My Little Runner escrita por Angie


Capítulo 12
Ela se foi. Ou quase isso.


Notas iniciais do capítulo

Genteeeee... MÁ NOTÍCIA:
Meu pc ainda não foi concertado, por que o problema pode ser mais grave e talvez tenhamos que trocar o CPU. Até lá... tablet nosso de cada dia! E olha que o tablet é de minha irmã e.e ( eu uso mais que ela ).
1- Eu tive todo o trabalho de digitar o capítulo em um programa de documentos do tablet, até a parte que eu já tinha no pen drive tive que fazer novamente. Então leitores fantasminhas, tenham a consideração de comentar u.u
2- Não sou muito boa com cenas de ação, prefiro descrever um drama (sou muito dramática), então espero que o começo tenha ficado bom, pelo menos eu gostei.
Leitores novos, bem vindos! Leitores antigos, amo vocês!
Enfim, boa leitura nenéns.



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Os verdugos abaixaram as pinças, como se precisassem fazer aquilo para localizar a "presa". Por alguns segundos ficaram ali parados, do mesmo modo como Minho e Thomas viram antes, parecendo desativados.

Ninguém ousou mexer um músculo sequer; os verdugos costumavam captar movimentos; porém logicamente os clareanos mantiveram maior distância possível.

15 segundos. 20 segundos. 35. 50. 1 minuto se passou.

Todos prenderam a respiração quando dois besouros mecânicos passaram correndo.

Por um mísero segundo acharam que as criaturas haviam mesmo se desativado. Uma pura e doce ilusão. Foi quando, de forma totalmente inesperada, um dos besouros surgiu do lado de Camille e a iluminou com sua "lanterna" vermelha, e logo uma espécie de sirene começou a ser ouvida, vinda do besouro. A luz vermelha piscando sem parar.

Camille colocou o braço a frente do rosto, protegendo-se da luz, mas pôde ver claramente quando os verdugos se ativaram e voltaram-se para o novo "pisca-pisca" humano.

—Ah, que maravilha. — Ela murmurou, o sarcasmo quase se materializando ao seu lado.

—Pare de resmungar e corre! —Newt gritou de um ponto à sua direita.

Ela não pensou duas vezes e se pôs a correr, os verdugos rolaram atrás dela; mas não de um jeito lento, pelo contrário, estavam mais rápidos do que nunca. Eles soltavam grasnados e rangidos mecânicos, saboreando a futura presa. Logo o pânico tomou conta dos clareanos e a maioria já corria e gritava.

O besouro "piscante" também correu atrás dela, como se indicasse e falasse aos verdugos: "Ei, aqui tem uma linda garotinha que adoraria ser morta".

Ao longe Minho, Newt e Thomas vinham correndo, a compreensão pesando dentro deles.

—Estão indo atrás dela! Por que apenas ela? — Minho gritou sem parar de correr.

—Eu não sei. Isso nunca aconteceu!— Newt respondeu.

—Temos que impedir essas coisas!— Thomas berrou a plenos pulmões. — Mais rápido!

Enquanto corriam para alcançá-los os verdugos pareciam pouco se importar com eles. Derrubaram um tronco que quase esmagou Camille, mas ela não parou de correr. Dobrou a esquina de uma das construções da fazenda, dando de cara com outro verdugo. Ela tentou parar e escorregou, quase teve um ataque do coração quando ele levantou suas pinças para atacá-la. Rolou para o lado no exato momento em que o monstro fincou suas pinças no chão de terra; não atingindo o braço dela por pouco, porém um filete de sangue escorria por ele. Continuou correndo.

Alguns clareanos arranjaram lugares para se esconder, outros ainda estavam desnorteados pela fazenda.

Um terceiro verdugo surgiu do nada, destruindo uma construção à sua frente. Madeira, tijolos, concreto e estilhaços de vidro foram lançados em todas as direções. Um deles acabou assustando o besouro mecânico, fazendo o mesmo correr para longe.

Ótimo, menos um. Ela pensou.

—Cammie, cuidado! —Thomas gritou. Atrás dela um verdugo se preparava para atacar.

Camille girou o corpo para o lado, resultando em mais uma construção destruída. Dessa vez uma tábua de madeira enorme caíra em cima de sua perna. Ela empurrou e se livrou da tábua no momento em que o verdugo atacou.

Fechou os olhos esperando pela dor, mas não foi isso que aconteceu. Ela sentiu um braço forte envolvendo sua cintura e a carregando enquanto o mesmo corria. Abriu os olhos e viu metade do corpo de seu salvador, mas antes mesmo de abri-los soube que era Minho. Conseguiu se recompor e correr por si mesma, porém o garoto ainda agarrava a mão dela com força.

—O que você fez para irritar essas coisas? —Minho gritou.

—Como eu vou saber? —Camille respondeu irritada.

A perna dela doía, mas Camille não parou. Minho ficava um metro a frente dela, dando-a um bom vislumbre de suas costas. A parte de trás da camisa dele estava rasgada. Sangue manchando as pontas. Ao salvá-la, o asiático recebeu um rasgo nas costas, provavelmente causado por uma das pinças.

Um dos verdugos apareceu à sua frente e se surpreenderam quando Newt surgiu do nada, chamando a atenção e atiçando o verdugo. Camille percebeu que Thomas fazia o mesmo com outro.

O terceiro deles os alcançou, urrou de uma forma animal e mecânica. Camille não teve tempo de pensar em nada antes de sentir um forte empurrão que a fez cair rolando ao longe. Demorou uns três segundos para perceber que Minho a empurrara, e apenas um para entender o que ele pretendia fazer. Assim como os outros, chamava a atenção dos verdugos.

Ainda no chão, com os cotovelos agora ralados, ela pôde perceber o que acontecia à sua volta. Várias construções destruídas, os pedaços de vidro; concreto e madeira espalhados pela grama seca. O céu cinzento pareceu pairar ainda mais sob o ar. Tudo parecia mais morto para Camille.

Newt fora lançado ao chão por um dos verdugos; Thomas estava machucado e Minho sangrava; o rasgo nas costas queimando com a ardência.

Eles querem a mim. Não levarão mais ninguém hoje, somente a mim. Ela pensou. Não sabia o porquê, mas tinha certeza disso. O terror tomou conta dela quando percebeu. Eles só precisam disso, mas nunca hesitarão em matar quem se meter em seu caminho.

—Ei! Eu estou aqui! É isso que vocês querem, não é? Então tentem me pegar! —Camille gritou, nem pensando direito no que fazia. Mas ninguém se machucaria por causa dela. Disso tinha certeza.

—O que pensa que está fazendo? —Ouviu Minho gritar.

—Salvando a pele de vocês. —Ela gritou de volta.

As coisas aconteceram tão rápido que ela nem percebeu ao certo o momento em que os verdugos a alcançaram. Um deles estava à sua frente, ela se virou e viu os outros dois, um de cada lado.

Maravilha. Ela pensou com sarcasmo. Faça primeiro, pense no plano depois. Você é um gênio Camille.

Ela não se mexeu, esperou os monstros avançarem primeiro e, quando o fez, se desviou para o lado, mas antes de correr um segundo atacou, fazendo-a cair rolando por conta do rápido desvio.

Por um segundo vislumbrou os amigos; Thomas ajudava Newt a se levantar, por conta da perna machucada e Minho corria em sua direção, quase a alcançando.

—Não! - Ela suplicou ao mesmo tempo em que se desviava de uma pinça. —Eles só querem me pegar.

—Como se eu desse a mínima para o que essas mértilas querem!

Ele a alcançou e então ambos começaram novamente a correr. Um dos verdugos se lançou à sua frente. Outros atrás. Estavam cercados novamente.

Mais tarde ninguém lembraria ao certo como aconteceu; ou como Minho fora parar no chão, se debatendo contra os verdugos que agora atacavam.

É minha culpa. Tudo minha culpa. Ela pensou, se culpando mesmo não sabendo o motivo exato.

—Parem! —Gritou com tanta força que estremeceu.

Como numa ordem os verdugos imediatamente pararam; rolaram para perto de Camille e a observaram, como se certificando de que era realmente ela.

—Sou eu que vocês querem? Tudo bem. Mas deixem meus amigos em paz. —Ela disse querendo soar firme, mas não pôde evitar que sua voz tremesse um pouco.

Minho ainda no chão, a olhou confuso, quase desesperado. Mas logo a confusão passou para compreensão.

—Não. Você não vai fazer isso. Não ouse fazer isso. —Ele falou, a apreensão quase palpável.

—Eu... Eu preciso Minho. —Deu dois passos involuntários para trás quando os verdugos se aproximaram devagar.

—Cammie... Por favor.

Camille o olhou nos olhos, mesmo sabendo que hesitaria na decisão que iria tomar ao fazer isso. Ela viu a súplica dele. Ele viu o medo nos olhos dela.

Então sussurrou algo quase inaudível, mas ele pôde ler seus lábios e entender perfeitamente o que diziam.

Me desculpe.

Um dos verdugos ergueu suas pinças. Dessa vez ela não fugiu. Afinal, era tudo o que eles queriam. Ela.

Imediatamente Camille sentiu a dor, como se seu corpo estivesse sendo esmagado e sufocado no meio daquela enorme massa gosmenta.

—Não, não, não, não! - Minho gritou.

De algum modo ela ainda pôde ver. Minho tentava correr. Três clareanos o seguravam enquanto ele se debatia; Camille não soube dizer quem. O ar lhe faltava; as forças se esvaiam. E, mesmo que pouco a pouco, tudo escureceu.

Apenas os gritos ecoavam em sua cabeça.

***

Tudo girava na cabeça de Camille. As poucas vezes que conseguira se mexer era ou para se contorcer em um fraco gemido de dor ou para abrir um pouco os olhos e piscar lentamente, de forma cansada.

Ela não conseguia formular pensamentos concretos. Não conseguia ficar desperta, como se algo a estivesse drogando. Não conseguia dizer o que acontecia à sua volta.

Por vezes vislumbrou, de forma desconecta e embaçada, pessoas ao seu redor. Pareciam observá-la, outros pareciam médicos, alguns apenas sorriam estranhamente e murmuravam coisas sem sentido.
Sua mente estava nublada. Camille tentava manter-se acordada, mas cada vez que fazia isso parecia que queria ceder e dormir profundamente, sabe-se Deus por quando tempo.

Parte de si, mesmo que inconscientemente, se concentrava nas poucas lembranças que passavam como um raio em sua mente. Aquela velha história de sua vida passando diante de seus olhos. No caso de Camille, apenas os fatos da clareira.

—Não chegue perto de mim! —gritou.

—Calminha aí, não vou te machucar.- Minho disse, tentando se aproximar.

...

—Eu não mordo sabia, Cammie?

—Camille.

—Ainda é Cammie pra mim.

...

—E se ela for uma espiã dos criadores? E se...

...

—E ai princesa, dormiu bem? —Minho perguntou, os braços cruzados e um sorriso irônico no rosto.

...

—Você ta levando essa de babá a sério mesmo ein. -Newt riu.

...

—Estou aqui há pouco tempo, mas já me acostumei com as loucuras. -Chuck deu de ombros.

...

—Por favor, não chore. -Minho murmurou, antes de secar-lhe as lágrimas com o polegar.

...
—Minho! Eles vão nos alcançar! —Se lembrou dos verdugos atrás deles.

Lembrou-se do beijo. O primeiro de muitos.

...

—É bom saber que eu não gosto de dividir. —Ele sorriu.

...
—Não ouse fazer isso! —Ele gritou.

Me desculpe.

Um pedido silencioso. Foi apenas isso.
"Camille..." Um sussurro distante ressoou em seus ouvidos.
"Camille." Ecos chamavam seu nome, aumentando o tom a cada vez. Até virar um grito ensurdecedor. Como agulhas perfurando sua cabeça à velocidade extrema.
"Cammie!" A voz de Minho perfurou sua mente, ultrapassando todas as outras.

Camille acordou num ímpeto até sentar. Sugando grandes lufadas de ar, os olhos totalmente arregalados.

Onde eu estou? O que está acontecendo? Pensou exaltada.

Fechou os olhos, inspirou e expirou devagar e organizou seus pensamentos. Voltou a abri-los e observou melhor a si mesma e as coisas ao seu redor.

Sua cabeça doía, as pernas também; o tornozelo e o braço enfaixados tão perfeitamente que até Clint ficaria com inveja. Ela percebeu que não usava mais as roupas antigas da clareira, e sim um daqueles moletons azul-claros de algodão normalmente usados em hospitais.

—Por favor, alguém me diga que eu não morri e virei um espírito. -Ela murmurou. —Porque isso seria uma mértila.

Levantou-se devagar, sentindo uma pontada de dor no tornozelo.

—Não se esforce, você ainda não morreu. —Uma voz vinda do outro lado do quarto quase fez Camille ter um ataque do coração.

Ela se virou, rápida como um raio, e encarou a dona da voz. Era uma bela mulher. Alta e magra; os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo apertado sem nem um fio fora do lugar. A feição séria, porém branda e calma, até... um pouco amigável. Trajava um conjunto de roupas sociais, a calça e blazer preto por sobre uma camisa feminina bege. Os saltos finos e médios.

Estava sentada de pernas cruzadas em uma cadeira estofada, uma xícara de café ao seu lado, em uma mesinha hospitalar branca, exalava um aroma suave. Aliás, tudo ali parecia ser incrivelmente branco. O teto, com suas lâmpadas compridas enfileiradas coladas ao forro; o chão de porcelanato brilhando como se alguém houvesse passado horas esfregando-o; as paredes? Adivinhe: Branco gelo!

As únicas coisas que se destacavam ali era uma cômoda azul perto de sua cama, e o lençol amarelo canário que cobria Camille minutos atrás. De resto havia apenas alguns instrumentos médicos.

Mesmo que hesitante, caminhou e se sentou na borda da cama. Não desgrudando os olhos da moça. Nenhuma das duas falou por um tempo até Camille quebrar o silêncio, falando a última coisa que cogitariam.

—Vocês tem uma criatividade horrorosa. Deveriam colocar uma corzinha nisso aqui.

A mulher não mostrou reação, mas Camille pôde jurar que viu o resquício de um sorriso surgir.

—Vejo que ainda não perdeu o senso de humor. É bom te ver Camille, faz um pouco mais de dois anos, por mais que eu sempre tenha te vigiado.

—Quem é você? Que lugar é esse? Como vim...

—Uma pergunta de cada vez. —A moça a cortou calmamente. —Chame-me de Chanceler Paige. Você está num quarto em uma das nossas Sedes.

—Então... Vocês são os criadores que nos mandaram para a clareira?

—Sim, eu não posso negar. Mas você logo saberá mais, por hora contente-se em descansar.

—E os outros?

—Ainda estão presos, os melhores sobreviverão, isso ainda não mudou. Mas precisávamos de você viva, por isso permitimos que os verdugos a pegassem e a trouxessem para cá. Claro que houveram danos, você estava quase morta quando chegou. Precisou de tubos para respirar.

—Por quê? Por que me querem viva? Por que nos mandaram...

—Como eu disse. —A Chanceler a interrompeu, dessa vez um pouco mais rígida.- Logo você saberá mais.

Camille não questionou, sabia que não adiantaria de nada tentar contestar.

—Percebi que estava sem o seu colar.

—Como? —Camille franziu o cenho.

—Seu colar. De pedra da lua. Você sempre o carregava.

—Ele está... Com alguém especial. Como sabe tanto sobre mim? Conhecíamos-nos bem?

—Ah, sim. Conhecíamos-nos muito bem. O bastante para saber que você nunca o daria para alguém antes. Era como o seu amuleto da sorte.

—Antes? —Camille riu secamente —Antes quando? Perdoe-me a grosseria, talvez eu devesse refrescar sua memória. Vocês tiraram nossas lembranças, arrancaram nossas vidas de nós. Não me entenda mal, não importa se você acha que é certo ou não. Nunca terá o direito de dizer coisas como "antes".

A Chanceler não respondeu. No fundo, sabia que Camille estava certa. Ela não tinha direito algum. Não mais.

***

—Minho, se acalme cara! —Newt pedia, tentando conter o amigo.

—Me acalmar? Como você quer que eu me acalme seu mértila? —O asiático gritou —Pegaram a Cammie! Eu preciso...

—Precisa o quê? Ir atrás dela? —Newt balançou a cabeça e cruzou os braços.

—Exatamente. Eu vou atrás desses malditos verdugos.

—Minho, isso não tem lógica, você vai se matar. E sem contar que a Cammie pode estar...- hesitou.

—Estar o quê? Complete a frase.

Newt olhou para Thomas e Teresa, que até então estavam calados, como se buscasse ajuda, mas nenhum deles sabia o que dizer para confortar o amigo.

—E então? —Minho insistiu —O que você ia dizer? Que ela pode estar morta, é isso?

—Cara, sentimos a perda dela tanto quanto você, mas... Não podemos deixar de pensar nisso.

Minho bateu a mão na mesa da Sede com violência.

—E você acha que eu não sei? Acha que eu não estou apavorado com isso?

—Acha que ela ia querer isso? Que você ficasse exaltado desse jeito? —Teresa cortou o silêncio que havia se instalado.

Minho a olhou com raiva.

—E o que sabe sobre ela? Como pode ousar dizer que...

—Cara, ela tem razão. —Thomas o cortou. —Camille odiaria ver você desse jeito.

—Parem de falar como se ela já estivesse morta! —Gritou —E que direito vocês tem? Acham que eu me esqueci de que foram vocês que ajudaram a criar o maldito labirinto? Nenhuma mértila dessas estaria acontecendo se não fosse por isso!

Por um segundo pareceu que ele iria partir para cima deles. Mas, ao contrário, apenas abaixou a cabeça e murmurou.

—E ela ainda estaria aqui comigo.

Um silêncio instalou-se na sala. Cada um deles tentava convencer o amigo a se acalmar. Mas, mesmo sem realmente admitir, estavam tristes. Cada um de sua maneira.

—Temos que fazer uma lápide. Ela tem que ficar guardada na memória dessa clareira. —Newt disse, a voz arrastada.

Minho levantou a cabeça e, para a surpresa de alguns, não havia raiva em seu olhar. Apenas amargura e dor. Os olhos vermelhos, quase como se segurassem um choro contido.

—Mas se você não quiser nós..—Newt tentou continuar mas foi logo impedido.

—Façam o que quiserem. Sinceramente? Não me importo mais.

Dito isso ele lhes deu as costas e caminhou sem rumo pela fazenda.

***

—Por que eu? O que vai acontecer comigo? —Camille perguntou num murmúrio, olhando para os pés descalços que balançavam para lá e para cá.

Ela ainda estava sentada na ponta da cama. Os pés a alguns centímetros acima do chão.

Minho diria que isso é por que eu sou pequena. Sorriu com o pensamento. Um pequeno sorriso, triste e também sereno. Como será que ele está agora?

Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho de um pequeno instrumento metálico que a enfermeira deixou cair; apanhando logo em seguida e o descartando.

Camille observava enquanto a mulher preparava um medicamento. Era linda, com belas e acentuadas curvas, a pele negra em contraste com os seus cabelos. Curtos, na altura do pescoço; cheios e com cachos perfeitos e escuros. Virou-se e sorriu para Camille, passando confiança.

Camille encolheu os ombros, perto da mulher ela se sentia extremamente ridícula. Com seu corpo delicado e cabelos um pouco despojados.

—Hora de dormir querida.

—O que vai fazer comigo? —perguntou receosa.

A mulher se aproximou e instruiu-a a se deitar.

—Não se preocupe, será apenas uma picadinha.

Dito isso injetou algo no braço de Camille, ela estremeceu um pouco. E então, assim como a mulher disse, apagou.

***

Minho estava na floresta da clareira, as costas apoiadas em um tronco de árvore; a cabeça pendia para o lado. Os olhos vazios, não expressavam nada mas diziam tudo.

Remexia entre os dedos o cordão de Camille. Parecia ter sido feito a mão. Sorriu imaginando uma miniatura da garota, talvez ainda criança, trançando o cordão em volta da pequena pedra.

Um barulho chamou-lhe a atenção quando Newt apareceu. Sentou-se ao seu lado e observaram, sem dizer uma palavra, o brilhinho fraco que a pedra da lua provocava no meio de todo o cinza morto que a clareira se tornara.

Ficaram assim por um tempo até Newt quebrar o silêncio.

—Sinto muito.

—Eu sei que sente. —Minho murmurou com sinceridade. —Também sinto.

—Decidimos não fazer a lápide. Estávamos pensando e talvez... Talvez ela ainda esteja viva.

—Acredita mesmo nisso? —A voz do amigo soou arrastada.

—Pense, por que os verdugos viriam atrás dela e de mais ninguém? Algum motivo há nisso. Thomas disse que pelo que ele lembra não teriam motivo para pegá-la, a não ser que a quisessem viva. Então se existe essa chance, você deve acreditar.

Minho refletiu por alguns segundos antes de concordar com um aceno de cabeça.

—Se ela estiver mesmo viva vamos descobrir quando sairmos dessa mértila de lugar, e se algum desses criadores encostar um dedo nela eu juro que acabo com a raça deles.

Newt riu de leve e colocou as mãos atrás da cabeça.

—Ela fez bem a você.

—Como eu vou explicar, ela é... diferente? Talvez. Só sei que quando pus os olhos naquela baixinha pela primeira vez soube que tinha algo nela que me intrigava, que chamava minha atenção.

—Ah, claro. E isso não tem nada haver com você ter achado ela gostosa? - Newt arqueou uma sobrancelha, usando o vocabulário do amigo.

—É, também. —Deu uma risadinha.

—Ou sei lá, vai ver você só gostou do jeito marrento dela.

—Não vamos esquecer disso. Se ela estivesse aqui te daria um soco por chamá-la de marrenta.- Disse e riu.

—Tomara que a trolha esteja bem. —Newt murmurou.

—É, tomara... —Minho respondeu, também murmurando.

—E agora o que vamos fazer? -Newt perguntou num suspiro. —Esperar a noite chegar junto com mais verdugos?

Minho pensou por dois segundos antes de se levantar decidido. Newt o olhou com curiosidade.

—Quer saber? Vamos sair dessa mértila de lugar. —O asiático disse e olhou para Newt, os cantos dos lábios erguidos, um sorrisinho malicioso surgindo em seus lábios. —E vamos acabar com esses criadores.


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Notas finais do capítulo

Acho que essa parte final foi algo necessário para a fic, o Minho e o Newt tinham que mostrar esse lado deles de companheirismo mesmo. Gosto da amizade dos dois e quando ao "gostosa" eu normalmente não uso esse vocabulário nas fics mas homens são homens né -.-' Enfim gente, espero que tenham gostado *-*