My Little Runner escrita por Angie


Capítulo 23
Especial de aniversário!


Notas iniciais do capítulo

Hello ❤
Adivinhem que dia é hoje ���
Neste belo dia 19 de fevereiro completamos um ano! Quero dizer, a fic completa, mas nós também! Afinal, um ano se passou, um ano desde que vocês me acompanham e que eu morro de amores pelos seus comentários, recomendações, e até aos lindos e "tímidos" leitores fantasminhas. Obrigada por fazerem parte da minha vida, obrigada por me incentivarem a sempre postar e desculpem-me por qualquer coisa, inclusive pela demora em atualizar... Rsrs'
Enfim, espero que gostem, amo a cada um de vocês ❤



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Lá estavam os clareanos, todos sentados no fundo de um dos prédios para o qual os dois cranks haviam os levado. Jorge e Brenda os guiaram até lá rapidamente, adentrando em uma passagem subterrânea pelo lado externo da construção, logo em seguida distribuíram latas de alimento em uma quantidade mais que suficiente para se fartarem e abarrotarem novas mochilas, repertório dos cranks, para viagem.

Aquela foi a mais excelente refeição de suas vidas. Tudo bem, não era a melhor comida do mundo, tinham que admitir, mas era isso, morrer de fome ou se tornar um crank canibal. As últimas opções talvez não fossem das melhores.

Agora, na entrada do prédio, largada contra a parede, Camille olhava para sua lata cheia até a metade enquanto batucava nela com a coler, provocando um suave tilintar. Comera uma inteira e mais parte daquela, enquanto os outros devoravam mais do que conseguiam. Ela se forçara a comer, sabia que teria se arrependido depois caso não o fizesse, entretanto se engolisse qualquer coisa colocaria para fora. Há dez minutos teria enfrentado outra tempestade para poder comer algo, mas agora que o fazia tudo embrulhava em seu estômago.

—Sabe que deveria comer mais. –Minho disse de algum ponto acima, criando uma sombra sobre a garota, mas ela não tirou sua atenção do metal que batucava.

—Sei. –Concordou num murmúrio.

Minho suspirou, sentando-se de frente para ela. Camille juntou as pernas e abraçou os próprios joelhos, sem encará-lo.

—O que é que há Cammie?

—Não consigo comer, nem que tente. Meu estômago está dando voltas.

—Não é isso que quero saber.

Pela primeira vez Camille ergueu os olhos, sabendo que assim que o fizesse iria expor todas as suas emoções. Minho balançou a cabeça, ainda grudado em seu olhar.

—Às vezes é impossível te decifrar, sabia? Esses seus olhos azuis que me agarram... Não como um céu tranquilizador, mas um oceano de águas escuras e turbulentas. Cada vez que penso estar estável, percebo que ainda não sei nadar nele.

—Talvez eu tenha medo de deixá-lo nadar. –Retrucou.

—Depois de tudo, do que mais teria medo? –Ergueu as sobrancelhas, ponderando.

—Vulnerabilidade.

Minho comprimiu os lábios antes de responder.

 —Bem, possivelmente posso tê-la tratado assim.

—Possivelmente? –Foi a vez dela erguer as sobrancelhas.

—Olha, não me entenda mal, sabe que eu não suportaria que algo lhe acontecesse.

—Esse é o ponto Minho, já aconteceu! Olhe à nossa volta; o labirinto, o deserto, as mortes. Você não pode evitar! Também quero me sentir acreditada, não preciso ser uma bonequinha frágil. Bom, quem sabe eu pareça mesmo ser, mas esse não é o...

—Tudo bem, cale a boca trolha. –Ele resmungou, escorando os cotovelos nas pernas. –Eu entendi, já sei disso.

Ela respirou fundo.

—Minho, o que quero dizer é que...

—Não precisa me explicar que sabe se defender, pois sei que sabe. Nem que não é de vidro, já percebi. Mas não é uma trolha qualquer, é a minha trolha, e mesmo que não esteja de acordo com isso, ainda vou cuidar de você.

Camille trocou de posição, ajoelhando-se e apoiando suas mãos nos ombros do garoto. Estava a centímetros de distância, mais uma vez o encarando no fundo dos olhos, porém nessa ocasião desejando ardentemente que ele a entendesse.

—Mesmo que me conheça, com todo esse meu coração mole de mértila, acredite, até as rosas com pétalas mais frágeis carregam espinhos. –Disse, e então deu de ombros. –Eu sei, é uma frase brega, acho que já me disseram uma vez.

 Ele não pôde resistir ao sorrir, segurando-a pela cintura.

—Brega demais, Cammie.

Ela o abraçou, libertando o ar devagar na curvatura de seu pescoço.

—Minho, eu também posso te proteger. –Balbuciou.

—Não me fale essas mértilas Camille. –Responder sem soltá-la. –Como se eu já não soubesse disso.

O clima finalmente se aliviou entre os dois, mas, como sempre, nada poderia estar suficientemente bom.

—...Sem contar que nada ficaria... – Um estrondo interrompeu Camille de terminar sua fala, a explosão partiu do saguão de entrada, provocando um tumulto de vozes entre os clareanos. Todas elas abafadas por uma grande camada de poeira que irrompeu com força pelo local.

Quando se deu conta já estava correndo junto dos outros. Foi como se algo estivesse desmoronando, o chão cimentado começava a se partir enquanto as vigas metálicas do teto se torciam. Uma delas quase caiu sobre eles, fazendo-os sair tropeçando nos próprios pés.   

—Aqui! –Jorge berrou, surgindo do nada. Ele apontava para as escadas do outro lado do recinto.

—Vamos, sigam-no! –Newt disse de um ponto à sua esquerda, já indo em direção ao primeiro degrau.

Camille e os outros fizeram o mesmo, saltando-os de dois em dois. Ela agarrou um clareano pela camisa ao chegar ao topo, antes que o garoto caísse. Ele nem teve tempo de agradecê-la; isso aconteceu no exato momento em que parte do teto desabou, chocando-se contra o solo e provocando mais uma nuvem de poeira.

—Vamos! –Gritou acima do barulho, correndo atrás dos outros por um corredor desprovido de iluminação.

...

Depois de muito virar os corredores às cegas, guiados apenas pela voz de Jorge, ele finalmente ordena que parem ao adentrar numa espécie de sala. Camille foi uma das últimas a entrar, devido ao atraso anterior. Instantaneamente levou as mãos ao rosto, cobrindo-o da repentina luz.

Piscou algumas vezes para se acostumar à nova claridade, não demorou a perceber as coisas ao redor. A luz provinha de uma abertura na parede do prédio, a sala estava revirada de cabeça pra baixo. Papéis espalhados pelo chão, uma cadeira estofada sobre uma mesa cujos apoios não pareciam tão estáveis. Havia também cacos de vidro, possivelmente resquícios de uma antiga lâmpada, e mais algumas tralhas insignificantes.

Camille deixou que sua nova mochila escorregasse de seus ombros, tombando no chão, logo após ela própria também se sentou. Alguns garotos levantaram um sofá velho e se esparramaram no encosto.

—Beleza, todo mundo está legal? –Minho perguntou observando a sala.

—Me parece que sim. –Newt varreu os olhos pelos amigos, avaliando. –Espera, cadê o Thomas?

Só então Minho se virou para olhá-los. Todos ficaram inquietos, cochichando um entre os outros.

—Mas que maldita sorte Tommie. –Caçarola disse e então murmurou um xingamento. –Não me digam que aquele trolho ficou pra trás!

—Brenda também não está aqui. –Jorge anunciou de cenho franzido. –Droga... Não se preocupem, ela provavelmente deve tê-lo levado para o subsolo. Devem nos encontrar do outro lado.

—E o que tem lá em baixo, nesse seu subsolo? –Alguém perguntou.

—São túneis subterrâneos. Dão para os prédios em toda a cidade, mas nunca exploramos tudo... Bom, basicamente, lá tem cranks. Não legais e adoráveis como nós, cranks mesmo.

Camille engoliu em seco.

—Achei que disse para não nos preocuparmos...

—E quem garante que podemos confiar naquela crank maluca? –Minho contestou de braços cruzados. –E se ela resolver se juntar aos mortos-vivos lá em baixo e devorar nosso amigo?

—Não seja tolo Hermano. –Jorge respondeu calmamente.

—Talvez ele esteja certo, damos a volta e os encontramos. –Newt ponderou coçando o queixo.

—E fazer exatamente o que querem! Ele pode estar nos levando diretamente ao encontro dos amiguinhos alucinados. Há meia hora queria arrancar meus dedos.

—Foi tudo combinado, muchacho. –Jorge sorriu, incrivelmente bem-humorado, talvez efeito do fulgor. –Eu e aquele seu amigo, o Tommie, ele me contou da cura que os espera e também estou interessado nela. Tínhamos esse interesse em comum, então formamos um acordo. Os levo em segurança e me livram do vírus.

—Como saberemos que não está mentindo? –Caçarola perguntou enrolando um fio no emaranhado de sua barba.

—Não saberão. Apenas confiem em mim.

Minho suspirou pesadamente.

  —Odeio admitir, mas o coroa está certo. –Disse para espanto de todos. –Se ele nos quisesse mortos, não teria nos trago apenas com aquela garota... –Esperou um minuto numa reflexão interna antes de finalmente concluir. –Ta legal, você nos guia.

Jorge sorriu, satisfeito.

—Nem se anime, isso não quer dizer que gosto de você. Tampouco confio. –Completou, fazendo o crank dar de ombros.

Camille voltou a olhar para o chão, assim como para os papéis espalhados por ele. Segurou alguns entre as mãos, pareciam ser boletos de compra e documentos antigos.

—De onde vem tudo isso? –Perguntou a Jorge.

Ele a olhou de relance, como se através dela.

—Essa já foi uma grande metrópole garotinha.

—Camille.

—Tanto faz. Continuando, tudo aqui era bem movimentado. É comum encontrar documentos de velhas empresas espalhados pelos prédios.

Ela assentiu devagar. Por um mísero instante conseguiu visualizar aquele local cheio de pernas e conversas, tudo como numa filmagem distante.

—O fulgor foi tão terrível a ponto de devastar cidades inteiras...

—O fulgor ainda é terrível, minha cara. –Ele rapidamente a corrigiu, com uma leve amargura na voz. –Cada dia mais alguém é contaminado no mundo, e então são jogados em lugares abandonados como esse, tratando-os como ratos de rua.

A essa altura todos estavam calados, apenas escutando-o.

—Os Governos do mundo se uniram em busca da Cura, formando o Cruel de que tanto odeiam. Eles acreditam mesmo nessa baboseira de salvar a humanidade, um bando de tolos, eu diria.

—Achei que fosse nos ajudar a fim de conseguir a cura. –Newt franziu o cenho. –Se não acredita mela, por que ainda está aqui?

—É diferente, muchacho. Existe uma espécie de antídoto que retarda todos os sintomas. Eventualmente, só os ricos podem pagar por ela. Mas uma hora ou outra tudo volta e você vai caindo à loucura novamente.

—Isso significa um ciclo vicioso? –Camille indagou, pensando nas possibilidades. –Quer dizer, se os efeitos passarem, eles vão querer mais desse tal antídoto imediatamente.

—Muitas perguntas. –Jorge resmungou movimentando as mãos. –Apenas saibam que o Cruel já tentou de muita coisa, muitos testes falhos. Pelo que seu amigo me contou, deduzi que vocês são mais um desses experimentos. Quem sabe dessa vez consigam mesmo alguma coisa. –Ele sorriu de forma estranha. –Quero estar lá para ver.

Todos refletiram em silêncio, mas logo voltaram a conversar entre si.

—E o que faz por aqui nas horas livres?

—Além de comer cérebros? –Jorge arqueou uma sobrancelha. –Costumo vir aqui observar os outros prédios.

—É uma bela vista, ham? –Camille comentou, se virando para observar. Só então notou que Newt e Minho se equilibravam na abertura da parede.

—O que estão fazendo? –Se levantou instantaneamente. –Estamos no terceiro andar, saiam já daí!

A abertura na parede era grande, como se algo, ou alguém, houvesse derrubado boa parte dela.

—Relaxa Cammie, não subiríamos aqui se fossemos cair.

—Não quero saber, saiam logo!

—Por que não vem aqui também? –Newt perguntou. –Ao menos poderemos observar a cidade.

—Não, obrigada. Estou muito bem aqui.

Minho estreitou os olhos antes de seus olhos se iluminarem e ele sorrir com divertimento.

—Não vai me dizer que tem medo de altura.

Camille ficou rubra.

—Apenas saia daí. Agora. –Ela falou num tom que não permitia discussões.

—Ta legal, você que manda! –Ele desceu, levantando as mãos em sinal de paz.

—Olha só, meu amigo já foi domado pela fera. –Newt comentou, provocando risos.

—Desça logo daí antes que eu chute seu traseiro. –Minho resmungou.

[...]

A cidade parecia deserta, mesmo ainda sendo dia. Camille não sabia se ficava aliviada ou apavorada. Todos os prédios possuíam aquela mesma situação depravada, como se a qualquer momento fossem cair, mas ao mesmo tempo mais que fortificados naquela posição. Hora ou outra avistavam alguns deitados de lado, com metade de seus andares enterrados na areia. Eles pareciam nunca ter fim, com aquela coloração cinza monótona. Tudo que outrora fora colorido ficaria guardado apenas em uma vaga memória.

Tiveram de subir algumas elevações casualmente, estas provocadas pela areia que se acumulava nos cantos. Alguns dos clareanos escorregavam nelas, fazendo-os perder um tempo valioso. O vapor do Sol queimava suas peles à medida que caminhavam. Finalmente entraram em algum lugar coberto, uma espécie de galpão abandonado. O chão era perfeitamente bem cimentado, sem nenhuma rachadura; o teto era sustentado por enormes vigas de metal, que rodeavam todo o recinto. Parecia ser uma das únicas coisas que não se quebrara em todo aquele universo aterrorizante.

—Beleza, vamos descansar. –A voz de Minho ecoou naquele local, forte e autoritária. –Tratem de dormir trolhos.

Dito isso fez um sinal com a cabeça para Jorge o acompanhar, ambos se puseram a andar para longe, absortos em uma conversa particular. Camille os observou partir silenciosamente.

—Devem estar resolvendo as diferenças. –Uma voz a tirou de seus devaneios. Ela balançou a cabeça e se virou pra ver de quem se tratava. Newt estava empoleirado no chão, com as duas mãos nos bolsos da calça.

—É, provavelmente se trata disso. –Ela suspirou. –Ah trolho, por que tudo aqui tem que ser tão complicado?

Newt arqueou as sobrancelhas e sorriu.

—Pare de ser tão reclamona trolha. Ande, senta aqui. –Camille revirou os olhos e sentou-se ao lado do amigo. –Diga-me o que tanto te afliges, pobre alma sofredora.

—Ah Newt, cala essa boca. –Ela riu. –Talvez eu esteja sendo um pouco dramática mesmo... Mas afinal, nada nunca está suficientemente ruim, não é mesmo?

—Não há nada que possamos fazer quanto a isso. Já aceitei que tudo vai sempre continuar dessa maneira. Quem sabe, talvez um dia encontremos um lugar seguro e viveremos ao máximo!

Camille pensou um pouco e estendeu o dedo mindinho para ele, que ficou sem entender.

—Pela promessa de um lugar seguro?

—Se espera que eu aperte seu dedinho com o meu; nunca farei isso.

—Qual é! Deixa de ser tão sem graça... Vamos, vamos!

Newt ainda relutou, olhando para os dois lados, assegurando-se de que ninguém veria aquilo.

—Já te disseram o quanto é irritante? –Mas mesmo com essa fala, o garoto teve de sorrir e entrelaçar seu dedinho com o dela. –Pela promessa de um lugar... Melhor.

—Esse é o espírito! –Ela comentou com um largo sorriso ao se soltarem.

Ao redor deles, todos os outros garotos já se encolhiam no chão na esperança de dormir ao menos uma hora antes de mais uma dura caminhada. Camille apoiou-se nos braços, com um sorriso suspeito no rosto.

—Que sorriso idiota é esse?

—Nada não, só estou pensando.

—Aposto que são seus sonhos eróticos com o Minho.

Camille quase teve um engasgo, seu rosto ficou quente.

—Meus o que?!

Newt sufocou uma gargalhada.

—Aquele trolho faz essa mesma cara de mértila quando pensa em você.

—Pare de ser bobo, não é nisso que estou pensando agora!

—Quer dizer que em outros momentos pensa?

—Não! –Ela quase berrou, ficou tentando se justificar, remexendo as mãos freneticamente enquanto o garoto ria.  

—Relaxa trolha, estou brincando.

Ela respirou fundo, se acalmando.

—Mais uma gracinha e eu quebro sua cara... Aliás, estava pensando em outra coisa. –Voltou a sorrir. –Preciso te arranjar uma namorada.

Foi a vez de Newt se engasgar.

—Como é?

—É, você vai se dar bem, espere só até encontrarmos o grupo B! –Ela sorriu abertamente, numa animação quase infantil.

—Ta brincando? Preciso te lembrar de que elas querem nos matar?

Camille coçou a cabeça, pensando.

—Sem contar que eu não vou namorar nenhum desses trolhos aqui, eles não são bons o suficiente para mim. –Comentou num tom brincalhão, já entrando no jogo da amiga.

—Ah, mas a gente da um jeitinho! –Ela sorriu.

Ambos ficaram em um momento de silêncio, observando Minho e Jorge ao longe.

—Acha que devemos ir lá?

—Você só vai descansar quando souber do que estão falando, certo?

—Talvez... –Ela admitiu com um sorriso amarelo. –Vamos.

Levantou-se, sem esperar o garoto, e saiu em disparada.

—Ei, espe...

Mesmo com a perna defeituosa, correu atrás dela, que parou abruptamente fazendo-o tropeçar nos próprios pés, quase caindo sobre a garota. Felizmente, ela conseguiu agarrá-lo antes que tombasse.

—Não corra desse jeito trolha. –Resmungou. Camille ainda o segurava, e se virou para olhar em seu rosto. O que quer que viera-lhe a mente para falar morreu em sua garganta.

Estavam perto. Perto demais.

—Desculpe. –Murmurou, soltando a camisa dele. –Ahn, eu...

E então a coisa mais inesperada aconteceu. Mais do que uma tempestade de raios ou uma explosão num prédio. Algo que ela nunca pensara que sentiria. Newt, ao invés de soltá-la, curvou-se e tocou-lhe os lábios.

Durou apenas alguns segundos. Camille estava surpresa demais para fazer qualquer coisa. Depois desse mísero espaço de tempo, voltou à Terra, afastando-o abruptamente.  Os dois estavam de olhos arregalados, nem o garoto parecia entender o porquê de ter feito aquilo.

—Camille, eu não...

—Olha só hermano, por isso eu não esperava.

Ambos, Newt e Camille viraram-se para encarar um Jorge de sobrancelhas arqueadas. Mas não era para ele que a garota olhava.

—Antes que tome alguma conclusão precipitada. Foi um acidente. –Newt tratou de explicar, mas Camille sabia muito bem que não fora bem isso que acontecera.

Fale alguma coisa. Qualquer coisa... Pensou, mas nada lhe vinha à mente. Newt simplesmente a beijara e agora Minho os encarava. Eles poderiam esperar qualquer outra reação do asiático, mas ele simplesmente não demonstrava nenhum sentimento no olhar. Nenhuma brecha, nenhum resquício.

 —Ela não era a sua namorada ou coisa assim? –Jorge continuou a perguntar, e Camille desejou internamente que ele calasse a boca, quis gritar.

—É. –Ele finalmente respondeu, sem parar de olhá-la nos olhos. –É, ela era.

Dito isso atravessou no meio dos dois, andando sem olhar para trás. Newt olhou para ela, depois para Jorge.

—Vou atrás dele, explicar tudo.

Jorge também saiu depois de um tempo, deixando Camille olhando para o nada. Ela escorregou aos poucos, tombando no chão. Tudo ao seu redor parecia esquentar mais, o calor do Sol deixando o ar insuportável. Mas, dentro dela, naquele momento, nada poderia estar mais frio. Frio e desbotado.


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Notas finais do capítulo

Tudo bem, talvez para um "especial de aniversário" as coisas tenham saído um pouco do controle, certo...
Odeio ter de admitir, mas dessa vez acho que não vai ser tão rápido para voltarem a ser como antes. Oh-oh.
Desculpem-me qualquer erro, não tive tempo de dar uma boa revisada, estarei viajando amanhã. Mas pode deixar que tento responder todos os comentários!
Me digam o que pensam ❤ Fãs de Camille X Minho, assassinar a autora é crime, não façam isso, hihi!