Seu exílio social já durava uma semana.

– Você não vai mais sair do quarto?

Tommen estava deitado na sua cama com uma de suas revistas na mão. Ele soltou um “oh” para o que quer que estivesse lendo e então voltou a se importar com ela.

– Mamãe não vai deixar você faltar mais uma semana de escola. – Myrcella desviou os olhos do computador e olhou para o seu irmão. Tommen não tinha os mesmos cachos dourados que ela e Joffrey, seus olhos tinham um tom diferente de verde, quase castanho, e seu nariz era salpicado de sardas. Quando pequeno seu irmãozinho foi uma criança gorducha e comilona, mas o tempo lhe fez tão esbelto quanto Joffrey. – Por que você quer ficar enfurnada aqui de qualquer maneira? O que você fez?

Myrcella lembrou-se da cena patética na casa dos Stark, sua declaração e os desenhos caindo no chão.

– Nada.

– Foi alguma coisa com Robb Stark?

Seu rosto queimou.

– Por que eu estaria assim por causa do Robb? – Voltou a olhar para o computador.

– Por que você gosta dele?

– Eu não gosto!

– Eu já vi aqueles desenhos que você faz e aquela fanfic que você escreve, o cara ruivo é claramente inspirado nele, o que é muito estranho já que você escreve umas cenas bem...

– TOMMEN! – Com o rosto vermelho ela virou a cadeira e encarou o irmão que continuava a ler sua revista calmamente. – Do que você está falando?

– Você não deveria deixar sua conta aberta no computador. Eu descobri suas historia, você até que escreve bem maninha. – Oh meus deuses, não, não, não. – Eu até comentei em alguns capítulos, sabe, gostei particularmente quando Jane morre em um acidente de carro, não estava esperando por aquilo. Contudo eu posso lhe dar algumas criticas construtivas, por exemplo, a garota que fica com o falso Robb, a loira que obviamente é você, deveria ter...

– Eu não quero você lendo nada meu.

– Por que não? Você ta escrevendo agora, não está? – Sim, ela estava. Escrever e desenhar eram sua terapia. – Eu tenho que saber o que vai acontecer em seguir.

Seu irmãozinho lendo tudo o que ela escrever... Só de pensar ela já sentia náuseas.

Myrcella precisava mudar o foco da conversa.

– Por que você está lendo minha revista? Achei que achasse ela idiota e fútil.

– Bem... – Touché, foi a vez do seu irmão ficar corado. – Nada demais.

Ela logo notou a manchete da capa, a frase “COMO SABER QUE UM GAROTO GOSTA DE VOCÊ” estava escrito em letras maiúsculas em um fundo cor de rosa. Era uma reportagem um tanto inútil, Myrcella tinha lido e relido e tentado encontrar algum sinal em Robb.

– Você está gostando de alguém?

– Não!

Ela sorriu.

– Quem é?

– Ninguém.

– Vamos irmãozinho, é mais fácil você dizer.

– Eu já disse que não gosto de ninguém.

A vingança era doce.

– Eu conheço?

– Eu to saindo daqui.

– Eu vou descobrir.

– E eu vou mandar o link das suas historias para o Robb.

Tommen saiu do seu quarto batendo a porta e Myrcella gargalhou. Ela sabia que ele não mandaria os links, Tommen era bonzinho demais para isso.

Bem, agora que estava sozinha ela podia voltar a sua atividade.

Seus cabelos ruivos pareciam chamas tremulando no vento e seu sorriso era como um raio de sol iluminando a escuridão. Ela suspirou esperando que ele respondesse a sua declaração. Ele a olhou firmemente antes de sussurrar:

– Eu também te amo.