Guardians I - The Divine Stones escrita por G Menegatti


Capítulo 1
I - The Stone


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinha linda que está começando!Eu sou o titio Menegatti e estarei sempre respondendo os comentários assim que vê-los, portanto não hesitem em me xingar, me elogiar e tudo mais! Críticas são sempre bem-vindas... Porém, críticas construtivas, não somente ofensas, combinado?Enfim...Espero que gostem desta história, na qual pretendo dividi-la em diversas continuações (5 no máximo), onde cada uma surgirá novos personagens e conflitos.Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596398/chapter/1

–Sr. Wayne? – Quem me acordou de meus devaneios foi Mia Moralez, uma professora de matemática raquítica e com uma idade já avançada que me dava arrepios só de ouvir seu nome. – Gostaria de vir aqui resolver essa equação?

Olhei para a lousa e a imagem já me deu vertigens. Procurei por algum número naquela estranha sequência de letras e foi somente depois de tanto procurar que consegui encontrar um mero número acima de um “x”. Ainda não entendia o motivo de aprender aquilo, mas recusava-me a questionar a professora, evitando longos discursos de como a matemática era importante no dia a dia.

– Não, senhora. – Foi tudo o que disse, ouvindo alguns risos abafados de um aluno ou outro, mas não me importei.

A Sra. Moralez revirou os olhos e encarou cada um dos alunos sentados à sua frente.

– Vocês deviam se empenhar mais... – E mais uma vez começou-se o discurso de que deveríamos ser melhores, se interessar mais e coisas do gênero.

No entanto, meus pensamentos começaram a viajar novamente, ainda buscando alguma imagem de minha mãe ou meu pai que nunca se formavam em minha mente.

Perdera minha mãe quando tinha somente três anos de idade em um acidente fatal de carro, ou pelo menos foi o que disseram a mim, já que nunca havia visto alguma notícia em jornais, nem nada do tipo. De acordo com meus avós, meu pai entrou em depressão e sabia que não podia cuidar de mim e então me deixou sobre os cuidados deles, desaparecendo semanas depois.

Mesmo sendo apenas um bebê quando tudo isso aconteceu, eu ainda deveria ter alguma lembrança deles, mesmo que fossem seus rostos. Mas, infelizmente, não havia nada além de um baú com coisas velhas e esquisitas em que minha mãe havia me deixado.

– Kevin! – Abri os olhos, assustado com alguém chamando por meu nome.

Não havia percebido, mas acabei pegando no sono durante a aula monótona da Sra. Moralez.

– Já bateu o sinal! – Senti a mão gelada de alguém aproximar-se de minha nuca, o que me fez recuar no mesmo instante.

Olhei para Luna, que tentava me acordar, embora eu ainda estivesse muito sonolento.

– É o terceiro dia seguido que você dorme na aula de matemática. – Observou a garota. – Sei que não gosta de números, mas custa demonstrar o mínimo de interesse?

Bocejei e esfreguei meus olhos, tentando despertar daquele desânimo. Até que me levantei, lembrando que já era hora do intervalo e minha barriga estava roncando de fome.

– Foi mal. – Pedi desculpas à minha amiga, que revirou os olhos.

– Não adianta pedir desculpas se vai fazer de novo. – Segui Luna pela sala, percebendo que éramos os últimos a sair. – Você não vai gostar nem um pouco se eu contar aos seus avós sobre o fato de você andar dormindo na sala.

Alcançamos o corredor e avistei Logan vindo em nossa direção. O irmão de Luna era um ano mais velho que nós e já estava no último ano do ensino médio, prestes a ingressar na faculdade.

– Sem ameaças, por favor. – Implorei a ela, pois sabia que meus avós iriam me proibir de sair com meus amigos aos finais de semana.

Logan nos alcançou rapidamente e me olhou de um jeito estranho.

– Cara, você está péssimo!

– Oi para você também... – Retruquei, seguindo em frente ao lado dos dois irmãos.

Chegamos ao refeitório em questão de segundos, um lugar repleto de mesas ocupadas por alunos. Cada região do refeitório era ocupada por certos grupos de estudantes: os nerds, os valentões, as patricinhas e por fim nós, os indiferentes, que não se encaixava em nenhum dos grupos.

– Só estou dizendo que não é certo o que está fazendo e pode prejudicar a todos na sala. – Prosseguiu Luna com seu discurso. – A Sra. Moralez já está ficando irritada com isso.

– Dormiu de novo na sala? – Perguntou Logan, enquanto pegava três bandejas e distribuía a nós.

Assenti, agradecendo e pegando talheres para a refeição.

– Ultimamente não estou dormindo direito. – A merendeira da escola nos serviu o cardápio de hoje com a mesma expressão de quem não gosta do serviço a qual servia todos os dias. – Mas vou tentar me concentrar mais na aula, eu prometo.

Logan riu ironicamente.

– Promessas... – Murmurou ele, procurando por alguma mesa para sentarmos. – Hoje em dia isso não significa muita coisa. Transformaram-se em apenas palavras ao vento.

Luna revirou os olhos enquanto se sentava em uma mesa afastada de todo o barulho causado pelas conversas gritadas entre os alunos.

– Você e suas filosofias. – Disse ela, dando de ombros.

Logan pareceu contente pelo comentário, pois exibiu um sorriso convencido.

Às vezes me perguntava o motivo dele não se enturmar com os alunos da sua sala, ainda mais por serem da sua idade. Mas sempre que pensava nisso, não via ele se separando de Luna ou até mesmo de mim, que acabei me tornando seu melhor amigo.

O garoto chamava a atenção de muitas meninas na escola, diferentemente de mim, que chegava até a afastar as garotas com a minha presença. Logan possuía um corpo atlético, embora se recusasse a participar de qualquer time profissional naquela escola. Seus olhos eram semelhantes com os da irmã, uma mistura de castanho e amarelo, algo bem diferente. Ele possuía um cabelo castanho claro e raso, no qual sempre permanecia penteado com gel. Sempre que olhasse para Logan, seja na escola ou na rua, ele vestia uma camisa simples e clara, para não chamar muito a atenção.

– Oi Logan. – Era comum ver as garotas passando por ele e balançando os dedos ao cumprimenta-lo, com um sorriso tímido na boca.

A única coisa que ele fazia era retribuir com um aceno, o que irritava a irmã.

– Qual o seu problema? – Perguntou ela pela milésima vez só na semana.

Ele a observou atrás do copo de suco que estava bebendo.

– Já disse isso muitas e muitas vezes. – Retomou ele. – Elas não fazem o meu tipo.

– E qual faz o seu tipo? – Falei de boca cheia, fazendo com que Luna me corrigisse com uma cotovelada no braço.

Logan riu da cena, mas ignorou logo em seguida.

– Ainda preciso descobrir... – Foi só o que ele respondeu, empurrando a bandeja vazia logo em seguida. – Queria repetir.

– Gordo. – Retrucou Luna.

Logan exibiu um sorriso maroto e olhou para as meninas que o cumprimentaram momentos antes.

– Não é o que elas dizem.

O dia prosseguiu normalmente após o intervalo. Consegui permanecer acordado nas duas aulas que restavam, principalmente na de Educação Física, onde era obrigado ficar em pé.

Nada demais aconteceu durante o dia, como sempre. Tudo na escola era monótono e sem graça, o que me fazia desejar veementemente o último sinal, para que eu pudesse sair daquele inferno.

– Acha que Logan pode acabar sozinho? – Perguntou de repente Luna durante a aula de Educação Física, onde fomos obrigados a nos dividir em duplas e treinar arremessos.

Como em qualquer atividade, Luna e eu sempre éramos uma dupla, o que nos isolava do resto da turma, embora não nos importássemos muito com os comentários.

– Sinceramente? – Respondi, pensando no que ela havia acabado de perguntar. – Eu não faço a mínima ideia.

– Pois é. – Concordou ela. – Todas as meninas dão mole para ele, mas pelo visto nenhuma faz o tipo dele. Meu sonho é ser tia algum dia e acho que só ele pode realizar esse meu desejo.

Ri do comentário da garota.

– Foco, Sr. Wayne! – Ouvi a voz da professora gritar.

Odiava quando me chamavam de senhor. Eu tinha dezessete anos de idade, não cinquenta. Mas, mesmo não gostando, preferia ficar quieto para evitar qualquer desentendimento.

– Vamos lá senhor Wayne! – Zombou Luna, sabendo que não gostava de ser chamado por aquele nome. – Arremesse aqui na minha mão! Será que consegue?

Exibi um sorriso travesso.

– Preferia acertar sua cabeça. – E então a arremessei, sentindo tudo se mover em câmera lenta ao meu redor, aumentando meu foco sobre a bola e Luna.

Às vezes acontecia aquilo comigo, fazendo com que algo dentro de mim desencadeasse uma sensação ótima de adrenalina correndo pelas minhas veias.

Olhei a trajetória da bola e a vi se movendo lentamente até ser parada por Luna, que a pegou no momento certo.

– Muito bem senhor Wayne! – Disse Luna, imitando a voz da professora de Educação Física. – Sua nota vai aumentar muito este bimestre...

A princípio eu ri da brincadeira, até perceber que a professora Sarah estava se aproximando. Tentei avisar Luna, mas já era tarde demais.

– Algum problema senhorita Diamond? – Perguntou ela com os braços cruzados, fazendo Luna corar e se encolher.

– Não, senhora. – Respondeu desesperada.

– Ótimo! – E então Sarah se virou e foi ao centro da quadra, assoprando seu apito que emitiu um som agudo e ensurdecedor. – Estão dispensados!

Muitos comemoraram o fim do dia, inclusive eu. Luna parecia assustada ainda com o que tinha acabado de acontecer, o que me fez rir.

– Não tem graça! – Retrucou ela, dando um soco em meu braço.

– Não mesmo. Nem um pouquinho... – Menti, embora ela tenha percebido o sarcasmo em minha voz. – Senhorita Diamond.

Luna revirou os olhos, um hábito irritante, e então seguiu em direção ao vestiário feminino.

Encontrei Logan e Luna na hora da saída, após vestir uma roupa normal no vestiário e não aquela coisa feia de ginástica.

– Vocês querem ir em casa amanhã à noite? – Perguntei. – Vovó vai fazer panqueca.

Logan fez uma careta de quem gostou da ideia e passou a língua entre os lábios.

– Panquecas... – Sussurrou para si mesmo.

Luna olhou para seu irmão com uma expressão séria.

– Você não cansa de comer?

– E você não cansa de reclamar?

Ela deu um soco no braço de Logan, que não sentiu nada, apenas riu, provocando sua irmã.

– Que seja... – Disse ela por fim, voltando a me olhar. – Vamos sim, nossos pais vão visitar um tio que está doente em Bakersfield.

Podia não ser muito bom em matemática, mas adorava geografia, e sabia que Bakersfield era longe de Santa Mônica, o que levaria cerca de duas horas de viagem.

– E vocês não vão? – Perguntei.

Ambos negaram no mesmo instante.

– Eu não gosto de ver pessoas doentes, sempre me faz pensar que algum dia iremos morrer. E Luna não gosta de viajar de carro. – Respondeu Logan, observando seu relógio. – Bom, de qualquer jeito, iremos sim. Isso irá poupar muita bagunça na cozinha.

– E irá poupar uma dor de barriga por causa da comida dele. – Brincou Luna, colocando a mão na região do estômago. – Enfim, precisamos ir agora. Até amanhã!

Vi os dois indo embora, virando na primeira esquina. Felizmente a casa deles não era longe da minha e muito menos da escola, o que poupava pegar o metrô.

Em seguida segui pela Av. Pico, virando na Quarta Rua, onde o trânsito era menos caótico, embora fosse no mesmo quarteirão que a escola, coisa que eu não gostava muito.

Ainda era possível ver a quadra e o letreiro que dizia:

“Lar dos Vikings”

Seguindo reto até virar algumas esquinas e chegar à Quinta Rua.

Algumas pessoas me reconheceram imediatamente e me cumprimentaram. Era bom saber que, pelo menos, na minha rua ninguém se afastava de mim.

– Boa tarde Sra. Ramírez! – Cumprimentei uma mulher com uns 60 anos de idade, mas que era bastante preservada.

Ela exibiu um sorriso de volta e me cumprimentou também.

Muitos dos moradores daquela rua eram imigrantes mexicanos, com exceção de poucas famílias, incluindo a minha.

Cheguei em frente à casa de meus avós, que agora era a minha casa também. Peguei a chave de minha bolsa e a coloquei na fechadura, abrindo a porta logo em seguida.

– Kevin? – Ouvi a voz de meu vô na garagem, o que me obrigou a voltar e ver o quintal de casa, onde ele mexia no carro.

George, ou vovô como eu costumava chama-lo, era um senhor de 65 anos de idade e aparentava ter pelo menos uns 50 com um espírito de jovem. Seus cabelos grisalhos e calvos era a única pista que entregava sua verdadeira idade.

– Pois não, vovô?

Aproximei-me da antiga caminhonete que ele usava para ir as compras quando precisava. Era uma relíquia para ele, embora eu achasse aquilo uma lata-velha com poucas utilidades.

– Dê ignição no motor da caminhonete. – Pediu ele. – Vamos ver se esse velho aqui ainda consegue arrumar essa belezura.

Ri do comentário e abri a porta do veículo, sentando no banco e sentindo uma sensação ótima de quase pilotar. Não via a hora de poder tirar carta, assim como Logan, mas vovô só falou que eu poderia tirar carta quando começasse a trabalhar.

Procurei pela chave e a encontrei no porta-luvas e então a coloquei na ignição, girando-a logo em seguida. Por um instante o escapamento fez um barulho estranho, mas depois de roncar, o motor finalmente deu partida.

George exibiu seu famoso sorriso juvenil e se sentiu orgulhoso pelo que havia feito.

– Não foi dessa vez que vamos ter que trocar de carro. – Comentou ele rindo.

– Droga! – Murmurei.

Vovô riu de mim.

– Você pode até achar essa caminhonete uma lata-velha imprestável, mas ela ainda pode salvar a sua vida meu caro. – Não entendi como ela poderia fazer isso, mas dei de ombros. – Bom, vamos entrar para comer, estou faminto.

Vovó havia feito seu famoso macarrão com salsicha, que realmente era ótimo, e com muita ênfase.

E então passei a tarde toda brincando com vovô George de sinuca. Eu adorava passar a tarde com ele, me divertindo bastante, embora não conseguisse ganhar nenhuma partida.

Depois da janta, que foi o que havia sobrado do almoço, subi para o meu quarto e assisti um pouco de TV para me distrair até pegar no sono, mas para variar eu não consegui.

Levantei-me da cama e desliguei a TV, prometendo a mim que iria dormir mais cedo, mesmo que não conseguisse.

No entanto, meu olhar pairou sobre o baú que minha mãe havia deixado para mim após sua morte. Senti meu coração apertado e ajoelhei-me próximo a ele.

Observei o nome dela inscrito no topo:

“Selena Wayne”

O abri sem hesitar e vi a mesma coisa que via sempre, desde criança. Fotos minhas de quando era bebê; cartas de amor que meu pai havia feito para minha mãe quando ainda namoravam; uma estatueta de cristal de um centauro; e por fim um livro de bruxaria, a coisa mais bizarra que havia ali.

Às vezes eu me pegava perguntando se minha mãe era louca ou algo do tipo para ter aquele livro, mas eu não queria criar uma imagem ruim dela, por isso evitava ao máximo aquele pensamento.

Peguei algumas fotos minhas e comecei a observar uma a uma, percebendo como eu era feliz e bonito para um bebê. Me revoltava de ter crescido e virado um adolescente magricelo e esquisito. Mas o que mais chegava a me revoltar era o fato de que não havia nenhuma foto de meus pais.

Eu realmente desejava, pelo menos, saber como eram eles para ter uma lembrança boa. Provavelmente os olhos de meu pai deveriam ser iguais aos meus, brilhantes e castanhos, a única coisa na qual eu me orgulhava de possuir. Pensava que teria o mesmo nariz que minha mãe e os lábios pequenos e avermelhados.

Sem que eu notasse, uma lágrima escorreu de meu olho e caiu sobre uma das fotos, me obrigando a limpar. Senti uma sensação estranha de raiva brotar dentro de mim, guardando as fotos dentro do baú e o fechando com raiva, dando-lhe um soco logo em seguida.

– Não... - Sussurrei ao vê-lo se partir. – Não. Não. Não!

Não estava acreditando no que estava vendo. Eu não queria acreditar. A única coisa que minha mãe havia me deixado agora estava quebrada e a culpa era minha.

Levantei a tampa e ouvi uma trava se abrir e em seguida o som de algo caindo e rolando sobre o chão. Procurei pela origem do som e encontrei uma pequena pedra rolando pelo quarto, até se chocar contra a parede e parar.

– O que é isso?

Aproximei-me da pedra e a pude ver melhor. Era negra e perfeitamente esférica e brilhante. Parecia mais uma joia se fosse parar para pensar. Mas algo nela me dizia que não era uma joia.

Estendi meu braço e a peguei. No mesmo instante senti algo percorrer por todo o meu corpo, fazendo ele se encolher de tanta dor e carga. Pensei em solta-la, mas não tinha controle sobre meu braço, até que tudo cessou de repente.

Abri os olhos e vi a pedra ainda em minha mão, brilhando com a luz emitida pela lâmpada no teto. Tive medo que ela voltasse a me causar aquela sensação dolorosa, mas não queria solta-la também.

De repente senti o cansaço dominar meu corpo e pouco a pouco comecei a pestanejar, até fechar os olhos e adormecer ali no chão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí cambada? Gostaram do primeiro capítulo ou ainda precisa de algo? Se sentirem a vontade, comentem, caso contrário não (ah vá).