Because Was Real... escrita por Lady Salvatore


Capítulo 1
Capítulo 1 - "Because Was Real..."


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas que possam estar passando por aqui!

Estava querendo escrever essa one desde que saí do cinema depois de desidratar assistindo BOTFA, mas só agora tomei coragem para fazer dos sentimentos algumas palavras. Espero que gostem...



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"She walks in starlight in another world. It was just a dream.Do you think she could have loved me?"

Muito tempo já havia se passado desde que Tauriel ouvira aquelas palavras, ditas em meio a um delírio apaixonado, mas elas sempre voltavam para assombrá-la. Bastava que as estrelas surgissem no céu para que a voz de Kili reverberasse em sua mente, tornando a dor ainda mais latente.

Ela havia voltado para o reino élfico da Floresta, o lugar que sempre chamara de lar, logo após despedir-se do anão, apenas alguns dias depois do término da grande batalha aos pés da Montanha Solitária. Tentara, de todas as maneiras, retomar sua vida, ocupando-se com seu posto de capitã da guarda; ou então, cantando às estrelas nas noites mornas, mas nada conseguia reparar seu coração despedaçado. Nada era capaz de cativá-la e ganhar seu afeto, e nenhuma palavra, por mais doce que fosse, podia fazê-la sorrir ou se importar.

Seu bem mais precioso passara a ser a pequena pedra gravada com runas que Kili lhe entregara, como uma promessa de que voltaria para ela. Carregava-a consigo a todo instante, e era capaz de passar horas infindáveis encarando-a em meio às lagrimas.

Aquele pequeno objeto fora tudo que restara de seu amado, e os manteria unidos enquanto ela continuasse respirando. Assim como a dor, que lhe provava, dia após dia, que seu sentimento era real.

Foi movida por essa dor - numa noite em que a lua surgira vermelha e dourada no céu -, que Tauriel deixou os limites do reino da Floresta para trás, disposta a nunca voltar. Iria ao encontro da única pessoa capaz de compreendê-la...

Munida de seu arco e sua adaga, a ruiva partiu em direção às Montanhas Azuis. Segundo Bofur, era naquela região que Dís, a irmã de Thorin, vivia. Mesmo com a retomada do reino de Erebor, a filha de Thrain não retornara ao lar, pois já não havia mais nada ali para ela sem os filhos e o irmão. Tauriel iria ao seu encontro, mesmo que fosse para cair de joelhos mais uma vez e chorar ao encará-la.

Os longos dias de viagem se passaram sem muita agitação. Um e outro orc ainda podia ser encontrado vagando entre a Floresta das Trevas e o vale de Valfenda, mas nenhum deles fora páreo para as flechas e lâminas manuseadas pela elfa. Mas, apesar disso, ela podia sentir um estranho cansaço tomando conta de seu ser, como se ela estivesse acordada por eras demais... Um preço pequeno a pagar por sua decisão.

Por fim, com o sol já caindo a oeste e mergulhando o mundo em escuridão, Tauriel alcançou seu destino. Mesmo que alguns olhares tenham se voltado desconfiados em sua direção, ela sentiu-se bem recebida, principalmente pelas crianças. Havia duas, em especial, que fizeram-na lembrar de Kili e de seu irmão, Fili. A ruiva percebeu-se encarando-os por um longo tempo, até que ambos se voltaram sorridentes em sua direção, acenaram alegremente e correram para uma outra ruazinha, desaparecendo de seu campo de visão.

Naquele instante, ela se permitiu devanear sobre a vida que poderia estar vivendo, se a grande batalha houvesse tomado outro rumo. Poderia estar percorrendo o mundo ao lado de seu amado; ou ainda, se estabelecido num lugar como aquele, talvez cuidando de uma garotinha de longos cabelos negros e olhos claros...

- Por que chora, senhora da floresta? - uma voz altiva indaga, fazendo com que Tauriel secasse as lágrimas apressadamente.

- Apenas sonhos de um coração despedaçado, senhora das montanhas - a ruiva responde, voltando-se para aquela que lhe dirigira a palavra com uma leve reverência.

E ali estava: os olhos claros como os do filho mais velho, os longos cabelos negros trançados às suas costas e o porte de quem pertencia à realeza... Aquela era Dís, filha de Thrain e mãe de Kili.

- Creio que eu saiba um pouco sobre corações feridos - a anã responde, com tristeza estampada em sua face. - Venha comigo, filha. Faça companhia a um senhora solitária - completa, estendendo uma das mãos para a elfa e levando-a consigo.

Pouco depois, ambas se encontravam sentadas junto a uma lareira crepitante, munidas com fumegantes xícaras de chá.

- Diga-me filha... Como se chama e o que faz tão distante de sua casa? - Dís indaga, encarando a convidada com sincero interesse. - Soube que estava à minha procura, mas não consigo imaginar o que poderia trazê-la até mim.

- Me chamo Tauriel - a ruiva responde, apanhando a runa e estendendo-a na direção de Dís. - Lutei ao lado de seu filho Kili no que chamam de Batalha dos Cinco Exércitos, e o vi padecer tentando honrar o irmão e me proteger... - e nesse momento, novas lágrimas banhavam o rosto dela. - Vim prestar-lhe minhas condolências, eu acho, e buscar algum apoio.

- Conheceu meus meninos? - e também Dís já chorava a essa altura, abandonando sua xícara e tomando as mãos trêmulas da elfa nas suas. - Fili e Kili morreram como guerreiros, honrando aquilo em que acreditavam?

- Os melhores junto de seu irmão, pelo que contam as canções em Valle... Corajosos, leais e honrados!

- Meus filhos... - a senhora de cabelos escuros murmura, com um sorriso fraco. - Infelizmente isso não foi suficiente para trazê-los a salvo para mim...

- Sinto muito por sua perda, senhora - diz Tauriel, com a voz embargada. - Tive a honra de conhecer seus filhos, e pude ver a devoção com que cuidavam um do outro... Foi assim até o último instante.

- Exatamente como foram criados para ser. Perdemos muitas pessoas que amamos ao longo dos anos, filha, então os ensinei a proteger um ao outro, da mesma forma que meu irmão cuidou de nosso povo desde que perdemos Erebor... - Dís explica, emocionada. - Mas posso ver que você também está sofrendo, querida. Não vejo a aura iluminada tão característica de seu povo a envolvendo. A resposta está na runa que você trouxe?

- Foi entregue a mim por seu filho, senhora, numa promessa de que voltaríamos um para o outro. Uma promessa que não pudemos cumprir... - a ruiva responde, sem encarar sua anfitriã.

- Você salvou meu Kili em Esgaroth, não é? A elfa de longos cabelos cor de fogo que livrou o sangue de meu filho do veneno morgul. Meu filho a amava, e posso ver que você também o ama. Nenhum outro motivo a teria trazido tão longe.

- Nem mesmo tive tempo de dizer isso a ele - Tauriel murmura, com a visão embaçada pelas lágrimas que continuavam umedecendo seu rosto delicado. - E tudo que me restou foi isso - continua, segurando a pequena runa bem firme entre as mãos. - Mas acho que ela pertence à senhora, Dís, filha de Thrain - completa, voltando a estender a pequena pedra na direção da anã.

- Não querida, foi um presente do meu Kili para você. É seu!

- Como a senhora consegue suportar? Como consegue acordar todos os dias, sabendo que não poderá ver seus filhos sorrindo?

- A dor se tornou uma companhia presente, junto de todas as lembranças... Mas preciso seguir em frente, mesmo que me custe muito a cada dia.

- A senhora é admirável! Penso que não sou dotada de tamanha honra ou força, já que...

- Abriu mão da imortalidade de seu povo? Não vejo um sinal de fraqueza nisso, querida!

- Tem certeza? - a elfa indaga, encarando os olhos azuis da mãe de seu amado.

- Você apenas optou por um vida mortal, e isso não é pouco! Significa muitos anos convivendo com a perda. Você não é fraca, Tauriel! Meu filho não se apaixonaria por você se fosse assim - completa, afagando as mãos da ruiva.

Nos instantes que se seguiram, apenas o crepitar da lareira se fez ouvir na sala aquecida. Elfa e anã estavam mergulhadas em seus próprios pensamentos e dúvidas, em lembranças felizes e tristes...

O brilho pálido da lua já entrava pela pequena janela quando a elfa se pôs de pé de repente, apanhando a chaleira ao fogo e servindo mais chá para ambas. Dís aceitou sua xícara com um sorriso, bebendo um gole quente e acalentador em seguida.

- Acho que já é o momento de seguir meu caminho - diz Tauriel minutos depois. - Afinal, não é sempre que um navio deixa a Terra Média rumo às terras imortais além do mar, não é? - completa, com um sorriso fraco, ao colocar-se de pé.

- Está indo embora? - Dís indaga, surpresa.

- Mas antes quero que fique com isso - a ruiva responde, tirando um colar de prata ornado com um pequeno cristal branco. - Foi um presente de meus pais - continua, colocando a joia nas mãos da irmã de Thorin.

- É lindo, querida... Mas... Mas você não precisa partir. Por que não fica em Ered Luin, fazendo companhia a essa senhora das montanhas? Será bem vinda filha, não duvide disso! Sou uma filha de Durin, mas posso ser mais compreensiva do que a maioria dos anões. - Dís exclama, voltando a tomar as mãos de Tauriel nas suas. - Cuidarei de você como cuidou de meus meninos, o que me diz?

- Que as terras além mar podem esperar mais alguns anos - a elfa responde, com um sorriso sincero. - É bom estar em casa.


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