Nem Todo Mundo Odeia o Chris - 3ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 11
Todo Mundo Odeia a Rodoviária


Notas iniciais do capítulo

Feliz Ano Novo para todooooooooooossss!!!!!!!!
Meio atrasadinho, mas ainda está valendo...
Assim como viramos o ano na realidade, viramos o ano na história também!
Então, aproveitem o primeiro capítulo do ano de 1986... e de 2016 também...
o/



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POV. CHRIS (Brooklyn - 1986)

Como muitas famílias, a minha também tinha parentes em vários lugares. Meus parentes maternos moravam perto de nós, em Nova York, - minha avó, Maxime, e meu tio, Michael - então nós nos víamos com frequência, principalmente depois que minha mãe e minha avó fizeram trégua nas brigas sem sentido. Mas, ao contrário disso, meus parentes paternos moravam bem longe, em Down South.

Ao contrário do que muitos pensavam - inclusive o Greg -, Down South não era uma cidade, mas sim uma região que incluía quase todos os estados do sul. Louisiana, Texas, Alabama e vários outros. A cidade onde os parentes do meu pai moravam era Greenville, no Mississipi. Eu adorava ir para lá. A comida era a melhor, e ninguém me olhava torto por eu ser negro. Em resumo: era o paraíso. Vez por outra eu perguntava aos meus pais quando voltaríamos lá, mas eles sempre desconversavam, e meu pai alegava pouco dinheiro. Então, precisou acontecer algo desagradável para irmos lá outra vez.

A notícia que o tio Morris tinha morrido não foi tão pesada quando a da morte do meu avô, afinal, não o víamos há vários anos. Mas ainda assim era alguém da família, principalmente considerando que os pais do meu pai não eram mais vivos.

Ficou decidido, então, que íamos para Greenville para o enterro. Drew reclamou pacas, mas não adiantou nada. Lá estávamos nós - meus pais, eu, Drew e Tonya - indo para a rodoviária. Conseguimos nos despedir dos Jacksons enquanto colocávamos as malas nos táxis - sim, foram precisos dois táxis -, mas Lizzy convenceu os pais a ir conosco até a rodoviária. Óbvio que eu fiquei feliz. Seria um pouco menos de tempo longe dela.

Felizmente, por ela, eu não teria só notícias ruins naquele dia.

“Tenho uma coisa para te contar”, ela disse assim que chegamos na rodoviária.

Eu tinha notado, que desde a noite anterior, ela estava mais feliz, só não sabia o motivo. Não perguntei nada porque sabia que na hora certa ela me contaria.

“O quê?”

“Cibele está grávida.” Meus olhos de arregalaram e minha boca se abriu de espanto.

“Sério?” Ela assentiu. “Caramba. Você vai ser tia!” Ela riu e me abraçou pela cintura, sem ligar para as várias pessoas que nos cercavam no saguão da rodoviária. Também não liguei e passei os braços por seus ombros.

“Pois é. Meus pais quase enlouqueceram com a ideia de ser avós. Já estavam especulando se era menino ou menina.” Ri, mas fui cortado pela voz da minha mãe.

“Que notícia maravilhosa, Lizzy. Sua irmã deve estar muito feliz. Já está casada há quanto tempo?”

“Há seis meses. Está morta de feliz; deu para perceber só pela voz dela. Segundo ela, David já está uma pilha de nervos, mas morto de feliz.”

“Imagino. Jullius também ficou assim quando descobri que estava grávida do Chris. Ela já sabe com quantos meses está?”

“Segundo o médico, são dois meses.”

“Que ótimo. Quando voltar para casa, diga que mandamos parabéns para ela.” Lizzy assentiu e, naquele momento, entramos na sala de espera da rodoviária. “Bom, Chris, eu e seu pai vamos comprar as passagens, você fica aqui cuidando de Drew e Tonya junto com a Lizzy.” Assenti. “E preste bastante atenção. Esse lugar é cheio de ladrões, aproveitadores, sequestradores de crianças…” Ela continuou recitando a lista até sair da sala junto com o meu pai.

Troquei olhares com a Lizzy e sorrimos. Minha mãe era sempre exagerada; a rodoviária nem era tão ruim assim… Só tínhamos que ter cuidado como em qualquer outro lugar… Pelo menos foi o que eu pensei…

Lizzy e eu ficamos conversando sobre a gravidez da irmã dela, mas éramos interrompidos vez por outra por Drew e Tonya que diziam estar com fome.

“Quem mandou você não comerem direito antes de sair de casa? Vão ter que esperar agora. O pai e a mãe estão com o dinheiro.” Eles fecharam a cara e eu voltei a conversar com a Lizzy.

Quarenta minutos depois que nossos pais tinham ido comprar as passagens, eu comecei a imaginar o que estaria acontecendo para eles demorarem tanto, e Lizzy tentou me acalmar.

“A fila deve estar enorme, pelo visto. Você quer que eu vá lá ver como eles estão?” Olhei para ela, hesitante.

“Você quer ir sozinha?” Ela me encarou e sorriu de canto.

“Não precisa se preocupar. Sabe que sei me virar.”

Assenti e concordei que ela fosse, afinal, eu não podia pedi-la para olhar meus irmãos já que a responsabilidade era minha. Além do mais, eles já estavam enchendo o meu saco com essa história de fome; eu já estava ficando sem paciência. Eles reclamavam sem parar.

“Ah, eu estou com fome. Se o papai estivesse aqui ele já teria me dado dinheiro para o lanche.”

“E a mamãe teria dado para mim.” Revirei os olhos, tentando fazer meu último grão de paciência se multiplicar. Não tava fácil.

“Dá para parar de reclamar. A Lizzy foi tentar achar eles; daqui a pouco eles vêm.” E vocês vão encher o saco deles, não o meu…

Deus sabia que eu precisava de algo para me distrair, então ele me mandou alguém conhecido que eu não via tinha um tempo, mesmo que ele morasse em cima da minha casa.

“Chris, meu jovem, vai viajar?”

Ele estendeu a mão para mim e eu me levantei para cumprimentá-lo. Como sempre, ele estava acompanhado de uma mulher - viúva, com certeza -, e muito bonita também.

“Vou, sr. Omar. Meus pais foram comprar as passagens.” Ele sorriu.

“Férias coletivas da família?”

“Não. Meu tio morreu, e nós vamos ao enterro.” Ele balançou a cabeça como se estivesse desolado, mas no fundo eu sabia que ele não estava. Deviam ser anos de prática.

“Trágico! Trágico! Qual foi a causa da morte?” Franzi o cenho, me dando conta de que não sabia.

“Sabe que… eu não sei…”

“É. Algumas pessoas acreditam que é melhor saber o mínimo possível. Veja o marido da sra. Delafrost, por exemplo, ela também não sabe como ele morreu. Encontrou apenas o corpo. Trágico! Trágico!” Olhei para mulher que fingia - sim, fingia - choro e usei um pouco da minha educação.

“Meus pêsames, sra. Delafrost.” Ela sorriu fraco. Pelo menos ela tem o sr. Omar para consolá-la Ok, parei com a sacanagem...

“Obrigada, querido. Meus pêsames pelo seu tio também.” Assenti.

Nesse momento, ouvimos um chamado para um ônibus que ia para Houston, na Pensilvânia, e o sr. Omar se manifestou.

“Ah, é o nosso, querida. Temos que ir agora, Chris.” Ele me acenou e a viúva virou uma ultima vez para me olhar.

“Boa viagem, querido.”

“Para vocês também.”

Eles pegaram as malas e seguiram para o portão de embarque junto com outras pessoas.

Senti uma mão no meu ombro e virei para ver a Lizzy.

“Oi.”

“Oi. Era o sr. Omar?” Assenti.

“Com outra viúva. Pelo menos essa era educada. As outras que ele leva para casa nunca falam comigo…” Rimos, mas o sorriso dela morreu quando olhou para as cadeiras atrás de mim.

“E o Drew e a Tonya?” Com o coração batendo forte, olhei para as cadeiras onde eles deveriam estar e lá estava o canto mais limpo.

“Eu não acredito!” Eu não sabia o que eu sentia mais: raiva, preocupação ou medo. “Será possível que eles não podem ficar quietos por dez minutos?!” Lizzy olhava em todas as direções, tentando ver algo deles, mas nada.

“É melhor a gente encontrar eles logo porque só tem três pessoas na frente do seus pais na fila.” Encarei-a e, se eu pudesse ficar branco, eu teria ficado.

Murmurei um palavrão e tentei pensar em algo para fazer.

“Eu vou procurar eles nas lanchonetes; eles estavam com fome, devem ter ido para lá. Você pode ficar olhando as malas, por favor?”

“Claro. Pode ir tranquilo. Mato qualquer um que tentar se aproximar.” Sorri de canto. Só você consegue me fazer sorrir em uma situação dessas…

“Volto o mais rápido que conseguir.”

Dito isso, saí correndo na direção das lanchonetes.

POV. LIZZY

Pela minha noção de tempo de atendimento em guichês de rodoviária, Chris tinha, no máximo, meia hora para encontrar os irmãos e eu rezava para que desse certo, ou ele ia se ferrar bonito. Não que fosse tudo culpa dele - óbvio que se Drew e Tonya tivessem ficado quietos, nada disso estaria acontecendo, mas normalmente a dona Rochelle não quer saber de dividir culpa; é sempre o Chris…

Olhei o relógio da rodoviária e vi que ele já tinha saído a quinze minutos e nada. Comecei a olhar nervosamente para a porta da sala de espera, imaginando que a qualquer minutos os pais dele chegariam e ele não teria trazido os irmãos de volta. Mas sabe aquele ditado: “pensar mal atrai o mal”. Bem, foi exatamente isso que aconteceu.

Com 25 minutos que o Chris tinha saído, dona Rochelle e sr. Jullius entraram com as passagens. Os rostos deles ficaram desconfiados ao me verem sozinha, principalmente a dona Rochelle.

“Oi, fofa. Cadê Chris, Drew e Tonya?”

Eu juro que ia dizer que eles tinham ido ao banheiro e Chris tinha-os acompanhado, mas, naquele instante, o próprio Chris entrou correndo e falando, sem nem se dar conta que os pais estavam na minha frente.

“Lizzy, não consegui encontrar eles--”

Ele parou de repente ao notar os pais ali. Dona Rochelle virou lentamente para olhá-lo, e eu imaginei um olhar maníaco nela.

“Não encontrou quem, Chris?” Ela falou entredentes e Chris engoliu em seco, se dando conta de que estava muito ferrado.

Ele suspirou e baixou a cabeça, ficando com a postura neutra.

“Eu encontrei o sr. Omar aqui na sala de espera e, enquanto eu conversava com ele, Drew e Tonya sumiram.”

Fechando os olhos, dona Rochelle respirou fundo várias vezes. Sr. Jullius interviu antes que a mulher cometesse um homicídio.

“Dissemos para ficar de olho nos seus irmãos, Chris. Isso é tão difícil de fazer?” Os olhos do Chris se ergueram e, por um segundo, eu vi uma raiva fria neles, mas logo ela se apagou e ele simplesmente negou com a cabeça e murmurou desculpas.

Aparentemente mais calma, dona Rochelle se manifestou novamente.

“Olha aqui, garoto, você só não vai levar o que merece aqui porque eu tenho que procurar seus irmãos. Agora, toma conta das malas porque, se sumir mais alguma coisa, é você quem vai sumir.”

Os dois saíram, me deixando com um Chris de cabeça baixa. Aproximei-me dele e puxei-o para sentar comigo. Ele não ergueu os olhos e não falou nada por pelo menos quinze minutos. Esperei que ele tivesse seu tempo e também não falei, apenas segurei sua mão carinhosamente na minha.

De repente, ele se recostou na cadeira e, encostando a cabeça na parede, suspirou fundo de olhos fechados. Observei-o atentamente até que ele olhasse para mim.

“Tudo bem?” Ele assentiu rapidamente, um sorriso fraco nos lábios, e baixou novamente os olhos para o chão.

“Sim. Eles têm razão; eu sei como meus irmãos são, devia ter prestado mais atenção.” Neguei com firmeza.

“Não. A culpa não é só sua, e não fale como se estivesse tudo bem.” Pus minha mão livre em seu rosto e fiz com que olhasse para mim. “Sou eu, Chris. Não precisa fingir para mim.”

Ele segurou meu olhar por alguns segundos, mas logo cedeu e encostou a cabeça no meu ombro. O silêncio permaneceu por mais um tempo até que ele falou novamente.

“Às vezes essas coisas me deixam no limite.” Afaguei sua mão com o polegar.

“Acho que você devia conversar com eles.” Ele bufou com escárnio.

“Jamais iria funcionar. Democracia funciona no país, mas não na minha casa. Se eu for falar, minha situação vai piorar. Sabe como é minha mãe.”

“Eu sei, mas não gosto de te ver assim. Eles têm que entender que não podem jogar toda a responsabilidade nos seus ombros e isentar os outros dois só porque você é o mais velho.” Ouvi seu riso leve antes de sentir seus lábios em meu rosto.

“Obrigado.” Encarei-o ainda preocupada e ele insistiu. “Eu vou ficar bem, sério.”

“Me pergunto até quando você vai aguentar.”

“Eu também.”

POV. CHRIS

Depois de nossa conversa, eu e Lizzy ficamos em silêncio de novo. O assunto me deixava desconfortável e quando mais falávamos, menos eu via uma solução. É melhor não mexer nesse tipo de coisa…

Os minutos foram passando e nada dos meus pais voltarem. Se pelo menos meus irmãos tivessem voltado, eu teria ficado mais tranquilo, mas nem isso. Vez por outra eu ou a Lizzy íamos até a porta da sala e olhávamos para os dois lados, tentando enxergar se eles já estavam voltando, mas também nada.

Chamada de embarque para o ônibus Greyhound com partida às 10:45h, destino Greenville. Passageiros, por favor, compareçam à plataforma 8 com as passagens em mãos.

Lizzy e eu nos entreolhamos com olhares de pânico.

“Lizzy, eles vão me matar se perdermos o ônibus por minha causa.” Novamente ela apertou minha mão.

“Já disse, a culpa não é só sua. Não tem como Drew e Tonya se safarem dessa. Eles têm culpa também.”

Porém, por mais que ela me dissesse isso, eu não pude deixar de sentir certo pânico quando os outros passageiros do nosso ônibus se levantaram e saíram da sala. Ficamos só nós dois e eu choraminguei alto ao ouvir o anúncio seguinte.

Atenção, passageiros do ônibus Greyhound com partida às 10:45h, destino Greenville. Última chamada. Compareçam à plataforma 8 com as passagens em mãos.

Senti Lizzy apertar minha mão em sinal de apoio e tentei relaxar. Não há mais nada que eu possa fazer…

Dez minutos depois, meus pais entraram na sala com meus irmãos. Minha mãe arrastava Drew e Tonya pelas orelhas e meu pai vinha logo atrás, empurrando-- espera. O que o tio Louis está fazendo aqui? Ele não ia de avião? Mas antes que eu perguntasse, meu pai falou:

“Porque não trouxe eles logo, Louis? Podia ter avisado que vinha e evitado toda essa confusão.” Tio Louis sorriu amarelo à guisa de desculpas.

Enquanto isso, minha mãe olhou ao redor e perguntou:

“Onde está todo mundo?” Respirei fundo antes de responder, considerando que ela estava perto da minha cadeira e sua expressão era quase assassina.

“O ônibus já partiu. São quase 11h.” Ouvi o grunhido da raiva da minha mãe antes que ela me desse um tapa na nuca.

“Você só tinha que olhar as malas e os seus irmãos! Mas não! Tinha que deixar eles andando por aí como órfãos! Ainda bem que eles encontraram o Louis! Imagina se algum estranho tivesse levado os seus irmãos?! O que você ia fazer?!”

Tive um segundo de alerta quando a mão da Lizzy tremeu na minha. Ela fez um movimento rápido para se levantar, mas eu apertei sua mão, forçando-a se sentar novamente. Ela me olhou interrogativa, e eu ainda pude ver a raiva em seus olhos. Neguei levemente com a cabeça. Não vale a pena… Ela entendeu e, bem a contragosto, relaxou o corpo na cadeira outra vez.

Como as passagens não tinham reembolso, a viagem foi cancelada. Na saída da rodoviária, tio Louis tentou se despedir e sair pela tangente, mas meu pai puxou ele pelo colarinho e minha mãe o intimou a fazer o almoço para compensar pelo susto e pelo cancelamento da viagem.

Pegamos os táxis e eu fiquei muito feliz por ir no segundo táxi, onde minha mãe não estava. Queria adiar minha punição o máximo possível. Fomos só eu, Lizzy e o tio Louis. Ele pediu desculpas para mim pela viagem, mas eu deixei para lá. Vi seus olhos passarem pela mão da Lizzy ainda na minha, e ele virou para a janela do táxi. Mentalmente agradeci o tato do meu tio por me dar um pouco de privacidade. Imaginei o que ele havia pensado ao ver aquilo, e o pensamento me fez sorrir. Senti-me mais leve e me inclinei para falar no ouvido da Lizzy.

“Entendeu o que eu quis dizer?”

“Sim. Embora não ache justo.”

“Eu sei que discorda mas, confia em mim, é melhor não desafiar. Quem sabe um dia eu crie coragem…” Ela assentiu e seguimos o resto do caminho em silêncio.

Ao descer do táxi, ela faz um gesto rápido que eu entendi. Nos falamos mais tarde…

Em casa, depois do almoço - incrível, diga-se de passagem - feito pelo tio Louis, minha mãe mandou que eu servisse a sobremesa. Levantei e fiz tudo calado, percebendo que, mesmo sem falar nada sobre o que tinha acontecido na rodoviária, ela já estava me punindo. Depois de todos servidos, me sentei para comer minha sobremesa, mas Drew reclamou que o dele estava menos que os outros. Esperei a reação da minha mãe.

“Ah, meu filho, o Chris coloca mais para você.” E pegou taça de sobremesa dele e colocou na minha frente.

“Por que isso agora? Ele pode muito bem ir colocar mais.” Minha mãe me encarou com aquele olhar que gelava até a alma.

“Porque eu mandei você, não ele.” Segurei aquele olhar por alguns instantes, mas decidi que a briga não valia a pena.

Levantei, fui até a cozinha e coloquei mais sobremesa para o Drew. Quando voltei, a Tonya queria mais. Resisti à vontade de rolar os olhos e preparei minha reserva de paciência.

Como eu já esperava, ficou para mim a tarefa de limpar a mesa e lavar a louça, enquanto os outros assistiam TV na sala. Quando já estava perto de acabar, minha mãe veio falar comigo na cozinha. Não fiz qualquer esforço para reconhecer que ela estava ali.

“Chris?”

“Sim”, respondi seco.

“Já percebeu qual é o seu castigo?” Concentrei toda a minha atenção no copo sujo à minha frente, mas a ironia saiu mesmo assim.

“Sim. Meu período de ser babá e empregada doméstica aumentou.” Ouvi ela rir, mas percebi que estava irritada com a minha resposta.

“Exatamente. Vai fazer tudo o que seus irmãos pedirem… Por uma semana.” O QUÊ??

Apesar da humilhação do castigo, me forcei a não mostrar nenhuma reação. Não ia dar esse gosto a ela. Sequei e guardei o último copo e me virei para encará-la, sem expressão.

“Mais alguma coisa?” Percebi sua expressão de vitória vacilar por um instante antes que ela respondesse.

“Não.”

“Ok. Vou trabalhar.”

Passei por ela e desci as escadas, sentindo meu corpo tremer levemente pela raiva. No último degrau, escutei o Drew me chamar do alto da escada. Assim que me virei, ele começou a falar.

“Chris, me desculpa. Eu queria ter impedido a Tonya, mas--” Eu não queria falar sobre aquilo, muito menos com ele.

“Não quero falar disso agora. Tchau.”

“Ok. Desculpa. Tchau.” Ele desapareceu do alto da escada e eu saí para a calçada.

Não foi nem muita surpresa quando encontrei a Lizzy sentada lá me esperando. Sentei ao lado dela e contei tudo o que tinha acontecido; a raiva passando aos poucos. Ela ficou revoltada com o meu castigo, mas eu pedi para ela não fazer nada. Era algo que, um dia, eu teria que resolver com meus pais, mas eu sentia que ainda não era a hora. Ela compreendeu meu pedido, mas me pediu algo em troca.

“Nunca mais finja sentimentos para mim. Não sou uma estranha para você.” Sorri pelo pedido.

“Prometo. Em troca, também não me esconda mais nada.” Ela me olhou e sorriu.

“Isso já está prometido.”

Sorri, feliz, apesar de tudo.

***


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Notas finais do capítulo

E aê? Reviews?



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