My Little Runner escrita por Angie


Capítulo 32
Sob as estrelas


Notas iniciais do capítulo

Heeey, como estão vocês? ❤
Acabei não revisando direito esse capítulo, mas espero que esteja tudo certo.
Hoje não vou falar muito, haha.
Boa leitura e até lá embaixo!



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Minho acordou com a brisa de fim da tarde, piscou os olhos algumas vezes, tentando se livrar da sonolência; bocejou enquanto esfregava o rosto com a mão direita, seu corpo ainda não parecia disposto a se mexer, não deveria ter dormido mais que quatro horas. Ainda ficou alguns segundos encarando o teto de madeira da tenda antes de virar o rosto para olhar o horizonte. O céu passava de azul para laranja escuro e o Sol brilhava num amarelo intenso enquanto se escondia atrás das montanhas ao longe, indicando o fim da tarde. Calculou meia hora para que todos estivessem partindo em caminhada noturna.

Um gemido involuntário escapou de seus lábios ao se erguer, sentando-se sobre a terra alaranjada; estalou as costas e massageou o pescoço, pensando em quem deveria socar para que o deixassem dormir numa cama de verdade. 

― Mértila de lugar ― resmungou em voz baixa, antes de passar os olhos ao redor.

Os clareanos ainda dormiam espalhados sob a tenda, pareciam bem, considerando tudo que aconteceu. Ele imaginou quanto tempo demoraria para que mais alguma porcaria do CRUEL aparecesse. 

Balançou a cabeça, tirando os pensamentos da mente, e voltou a olhar os amigos. Thomas estava dormindo pacificamente em um local próximo a si, não lembrava nada o garoto moribundo que há pouco tempo agonizava com uma bala cravada em seu corpo. Salvar o amigo foi a única coisa decente que os criadores fizeram, mas isso não o fazia odiá-los menos.

Observou Newt num canto, dormia com o braço estendido sobre os olhos; Minho ainda tinha sentimentos conflitantes por toda sua teimosia, mas parte de si estava satisfeito pela conversa, não havia sido tão ruim, afinal. Apesar disso, preferia enfrentar outro temporal a admitir que Camille estava certa em voz alta, ela nunca o deixaria esquecer daquilo.

Pensar nisso fez com que seus olhos percorressem o amontoado de corpos em busca da garota, mas ao contrário do que imaginou, não a encontrou no local onde a vira pela última vez. Franziu o cenho, olhando ao redor, mas sua busca não durou muito, avistando-a logo em seguida. Camille estava sentada do lado de fora da tenda, um pouco afastada de todos, parecia observar enquanto o Sol se punha. As cores alaranjadas do céu deixavam sua pele brilhante.

Minho se perguntou há quanto tempo ela estava acordada. Tomou impulso com a mão antes de colocar-se de pé, não exitando em andar em sua direção. 

Camille não saiu do lugar, de pernas cruzadas e mãos apoiadas na areia atrás de si, mas ergueu totalmente a cabeça, dobrando o pescoço para trás e encarando o garoto de pé às suas costas. 

― Oi  ― murmurou. 

Minho ergueu uma das sobrancelhas antes de dobrar os joelhos e se agachar, apoiando o peso do corpo na ponta dos pés. Ainda atrás da garota abaixou a cabeça, o rosto agora a centímetros de distância do dela que permanecia esticado rumo ao seu. Com as mãos apoiadas na areia, ela ergueu o corpo, na intenção de roubar-lhe um selinho. Mas Minho a surpreendeu soprando em sua face.

― Ei! ― reclamou, franzindo o nariz e voltando à posição normal. Minho riu de sua cara amarrada enquanto se sentava ao seu lado. ― Por que fez isso?

― Porque foi engraçado ― disse simplesmente.

― Haha, estou morrendo de rir.

― Não seja tão rabugenta, vai ficar velha cedo ― sorriu, desviando-se em seguida do golpe que ela tentou aplicar em seu braço.

― Idiota ― murmurou, tentando soar mal-humorada, mas não protestou quando sentiu o braço forte envolvendo sua cintura e a puxando para acomodar-se entre as pernas do garoto.

―Há quanto tempo está acordada?

― Não sei, um tempo ― balbuciou, seu olhar estava perdido no pôr do Sol enquanto descansava a cabeça em seu peito.

― Caminharemos a noite toda, não podemos nos dar ao luxo de escolher a hora de dormir. 

Ela suspirou, cansada.

― Não precisa me lembrar disso ― fechou os olhos, gostaria de um sono decente, de preferência à noite e em uma cama macia. ― Estou tendo sonhos ruins, é só.

― Sonhos ruins ― repetiu. ― Parece mais preocupada que o normal para ser apenas isso.

Camille imaginou se faria algum bem contar suas lembranças esquisitas, provavelmente só tornaria as coisas piores.

― Não é nada ― mentiu. 

Ele revirou os olhos, a conhecia melhor que isso. Afastou-se um pouco para segurar seu queixo, fazendo com que ela o encarasse.

― Não minta pra mim, Cammie.

Ela observou suas íris negras esperando uma resposta, refletiu se deveria ter usufruído melhor de suas habilidades como atriz.

― Já disse, não é nada, só estou confusa. Ando recebendo mais memórias.

Minho franziu o cenho 

―Desde quando?

― Há algum tempo.

O garoto a olhou acusadoramente

― E por que diabos não nos contou?

Camille cruzou os braços sob o peito.

― Bom, considerando que três dias atrás você não queria nem mesmo olhar para a minha cara, acho que tenho meus motivos ― alfinetou.

Minho a encara antes de desviar o olhar.

― Ok, é justo.

― Mais que justo ― ela sorri, voltando a escorar a cabeça em seu peito.

― Não aumente minha curiosidade, Cammie. Apenas diga o que se lembrou dessa vez.

Camille permaneceu em silêncio por alguns segundos, colocando a mão sobre a de Minho que ainda segurava-a pela cintura. Enlaçou seus dedos por cima dos dele antes de contar. 

Falou do que viu desde o dia que resgataram Thomas, quando a mantiveram isolada dos outros; também de como Ava Paige parecia tratá-la de forma diferente, especialmente nas últimas lembranças, quando teve de escolher as imagens e em seu desentendimento com o suposto médico. Ainda sobre ele, sua aversão era sentida enquanto descrevia o homem responsável por seus experimentos.

Minho olhava para as montanhas enquanto a escutava, o Sol cada vez mais baixo.

― É isso ― ela murmurou, surpresa por ele não tê-la interrompido durante a fala.

Ergueu os olhos, esperando por uma resposta da parte dele que, após alguns segundos, suspirou.

―Bem, que grande mértila ― concluiu. 

― Inspirador como sempre, Minho.

― A mulher, Ava Paige… ― começou, ignorando sua última observação. ― Pelo que disse, ela deve ser a líder de toda essa porcaria, ou ao menos é uma das figuras importantes do CRUEL. Por que acha que ela a trata diferente?

Camille balançou a cabeça.

― Eu não sei. Ela parece… ― hesitou, pensando em como descrever o sentimento. ― A forma como ela fala comigo em alguns momentos é quase… Carinhosa? ― murmurou a última palavra como uma pergunta, soando estranha em sua própria boca.

― Veja, que sorte a sua, Cammie ― disse, em ironia. O que se encaixava bem à situação, considerando que essa mesma mulher que parecia se importar com ela a jogou num buraco de verdugos com mais um bando de adolescentes.

― Eu sei o que parece ― rebateu ―, mas estou dizendo o que vi.

― Talvez estivesse fingindo.

―  É… É, talvez ― respondeu, não acreditando muito na suposição.

― De qualquer forma ― Minho continuou, interrompendo seus pensamentos quanto à chanceler ―, tem algo me incomodando mais que isso.

Camille não respondeu, esperando que ele continuasse.

― Ela disse algo sobre jovens privilegiados que ajudariam a encontrar a cura...

― Imunes ― interrompeu, a palavra escapando de seus lábios antes que percebesse. Limpou a garganta quando Minho a encarou. ― Foi como ela os chamou. Imunes.

― Certo… Isso aí. Provavelmente estava falando sobre nós, mas somos imunes à quê? Até onde sei, aquele homem com cara de rato disse que contraímos a doença. E que raio de história é essa de encontrar uma cura? Achei que a receberíamos assim que essa porcaria de fase dois acabasse.

― Janson nos avisou sobre os experimentos, estamos servindo de teste para salvar a humanidade do fulgor, ou seja lá o que queiram. Talvez ainda não encontraram algo que sirva para todos usarem ou… Bem, eu não sei ― admitiu, esfregando as têmporas.

Minho bufou em descrença.

― Acredita nessa baboseira? Somos apenas fantoches no showzinho maluco deles. Você ouviu o que ele disse, os caras possuem as melhores tecnologias do planeta, podem manipular nosso cérebro e mais toda a mértila que quiserem. Por que precisariam observar um bando de pessoas andarem pelo deserto?

Camille suspirou, remexendo o corpo de lado de modo a poder abraçá-lo de volta, descansando novamente a cabeça em seu peito.

― Talvez esteja certo. Só estou tentando entender o por quê disso tudo… E o que pretendem fazer comigo depois.

Minho engoliu em seco, observando-a por debaixo dos cílios.

― Não vão fazer nada com você, Cammie.

― Não sou idiota, Minho ― murmurou, o rosto escondido entre os botões de sua camisa. ― Por que fui a única a estar nas duas clareiras? Por que recebo as memórias de volta? Você ouviu o que Tommie disse, o que quer que seja, farão novos testes comigo. 

― Thomas estava quase inconsciente, aquilo não prova nada. 

― Não acredito nessas coincidências.

― Onde está a trolha de pensamentos positivos que namoro? Se não te conhecesse bem, diria que está desistindo. 

― Não é isso, estou preocupada, é só. E aquele homem, Dr. Ward ― se encolheu mais no abraço ao pronunciar seu nome ― Algo nele… me perturba.

Minho formou uma carranca, lembrando-se do que Camille contara.

― Você diz o mértila que te assustava quando criança?

― Talvez ainda assuste ― admitiu. ― Seus olhos eram ruins.

― O que quer dizer com isso?

― Apenas isso, ruins. Ele parecia gostar de me ver com medo. Ava Paige não parecia satisfeita com ele. Essas lembranças… É como se eu estivesse lá novamente. Me fez sentir exposta e completamente sozinha.

Minho acariciou suas costas com o polegar, esperando que ela relaxasse.

― Não está sozinha, Cammie.

― Eu sei ― disse baixinho ―, obrigada.

Ela sentiu o peito dele se mover quando o garoto riu.

― Me agradeça depois, quando eu puder deslocar o maxilar do desgraçado.

Ela não resistiu ao sorriso.

Típico. Pensou. 

― Eu já ia me esquecendo ― O garoto retomou, parecendo se lembrar de algo importante. ―, tem algo que talvez te faça sentir melhor, além da minha maravilhosa presença, é claro.

Camille afastou o corpo enquanto revirava os olhos, o pequeno sorriso ainda nos lábios.

― O que é?

― Ganhou o que tanto queria, finalmente conversei com aquele idiota.

Ela demorou dois segundos antes de entender do que ele estava falando. Suas íris azuis brilharam, esquecendo-se momentaneamente dos assuntos anteriores.

― Oh, finalmente consegui pôr algum juízo nessa sua cabeça!

Foi a vez dele revirar os olhos.

― O que foi? Não acreditou na minha palavra?

― Não tenho culpa se você é mais teimoso que uma mula.

Minho estalou a língua, insatisfeito. 

― Mas que droga, Camille, vai ficar repetindo isso o tempo todo? ― disse, tirando os braços que envolviam sua cintura.

Uma risada gostosa escapou dos lábios da garota perante a atitude infantil do namorado. Segurou seu rosto entre as mãos.

― Estou brincando, não fique bravo ― pediu, ainda com o canto dos lábios erguidos. Minho emitiu um barulho como “tsc” antes de responder.

― Tá, que seja.

― E então, como foi? Por favor, me diga que não ameaçou bater nele.

Ele a encarou, a diversão nos olhos.

― Você me conhece, sabe como sou pacífico.

― Minho!

― Quê? Ameaçar não é fazer, ele teve sorte.

― De qualquer forma ― balançou a cabeça, voltando ao que realmente a interessava ―, vocês se resolveram?

― Se te deixa feliz, vamos supor que sim.

Camille estreitou os olhos, sabia que não seria assim tão fácil, mas era um ótimo começo.

― Tudo bem, eu aceito isso… Por enquanto ― avisou.

Ele deu de ombros.

― Espero que esteja satisfeita, mas agora quero o que me prometeu.

Ela ergueu uma de suas sobrancelhas.

― Não me lembro de ter feito promessas.

― Vou refrescar sua memória ― respondeu, não dando espaço para Camille pensar antes de tomar seus lábios num beijo voraz. Não se opôs, ainda segurando seu rosto com uma das mãos. Em meio a toda aquela situação, sentir o gosto um do outro era gratificante. 

Minho a apanhou pelos quadris, posicionando-a melhor em seu colo, mas ela jogou o peso do próprio corpo para frente, resultando com que ele deitasse de costas no chão. A garota ergueu o rosto após alguns segundos, seus fios de cabelo fazendo cócegas na bochecha do asiático. Ele passou a língua entre os lábios.

― E agora, já está se lembrando? 

Camille fez sua melhor cara de desentendida, sentia-se travessa.

― Não sei do que está falando, acho que preciso de mais alguma ajuda com isso.

O garoto ergueu o canto dos lábios, exibindo seu sorrisinho costumeiro.

― Tenho de te ensinar a se comportar, trolha?

― Eu sempre me comporto ― rebateu, usando da mesma resposta que ele no dia anterior, e aproximou-se para mais um beijo.

Infelizmente, para tristeza dos dois, o momento de distração não durou muito; o barulho de resmungos e bocejos indicando o despertar dos outros clareanos. Ambos se afastaram e Minho deixou a cabeça tombar no chão. Suspirou, irritado.

― Parece que o recreio acabou.

Camille se sentou, apoiando-se nos próprios tornozelos e observou os amigos erguendo-se no interior da tenda. 

― Melhor irmos logo.

  ***

Partiram com o pôr do Sol, assim que todos arrumaram os poucos pertences que ainda mantinham. A maior parte da caminhada foi silenciosa, iluminados pelas incontáveis estrelas que cobriam o céu e o clima, muito melhor que durante o dia, tornava todo o esforço mais válido. 

Apesar da quietude, vez ou outra murmúrios de conversas eram ouvidos, mas logo dispersos pelos sons da brisa noturna. Camille observou Thomas e Brenda andando lado a lado em silêncio, ele parecia tentado a falar com ela desde que voltara do Berg.

― Hm, o que disse? ― questionou, voltando sua atenção a Newt, que há alguns minutos caminhava a seu lado.

O britânico bufou.

― Ao menos finja que está prestando atenção, trolha.

Ela sorriu, num silencioso pedido de desculpas.

― Estava distraída, é só. O que foi?

― Nada demais ― deu de ombros. ― Queria saber se está bem. Sabe, com a afirmação do Tommie sobre os experimentos e tudo o mais.

― Claro ― mentiu, forçando sua voz a soar naturalmente ―, quer dizer, não é como se eu já não esperasse isso daqueles malucos. 

A quem eu quero enganar, afinal? Estou apavorada. 

― Certo ― ele murmurou, não acreditando muito em suas palavras. ― De qualquer forma, estamos aqui por você.

Camille voltou a olhar para frente, consciente de sua sinceridade.

― Obrigada, trolho.

― Não por isso, Cammie ― disse, enfiando as mãos nos bolsos. ― Aliás, eu te diria que seu plano de salvar minha amizade está funcionando, mas aquele mertilento já deve ter feito as honras.

Ela sorriu, ainda prestando atenção no caminho.

― E você ainda tinha dúvidas sobre meus planos? Tantas coisas estúpidas seriam evitadas com uma boa conversa.

― Oh, eu me lembro de sua boa conversa com a nova amiga do Tommie, a melhor parte do diálogo foi quando rolaram pelo chão.

Camille lhe enviou uma carranca.

― Não me culpe se estou andando demais com vocês.

― Você bem que estava precisando de nós para completar sua vida.

Ela bufou.

― É claro que estava ― a ironia era clara, mas o sorriso ainda teimava em aparecer no seu rosto.

[…]

― Terra para Thomas ― Camille apareceu após outra longa hora de silêncio entre os clareanos, balançando a mão à frente de seu rosto e o fazendo voltar à realidade. Ele piscou.

― Ah, oi Cammie. O que foi?

― Só queria saber como vai meu sobrevivente preferido.

Thomas sorriu, girando o ombro recém tratado.

― Aparentemente, novinho em folha. Dói um pouco as vezes, mas deve ser parte da recuperação.

Ela assentiu, satisfeita.

― Fico feliz, é realmente bom te ter de volta.

― Mas e então, se divertiram durante a minha ausência?

Camille riu de nervoso, lembrando-se de todos os acontecimentos recentes.

― Coloca diversão nisso.

Ele a encarou com a sobrancelha erguida, questionando-a silenciosamente.

― Bom, é uma longa história, não vai querer saber.

Thomas deu de ombros casualmente.

― Temos a noite toda pela frente.

Camille olhou ao redor percebendo que ninguém prestava muita atenção neles, todos estavam muito ocupados com seus próprios murmúrios ou no longo caminho que ainda tinham a percorrer. Suspirou, preparando uma versão resumida dos fatos.

... 

Thomas assobiou.

― Uau.

― É, uau.

― Me lembre de nunca mais deixar vocês sozinhos. 

― Nem me fale, Tommie ― concordou. ― Finalmente as coisas estão voltando aos eixos.

― Isso me surpreende, levando em conta o cabeção teimoso que é seu namorado. 

― Não deixe ele ouvir você dizendo isso.

O garoto emitiu uma risadinha.

― Não vou.

― Falando em namorados… ― iniciou, querendo mais que nunca matar sua curiosidade. ― Você e Brenda estão se dando muito bem, não é?

Thomas a olhou pelo canto dos olhos.

― Somos amigos. Você sabe.

― Oh, certo, Teresa.

― É.

― Desculpe, só achei que estavam próximos. 

Um longo momento de silêncio se seguiu.

― Ela tentou me beijar ― declarou, quando já estavam ficando desconfortáveis.

Camille deixou que seu queixo caísse, olhando-o incrédulo.

― Ela o quê?

― Shh, fale baixo, trolha! ― olhou ao redor, vendo que algumas cabeças se viraram em sua direção.

― O que você fez? ― perguntou, voltando a falar baixinho.

― Eu… a rejeitei. 

Ela olhou para frente, ambas as sobrancelhas erguidas.

― Bem, uau.

― Ela pareceu magoada no início...

― Não me admira, não é? 

― Eu só não podia… Não agora. Não com toda a coisa de Teresa.

― Tudo bem, não estou julgando nem nada ― explicou-se. ― Deveria conversar com ela, manter a amizade ou sei lá. Ela ficou preocupada com você, sabe, depois do tiro.

― Eu sei, estou pensando em uma forma de falar sem parecer um idiota. Ela é uma boa pessoa.

― É o que parece ― admitiu, lembrando-se dos pequenos momentos em que tiveram a chance de conversar. ― É bom ter outra garota por aqui.

Thomas balançou a cabeça, talvez Brenda de fato tenha vindo para ficar. Um minuto se passou sem que trocassem nenhuma palavra, ouvindo apenas o som dos calçados contra a terra.

― Me pergunto onde será que ela está ― comentou, fazendo Thomas olhá-la interrogativamente. ― Digo, Teresa.

―Ah ― desviou o olhar, por um momento pareceu perturbado com algo. ― Eu não sei.

Camille franziu o cenho.

― Tem algo te incomodando?

Ele voltou-se para ela, claramente forçando um sorriso.

― Estou preocupado, é só.

O encarou por um tempo, não acreditando realmente naquilo, mas deixaria suas perguntas para depois. Afinal, a caminhada sob aquele mar de estrelas ainda estava longe de acabar.

.

.

.

.

.

Camille não soube descrever seus sentimentos quando ela finalmente apareceu, acompanhada com quem um dia chamou de amigas. Num minuto caminhavam, já exaustos pela longa jornada desde o anoitecer, e no outro, com os primeiros raios de Sol iluminando o deserto, estavam cercados. Rostos conhecidos, ex-companheiras, cerca de 20 garotas da clareira, todas rodeando-os, carregando semblantes que até então ela não conhecia. Todas apontando armas para eles. E no centro, com a expressão mais fria que poderia demonstrar, estava Teresa, pronta para massacrá-los.


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Notas finais do capítulo

Para quem leu os livros, sabe bem o motivo do Thomas parecer "perturbado", as vezes coloco coisas assim sem dar muitas explicações, mas qualquer dúvida (para aqueles que só viram os filmes ou não se lembram da parte no livro) me perguntem nos comentários que responderei com prazer.
Enfim, obrigada por lerem e até a próxima!
Comentem ❤



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