Brave Song escrita por Marih Yoshida


Capítulo 1
Brave Song


Notas iniciais do capítulo

Hey! Feliz Valentine's Day amores! Que os deuses te deem o personagem que vocês quiserem!
A fic foi levemente baseada na música Brave Song, mas não totalmente.



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Nico estava andando sozinho por uma floresta, seguindo um gato preto de grandes olhos vermelhos. Ele já estava acostumado com isso, muito.

Ele já estava acostumado com a solidão, até mesmo gostava um pouco dela, mas olhar para dentro das casas e ver famílias reunidas e felizes, despertava memórias de um passado antigo e sonhos para um futuro que nunca existiria.

Sim, Nico já teve uma família feliz. Ele se lembra de brincar no chão de uma grande sala junto com sua irmã; se lembrava do maravilhoso cheiro de comida caseira que vinha da cozinha, onde sua mãe preparava o jantar enquanto cantava uma música em italiano. Se lembrava de seu pai chegando em cara com um sorriso no rosto e, apesar da exaustão de um dia inteiro de trabalho, dele se sentando e brincando junto á seus filhos. Se lembrava de seu grande e desastrado cachorro Cérbero, que corria pela sala e destruíra o castelo feito de peças de madeira que eles construíam, e das risadas que seguiram pelo cômodo. Se lembra de sua mãe aparecendo na porta da cozinha, com um lindo vestido amarelo florido, avisando que a janta estava pronta.

Essa era a memória mais nítida de Nico. E ela quem o ajudava a continuar.

Perguntaram-lhe certa vez, se Nico tinha medo da solidão, e se ele não chorava de tristeza quando se lembrava de tudo. "Eu não tenho medo de nada." Nico respondeu. "E minhas memórias me deixam mais forte, eu não posso ficar triste por algo que aconteceu quando eu tenho uma luta nova a cada dia."

E continuava subindo o morro, atrás do gato sem nome que era seu companheiro desde sempre.

~^~

Thalia estava sentada numa pedra acariciando um gato que deveria ser branco, mas que estava marrom por causa da sujeira de todos esses anos. Ela fechou os olhos e mais uma vez a visão do pior dia de sua vida voltou, mas ela não se importava mais, sabia que se esquecesse disso, ela não seria a mesma pessoa. E se não fosse a mesma pessoa, se não soubesse quem era, como poderia ter sentido em continuar vivendo? Suspirou e se levantou, sabia que precisava continuar andando.

Um vento gelado batia no suor que escorrida dela e a fazia estremecer, mas sabia que se parasse seria pior. Fechou os olhos por um instante, e ouviu um miado baixo. Abriu os olhos surpresa, seu gato quase nunca miava.

- O que foi? - Perguntou. O gato começou a andar para mais dentro da floresta e Thalia foi atrás dele.

As árvores arranhavam seu braço, mas ela já estava tão acostumada que nem ao menos sentia. O gato parava de vez em quando para esperá-la, voltando a andar quando ela já estava com pouca distância dele.

Suas pernas doíam quando chegaram ao topo do que parecia ser uma pequena montanha. Ali tinha uma pequena clareira que era dividida exatamente no meio por um rio. O gato branco se sentou, como se estivesse esperando alguém. Thalia, sem alternativas, fez o mesmo, agradecendo por poder descansar um pouco.

~^~

Nico já estava cansado de andar quando o gato finalmente parou. Estavam numa clareira, no topo da pequena montanha que tinham subido.

Uma parte de sua cabeça sabia que era loucura seguir um gato, mas Nico já fazia aquilo há tanto tempo que já tinha se tornado normal, e o gato nunca tinha o levado para lugares ruins. Outra parte de sua cabeça simplesmente sabia que era certo seguir o gato, e dentro de seu coração, mesmo que negasse, Nico sabia que não queria ficar sozinho novamente.

Ele fechou os olhos e ouviu o miado rouco do gato preto, abrindo os olhos logo depois. O gato tinha voltado a andar, e ia em na direção do rio que estava a frente deles.

Só naquela hora, Nico percebera duas figuras do outro lado da clareira. Uma delas estava na parte da clareira iluminada pela luz da lua, e era um gato branco, e a outra se parecia com um humano, mas o garoto não pôde ver direito.

Ele começou a andar e parou ao ficar do lado do gato preto. A outra pessoa seguiu o mesmo exemplo que ele e andou até a parte iluminada da clareira, e Nico pôde vê-la claramente.

Era uma garota. Tinha cabelos negros, a pele um pouco pálida e era um pouco mais baixa que ele. Usava uma camiseta preta maior que ela, uma caça jeans velha e um tênis sujo. Nico percebeu que ela, assim como ele, tinha arranhados e cicatrizes em seu braço, consequências de andar na floresta sem proteção.

- Quem é você? - Ela perguntou.

~^~

Thalia já estava começando a se achar doida por esperar sabe-lá-o-quê com o gato, quando ela ouviu um miado diferente. Se virou na direção dele e viu duas silhuetas, uma andava na direção do rio e Thalia pôde ver que era um gato, outro, e a outra se parecia com um humano, mas ela não conseguia ver direito.

Assistiu confusa enquanto os dois gatos andavam na direção do rio e pararam na margem, quase caindo na água. Depois percebeu que a outra figura andou até a margem também, era um garoto.

Ele tinha cabelos negros até o pescoço, pele pálida e era bem magro. Usava uma blusa preta um pouco rasgada, uma calça jeans bem velha e um tênis velho também. Em seu rosto estava uma expressão confusa, a mesma que deveria estar no rosto de Thalia.

Percebeu, então, que onde estava sentada não podia ser vista. Se levantou e andou até a parte da clareira que a brilhava com a luz prateada da lua. Parou ao lado do gato branco e examinou o garoto mais uma vez, antes de perguntar:

- Quem é você?

Ele parecia ter saído de um transe quando ela perguntou isso, então desviou os olhos, tímido.

~^~

- Me desculpe, eu não percebi que tinha mais alguém aqui. - Disse.

- Está tudo bem. - Ela disse. - Você não respondeu minha pergunta.

- Sou Nico di Ângelo. - Ele respondeu. - E quem seria você?

- Thalia Grace. - Ela disse. - O que faz aqui?

- Estou seguindo o gato. - Respondeu, então riu de canto. - Isso parece loucura, não é?

- Poderia parecer se eu não estivesse fazendo a mesma coisa. - Ela deu de ombros. - Parece que eles querem ficar perto um do outro.

- Mas esse rio parece ser muito fundo, e não conseguiríamos nadar segurando gatos. - Nico disse. - Talvez, se seguirmos pela margem, tenha alguma ponte.

- Deve ter. - Assim que ela disse isso, os dois gatos começaram a andar, seguindo o fluxo do rio. Os dois começaram a andar atrás dos gatos. No início, ambos ficaram em silêncio, mas Thalia cortou-o.

- Você mora perto daqui? - Ela perguntou. Nico deu de ombros.

- Eu não tenho uma casa. - Ele disse. - E você?

- Também não tenho uma casa. - Respondeu. Ficaram alguns segundos em silêncio novamente.

- O que aconteceu? - Ele perguntou, um pouco sem jeito.

- Meus pais sofreram um acidente de carro há quatro anos. - Ela disse. - Eu não queria ir para casa de meus tios, então encontrei esse gato e resolvi segui-lo. E o que aconteceu com você?

- Um incêndio na minha casa há seis anos. - Nico deu de ombros de novo. - Fui o único sobrevivente, e como não queria ir para um orfanato, fugi. Encontrei esse gato um pouco depois e desde então tenho ficado com ele. Pode parecer estranho, mas é como se ele me protegesse.

Thalia assentiu. Ficaram mais tempo em silêncio, dessa vez mais demorado.

- Você acredita em destino, Nico? - Thalia perguntou.

- Acredito que nada é por acaso. - Nico disse. - Tudo tem seu propósito.

- Então acha que nos conhecermos não foi uma coincidência? - Ela perguntou.

- Se for, é uma coincidência bem estranha. - Nico respondeu. Thalia riu.

Continuaram andando e conversando por mais um tempo, e nem ao menos perceberam que ambos os gatos sumiram. Apenas procuravam por uma ponte que os unisse, sem perceber que estavam construindo-a pouco a pouco.

Quando finalmente notaram o sumiço dos gatos, fizeram uma breve procurada, sem sucesso. Cansados de ficar sozinhos, concordaram que assim que estivessem ao lado um do outro, poderiam continuar juntos.

Horas mais tarde, resolveram que estava na hora de descansarem, afinal, ainda procuravam por uma ponte que nem mesmo sabiam se existia ou não. Contaram estrelas e histórias antes de dormir.

No dia seguinte, quando acordaram, avistaram uma ponte há poucos metros de onde estavam. Se acharam idiotas por não terem-na visto, mas atravessaram mesmo assim, e, sem motivo aparente, se abraçaram como se fossem velhos conhecidos. A partir daquele momento começaram sua nova jornada, dessa vez, juntos.

Sobre os dois gatos? Eles tem vários nomes e formas, mas eu gosto de chamá-los de Destino e Esperança. Eles apareceram quando ambos acharam que tudo estava perdido, e sumiram quando eles perceberam que não estavam mais sozinhos, que não precisavam mais dos gatos.

A clareira é feita da mesma coisa que nossos sonhos e esperanças. Ela e os gatos aparecem para qualquer um que aceitá-los, mas você nunca vai saber realmente, porque eles sabem se camuflar bem.

"Viverei um dia em algum lugar, e vou esquecer os dias que passei com todos. Nesse dia, eu não vou ser mais forte, como a fraqueza de uma pessoa normal, lágrimas vão transbordar"


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Notas finais do capítulo

E então? Particularmente, gostei muito dela.
Sei que ones geralmente não tem muitos reviews, mas por favor, gastem só um minutinho para deixar sua opinião!
~Kisses!