Tempted escrita por Camille Rose


Capítulo 15
O fim de Semana


Notas iniciais do capítulo

Eu peço desculpas pela demora. Problemas de saúde, trabalho em excesso, mudanças... tudo tomou meu tempo de tal forma que eu não conseguia fazer outra coisa se não dormir nas poucas horas vagas que eu tinha. Mas agora no fim do ano espero ter mais tempo e escrever o máximo possível. Desculpa pelo transtorno. E agradeço à compreensão.



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Christian e eu saímos do Wall-of-Sound. Assim que passamos pela porta de vidro ele segurou minha mão para caminharmos. Quem visse com certeza pensaria que éramos um casal. Parte de mim se sentia como um passarinho cantante, outra parte estava tensa sobre o que aquilo poderia significar.
Dobramos a esquina e entramos no estacionamento da casa de show. Christian me levou até seu carro prateado, o mesmo que vi de manhã.
— Anastasia, - ele finalmente quebrou o silêncio, parando em frente à porta. — vamos traçar algumas diretrizes para essa nossa saída, ok?
Cruzei os braços de forma inquisidora.
— O que você tem em mente, Grey?
Ele sorriu.
— Eu sei que você não gostou muito da ideia de se imaginar sendo “só Anastasia”, e eu não quero fazer você se sentir culpada de novo. Por isso, vou propor algumas coisas, mas preciso da sua ajuda para fazer dar certo.
— Ok. Vamos lá! – incentivei, apesar de não saber exatamente o que ele queria fazer dar certo.
— Ok. Primeiro de tudo, vou manter em mente o fato de você ser noiva de Elliot. O que significa que não vou tentar te levar para cama de novo. – ele pontuou apertando um pouco os olhos, como se estivesse falando mais sério do que nunca. Eu fiquei claramente surpresa.
— Você tem certeza de que...
— Eu tenho. Sou um homem de propósitos, senhorita Steele. – ele disse e lançou sobre mim um olhar intenso. Senti minha pele formigar.
— Tudo bem. Qual o seu segundo ponto então?
— Bom, o primeiro ponto já é a base de tudo, - ele riu — mas vamos lá. A segunda diretriz em que eu pensei é que, concordando como fato de que somos dois adultos que gozam de liberdade e autonomia, gostaria de propor que passássemos um dia inteiro juntos, como amigos.
O ar que eu respirava de repente se prendeu na minha garganta e eu comecei a tossir de forma nervosa. A tosse virou um riso completamente inconveniente. Christian cruzou os braços e esperou eu me acalmar, erguendo uma de suas sobrancelhas, como se achasse que eu estava zombando dele.
— Desculpa. – falei tomando fôlego.
— O que foi, Anastasia? Não acredita em mim?
Arranhei a garganta. Não queria ferir seus sentimentos.
— Não é isso. É que... – como explicar? — Eu não entendi essa proposta. Qual o objetivo de tudo isso?
— Acho que nós dois precisamos descobrir o que realmente queremos. – ele respondeu. — O maior avanço que tivemos foi ambos concordarem com o fato de sentirmos atração um pelo outro. Mas no final, o que isso significa?
— Eu não sei. – admiti.
— Eu também não. Mas se tem algo que me tira do sério, que faz eu agir fora do meu normal, é não conseguir ter certeza das coisas, - Christian disse, de repente parecendo muito sério. — Eu nunca quis algo de verdade. E para o meu azar você está prestes a se tornar uma mulher casada. E casada com meu irmão! Apesar de não ser meu irmão de verdade. Então... Se essa atração... Se isso tudo realmente significar alguma coisa... – ele suspirou. — Eu preciso saber. Antes que seja tarde.

***
POV Christian

Eu não tive muita certeza de onde desenterrei aquilo, mas foi a coisa mais franca que eu poderia ter dito. Não sei também que parte fez Anastásia baixar a guarda, mas ela suspirou e piscou algumas vezes, como se tivesse compreendido algo.
— Tudo bem, Christian. Eu vou com você. – ela disse em fim.
Foi como se o ar tivesse ficado mais leve ao nosso redor. Ter a confiança de Anastasia me fez sentir noventa por cento mais seguro também. Senti como se pudesse controlar todas minhas obrigações novamente, todo meus sentimentos e ações. Assim, dei a volta no carro e destravei as portas, abrindo a do carona para que Anastasia entrasse.
— Obrigado. – falei quando me acomodei no banco ao lado do dela.
— Por que está me agradecendo? – Ela quis saber.
— Por confiar em mim.
Anastasia sorriu e então meu dia valeu à pena. Antes que eu percebesse, estava sorrindo também. Um sorriso diferente, que eu percebi que há muito tempo não dava. Um sorriso despreocupado, mesmo a situação não sendo a mais desimpedida de todas. Assim, girei a chave do carro e o motor rugiu, dando início ao que seria a saída mais experimental que eu já tive na vida.
Eu ainda não tinha em mente exatamente tudo o que poderíamos fazer. Na verdade eu era um pouco pior em práticas de socialização do que eu pensava. Menos, é claro, quando se tratava de negócios. Mas dessa vez eu estava disposto a exercitar.
— Então, Anastasia...
— Por que não me chama de Ana? – Ela perguntou subitamente.
— Você gosta que te chamem de Ana?
— Meus amigos me chamam assim. – ela respondeu e corou. — Acho que estou acostumada.
Sorri.
— Tudo bem, Ana, então. Como eu ia dizendo... O que você gosta de comer?
Anastasia riu.
— Sério mesmo?
— Claro. Se vou ser seu amigo por um dia, significa que eu preciso ser conhecedor de certas coisas ao seu respeito.
— Ah, tudo bem. Mas talvez fosse mais fácil você perguntar o que eu não gosto de comer!
— Quer dizer que você é uma mulher de apetite? – Repliquei. Não queria que isso soasse ambíguo, mas o jeito como Anastasia corou me indicou que ela provavelmente pensou o mesmo que eu, em duplo sentido.
— Bom eu... – ela hesitou. — Eu gosto muito de massa. Sei até fazer uns pratos bem leais!
— Verdade?
— Sim. A gente tem que aprender a se virar quando mora sozinha por um tempo.
— Ah, eu bem sei. – comentei.

***
POV Anastasia

Christian deixou seu comentário no ar e não me indagou mais sobre comida. Na verdade não me indagou mais sobre nenhum assunto enquanto seguíamos pela rua praticamente deserta. Ele pareceu submerso em pensamentos distantes do presente, com o olhar focado na pista e nos sinais. Seu sorriso até então simples e despreocupado, que foi uma novidade para mim, agora tinha desaparecido. Mas apesar do distanciamento súbito que lhe ocorreu, Christian também não parecia estressado.
Seguimos pelas ruas de trânsito tranquilo até o centro da cidade – a parte rica, quero dizer. Foi quando me ocorreu de perguntar para onde estávamos indo.
— Vamos jantar no meu apartamento. – Christian respondeu voltando ao presente.
Algo no meu estômago deu algumas cambalhotas.
— Seu apartamento? Como assim? Você tinha dito que...
— Calma, Ana. Eu sei o que estou fazendo. Não se preocupe, nós vamos passar bem longe do meu quarto. – ele garantiu parecendo se divertir comigo.
— Ah, eu não estou entendendo mais nada!
— Estamos perto, você vai entender.
De fato estávamos perto. Em menos de cinco minutos depois, Christian entrou no estacionamento de um imenso prédio chamado Escala. Era um pouco opressor de tão imponente.
— Você mora aqui? – perguntei embasbacada enquanto descíamos do carro.
— A maior parte do tempo. – Christian respondeu tomando-me pela mão.
— Não é... – hesitei.
— O que, Ana?
— Não é um pouco exagerado para alguém que mora sozinho?
Christian olhou para o alto por um momento, como se imaginasse o prédio para além do teto do estacionamento, enquanto esperávamos pelo elevador.
— Acho que gosto do espaço. – ele respondeu por fim.
O elevador de moradores enfim chegou e nos colocamos para dentro. Não havia ninguém nele e, de repente, o silêncio pareceu gritar dentro daquele espaço limitado, assim como uma latente sensação de antecipação e expectativa. Eu não sabia se Christian percebia o mesmo, o que era constrangedor. Comecei a estranhar o fato de ninguém entrar em nenhum andar e o elevador não parar de subir.
— A final de contas, qual é o seu andar? – perguntei tentando desanuviar a tensão naquele cubículo.
— Cobertura. – Christian respondeu.
“Ah, claro!”, pensei, “que óbvio Anastasia!”.
Então, esperei pacientemente que o elevador cruzasse por todos os trinta e cinco andares daquele prédio de luxo. Ele nem ia tão devagar assim, mas a sensação era de que, se ficássemos muito mais tempo naquele ambiente fechado e compressor, alguma coisa entre nós poderia acontecer. Eu estava tão alerta que quando Christian se mexeu para arrumar o paletó, instintivamente dei um passo para o lado, em direção à parede. Para minha sorte as portas do elevador se abriram quase no mesmo momento e eu pude disfarçar.
Christian me deixou ir à frente, guiando-me com uma de suas mãos no meio das minhas costas. Ele precisava urgentemente parar de fazer isso se quisesse que essa nossa saída desse certo.
— Seja bem-vinda, Ana, à minha humilde casa. – ele disse abrindo a porta à nossa frente.
***
POV Christian

Anastasia parou à entrada do meu apartamento, olhando tudo com perceptível surpresa. Seus olhos estavam brilhando como se estivessem admirados. Eram tão azuis e claros que empregavam a ela um ar inocente. Ela era linda.
Fiquei um tempo esperando que ela decidisse dizer alguma coisa, ou fazer alguma coisa. Quando percebi que ela poderia estar provavelmente desconfortável, incentivei:
— Vamos lá, entre. Não parece nenhum covil daqueles monstros literários não é?
— Bom... Definitivamente não. – ela falou, de fato admirada. — A menos que você fosse um vampiro. – ela riu.
Guiei Anastasia até o centro da sala. Naturalmente ela não precisava de minha mão em sua cintura para se deslocar alguns metros, mas eu simplesmente não consegui abrir distância entre nós. Em primeiro lugar porque Anastasia me atraía como ímã atrai metal. Em segundo lugar, porque eu gostaria de ficar numa posição um pouco menos visível. Não queria que ela percebesse o quão nervoso eu estava. Nenhuma mulher com a qual saí jamais visitou meu apartamento. Isso era completamente novo para mim.
— Então, o que acha? – perguntei. Minha voz saindo rouca de repente.
Anastasia caminhou um pouco para frente e andou ao redor da mobília central, admirando objetos decorativos, estantes, abajures, móveis e, por fim, a vista panorâmica que eu tinha da cidade através de uma parede de vidro ao leste.
— Christian! – Ela suspirou. Por um momento fechei os olhos degustando o som da sua voz.
— Diga, Ana.
— Vou comprar uma dessas quando eu crescer. – ela disse se virando para mim com um sorriso.
Sorri de volta.
— Gostou?
— Claro. É simplesmente incrível!
Antes que eu pudesse me refrear, ergui a mão e toquei Anastasia no rosto. Ela enrubesceu, mas não deixou de sorrir para mim. Ela estava um pouco gelada também.
— Bom... – falei. — Fique à vontade para andar por onde quiser. Eu não sei ser um bom anfitrião fora do ambiente de trabalho. E no momento preciso ver o que nós vamos comer. Volto em alguns minutos.

***
POV Anastasia

Christian se virou caminhou em direção oposta à parede de vidro, sumindo através de um corredor. Foi estranho ficar naquela sala luxuosa sozinha, pois me sentia desencaixada, mas também foi bom para poder raciocinar a respeito de tudo aquilo. Ele deveria ser mais rico que os pais. Pensei que esse tipo de coisa só era possível em ficção. Foi como perceber que Christian definitivamente era alguém que não fazia parte do meu mundo. Aquela riqueza não fazia parte do meu mundo.
Ainda em choque, comecei a caminhar pelo outro lado da sala, separado da primeira por uma estante vazada. Lá, um lustroso piano de cauda refletia as luzes que vinham de fora da parede de vidro, uma cena linda, mas também um pouco melancólica. Não havia muito mais decoração além de um quadro na parede atrás do piano.
Girei sobre os calcanhares para ver o que havia atrás de mim, e me deparei com uma escada de degraus vazados. Ela parecia flutuar no ambiente. Aproximei-me de lá e experimentei colocar um pé sobre o degrau. Parecia seguro, então decidi subir. O andar de cima era composto por uma antessala aparentemente bastante confortável, com equipamentos de TV e som, tapete fofo, sofás enormes e almofadas. Havia uma estante cheia de CDs e DVDs, tão limpa e arrumada que parecia que nunca era usada.
Em seguida, da antessala se abria um corredor ladeado por portas. Deveriam ser quartos. Imaginei qual deles poderia ser o de Christian. Dizem que os quartos sempre dizem muito da personalidade de quem dorme neles. O que será que o quarto de Christian teria a dizer sobre ele? Bom... A casa toda já gritava: “sou rico!”.
Experimentei a primeira porta, e me deparei com um escritório superequipado com tudo que um megaempresário poderia precisar. Computador, projetor, telefones, monitores, estantes, etc. Todas as superfícies eram tão lisas e lustrosas que refletiam a fraca luz que entrava pela janela. Com certeza Christian teria uma incrível equipe de limpeza.
Saí do escritório e experimentei a seguinte porta. Estava trancada. Prossegui fazendo o mesmo em outras três portas. Descobri que a quarta era um quarto de hóspedes. Apesar da moblília luxuosa, muita coisa estava protegida por plástico, como se nunca tivesse sido usado. Estava prestes a abrir a quinta porta, certa de que esta seria o quarto de Christian quando fui surpreendida.
— O que eu falei sobre quartos, Ana? – Christian falou me fazendo sobressaltar.
— Você me disse para andar por onde eu quisesse, - arrisquei.
Christian sorriu. Ele ficava estonteante quando sorria. Aí percebi que ele estava novamente sem paletó, e agora trazia um botão a mais aberto no colarinho e os punhos da camisa enrolados até o cotovelo. Parecia bem mais casual. Senti como se ele estivesse legitimando algum tipo de intimidade entre nós por me permitir vê-lo assim, relaxado e à vontade no seu “habitat natural”.
— Perspicaz, Ana... – ele falou. — Mas como eu prometi, vamos nos manter longe de lugares... Íntimos, ok? Agora, que tal jantar?
***
Havia fetuccine no jantar. Vinho e uma salada agridoce. Fiquei tentada a perguntar quem tinha preparado tudo aquilo. Com certeza não foi o Christian. Estava maravilhoso! Christian quase não tirou os olhos de mim, o que fez com que eu demorasse horas para terminar de comer. Não conseguia simplesmente me concentrar em levar o garfo à boca.
— Christina... – arrisquei chamar.
— Pois não?
— Quer dizer então que você quer tentar ser meu amigo? – perguntei.
Vi os lábios de Christian se erguerem alguns milímetros num quase sorriso.
— Você me atrai, e quero entender por quê. – ele respondeu com objetividade. OK, eu seria objetiva também.
— Acha que é certo o que estamos fazendo considerando que sou noiva do seu irmão, sendo que a mais ou menos uma semana isso vai ser oficial?
— Você sabe que não. Nós... sabemos que não é certo... mas me diga, Ana... Está gostando de estar aqui?
Mordi o lábio. Ele me fazia encarar minha própria consciência, a parte que apesar de saber que estava sendo canalha, não conseguia se arrepender, porque a companhia de Christian era magnética pra mim. Era confortável e ao mesmo tempo excitante estar perto dele.
Meu silêncio deve ter respondido afirmativamente por mim, porque de novo aquele quase sorriso apareceu no rosto de Christina. Ele se colocou de pé e me estendeu a mão.
— Venha, Srta. Steele. Vamos até a sala.
Segurei em sua mão e a minha formigou. Lembrei que permaneceríamos comportados a noite toda, e, nossa!, isso também era excitante, não só sexualmente falando.
— Você está gelada. Quer que eu ligue os aquecedores? – Ele perguntou.
— Não. – eu ri.
— Está debochando de mim, Steele? – ele perguntou também sorrindo.
— Não. Mas você está agindo como se eu pudesse quebrar ou me ofender ou sair correndo daqui a qualquer momento. – soltei.
— E não vai nenhuma dessas coisas?
— Não. – garanti seguramente.
— Fico mais aliviado em saber.
Chegamos à primeira sala e nos sentamos no sofá.
— Diga... De que tipo de música você mais gosta, Ana?
Pensei por um instante, mas era muito difícil para mim lembrar de músicas especiais. Seria mais fácil se ele perguntasse por livros.
— Ah, eu não sei. Eu leio muito, a maior parte do tempo, e gosto de ler em silêncio.
— Quer dizer que não gosta de música? Eu já a vi dançando! – Por um momento Christian pareceu surpreso.
— Eu gosto. Mas não sei se tenho preferências... Posso ver o que você estava ouvindo? – perguntei tomando a liberdade de pegar o controle remoto do aparelho de som que estava na mesa de centro.
Sem esperar por resposta, apertei on e play. De repente uma melodia em piano, suave e triste, se espalhou pelo ar. Christian logo pegou o controle de minha mão.
— Essa não. – ele disse quase com urgência. Girou o aparelho na mão e apertou um botão. Ouvi o aparelho de som movendo a gaveta de CDs e outra música começou a tocar. Era um foxtrote, doce e romântico. — Essa é boa! Venha, vamos dançar Ana.
Antes que eu pudesse me opor, já estava de pé e Christian me puxava para seus braços.
— Christian, eu nunca fiz isso, eu não sei.
— Deixe se levar. – Ele falou ao meu ouvido.
Tentei não deixar meu corpo duro, de forma que pudesse ser conduzida. Na verdade foi mais fácil do que eu pensei: Christian era forte e conseguia me fazer sentir leve. Comecei a rir como uma idiota, toda vez que ele me girava. Íamos rodopiando pela casa, desviando dos móveis e de vez enquanto parando para dar uns passinhos pra lá e pra cá. E meu coração disparou como o de uma adolescente quando, no terceiro giro, Christian riu junto comigo. Depois ele começou a se mover comigo no mesmo lugar. Meu rosto colado perto do seu. Eu podia sentir a vibração de sua voz cantando junto com a música, bem baixinho. Sem os giros, comecei a prestar atenção no seu perfume, como ele me fazia sentir protegida e em casa.
— Acho que vou desmaiar... – falei sorrindo que nem adolescente.
— Ah é? Então lá vai mais uns giros...
— Não! – quase gritei rindo.
Mas não adiantou. Christian tomou impulso e voltamos a rodopiar por entre os móveis até a parte da sala em que havia o piano. Dessa vez ele me levantou poucos centímetros do chão.
— Vou vomitar em você! – menti. Mas funcionou.
Christian riu e, depois de um ultimo e exagerado giro, me colocou sentada cobra o piano. Ele estava vermelho, assim como eu também deveria estar, provavelmente. Ele ainda estava rindo e eu senti, de repente, uma alegria muito grande por saber que era responsável por aquele sorriso.
Nós rimos como idiotas um do outro até a música acabar e tudo voltar a ficar calmo. De repente ficamos nos olhando por um bom tempo. Fiquei vagamente consciente de que Christian segurava meus quadris e que estava praticamente entre minhas pernas.
— Faz muito tempo que... Na verdade acho que nunca fiz isso. – Ele disse, quebrando o silêncio entre nós.
— Isso o que? Dançar?
— Sim.
— Você dança muito bem, estou impressionada.
— Obrigado. – ele sorriu, convencido.
Fiquei pensando no que ele tinha acabado de dizer. E em outras frases soltas que já tinha ouvido, que ele falava e logo em seguida ficava mudo como se fosse levado para lembranças muito distantes. Todas vez parecia se tratar de algo que ele não costumava contar normalmente. Ele em si era uma pessoa reclusa demais. Será que eu poderia entendê-lo...?
— Christian... – falei sem querer. Eu tinha impulsos com seu nome. Novamente me tornei consciente de suas mãos em meus quadris.
— Diga...
— Eu quero uma coisa... – comecei.
Por um momento meu coração bateu mais forte com o jeito como Christian me olhou. Ele sorriu de lado.
— Eu prometi que não vou transar com você!
— Não é isso! – falei, mas meu corpo esquentou como se respondesse o contrário.
— Então o que é?
Mordi o lábio.
— Queria saber sobre seu passado. – disse de vez.
Senti a pressão das mãos de Christian aumentar instintivamente sobre meus quadris. Seu sorriso desapareceu.
— Acho que prefiro transar com você. – ele respondeu, mas não tinha muito mais humor na sua voz.


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Notas finais do capítulo

Sinto como se estivesse engatinhando novamente na história. Agradeço ao suporte de vocês, por acreditarem na fic quando eu mesma, às vezes, me desmotivo.



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