Growing back escrita por kelly pimentel


Capítulo 37
Anos depois...




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—Onde ela está? – Pergunto, estou ofegante. Sabia que não deveria ter ido para o Capitol, mas Katniss insistiu, afirmou que eu não poderia simplesmente cancelar meus compromissos, prometeu que daria tempo. E ela quase acertou, eu estava justamente saindo da minha última reunião quando o telefone tocou avisando. Por sorte, um dos membros do conselho de paz deixou uma aeronave à disposição. Onde ela está? Pergunto novamente, Haymitch me olha sério e coloca a mão perto do ouvido. Escuto um grito enorme seguido por vários xingamentos.

—Basta seguir o som. – Ele responde sorrindo enquanto toma um gole de uísque. – Precisei tomar minha dose do dia agora mesmo de tão estridente que ela está sendo. Gostaria de uma? Acho que vai precisar. Além dos palavrões, claro, ela tem dito bastante seu nome.

Subo as escadas e encontro minha esposa com os cabelos soltos e aos gritos. Minha sogra está ao lado dela, assim como Johanna e Effie.  

—Oi. – Digo sentando ao seu lado na cama. – Eu sinto muito, sinto muito. – Digo beijando-a na testa. Katniss não fala nada, apenas sorri ao me ver, mas há dor em seu rosto. Penso em como detesto vê-la sofrendo.  

—Que bom que chegou. – Diz Johanna parecendo assustada. –Ela parece mais calma agora.

—Acho que teremos outra em breve – Effie avisa encarando o relógio. Assim que ela termina de falar Katniss grita e espreme minha mão enquanto faz isso. – Filho da mãe! Tire isso de mim. – Ela grita olhando para mãe. – Tiro isso de mim agora!

—Você ainda não tem passagem suficiente querida. Precisamos esperar um pouco mais, só mais um pouco...

—Ei, tá tudo bem. – Digo passando um pano seco no seu rosto.

—Não está nada bem. Isso é culpa sua! A culpa disso é toda sua. Seu filho está me partindo por dentro! – Ela grita.  – E a culpa é sua. Não... podem parar, podem parar com tudo, eu não vou ter mais filho nenhum. – Ela diz tentando se levantar da cama.

Encosto meus braços na cabeceira da cama impedindo-a de se levantar, devagar, encosto meu rosto no dela, nos unindo por nossas frontes.

—Podem nos dar licença por alguns segundos? – Pergunto me dirigindo a minha sogra.

—Claro, o bebê ainda deve demorar um pouco. As contrações estão acontecendo a cada seis minutos. Vamos deixar vocês sozinhos um pouco. – Ela diz, e então sai com Johanna e Effie.

—Vamos, agora me diga a verdade. – Falo encarando Katniss. – Não é a dor, é? Você não tem medo de dor nenhuma, eu te conheço Katniss, me diga a verdade.

Ela me olha como uma criança pega em flagrante, hesita um pouco, parecer procurar as palavras certas.

—Eu estou assustada Peeta. E se eu não for uma boa mãe? – Katniss pergunta. Algumas lágrimas começam a aparecer em seu rosto. – Eu não vou saber o que fazer. Nosso filho vai me odiar. E se ele me odiar?

—Nós jogamos fora e fazemos outro. – Digo sorrindo. Percebo que ela não acha graça. –Katniss, eu sei que você acha que eu vou ser excelente em ser pai, mas eu não tenho experiência nenhuma nisso, nós dois vamos aprender juntos, com cada novo desafio que essa criança nos apresentar.

—Jura? Jura que também está assustado?

—Real! – Respondo. – No mês passado, depois que montei o berço eu acordei de madrugada achando que nosso filho iria cair porque eu não tinha montado direito, então enchi o berço de coisas para saber se ele suportava o peso. O que eu estou tentando dizer... é que eu também não tenho ideia do que fazer, mas eu sei que juntos nós dois podemos fazer qualquer coisa. –Falo colocando a minha mão em sua barriga – Além disso, esse bebê vai ter uma mãe capaz de mover o mundo por ele, o que mais uma criança pode querer?

A respiração de Katniss fica um pouco ofegante.

—Isso é estranhamente reconfortante. – Ela diz sorrindo. Beijo minha esposa rapidamente. E então ela se contorce um pouco. – Precisamos decidir o nome, nosso filho não pode nascer sem nome.

—Vamos lá. – Digo sorrindo. – Que tal se déssemos o nome do seu pai, ou o nome de Prim? – Pergunto.

—Não. Acho que esse bebê não precisa carregar o peso do nome de alguém que se foi, eu sei que a sua intenção é boa, mas isso parece estranho.

—Tudo bem. – Digo. Observo enquanto Katniss se contorce novamente. – Você está bem? – Ela afirma positivamente.

—Eu gosto de Rye, para um garoto.

—Eu também gosto. – Concordo sorrindo. – Que tal Lily para menina? É uma flor, uma flor linda. O lírio tigre é o mais bonito de todos, e é laranja... como o pôr do sol.

—Eu gosto de Lily. – Ela responde sorrindo. – Filho da mãe. – Ela diz mordendo o lábio.

—Estão ficando mais rápidas, não estão? As contrações. – Digo. – Vou chamar sua mãe.

Saio do quarto e encontro Johanna, Effie Ms. Everdeen esperando.

—Tem certeza que é seguro fazer isso aqui, não tem? – Pergunto baixo. - A nave ainda está no distrito se for preciso leva-la para o Capitol.

—Não se preocupe Peeta. – Minha sogra diz entrando no quarto. – Não é a primeira criança que trago ao mundo.

—Eu não quis ofender.

—Eu sei que não. Está apenas preocupado com os dois, mas vai ficar tudo bem.

Entro novamente, lavo minhas mãos e dessa vez me sento na cama atrás de Katniss, deixando-a entre minhas pernas. Sinto suas mãos agarrarem meus braços.

—Esse bebê está pronto para nascer querida. Mas e você, está pronta para empurrar? – A mãe de Katniss pergunta.

Ela acena positivamente com a cabeça.

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Escuto seu choro e imediatamente quero correr em sua direção, sinto as mãos de Peeta em meu ombro, sua respiração em meu pescoço e, apesar da dor, são poucas as coisas que de fato consigo processar. Observo atentamente enquanto minha mãe checa o bebê.  Johanna parece planar ao redor dela, posso ver seu sorriso, assim como o de Effie que bate palmas e empolgação. “Você foi ótima” Peeta fala no meu ouvido.

—Prontinho. – Ela diz se aproximando. – É uma menina, uma menina linda e saudável. – Pego minha filha, a aninho em mim  e é como se o mundo todo parasse, como se só existíssemos nos três. Estou nos braços do homem da minha vida, com nossa filha nos braços. É como se tivéssemos sido feitos para aquele momento, tudo que passamos, tudo que perdemos, tudo valeu a pena para tê-la aqui, agora.

—Oi linda, essa é a sua mãe. E eu sou seu pai. - Ele diz sorridente. 

Continuo encarando nossa filha, ela tem cabelos negros, bastante cabelo, e parece sorrir com o cantinho de seus lábios.

—Ela é perfeita. – Digo sorrindo. – Um, dois... cinco dedinhos. Perfeita!

—Ela é mesmo perfeita. – Peeta diz beijando meu rosto. 

Depois de alguns minutos minha mãe avisa que precisamos finalizar o parto. Estou relutante, não quero me separar dela, mas a entrego a Peeta que caminha com ela pelo quarto, enrolada num pequeno cobertor. Johanna o acompanha observando a bebê enquanto Effie auxilia minha mãe.

—Ela é linda. Tem os cabelos de Katniss, mas esses olhos, olhem só, são os olhos de Peeta. – Johanna diz.

—Você gostaria de segurar sua afilhada? – Peeta pergunta.

—Claro. – Jo responde. – Que tal descermos e apresentarmos essa coisa linda do Haymitch?  

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Lily teve uma primeira semana de vida mais agitada que um campeão no tour da vitória. Todos os dias alguém chegava para conhece-la, embora ela tenha sido uma péssima anfitriã, dormindo quase sempre. Johanna e eu brincamos sobre como ela havia herdado os bons modos da mãe. Johanna, por sinal, estava sendo a melhor madrinha de todos os tempos, chegou dias antes do nascimento para ajudar a mãe de Katniss, e estava até agora aqui. Foi de grande ajudar ter ela e Delly por perto, uma pelo esforço e a outra pela experiência, meu segundo afilhado, Tommy, filho de Owen e Delly completou quatro anos dois meses atrás.

Annie e Finnick Jr - agora um rapaz alto, loiro e muito parecido com o pai - também vieram nos visitar. Annie continua solteira, devotada à memória de Finnick apesar dos incentivos do filho para que ela namore.

Cressida só chegou para nos visitar na noite passada, seu trabalho na produtora de vídeos no Capitol havia a impedido de vir antes.  Quando chegou foi recebida por Johanna que lhe disse que queria um filho. Fizemos uma grande festa enquanto Effie nos lembrava de tentar manter silêncio para não acordar Lily.

—Como se ela fosse mesmo acordar. – Johanna disse. – A menina dorme vinte e três horas por dia. Nós precisamos acordá-la para que Katniss amamente.

—Talvez ela esteja tramando. – Cressida diz. – Quando todos voltarem pra suas casas, e ela estiver apenas com papai e mamãe, vocês vão ver só.

—De qualquer forma, aproveitem. – Owen diz. – Tommy não dormia, não gostava de estranhos.

—Mas agora ele é um anjo. – Delly pontua. Todos riem a argumentam que ela é suspeita pra falar, mas o garoto é realmente um doce.

—Bem, Johanna é a madrinha. – Cressida diz. – Quem é o padrinho?

—Haymitch. – Katniss responde. Fico surpreso, não havíamos conversando sobre isso, ela pensou em Gale, eu pensei em Owen. Sorrio pra ela e confirmo sua escolha, Haymitch era uma ideia fantástica.

—Eu? – Haymitch pergunta. – Estou honrado, mas vocês têm certeza disso? Porque a única vez que eu peguei elas nos braços ela chorou de imediato.

—Ninguém gosta de você de primeira. – Katniss responde sorrindo. – Eu sei que odiei. – Todos na sala sorriem.

—Tentou me matar com uma faca no trem.

—No máximo você teria perdido um dedo. – Digo.

—O que eu quero dizer é que agora você sempre se preocupou conosco Haymitch, teríamos morrido sem você e, principalmente, nós sabemos que sempre vai cuidar dela.

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Estamos no quarto de Lily, Peeta e eu, encostados no berço encarando-a.

—Acho que isso não é muito saudável. – Digo. – Todos os livros dizem que os bebês precisam aprender a dormir sozinhos.

—Bem, eles que se danem. Imagina se eu vou deixar nossa filha chorando no berço sozinha. Além disso, ela é incrível, olha só pra ela... como eu poderia fazer qualquer outra coisa além de ficar olhando pra esse rostinho? – Ele questiona. Sorrio com ideia de que Lily é fascinante e entediante ao mesmo tempo, ela não faz nada, obviamente, é apenas um bebê, mas eu não consigo tirar meus olhos delas. – Ela é a segunda coisa mais linda do universo.

—E o que seria a primeira? – Pergunto encarando-o.

—Você! – Ele responde aproximando sua cabeça da minha.

Lily se meche um pouco e abre os olhos. Nos encara com seu rostinho alegre. Peeta passeia uma das mãos por dentro do berço, observo enquanto nossa filha segura o dedo do pai.

—Ela forte, assim como a mãe. – Peeta diz me beijando.

—E como o pai. – Respondo. -Acha que podemos ter outro? – Pergunto.

—Sério? – Ele diz me encarando com um sorriso bobo.

—Sério! O que me diz?

— Dez segundos atrás eu achava que não dava pra ser mais feliz do que estava me sentido, mas agora, aqui, olhando pra essa criança maravilhosa que é fruto do nosso amor e ouvindo que você deseja mais uma. Katniss... eu quase posso explodir de felicidade. – Peeta afirma e se inclina pra me beijar.

Percebo que ele tem razão, é isso, eu estou feliz. Peeta, Lily, nossos amigos. Nossa casa, nosso distrito. Todas as coisas alinhadas. Eu ainda tenho medo, pesadelos, Peeta ainda sofre com tudo que lhe aconteceu, mas mais do que tudo eu tenho esperança. Esperança de que meus filhos irão crescer num mundo melhor, um mundo sem torneios sanguinários, um mundo no qual sempre poderão ser crianças, sem o medo de serem enviados para um abate. 

FIM! 


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Notas finais do capítulo

Confesso que demorei tentando melhorar o final mas que não cheguei a ficar muito satisfeita, mas como tempo está curto resolvi postar. Obrigada a todos que acompanharam, comentaram, estimularam, elogiaram e criticaram.