Tempted escrita por Camille Rose


Capítulo 1
Chegada




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596311/chapter/1

Descobri que Paris é o conjunto de todos os clichês que se diz sobre ela. É encantadora, inspiradora, linda, romântica... Ah, e como é! Ainda mais quando se está numa viagem com seu namorado e ele é o cara mais divertido, atraente e encantador do mundo! Eu poderia me considerar uma garota de sorte.

Conheci Elliot num coquetel de encontros profissionais. Eu estava representando a editora para a qual trabalho e ele, a empresa publicitária da qual é dono. Conversamos, chegamos a falar das vantagens de alguma possível parceria contratual, ele pediu meu telefone e uma semana depois me convidou para jantar. Como poderia ter resistido?

Fomos a um dos restaurantes mais famosos de Nova York, conversamos e rimos quase a noite toda. Descobrimos que tínhamos muito em comum. Gostávamos de ser livres e independentes, amávamos nossos trabalhos, desejávamos viajar para vários lugares românticos, outros exóticos, não estávamos interessados em ter filhos tão cedo, mas não renegávamos a ideia de constituir família um dia. A conversa virou um contato mais frequente, o contato virou um namoro e o namoro virou um pedido de noivado. Tudo em apenas quatro semanas.

Tudo bem, para muita gente isso poderia parecer precipitado. Minha melhor amiga, Kate, quase não acreditou e demorou a aceitar, até a noite em que Elliot foi a um jantar de família na casa dos meus pais. Aí sim ela viu que a coisa era séria e pôde constatar por si mesma como nos dávamos bem. Eu estava feliz, Elliot estava feliz. Todo mundo estava em pleno acordo. Só faltava um detalhe: conhecer a família do noivo.

Pelo que Elliot falava, seus pais eram bastante conservadores, mas amigáveis. Ele tinha uma irmã mais nova e um irmão. Não costumava falar muito deste último, pois parecia que ele nunca estava em casa, era dono de um império que trabalhava com tecnologia da comunicação. Por outro lado, Elliot me enxia de expectativas sobre conhecer sua irmã mais nova. Dizia que eu me parecia com ela, gostava de literatura, era espirituosa e bastante extrovertida (não que eu fosse tanto, mas Elliot achava que eu falava demais algumas vezes... Homens!).

Eles viviam em Seattle, e estávamos nos programando para conhecê-los quando recebi um convite para participar de uma feira literária em Paris. Viemos para cá nos últimos quinze dias desfrutamos da companhia um do outro. Planejávamos nos casar ao voltarmos, o que para mim estava mais do que bom. Eu estava realmente ansiosa para conhecer a família dele e podermos estar logo juntos para sempre.

***

Eu estava perdida em pensamentos, suspirando na varanda do hotel, no centro de Paris, admirando as ruas, os cafés, as pessoas... Dava até para ver um pedaço da Torre Eiffel ao longe. Oh, sim... Eu sou uma garota de sorte...

A brisa soprava de maneira gostosa, varrendo meu cabelo para um lado só e fazendo tremular a saia do meu vestido. De repente senti dois braços me envolverem num enlace do qual não poderia escapar.

— Um milhão de euros pelos seus pensamentos! – disse uma voz suave, porém firme, em meu ouvido. A voz de Elliot.

— Tudo isso? Vai ficar pobre desse jeito...

— Por você vale à pena. – ele disse, virando-me para si e me beijando.

Ah, eu adoro este homem! Todo seu perfume exalava ao meu redor, rendendo-me e ao mesmo tempo me preenchendo de uma energia boa, jovial. O abracei pelo pescoço, ficando nas pontas dos pés, enquanto desfrutava daquele momento único. Logo, não lembrei no que estava pensando nem o que planejava fazer em seguida. Quando nos separamos, eu sorria bobamente.

— E então? – ele perguntou.

— E então o que? – oh, eu estava inebriada.

— No que estava pensando, bobinha?

— Hum... – eu refleti. No que era mesmo? — No nosso casamento, claro. – chutei.

— Ah, muito bem! Mas não há muito no que pensar, basta dizer que sim quando o juiz perguntar se me aceita como seu legítimo esposo!

Ri e tornei a beijá-lo, mas rapidamente.

— Ah, quanto a isso, não se preocupe! – garanti.

— E então, vamos jantar? – ele propôs me oferecendo o braço.

— Claro mounseigneur...

Assim, seguimos para o restaurante do próprio hotel. Era nossa última noite em Paris e não queríamos sair para podermos descansar antes da viagem. Um garçom muito educado (diferentemente do que se costuma dizer dos garçons franceses) nos serviu uma entrada esplêndida regada a vinho branco. Tenho certeza de que éramos o casal mais feliz daquele hotel. Elliot não era intimidado pelo hábito reservado da maioria dos franceses, e me mimava e beijava às claras, espontaneamente.

— Hum... Sabe no que eu também estava pensando? – perguntei degustando um pouco mais do vinho.

— Diga, baby.

— Estou preocupada sobre conhecer seus pais... – admiti. Elliot rolou os olhos. — É sério! Podem não gostar de mim... E mesmo que gostem, podem achar nosso casamento precipitado. E se não gostarem e ainda por cima acharem precipitado? Já pensou no que...?

Elliot colocou o indicador sobre meus lábios, me freando.

— Eu já disse que não tem como eles não adorarem você!

— Eu sei, mas você é suspeito para dizer isso...

— Escute... Meu pai e eu somos muito parecidos e tenho certeza de que ele aprovaria minha escolha. – Elliot ergueu a taça em um brinde solitário.

— Mas Elliot...

— Sem “mas”, Ana. – ele sorriu. — Como poderiam não gostar de uma garota bonita, inteligente e independente?

Senti meu rosto inteiro esquentar.

— Ah, meu querido... – suspirei como uma idiota.

— Vem cá... – ele disse, aproximando meu rosto e me dando um casto beijo nos lábios. — Vamos jantar agora e depois... Bom... Vamos dormir! – piscou um olho pra mim.

Sorri e me dei por satisfeita por enquanto. Jantamos ostras e um prato feito à base de salmão. Tomamos vinho tinto junto com a principal refeição, depois saboreamos nossa sobremesa. Eu estava tomando uma xicara de chá preto enquanto Elliot bebericava um café quando, de repente, um trio tocando instrumentos típicos de música francesa entrou no restaurante cantando uma canção romântica.

Je suis icipourvous, Ana”...

— Que? – engasguei. Eu ouvi meu nome? Olhei para Elliot ao meu lado e, de repente, ele havia sumido. Comecei a olhar em volta, ao mesmo tempo distinguindo algumas frases da música em francês.

Mon coeurest déjà votre”

Fastei-me um pouco da mesa para poder girar o tronco em busca de Elliot. Onde ele estava?

Je suis icipourvous, Ana”...

Não, eu não estava louca. Francês poderia não ser minha língua mais forte, mas eu ainda conseguia entender. Também me julgava capaz de distinguir meu nome na música.

Mon coeurest déjà votre”

De repente, volto a reparar nos músicos e vejo Elliot perto de um deles. Ele se posiciona à frente e tira do bolso uma caixinha de veludo preta.

“Dis-moi oui”, cantaram, por fim, os músicos.

— Ana! – chamou Elliot. Eu foquei minha atenção somente nele. — Eu já perguntei antes, como prova de meu compromisso perante sua família, mas agora estou perguntando apenas a você. Quero que se lembre desta noite para todo o sempre... – então ele se ajoelhou. Meu deus, ele se ajoelhou! — Senhorita Ana Steele, você gostaria de se casar comigo?

Eu não tive forças para me levantar do lugar. Meus olhos arderam de emoção e eu fiquei momentaneamente sem falar. Estava vagamente ciente de que todo o salão de jantar estava reparando em mim, esperando o desfecho do pedido. Eu via os olhos de Elliot brilhar em seu rosto bonito e, naquele momento, nada no mundo me impediria de correr e entregar meu coração nas mãos dele.

— Oh meu querido... Sim! – eu disse com uma risada nervosa, mas feliz. — Sim! Elliot, eu aceito!

Elliot se pôs de pé e caminhou até mim. Levantou-me pela mão e me abraçou apertado. Ficamos colados por segundos, minutos talvez, enquanto os músicos voltavam a tocar. Ao fim da música, Elliot colocou em mim um anel dourado com uma pedra de brilhante cravada em cima, deu-me um beijo e fomos aplaudidos pelos espectadores. Ao irem embora, cada músico me entregou uma flor. Agradeci-lhes e fiquei momentaneamente sem saber o que fazer.

— Venha, minha noiva! – disse Elliot. — Vamos subir agora.

Ele me pegou pela mão e subimos até nosso andar. Ao chegar lá em cima, entramos no quarto e me deparei com nossa cama abarrotada de pétalas de rosas, de várias cores. Um champanhe descansava no criado-mudo, e foi justamente até ele para onde Elliot se dirigiu. Arrancou a rolha e serviu duas taças.

— Um brinde a nós dois! – disse entregando a minha.

— Ah, Elliot... Estou tão feliz... Mal sei o que dizer!

— Você me disse sim. Foi tudo que eu precisava ouvir!

— Mas você já sabia que eu diria sim. Eu já disse sim antes.

— Ah... – por um momento ele pareceu desapontado. — Não gostou então...

— Não, não, não, não é isso... Seu bobo! – corri para seus braços e o beijei. — Adorei! Adorei!

— Então... – ele prosseguiu, tomando a taça da minha mão e pousando, junto com a dele, de volta sobre o criado-mudo. — Vamos comemorar! Só nós dois...

— Vamos...

Elliot girou meu corpo, me fazendo cair sobre a cama, deitando-se sobre mim.

— Futura senhora Grey. – Ele disse me olhando com admiração, antes de me tirar o ar com seus beijos.

***

Na manhã seguinte despertei antes de Elliot. Pude apreciá-lo um pouco enquanto dormia. De bruços, suas costas apareciam por fora do lençol. Eram brancas e lisas, pareciam macias, mas na verdade eram rígidas. Seu cabelo formava um emaranhado de fios loiros, que caíam um pouco sobre seu rosto enquanto estavam despenteados. Ele tinha uma barba rasa que às vezes o deixava muito jovem, e outras vezes muito sério. Suas sobrancelhas eram grossas e olhos azuis, que estremeceram vagamente antes de se abrirem e sorrirem para mim primeiro que sua boca.

— Bom dia – ele disse. A voz ainda embargada de sono.

— Oi... – suspirei. Eu estava ciente de que meu cabelo castanho e comprido ficava uma loucura total pela manhã e que meus olhos sempre amanheciam um pouco inchados. Estava morrendo de vergonha, mas ao mesmo tempo uma sensação de calma me invadia... Seria assim de agora em diante? Quando nos casarmos? Ele me veria de todos os jeitos?

— Como está bonita, futura senhora Grey. – disse Elliot contrariando meu próprio julgamento.

— São seus olhos... – disse, deslizando de volta para o colchão.

— Na verdade não são... – e seu olhar passeou por mim, vestida com um conjunto de moletom rosa. Eu sabia que não era romântico, mas me sentia muito confortável com ele.

Elliot tocou meu rosto e penteou meus cabelos com os dedos enquanto me olhava. Ele era delicado e gentil. Procurava não me deixar nervosa, menos, é claro, quando fazia surpresas. Ele ainda costumava hesitar ao me tocar, como se esperasse um sinal meu de que poderia. Eu gostava disso, gostava de saber que me respeitava assim.

De repente, formos arrancados do nosso breve instante de ternura quando o despertador do celular de Elliot começou a tocar de modo desenfreado. Ele pulou da cama e o encontrou dentro da calça, jogada sobre a espreguiçadeira. Desligou o aparelho e, aproximando-se de mim, me estendeu a mão:

— Vamos! Vá se arrumar! Temos três horas para embarcar no nosso voo.

Fiz manha e tentei puxá-lo de volta para a cama. Elliot caiu e nos beijamos. Mas não durou muito. Rolando comigo nos braços, ele conseguiu me colocar de pé e, sob meus protestos, me levou até o banheiro do apartamento.

— Agora tome seu banho, que eu entro logo em seguida, ok? – Disse ele plantando um beijo na minha cabeça.

Assenti como uma mocinha obediente, e liguei o jato do chuveiro.

Três horas mais tarde estávamos embarcando no avião de volta para os Estado Unidos.

A viagem, por fim, pareceu um pouco cansativa. Por mais que ocupássemos cabine de primeira classe e houvesse todas as comodidades desejáveis num voo, me senti quebrada assim que coloquei os pés em terra. A única coisa que me mantinha de pé era a ansiedade de, logo no dia seguinte, encontrar pela primeira vez com a família de meu futuro marido.

Por algum momento pareceu estranho já ser apresentada aos pais de alguém como noiva. Sem dúvidas seria algo surpreendente para eles, mas aposto que não estavam tão apreensivos quanto eu. Cada movimento meu e cada linha de raciocínio parecia ora estável, ora inconsistente. Estava muito fácil eu me distrair com meus pensamentos, dentre várias suposições de como eu seria recebida na casa Grey.

Elliot e eu nos separamos a partir do aeroporto. Ele foi para casa para preparar o terreno enquanto eu fui para meu apartamento, o qual dividia com minha amiga Kate. Ah... E haveria tantas perguntas quando eu chegasse, tantos surtos de empolgação e expectativa... Comecei a me sentir uma bomba-relógio.

***

Quando entrei pela porta do meu apartamento, Kate saltou direto em minha direção e me agarrou num abraço agitado. Estava exatamente como eu a havia deixado: loira e linda.

— Oh, Ana! – ela suspirou alegre e aliviada. — Até que enfim você chegou! Minha nossa! Achei que ia voltar casada, e sem ter me chamado para ser a madrinha! Sem eu ter participado da escolha do vestido!

Ri enquanto Kate me arrastava até o sofá da nossa sala.

— Pois pode ficar calma, que ainda não me casei. – garanti. — Mas em contrapartida, olha isso!

Estendi minha mão direita e os olhos de Kate reluziram ao se fixarem sobre o anel de brilhante. Contei a ela sobre o pedido de noivado romântico pós-oficial e ela caiu fingindo desmaio no sofá à minha frente.

— Ele não existe, Ana...

— Eu sei! Eu sei! – tornei a me emocionar.

— Ah, quero um desses pra mim... – Kate fez biquinho. — Será que ele tem um primo?

— Olha, ele tem um irmão... – ri dos modos de minha amiga. — Mas na verdade não sei muito dele. Na verdade vou conhecê-los todos daqui a algumas horas! Elliot virá me buscar assim que estiver tudo pronto lá. Ah, Kate, estou tão animada... Tão assustada!

— Assustada? Já está é mais que na hora! – disse de repente perdendo seu estado fantasioso, voltando a ser a implacável Katherine.

— Eu sei que está! Mas isso só aumenta minha aflição. E se não gostarem de mim? – desabafei.

— Não duvido de que vão gostar. Vou deixar você esplêndida! Todos os homens daquela casa vão se apaixonar por você e todas as mulheres vão sentir inveja!

— Ah, não exagere! – eu ri, mas no fundo, sabia que precisava de uma mãozinha dela para ficar deslumbrante.

— Este encontro não é para modéstias, Ana, - disse Kate com um olhar agudo sobre mim. — Você vai estar reluzente. Vão até pedir, implorar, para você fazer parte da família! E não adianta você tentar me parar, porque vou arrumar tudo para você!

Nossa... Kate era tão obstinada...

Tudo que pude fazer foi aceitar, de bom grado, toda a ajuda de Kate para comigo mesma. Conversamos mais um pouco sobre um pouco de tudo, como ela tinha estado esses últimos quinze dias, o que tinha feito. Tive que detalhar cada lugar onde estive durante a viagem e como estava me sentindo feliz. Depois, jantamos um monte de besteiras já que eu estava cansada demais para cozinhar e Kate era uma negação na cozinha.

— Como você se virou quinze dias sem mim? – perguntei dando uma mordida num sanduíche de atum.

— Existem umas coisinhas que você deveria experimentar: enlatados e comida expressa.

Revirei os olhos, abrindo o pote de Nutella para passar num pãozinho.

Ao terminarmos nosso nada saudável jantar, finalmente fomos dormir. Ao pegar meu celular para chegar se havia ligações perdidas, encontrei uma mensagem de Ellito:

“Não desfaça suas malas. Prepare uma bolsa pequena para passar o dia aqui amanhã. Um beijo”.

Vibrei àquela ideia. Passar o dia na casa dos pais dele? Oh meu deus... O que será de mim? Se gostarem de mim poderia ir tudo bem, mas se não gostarem... Como suportar? Como me virar?

Dormi um sono agitado e acordei várias vezes durante a noite. Pela madrugada foi que realmente consegui descansar. No outro dia, acordei com outra mensagem de Elliot. Ele viria me buscar às dez.

Acordei Kate, aflita, pois já era mais de oito horas e Kate, muito bem disposta a ajudar, pulou para fora da cama e começou a revirar sua cômoda de beleza. Tomei banho, limpei a pele e me deixei aos cuidados da minha amiga. Ela conseguiu fazer sumir em alguns instantes todo sinal de olheiras, de cansaço da viagem, todo o frizz do meu cabelo e me ajudou a escolher a melhor roupa possível.

Provavelmente eu teria escolhido um vestido preto que costumo usar nos happy-hours da empresa, com meus saltos médios e o cabelo solto, escovado. Mas não. Kate me colocou num vestido azul, leve, que descia desenhando meu corpo até os quadris, e daí se abria numa saia mais solta, revelando minhas pernas a partir de uns dez centímetros acima do joelho. Uma sandália bege de salto médio fazia minhas pernas ficarem mais angulosas. Meu cabelo estava escovado, modulado em ondas soltas e esvoaçantes.

Eu não estava provocante, pois não havia decote e nem minhas coxas apareciam demais. Mas eu estava definitivamente vistosa. De onde aquele vestido havia tirado aquela cintura que aparecia no espelho?

— E então... O que achou? – perguntou Kate, animada.

— Eu estou incrível! – admiti. — Nunca pensei que poderia ficar tão...

— Arrasadora. – Kate completou. — Sério. Estou humilhada. Tomara que Elliot chegue logo e leve você para brilhar no jantar! Eu vou ficar aqui sozinha procurando minha beleza!

Novamente caí no riso. A piada de Kate era absurda e ridícula. Ela era a garota mais bonita do colégio e depois se tornou a mais bela da faculdade. Continuava sendo tão ridiculamente linda que era muita bondade sua dizer aquilo pra mim.

Ficamos admirando minha imagem e procurando detalhes a serem corrigidos até que nossa campainha tocou. Kate, que estava realmente se sentindo desarrumada demais para ser vista por mais alguém, sentou-se no sofá e se cobriu com um lençol quadriculado. Fui até a porta atender, então.

Era Elliot.

— Bom... – por um momento ele perdeu a fala e pigarreou para continuar enquanto deslizava um olhar sobre mim. — Bom dia, Ana.

— Bom dia senhor Grey... – respondi dando uma voltinha. — Gostou?

Quando voltei a encará-lo ele parecia não saber onde pousar o olhar, até que decidiu reparar no anel de noivado. Tomou minha mão e a beijou.

— As rosas vão murchar assim que você tocá-las, tão humilhadas que ficarão por sua beleza! – ele disse me entregando um buquê. Em algum lugar atrás de mim tive a impressão de ouvir Kate suspirar.

— Ah, obrigada pelo galanteio, Sr. Grey. Gostaria de entrar para beber alguma coisa?

— Adoraria. Aliás, como vai senhorita Kavanagh? – Elliot cumprimentou Kate, que sorriu por cima do encosto do sofá. — Mas estramos em cima da hora, futura senhora Grey.

— Sendo assim, vamos!

Despedi-me de Kate e deixei as flores no apartamento. O caminho até a casa dos Grey não foi difícil e em cerca de meia hora chegamos lá. Minhas pernas começaram a parecer inconsistentes quando me deparei com uma verdadeira mansão recortada contra um céu majestosamente azul, cercada de árvores e arbustos ornamentais.

Elliot me ajudou a sair do carro e me ofereceu o braço.

— Tudo bem? – perguntou.

— Ah... Dá tempo de ir ao banheiro?

Elliot riu e começou a me guiar até a entrada da casa. Uma porta dupla de madeira foi aberta assim que os aproximamos. Cruzamos uma antessala ricamente decorada. O teto era elevado e dele pendia um lustre magnífico. O espaço era dividido em duas funções: de um lado havia uma sala de recepção com TV e adega e, do outro, uma área de descanso voltada para uma parede inteira de vidro que dava vista para o início do jardim lateral direito. O design moderno se misturava a elementos clássicos, provavelmente objetos de família, como os quadros e um relógio antigo sobre a estante. Havia fotografias familiares espalhadas aqui e ali, mas no momento eu não conseguia focar nelas para distinguir os rostos.

Passamos direto para uma segunda sala, esta era mais ampla e decorada com o máximo do conforto. Havia muitos móveis e uma mesa de jantar aos fundos, decorada com perfeição. Na verdade, tudo o que vi até agora era decorado com perfeição. Era suntuoso. Mas não pude continuar minha análise sobre o ambiente quando reparei em três pessoas à nossa frente que nos aguardavam de pé: um casal de meia idade e uma jovem muito bonita.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura.O que achou?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tempted" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.