Guardians I - The Divine Stones escrita por G Menegatti


Capítulo 11
XI - Dark Times


Notas iniciais do capítulo

Bom galera, aqui está mais um capítulo que irá explicar muitas coisas... espero que apreciem com moderação
Ah! Estou aqui para divulgar um blog de um dos meus leitores assíduos também ^^ o link está logo abaixo...

http://covenmisteriosdocarvalho.blogspot.com.br/

P.S.: Sim, esse é o Hugh Jackman, e sim ele é o Teseu hahaha



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A noite se seguiu tranquilamente após a refeição de esquilos.

Teseu nos contou as suas histórias da época em que ainda era um herói grego, lutando contra monstros e impedindo que qualquer ser mal intencionado invadisse o Monte Olimpo.

– Aqueles foram tempos sombrios. – Começou o homem com o olhar iluminado pela fogueira a sua frente. Todos ali pararam para ouvir as suas histórias, até mesmo Patrick passou a prestar atenção em Teseu. – As energias dos deuses foram aprisionadas em pedras como as que vocês estão portando neste exato momento, por um grupo de Feiticeiros Negros. Qualquer deus, de qualquer lugar... Todos subjugados pelos poderes sombrios daqueles que desejavam dominar o mundo.

“Com a energia drenada e postas nestas pedras, os deuses passaram a morrer lentamente. Odin e Zeus foram os últimos a perecerem, após tanto batalhar para recuperar seus poderes. Infelizmente eles não conseguiram concluir o desejo, mas antes de morrerem encontraram o pessegueiro sagrado de Xi Wangmu, a Rainha Mãe do Oeste, uma deusa cultuada na mitologia chinesa. Até hoje não sei se foi o destino ou uma mera coincidência, mas eles o encontraram na época em que produziu o único fruto dourado no qual garantiria a imortalidade a quem o desfrutasse.

“Eles então procuraram por Tomeal, um bruxo que conhecia todos os tipos de poções naquela época e talvez o bruxo mais poderoso de todos os tempos. Ele conseguiu produzir uma bebida na qual concedia a imortalidade para quem a adquirisse, mas potencializaria as habilidades de quem a ingerisse.

“Heróis de todos os cantos do mundo foram procurados pelas servas de Odin, as Valquírias, pois naquele tempo ambos os deuses haviam perecido tentando proteger a poção feita por Tomeal. E eu fui um dos que recebeu a oportunidade de lutar pela salvação e preservação da ordem mundial.

“Era praticamente impossível derrotar os Feiticeiros Negros, já que estavam em posse das Pedras Divinas. Muitos dos heróis acabaram perecendo em combate também, mas isso só servia de motivação para os restantes, que faziam o possível e o impossível para concluir a missão que lhes foi dada.

“Chegamos a pensar que iriamos perder aquela batalha, que já durava mais de anos. Até que um dia conseguimos fazer aliados importantes, nos quais estavam sendo prejudicados pelos feiticeiros. Fadas, Elfos, Espíritos e diversas outras raças, lutando por uma só causa.

“No fim acabamos derrotando os feiticeiros e salvando o mundo, modéstia a parte. Mas ainda havia um pequeno detalhe com o qual não sabíamos o que fazer.”

– As Pedras Divinas. – Murmurou Luna de repente, que parecia muito interessada pela história de Teseu, assim como qualquer um que a estivesse ali.

Logan não piscava por nada e nem eu, que imaginava cada detalhe dito com uma pitada de fantasia. Era inacreditável aquilo e, de certa forma, legal.

– Sim. – Assentiu Teseu. – Com a morte dos deuses não podíamos simplesmente devolver seus poderes, nem mesmo com algum feitiço ou magia. E foi então que decidimos guarda-las em um receptáculo e enterra-las.

“Porém não era o bastante, pois cada uma das pedras tinha uma vida própria, assumida pelo seu espírito divino. Elas conseguiam se materializar em lugares distantes e aparecer para pessoas que tivessem o sangue mágico ou a Visão Mística.”

– Espera aí... – Interrompi, fazendo Patrick suspirar de irritação. – Volta um pouco que eu não entendi essa parte. Que história é essa de Visão Mística?

Teseu exibiu um sorriso, compreendendo-me.

– A Visão Mística é um dom que permite os seres enxergar a realidade. – Quem explicou foi Cleo, de livre e espontânea vontade. – Os únicos que não possuem tal dom são os humanos, que possuem um certo atraso espiritual.

– Isso foi ofensivo. – Murmurou Logan.

Luna revirou os olhos.

– Caso não tenha percebido, nós não somos exatamente humanos. – Retrucou a irmã. – Pelo menos não inteiramente.

– Filhos de Lobisomem, certo? – Chutou Teseu, fazendo-os assentir, confusos. – Senti o cheiro.

– Ok, isso foi ofensivo. – Teve que concordar Luna, abaixando a cabeça.

Teseu riu.

– Não foi a intenção. – Se desculpou. – Filhos de Lobisomem possuem um cheiro diferente. Mas não se preocupe, todas as raças possuem algo reconhecível. Como o caso de Kevin...

De repente todos os olhares pairaram sobre mim, deixando-me desconfortável. Odiava ser o centro das atenções ou o tema de uma conversa.

– O que tem eu? – Perguntei, tentando parecer normal, mas acho que não funcionou como esperava.

– Idiota... – Ouvi Patrick murmurar.

Encarei o garoto, sentindo a raiva e a adrenalina percorrerem minhas veias. E sem perceber, levantei-me e encarei Patrick.

– Qual o seu problema? – Gritei, fazendo todos se espantarem.

Patrick levantou o olhar para mim, como se achasse a minha atitude ridícula ou a minha coragem estúpida.

– A sua burrice é um sério problema que me incomoda. – Respondeu ele, sem medo de ser sincero.

Fechei os punhos em volta da Pedra de Hades, sentindo ela pulsar em minha mão enquanto deixava a raiva me dominar.

– Kevin... – Ouvi Luna chamar por mim.

– O que foi? – Gritei, assustando-a.

Ao ver o olhar de espanto nos olhos de minha amiga senti o quão estúpido tinha sido.

– Me desculpa. – Sem que eu notasse, já estava em pé, após Patrick me enfurecer. Algumas sombras haviam se formado ao meu redor, prestes a irem de encontro a Patrick, que já estava com as mãos em torno da espada.

De repente um clima tenso se formou entre nós. Felizmente havia Kendall entre nós, que acabou quebrando aquilo.

– Vocês dois são idiotas! – Disse ele. – Pode continuar Teseu, eu permito.

– Muito obrigado. – Agradeceu o herói, sorrindo ao garoto. – Como ia dizendo...

E então ele olhou para mim, deixando-me confuso. Até que me lembrei o que estávamos conversando antes de tudo acontecer.

– Ah, verdade! – Exclamei. – O que tem eu?

– Seus olhos.

Não sabia o que tinha de errado meus olhos, que possuíam um brilho próprio... Ah!

– Minha mãe era uma bruxa. – Expliquei.

Teseu franziu a testa, parecendo intrigado e confuso.

– Interessante. – Murmurou ele. – Você possui sangue de duas raças diferentes pelo visto.

– Como assim?

Luna suspirou irritada.

– Infelizmente vou ter que concordar com Patrick, mas você é um completo idiota Kevin. – Resmungou minha amiga.

– Pra que usar esses linguajares chulos? – Indagou Logan, pasmo com tantas palavras ofensivas. – Apenas o chame de mongoloide. É mais bonitinho...

E mais uma vez sua irmã revirou os olhos e eu fiquei tentado a fazer o mesmo.

– Não. – Disse ela, balançando a cabeça.

Cleo apenas ria com a cena.

– Teseu está querendo dizer que seu pai não era um simples humano. – Explicou ela, percebendo que havia muitas interrupções. – Você não o conheceu?

– Ele me abandonou quando ainda era bebê e me deixou com meus avós. – Kendall então me olhou intrigado, exibindo um sorriso em seguida. Pelo visto ele havia entendido o meu recado.

– Sinto muito. – Cleo parecia se importar com os outros muito mais do que com sigo mesma. – De qualquer jeito, seu pai deveria ser um Transmorfo.

De repente precisei me segurar para não cair do tronco de madeira no qual estava sentado.

– Tenho certeza que meu pai não era um robô, muito menos um carro. – Brinquei, não sabendo o que fazer com aquela situação.

Os olhares de todos se direcionaram a mim novamente, mas pareciam me fuzilar com os olhos.

– Por favor, não me diga que foi uma piada intencional. – Comentou Logan. – Porque até eu tive vontade de te xingar agora e tenho certeza que não iria te chamar apenas de mongoloide.

Patrick não fazia nada a não ser me encarar com uma expressão indiferente, mas tinha certeza que ele ainda estava com uma grande vontade de me bater.

– O que é um Transmorfo? – Perguntei, tentando mudar de assunto e evitar mais olhares.

Teseu pegou um último pedaço de esquilo que havia sobrado e o jogou para Bob, que o devorou em questão de segundos.

– Tecnicamente são humanos, mas assim como os Bruxos ou Magos se diferenciaram quando aprenderam dons e o poder da Visão Mística. – A voz de Teseu era de sabedoria. – Transmorfos tem a capacidade de transformar em qualquer animal, embora tenham mais controle em determinada espécie.

Juntei as sobrancelhas, tentando entender como aquilo era bizarro.

– Então eu posso me transformar em um leão? – Além de bizarro, era muito maneiro!

– Sinceramente eu não sei. – Ele acabou me desanimando ao dizer aquilo. – Só conheço Transmorfos puros, que são frutos da relação entre dois da mesma espécie. Não sei se a habilidade ainda se manifesta em você, já que sua mãe era uma bruxa.

– Droga! – Murmurei, fingindo estar chateado. Mas a verdade era que eu não me importava nada com aquilo, pra ser sincero eu estava até com medo do que poderia fazer.

– Mas voltando ao assunto principal. – Tornou a falar. – Não sabíamos o que fazer com as pedras e então decidimos guarda-las em um lugar seguro, embora uma a uma desaparecesse. Infelizmente, a última pedra que estava sendo guardada por nós, era a de Odin, que até então não desaparecera como as outras. Isso atraiu Zargron, que conseguiu roubar a pedra, derrotando-nos.

“Abalados com a nossa derrota, cada um decidiu seguir um rumo, e procurar novamente pelas pedras e orientar quem estivesse com elas. Não sei como está a situação de meus companheiros, mas presumo que já tenham encontrado alguém com os poderes divinos.

“Apesar disso, nossa verdadeira missão é procurar por Zargron e impedir que ele faça algo que possa prejudicar a ordem mundial, assim como os Feiticeiros Negros.”

Todos ouviram atentamente aquele final e história, até que Teseu bocejasse e demonstrasse cansaço.

– Acho que já está tarde. – Comentou ele. – Vocês deveriam dormir, pois é o que eu vou fazer agora.

– Então quer dizer que encontrou Teseu? – Ouvi a voz de Hades em meu sonho.

Ele surgiu nas sombras da mesma forma em que decidira aparecer na última vez.

A única coisa que fiz foi assentir, não entendendo muito bem o motivo daquela pergunta.

– Ele é um bom homem. – Disse ele, demonstrando algo que eu não imaginava ser capaz do deus dos mortos: admiração. – Teseu salvou muitas vidas.

– Pensei que gostasse de morte.

Hades começou a andar em minha direção, parecendo descontraído.

– Eu apenas represento esse lado, mas a verdade é que eu não gosto disso. – Ele parecia melancólico, com seus olhos negros menos brilhantes. – Ninguém gosta da morte meu caro. E, por mais que você se sinta poderoso com tamanho poder, vai acabar percebendo que é algo vazio.

– Então você está querendo dizer que não gosta de ser o deus dos mortos?

Hades sorriu.

– Entenda meu jovem. – Tornou a falar o deus. – Eu não sou exatamente isso que você pensa. Não possuo controle sobre o Inferno, isso é domínio de outra pessoa.

O espírito tremeluziu a minha frente.

– Eu apenas fui criado pela fé dos seres humanos, assim como todos os deuses... – Disse ele. – Você vai aprender que na vida, o poder mais importante que alguém possa ter é a fé e a esperança.

Acordei num sobressalto.

Estava na barraca que Cleo havia armado no dia anterior, ao lado de Logan. A tenda não era muito grande, mas pelo menos cabia a mim e meus dois amigos.

As palavras de Hades ainda soavam em minha mente como um eco em uma caverna sombria e enorme.

Fé e esperança.

O espírito parecia tão convicto de que iriamos depender disso algum dia, que acabou me deixando assustado.

Ainda estava escuro, embora a lua desaparecesse aos poucos e estivesse prestes a dar seu lugar ao sol novamente.

Levantei-me lentamente, para não acordar Logan ou Luna, que dormiam como bebês, algo engraçado de se ver.

Assim que me contorci, passando pelos dois e abrindo a tenda da barraca, pude sentir o ar gélido da campina e do lago Castaic.

Bob levantou a cabeça ao me ver, mas rapidamente voltou a dormir assim que percebeu que era eu.

Admirei a paisagem, que começava a ser iluminada pelos raios de sol que surgiam no horizonte e foi então que avistei uma pessoa sentada próxima ao lago, observando alguns peixes acordarem aos poucos.

– Cleo? – Consegui a reconhecer conforme me aproximava dela.

A cada segundo que ficava ali era um grau a menos na temperatura, obrigando-me a encolher e me abraçar para que eu não morresse congelado.

– Pesadelos? – Perguntou ela com um sorriso assim que me viu.

Sentei-me ao seu lado e envolvi minha perna com meus braços.

– Sim... – Minha resposta acabou soando vaga, mas a verdade era que eu não sabia se aquilo havia sido realmente um pesadelo. – Você também?

Cleo continuava exibindo seu sorriso, mas algo nela fazia crer que ela estava triste.

– Não. – Foi tudo o que ela respondeu, me deixando intrigado. – Eu não durmo.

A olhei pelos cantos dos olhos e vi que ela continuava fitando o lago.

– Como assim?

– Digamos que eu sofro de uma maldição antiga que não me permite dormir. – Sua voz soou tão vazia quanto a minha resposta e então mudou de assunto rapidamente. – Mas o que sonhou?

Percebi que ela queria mudar de assunto e a respeitei, não insistindo para que contasse mais sobre a maldição. Relatei o que havia ouvido de Hades, enquanto ela me ouvia atentamente.

– E cada palavra que ele disse é verdade. – Concordou Cleo. – Quando passamos a existir, o Criador, seja como for seu nome, nos deu um único poder: a própria criação. E foi então que muitos passaram a crer que havia seres que influenciavam em cada fenômeno da natureza.

– Os deuses.

– Exatamente! – Lembrei-me de quando aprendi na escola sobre as culturas e as crenças dos outros povos durante os séculos. E foi com essa lembrança que me ocorreu um pequeno detalhe de meu futuro a partir de agora: dentro de algumas horas começaria as aulas novamente e eu, nem Logan e Luna, iriamos voltar. – Conforme as pessoas acreditavam na existência deles, eles ganhavam vida. Ou seja, os deuses, ou qualquer tipo de raça, foi criado na crença e na fé da humanidade.

Cleo fez uma pausa, inclinando a cabeça e olhando para seus pés descalços.

– Infelizmente houve algumas consequências ao se criar seres tão poderosos quanto os deuses. – Murmurou ela. – Eles tinham consciência de seus poderes, embora muitos fossem do bem. Mas sempre haverá alguém que tenha um pensamento arrogante e ambicioso. É um pecado que reside em cada um de nós, mesmo que em alguns se manifeste menos do que em outros.

O jeito como Cleo falava era diferente de qualquer um. Mais sombrio e mais dramático. Era como se ela tivesse passado por experiências traumáticas.

– Por que Patrick me odeia? – Perguntei, tentando mudar de assunto ao perceber sua expressão sombria começando a surgir.

A garota piscou, voltando a realidade. Seus olhos eram incrivelmente lindos com o azul refletindo a luz do sol que havia acabado de surgir ao leste.

– Ele não te odeia. – Respondeu com um sorriso engraçado no rosto.

– Ah, claro que não. – Meu sarcasmo poderia ser sentido há quilômetros de distância.

– Entenda... – Começou Cleo, tentando explicar sobre Patrick. – Ele sofreu muito na vida. Viu seus próprios pais serem mortos por Zargron quando ainda era criança. Ele não possuía nenhuma família e estava perdido no mundo.

– E Teseu o salvou. – Presumi.

Ela assentiu.

– Teseu salvou a todos nós aqui. – Disse ela, tornando a se lembrar de algo que a deixava aflita. – Ele se tornou um pai para nós desde então.

Notei então que ela segurava uma pedra em suas mãos, mostrando a mim em seguida.

– Ele me ensinou a usar os poderes da Pedra de Ísis. – Cleo percebeu que eu não conhecia aquele nome e então explicou que era uma deusa cultuada no Egito antigo, que se relacionava a magia, natureza e diversos outros elementos. – Sem ele provavelmente eu teria morrido de fome ou de qualquer outra coisa.

Segui seu olhar para o lago Castaic e vi alguns peixes saltarem da água, mergulhando logo em seguida.

– Por isso te peço um favor. – Voltou a falar. – Não julgue Patrick. Ele realmente sofreu muito em sua vida e cresceu com um sentimento de vingança dentro dele.


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Notas finais do capítulo

E aí galera, o que acharam?



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