Growing back escrita por kelly pimentel


Capítulo 31
Capítulo 31




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Apesar de tudo, estou feliz de estar em casa. De voltar para floresta e sentir o ar fresco, o cheiro da terra. Posso ouvir os pássaros, as folhas, o vento... os passos. Passos? Escuto passos atrás de mim e me viro rapidamente na direção do som. “Calma docinho” a voz de Haymitch dispara, estou com meu arco armado apontando em sua direção.

—Estou tentando ficar em paz. Não deveria me caçar enquanto eu caço. – Digo baixando o arco. – Agora me diga, o que é tão importante que você não poderia esperar?

—Um telefonema. Venha, você vai gostar de saber das notícias. – Ele afirma sorridente.

—Gostaria de me adiantar o assunto? Ou talvez que me espera do outro lado da linha. É Peeta? –Pergunto caminhando em sua direção.

—Sim. É nosso querido Peeta. – Ele diz sorrindo.

DIAS ANTES

—Isso doí! – Johanna reclama enquanto coloco os prendedores da peruca em seu cabelo. É uma peruca preta longa com um pouco de volume.

 -Sinto muito. – Comento sorrindo. – Mas você não pode aparecer com essa sua aparência e esperar que não te reconheçam.

—Eu acho que você está adorando isso. – Ela retruca.

—Talvez amor, talvez eu esteja tirando certo prazer dessa situação, mas não me negue isso. Você já conseguiu me envolver nesse plano maluco, eu preciso tirar algum proveito disso.

—Tudo bem. – Ela diz sorrindo. – Mas precisava desse vestido? – Ela diz ficando de pé e mostrando um vestido floral curto e comportado. – Eu me sinto a sonsa da Haley.

—Vamos combinar de não chamar ela de sonsa nem de vadia sem ter certeza de que ela está mentindo? Além disso, mesmo que ela esteja mentindo ela não merece raiva, apenas pena.

—Você é uma santa!

—Não sou. Só acho que não podemos sair por ai julgando todo. Talvez ela seja extremamente carente, talvez ela realmente o ame.

—Ok, ok. – Ela diz ficando de pé. – Entendi. Você é linda, maravilhosa, gente boa e eu te amo. Não vou mais chamar ninguém de vadia, não de caso pensando pelo menos, não posso garantir nada sobre minhas palavras em momento de fúria.

 Aceito a proposta sem conseguir conter um sorriso. Realmente fere meus ideais chamar outra mulher de vadia, é um xingamento misógino, mas Johanna era quem era e eu sei que não conseguiria alterar seu temperamento. Na verdade, eu amo seu temperamento.

—Estou pronta! – Ela declara terminando a maquiagem. –Reconhecível?

—Não exatamente. Ninguém esperaria ver Johanna Mason num vestido desses. Juro.

—Vamos embora!

Pegamos um táxi até o hospital no qual Haley estava fazendo seu pré-natal. Conseguimos depois de alguma investigação o nome do médico e agendamos um horário para Johanna. O plano era simples, entrar lá, conhecer o médico e comentar casualmente sobre Haley.

—Tem certeza de que esses documentos são bons? – Johanna pergunta se referindo aos documentos falsos que criei para o atendimento dela.

—Eu sou boa nisso querida, não se preocupe. – Afirmo.  

Assim que chegamos nos dirigimos à recepção e Johanna apresenta seus documentos.

—Obrigada senhora Missy. – A recepcionista diz enquanto encara a tela do computador. – Pode aguardar. Dr. Jason já começou a atender, você será a próxima.

Nos sentamos e esperamos que Johanna seja chamada.

—Não esqueça de colocar o telefone pra gravar. Discretamente, dentro da bolsa.

—Não sou uma idiota. – Johanna diz.

—Vou estar aqui fora esperando uma oportunidade para entrar no sistema.

—Você deveria ter ficado com essa parte. – Ela reclama novamente.

—Já discutimos isso amor.  

—Missy Brandon. - A recepcionista chama. Consultório 3.

Johanna se levanta e me olha contrariada enquanto eu pego uma revista e começo a folhear.

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“Eu posso fazer isso” digo mentalmente. Caminho deixando Cressida e entro na sala do médico, um homem no começo dos trinta e com um sorriso charmoso. Ele se levanta e aperta minha mão e me convida para sentar.

—Então Missy, em que posso ajuda-la?

—Ah, sim... eu venho tentando engravidar há algum tempo e ontem fiz testes de farmácia com diferentes resultados então achei que o mais certo fosse procurar um especialista.

—Claro. Vamos fazer alguns testes. Mas, me diga, como você tem calculado o seu ciclo na tentativa de engravidar.

Começo a explicar contando uma mentira deslavada atrás da outra. O médico fez várias perguntas por um bom tempo antes de finalmente dizer:

—Ok! Agora eu vou te encaminhar para fazer o exame de sangue e você volta aqui amanhã.

—Certo. Obrigada Doutor, uma amiga que é paciente sua o indicou. Disse que era excelente, e ela tem toda razão.

—Que amiga? – Ele pergunta com um sorriso.

—Haley Anderson. – A menção do nome deixa o bom doutor claramente em alerta.

—Ah, sim. Haley...- ele diz tentando se ajustar à situação. – Bem no começo da gestação.

—Ela está grávida? - Pergunto saindo do meu roteiro.

—Sim. Não disse que é amiga dela.

—Estudávamos juntas, estamos mais para colegas. – Digo tentando me esquivar. O homem me encara parecendo pouco convencido. – Posso ir fazer exame?

—Claro. – Ele diz se levantando pra me acompanhar até a porta.

—Obrigada Doutor.

—Te vejo amanhã. – Ele diz mantendo a expressão de desconfiança.

Saio da sala o mais rápido possível com as solicitações de exame na mão, Cressida não está mais na recepção então suponho que sua parte tenha ocorrido bem e caminho para a coleta de sangue, penso se essa parte não é arriscada. O Capitol costumava ter dados sanguíneos e identificar pensar por isso, talvez esse nosso novo sistema não permita tal invasão Biopolítica, mesmo receosa espero pela coleta e marco minha consulta de retorno para as 9h da manhã do dia seguinte.  

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Estou no meio do segundo cigarro, embora tenha deixado de fumar com frequência sempre recorro ao antigo hábito quando estou apreensiva, e a ideia de Johanna se passando por paciente de um médico e toda essa coisa de tentar roubar informações realmente me deixou nesse estado. Então corri até uma venda próxima e comprei uma carteira de cigarros, depois voltei para esperar por Johanna.

—E então? – Pergunto quando ela se aproxima. - Descobriu alguma coisa?

—Não exatamente. – Responde. –E você?

—Ainda não sei. Não estava exatamente lendo o material da ficha dela, apenas fiz uma cópia de tudo e me mandei.

—Foi fácil? – Ela pergunta sorrindo

—A parte complicada foi fazer a secretaria deixar a sala, mas você me conhece, eu sou habilidosa. – Digo sorrindo. - Mas me conte, o que aconteceu lá?

—Bem, eu toquei no nome dela e a cara do médico ficou branca. Ele disse que ela está grávida, mas tem algo nessa história, agora tenho ainda mais certeza. Talvez ele esteja acobertando tudo.

—Johanna. Você não acha que está sendo pouco objetiva porque quer muito ver Katniss e Peeta juntos?

—Talvez.  – Ela admite. – Mas até eu sou uma pessoa racional, então se encontrarmos evidências irrefutáveis eu desisto.

—Ok. Vamos sair daqui. – Digo chamando um táxi.

Já na minha casa, começamos a analisar o material que copiei do computador do hospital. É tudo bem estranho. Apesar da ficha constar claramente que Haley está grávida não existem resultados de exames, apenas solicitações e prescrições de vitaminas.

—Não diz quanto de gravidez? – Johanna pergunta.

—Não. – Respondo reanalisando o material. -Acho que você tem razão, algo está errado. Podemos voltar lá. Ele te passou alguma coisa?

—Eu fiz um exame e tenho uma consulta de volta pra amanhã.

—Tudo bem. Isso é perfeito. Não se preocupe, vou pensar em uma forma de descobrir a verdade.

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Estamos conversando num café próximo da casa de Haley quando o telefone dela toca, ela atende e logo sua expressão fica tensa, escuto seus “como?”, “ahãms” e “uhum” enquanto observo seu rosto, mas não consigo entender o que está acontecendo.

—Algum problema? – Pergunto assim que ela desliga.

—Era meu médico. Ele precisa que eu vá amanhã cedo para uma consulta. Pode me acompanhar?

—Claro. Mas tem algo errado?

—Não. Acredito que não. Vamos saber melhor amanhã. – Ela diz enquanto pega novamente o celular e digita algo, rapidamente seu celular vibra e percebo que ela troca mensagens com alguém.

—Ok. Que horas amanhã?

—9h da manhã. – Ela responde. – Obrigada por isso Peeta, eu sei que as coisas não estão sendo fáceis pra você. Eu sei que eu não estou facilitando as coisas, mas eu só quero que nosso filho cresça numa família feliz.

—Não precisamos ficar juntos pra sermos felizes. – Digo.

—Eu preciso. – Ela diz cabisbaixa. – Mas não vamos discutir isso novamente. Não agora. – Ela afirma sorrindo.

No dia seguinte, chegamos no consultório encima da hora pois Haley esqueceu sua carteira e tivemos que voltar da metade do caminho. Assim que finalmente chegamos nos dirigimos até à sala de espera do médico de Haley, era a primeira vez que eu iria vê-lo, primeira das consultas que de fato conseguiria acompanhar, estava animado e assustado ao mesmo tempo, essa segunda parte por duas diferentes razões: 1) O chamado encima da hora feito médico poderia significar notícias ruins; 2) Katniss, eu não conseguia parar de pensar em como contar sobre aquilo faria com que ela se sentisse.

 Estamos sentados na primeira fila de cadeiras quando a porta se abre uma mulher estranhamente familiar deixa a sala, em um primeiro momento é só um sentimento de familiariedade, mas quando ela me olha nos olhos, embora fuja rapidamente, posso ver que por trás do cabelo estranho esta Johanna. Me levanto rapidamente e a encaro.

—O que faz aqui? – Pergunto.

Na porta o médico diz: - “Ah, sim.... Senhorita Missy disse conhecia Haley.

—Missy? – Haley pergunta. – O que está acontecendo?

Entendo instantaneamente e me sinto irritado.

—Está sondando a gravidez da Haley, é isso Johanna? – Pergunto.

—Sim. – Ela admite tirando a peruca. – Mas Peeta, você precisa entender tem algo de errado aqui. Esse médico está armando junto com ela, não tem gravidez nenhuma.

—Como você ousa? – Haley diz se aproximado de Johanna.

—Eu deveria chamar a policia. – O médico diz.

—Não! – Afirmo.

Quando digo isso escuto meu nome em uma voz que parece se enfraquecer, me viro rapidamente, mas não o suficiente, Haley cai desmaiada.

—Você só pode tá brincando! – Johanna diz com seu tom de sarcasmo. Eu me ajoelho no chão e apoio a cabeça de Haley em minha perna enquanto o médico a examina.

—Vá embora antes que eu deixei ele chamar a polícia. – Digo encarando Johanna severamente.

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—Eles armaram tudo! O médico, a sonsa ruiva. Meu Deus como o Peeta é idiota, como eu fui idiota, é claro que ele avisou. Eles estão juntos pra engana aquele paspalho.

—Calma Johanna! – Cressida fala me abraçando. – Vamos pra casa.

—E se for verdade? E se ela estiver mesmo grávida? Ele nunca vai me perdoar vai?

—Não sei. Só me diga uma coisa, conseguiu fazer o que combinamos? Colocou os dispositivos?

—Sim. – Respondo ainda muito nervosa.

—Então pronto. Logo saberemos toda verdade e com base nela pensamos no que fazer, ok?

—ok. – Digo.

—Vamos. Preciso ligar os receptores e acompanhar essas conversas.


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