We Don't Know escrita por Leone M


Capítulo 1
My Brother?


Notas iniciais do capítulo

Hey guys, ta ai uma fic nova, espero que gostem! Boa leitura cupcakes!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/595849/chapter/1

 

A claridade do sol que batia diretamente no meu rosto ofuscava minha visão enquanto eu tentava abrir os olhos, piscando várias vezes me acostumando com a luz que teimava a me atingir dentro do carro velho e abandonado que eu havia passado a noite. Meu "sono" tinha sido simplesmente horrível, e parecia que eu acordava mais cansada de que quando me deitara...a posição que eu estava não favorecia nada, e nem o calor absurdo que fazia lá dentro, muito menos o cheiro...apesar de tudo, aquele carro enferrujado e desconfortável tinha me salvado de passar mais uma noite ao relento.

Me sentei no banco do carro, esfregando o rosto com as mãos, tentando acordar de vez e fazer minhas pernas que estavam dormindo pararem de formigar, as chacoalhando. O banco era feito de um coro sintético velho cinza, daqueles não absorvem o suor. Seu estufamento estava duro pela velhice, e o coro, se desfazendo, eu podia ver a poeira voando pelo ar, o que me fazia espirrar, e mais uma vez, o calor insuportável que fazia.

Rapidamente eu abri a porta, e pulei pra fora com um certo desespero e respirei o ar fresco sentindo o ar do lado de fora limpar minhas narinas da poeira e do cheiro de estufamento velho que respirei a noite toda. Respirei fundo algumas vezes, e ignorei o leve cheiro de carne podre que impregnava, afinal, isso já era de rotina... principalmente quando se encontrava em um antigo acampamento no meio da estrada. Eu não conhecia quem tinha morado ali, mas sentia dó pela ideia estúpida de montar uma estadia no meio de um lugar tão movimentado e descoberto. Mentalmente, desejava sorte as pessoas, se ainda estivessem vivos.

Abaixei a cabeça olhando pras minhas botas velhas, pensando que eu estava sendo arrogante, afinal, minha situação não era muito diferente... não comia direito fazia três dias, me contentando apenas com sementes que encontrava ao caminhar nas florestas...faziam dias que não via um único esquilo nas árvores, ou uma lebre; A água potável das minhas garrafas estava acabando, com ressalva de alguns goles...eu não sabia mais quanto tempo iria durar dessa maneira, sem contar a minha situação deplorável, machucados cobriam todo meu corpo, principalmente meus cotovelos e joelhos. Eu tentava cobri-los para evitar contato com sangue dos monstros e sujeira, mas nem eu sabia se conseguia; me olhando no retrovisor, eu não conseguia ver meu rosto de tanta sujeira e sangue que o cobria, sem contar minha magreza...eu estava realmente muito magra...

Me dando conta da urgência de comida a qual meu estômago me alertava, roncando e me atacando uma gastrite absurda, juntei as poucas coisas que tinha e comecei a me movimentar por entre os carros, parando de um em um para vasculha-los em busca de qualquer coisa para mastigar.


Depois de caminhar horas, lutar contra vários monstros e ter procurado em pelo menos 20 carros, minhas expectativas foram cruelmente frustradas, e eu me encontrava sentada no que costumava ser o acostamento da estrada, pronta pra aceitar o meu destino. O universo não queria que eu vivesse, e por mais que eu relutasse, ia me matar de qualquer maneira. Eu sempre achei que me dava bem naquele mundo, não era uma garota fraca, eu era forte, e diante de qualquer situação, a resolvia, mesmo se tivesse que ser resolvida com a maior frieza, como tirar a vida de alguém. Mas agora percebia que isso, uma hora ou outra, ia me vencer, já que ninguém me matava, eu iria morrer de fome, sede, ou doenças, era uma lei, um ciclo a ser seguido. E eu acabara de aceitar aquele futuro, me entregando àquele leito feito de grama, no qual eu inconscientemente havia acabado de desabar.

Eu mal senti a pancada que dei ao cair, foi como se minhas pernas tivessem simplesmente perdido a força e se dobrado, deixando meu corpo se deitar sobre o chão. Minha visão se apagava, e eu não lutava contra isso...

Foi quando eu senti um apertão no braço de alguém me levantando, eu não enxergava direito, apenas vultos embaçados. Reuni minhas últimas forças e lutei com o que eu podia contra as pessoas que se reuniam a minha volta, chutei, mordi, bati e arranhei a pessoa que me segurava, mas ela me continha sem muito esforço prendendo meus braços com as mãos...estava me sentindo um animal selvagem sendo recolhido da selva. Senti uma mão firme agarrar meu pescoço, me fazendo parar de relutar e me trazendo pra perto, nesse movimento inesperado, eu vi algo, ou melhor, alguém que nunca achei que veria novamente...essa pessoa estava morta, então, pra eu vê-la, eu só podia estar também. Um homem de estatura média, com os ombros largos e braços fortes, cabelos grandes castanhos e barba for fazer, e com pequenos olhos azuis me segurava com tamanha força que me machucava.

— Foster!


Foi a última coisa que eu ouvi, a voz rouca do meu irmão me chamando enquanto me chacoalhava.


°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°


Acordei lentamente, abrindo os olhos devagar, sentindo uma tremenda dor de cabeça e me lembrando vagamente do que teria acontecido antes de eu desmaiar. Eu havia visto meu irmão morto no começo do apocalipse chamando meu nome. Isso era impossível.

Gemi algumas vezes antes de tentar me sentar, apoiando meu corpo nos cotovelos em um duro chão de azulejos que provavelmente fazia os machucados que estavam neles se abrirem.

— Mas que merda...– eu disse olhando em volta, sem reconhecer onde estava.

Era um quarto pequeno com as paredes brancas e teto de madeira, haviam quadros de figuras santas enfeitando todo o lugar, e ao meu lado, uma mesa, também de madeira. Eu não tinha ideia nenhuma de como teria vindo a parar ali.

Senti um arrepio percorrer todas as minhas costas ao perceber que alguém havia posto mão nelas. Em um impulso, procurei a minha faca no coldre, mas seu lugar estava vazio, então brutalmente, afastei a mão da pessoa com um empurrão e me levantei rapidamente apoiando as costas na parede, procurando qualquer coisa no quarto que pudesse usar como arma, além de terem me retirado todas as minhas armas, o quarto estava vazio...

— Foster!

Mais uma vez, ouvi alguém dizer.

— Calma, você não precisa...– O homem foi se aproximando e novamente comecei a espernear, tentando lutar contra.
— Foster! Dixon! – O segundo nome foi dito mais como um grito, enquanto o homem segurava com as suas mãos firmes o meu rosto, para que o olhasse.

E eu não sabia se aquela visão me dava medo ou felicidade.


— Daryl...? – Perguntei, o olhando como se tivesse visto um fantasma.


Tirei a mão dele do meu rosto e o abracei, ele não soube lidar direito com isso, mas eu conhecia meu irmão, sabia que por dentro de toda aquela casca ele tinha um coração mole.

Ele colocou a mão sobre minha cabeça, demonstrando de certa forma um carinho.

— Mas todo aquele incêndio na floresta...vocês dois...você e o Merle...– Eu disse, me soltando do abraço e olhando pra ele. – Eu pensei que vocês estivessem mortos, eu esperei e procurei por dias!

— Eu pensei que você estivesse morta...– ele diz, ainda com a mão na minha cabeça.

— Eu não sou tão fácil de matar assim...– respondi dando um sorriso de lado.

Daryl parecia cansado, sua expressão não era das mais felizes, e as olheiras marcavam seu olhar. Ele também possuía machucados no corpo, mas de fato, não parecia mais magro...era como um cachorro de rua bem cuidado.

— Onde eu estou? – Olhei em volta, tirando sua mão da minha cabeça.


Ele se afastou com um olhar preocupado, e eu não entendi o por quê.


— É muita coisa pra você digerir...–Ele reflete olhando para os pés, e a palavra "digerir" me fazia lembrar da fome que estava sentindo. – Eu estou com um grupo de pessoas desde o começo, eu e o Merle os encontramos alguns dias depois que perdemos você.

— E onde está o Merle? – O interrompi, cruzando os braços.


Daryl não respondeu a minha pergunta, ele apenas olhos pra baixo e depois para mim de relance, balançando a cabeça em sinal negativo.

Não precisa mais que isso pra eu saber que meu irmão mais velho estava morto. Uma ponta de tristeza me atingiu, mas eu já havia aceitado aquilo um tempo atrás.

— Estou feliz por vê-la, pirralha. Você cresceu muito. – Ele se esforçou pra dizer, sem olhar pra mim.

Isso era típico de mim e Daryl, ele fingia ser frio, e eu não me esforçava, o que nos separava muito. E quem era o responsável por nos manter unidos era Merle, pelo qual nós dois tínhamos uma "devoção" ridícula e desnecessária.

— Eu não sei se vou ficar. – Falei de uma vez, e ele fez uma cara de "como assim?" – Você sabe que a minha convivência com pessoas nunca foi boa. Eu não quero fazer parte de um grupo de pessoas das quais eu não gosto...só me abasteça com um pouco de comida e eu vou embora.

— Você não pode ir...

— Eu posso, e vou. Eu vivi tudo isso sozinha, fiz coisas que você nem imagina sozinha, sobrevivi sozinha todo esse tempo. E não é você que vai me impedir de continuar assim.

— Se você quiser ir, eu não posso fazer nada. – Ele estava começando a ficar irritado. – Mas eu gostaria de ter você por perto.

Pensei por alguns momentos.

— Você sabe que não pode me convencer. Mas eu vou ficar...só por alguns dias. Por você. – Eu disse fingindo um descaso.

Ele assentiu, e andou até a porta apoiando sua mão nela.

— Rick vai te fazer algumas perguntas. – Ele se virou pra mim, que estava atrás dele. – Não se assuste com nada, certo? – ele advertiu e abriu a oorta, com um ranger alto das dobradiças.

Haviam várias pessoas que estavam conversando sentadas nos bancos da pequena igreja que nos encontrávamos. O chão era feito de azulejos vermelhos, os bancos, de madeira envernizada. Havia um altar com a cruz e uma mesa, a qual estava abarrotada de latinhas de comida, o que me fez babar. Era iluminada por velas, e as pessoas aparentemente estavam despreocupadas enquanto falavam. Isso era estranho demais.

Com o barulho que a porta fez ao se abrir, todos olharam na nossa direção, ou melhor, na minha direção. Todos os olhos se pararam sobre mim, mas eu não vacilei, deixei minha expressão fechada tomar conta do meu rosto e segui Daryl enquanto ele andava. Parece que ele nunca comentou que tinha uma irmãzinha, afinal.

Meu irmão andava em direção a um homem de cabelos grisalhos, assim como sua barba, de expressão dura, e com uma jaqueta de couro marrom, Parecia ter quase a mesma idade de Daryl, talvez um pouco mais velho.

— Esse é Rick. – Daryl me apresentou. – E essa é a Foster...

— Dixon, eu prefiro que me chamem de Dixon. – Acrescentei na fala dele, com uma voz cortante, enquanto olhava em volta, desconfiada.

O homem que eu acabara de conhecer, pairou o olhar sobre mim, me julgando.

— Daryl nunca comentou que tinha uma irmã...muito menos que fosse mais nova. – Ele comentou. – Nós só conhecemos Merle, e sua personalidade não era das melhores.

Segurei um rosnado, e continuei a olhar para meus pés.

— Quantos anos você tem, Dixon? – ele perguntou em um tom irônico, vendo minha reação.

— Vem ao caso...? – Respondi, insatisfeita. Uma das coisas que mais odiava eram pessoas que faziam rodeios demais para chegar no assunto principal.

Ele também fez uma cara insatisfeita.

— Não, tudo o que importa são as respostas para as três perguntas que vou te fazer.

Levantei meu olhar para ele.

— Quantos andarilhos você já matou? – Ele fez a primeira pergunta.

— Eu não sei. – Respondi – Muitos.

— Quantas pessoas você já matou?

Contei mentalmente, e ao total, eram doze. Mas tinha o pressentimento que não poderia dizer isso a ele.

— Cinco. – Menti.

— Por quê?

— Todas tentaram me matar, ou roubar algo de mim.

Ele olhou desconfiado pra mim, e logo depois desviou o olhar para suas mãos, assentindo.

— Você pode ficar...mas fique sabendo que se não fosse parente de Daryl, não ficaria. – ele falava friamente sem olhar pra mim.

Assenti e dei de ombros, não tinha mais nada que pudesse fazer.

Enquanto eu sentia que as pessoas me olhavam e comentavam algo sobre mim, me esgueirei entre elas até achar um banco vazio e distante de todos, em que pudesse me sentar longe deles. Eu não estava me sentindo confortável naquele lugar, e minha vontade de ficar apenas diminuía.

Enquanto me perdia nos meus pensamentos e na minha indecisão, ouvi um pigarrear ao meu lado e vi uma sombra de pé. Esperei que fosse Daryl, mas percebi que a sombra era bem menor. Me virei por completo, dando de cara com um garoto, provavelmente da mesma idade que eu, com o cabelo castanho coberto por um chapéu de xerife, e com os mesmos olhos azuis de Rick. Presumi que seria seu filho.

— Achei que pudesse estar com fome...– Ele disse timidamente, me oferecendo um enlatado com uma colher.

Eu tirei a comida da mão dele com brutalidade e desespero, o assustando um pouco com minha ação inesperada.
Abri a latinha com a mesma pressa, morrendo de fome, quase que literalmente.

O garoto estava tímido ao meu lado, me olhando comer enquanto brincava com os dedos.

— Meu nome é Carl...Carl Grimes. – Ele deu um sorriso fraco.

— Sou Dixon. – Respondi com frieza, e não me importando muito com o que ele falava.

Por algum motivo eu me arrependi de ter sido rude. Mas era meu jeito, e não era naquele momento que eu iria mudar.

Ele completou seu sorriso, não ligando muito pra minha grosseria, mas logo depois se afastou.

°°°°°°°°°°°°°°°°°°

A noite estava quase caída, e eu aproveitei que todas aquelas pessoas, inclusive Daryl, estavam distraídas e saí da igreja, ficando à sua frente observando os minutos finais do sol se pondo.

O dia tinha sido longo e estressante, e coisas demais tinham acontecido, o que minha cabeça demorava pra assimilar. Havia conhecido algumas pessoas, mas não me permiti conversar.

Tateei meu bolso de trás, achando o que eu queria. Um cigarro e um isqueiro, eu merecia.

Coloquei o cigarro entre os lábios e o acendi, tragando lentamente.

Eu deveria ficar?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se gostaram comentem! Muito abrigado por ler amor! Amanhã posta mais um



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "We Don't Know" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.