Contos do ônibus escrita por Alex Ellb


Capítulo 2
Eu me sentia bem


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Novo capítulo, o próximo tentarei escrever amanhã. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/594282/chapter/2

Considerava meu trabalho como cansativo, exaustivo. Não considerei isso nas primeiras semanas, até ver que não era aquilo que eu queria, nem que eu amava, mas sim que eu precisava. Minha grande paixão sempre foi biologia, quando saí do ensino médio queria logo iniciar a minha vida universitária, mas as coisas não funcionam assim. Quando saí do ensino médio faltavam dois meses para eu completar os meus dezenove anos, eu não sabia o que fazer, eu só sabia que queria ser feliz e queria ser independente. Aos dezenove anos completos eu comecei a trabalhar para ajudar a minha mãe, trabalhava como garçonete em um restaurante muito bom, eu podia ganhar os meus setecentos por mês e almoçar e garantir o almoço da minha mãe. Eu odiava aquilo. Aos dezenove e 4 meses eu fiz o vestibular. Não passei. Me decepcionei. Naquele momento eu me perdi, eu não fazia a menor ideia do que faria, minha vida estava jogada. Quando pensava em mim, pensava em alguém inteligente, não incrível ou gênio, mas inteligente. Eu sabia que podia conseguir uma faculdade boa e uma vida boa, mas eu não consegui, o que fez eu ainda mais desacreditar em mim. Aos vinte feitos eu simplesmente desisti.

Não era uma desistência total, na verdade, foi só por um tempo, depois de alguns meses entrei em um curso de enfermagem, era o que eu pensava que poderia me reerguer. Depois de 10 meses eu comecei o meu emprego nesse hospital que parecia bom.

Hoje foi um dia comum, acordei às 5:00, fui para o trabalho e lá atendi diversas pessoas, com a exceção de uma: uma menina de 13 anos que estava na escola e teve uma crise de asma, ela havia esquecido sua bombinha portanto foi fácil resolver o seu problema. Apenas aspire e relaxe. Mais tarde eu descobriria que seu nome era Lilian, Lilian também pegava o mesmo ônibus que eu, o das 17:30, porém eu nunca a vira, ela se sentava sempre na parte de trás e eu procurava me sentar na frente para o meio.

Lilian era uma garota simpática, difícil não gostar dela nos primeiro minutos que você a conhecia. O melhor nela era o seu sorriso de criança alegre, um sorriso que era capaz de alegrar dias, e por tanto, alegrou o meu.

Eu gostava de conhecer vidas, por tanto eu sabia que em algum momento elas desapareceriam, que nem toda a minha vida fora, não seria diferente com Lilian, porém ela ainda continuaria ali comigo ao subir no ônibus. Ligamos para sua mãe a mesma respondeu para a filha voltar para a casa normalmente, e que caso ela se sentisse mal novamente que ligasse. Demos uma das várias bombinhas que guardávamos no hospital e demos para Lilian, para prevenir outra crise, sabíamos que depois de uma crise não era difícil vir outra. Lilian nos agradeceu e saiu, 10 minutos antes de eu sair também.

Peguei meu casaco e minha bolsa, quando cheguei até o ponto de ônibus vi Lilian lá, seus cabelos negros lisos e ao mesmo tempo encaracolados nas pontas eram notáveis.

Eu disse Olá. Ela como uma boa pessoa retribuiu.

Esperamos por volta de vinte minutos o ônibus vir, quando ele veio subimos e sentamos juntas, ela se sentou na janela e conversamos sobre quantas vezes nós havíamos pegado aquele ônibus porém não tínhamos nos visto. A situação era engraçada. Desse assunto partimos para sua escola, e dos meus tempos de escola, que foram horríveis. Então Lilian descia, quatro paradas antes da minha.

Passamos por essa amável rotina de volta cansada para a casa por 8 meses.Ela subia sete paradas antes da minha e descia quatro depois da minha. Descobri muitas coisas sobre Lilian do mesmo jeito que ela descobriu muitas coisas sobre mim. Eu estava feliz, eu podia ver, eu podia sentir. Certo dia Lilian não estava no ônibus, Lilian não voltara para casa e não o faria nunca mais. Depois de dois dias, descobri que Lilian havia morrido após uma crise crônica a qual não podia respirar, ela morreu numa madrugada, há um mês e 9 dias de seus quatorze anos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Contos do ônibus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.