouviram? Quem ler, comente!