V

Rachel jogou as cobertas para o lado e saiu da cama depois de se espreguiçar, rumou em direção à cozinha e ao estranho cheiro de bacon que vinha de lá. Deparou-se com a última pessoa que esperava encontrar às sete e meia da manhã em seu apartamento preparando o café da manhã. Mas, levando em consideração a atual parceria que haviam estabelecido, nada mais natural.

— O que você está fazendo no meu apartamento há essa hora? — Quis saber a baixinha.

— Bom dia pra você também, eu estou esperando a... — A loira parou seus afazeres por um momento tentando lembrar o nome da garota com a qual havia passado a noite. — Andy sair.

— Espera ai. Você pegou alguém depois de me deixar em casa?

— Eu não usaria o termo “pegar” porque ele é muito vulgar, prefiro dizer que nós duas compartilhamos uma experiência afetiva.

— Você é inacreditável Quinn. — A morena sentou-se à mesa servindo um pouco de café sem açúcar na xícara para ela.

— Bacon? — Perguntou a loira dando de ombros.

— Eu sou vegan. — Rachel respondeu simplesmente.

— Eu sei disso. — Retrucou Quinn com sorriso safado lhe encarando.

Rachel seguiu o olhar da loira que seguia direto para suas coxas descobertas e só ai ela percebeu que usava apenas uma blusa larga da UCLA e calcinha. — Ah! Eu vou trocar de roupa.

— Juro que não me incomodo em te ver assim, é sério. — Brincou a loira.

— Cala boca, idiota. — Quinn gargalhou do bico emburrado que a judia fez e do dedo que lhe foi estirado.

— Antes que eu me esqueça de dizer... Só pra você saber, reativei seu facebook.

— Como você descobriu minha senha? — Gritou a morena confusa voltando para a cozinha vestindo um shortinho, não que ficar de calcinha ou com ele fosse muito diferente já que o pedaço de pano mal cobria suas partes íntimas.

— “RachelBerry123” não é o que podemos chamar de senha confiável. — Implicou Quinn.

— Eu desativei essa porcaria por um bom motivo, você não tinha o direito de fazer isso.

— Samantha Evans e Kitty Wilde te enviaram uma solicitação de amizade.

— Oh, isso é sério?

— É impressão minha ou você tem uma queda, ou melhor, um tombo por loiras?

— Não começa Quinn.

— É que assim, só pra no caso de você não ter percebido ainda, sabe, eu sou loira.

— Será que você pode ir se foder, por favor? Obrigado, de nada. Agora onde é que está o meu liquidificador?

— É aquele copo gigante com uma hélice assassina no meio? — Rachel encarou a loira sem acreditar. — É, acho que eu quebrei.

— Maravilha. Agora você me deve vinte e cinco dólares.

— Que tal se eu te pagar em comida japonesa, as oito, no meu apartamento?

— Tudo bem, mas isso não é um encontro.

— Não até eu entrar em sua calcinha. — A loira elevou a sobrancelha de forma sugestiva.

— Como você é desagradável. — Rachel revirou os olhos.

— Sabe que eu também gosto de você? — Quinn rebateu enfiando um pedaço de bacon na boca antes de sorrir descaradamente.

[...]

— Você realmente leva seu trabalho a sério. — Rachel comentou admirada ao observar o quadro super organizado e repleto de ramificações com os nomes de sua lista pendurado na parede lateral da sala.

— Meu pai era investigador do FBI, nós sempre brincávamos de desvendar casos mirabolantes juntos. Quando ele morreu, eu tinha dezessete anos, resolvi que queria seguir uma carreira tão brilhante quanto à dele. —Quinn respondeu com certo orgulho na voz.

— Ele certamente deve estar muito orgulhoso de você. —Rachel virou para encarar a loira que se encontrava a poucos centímetros de distância e quando eu digo poucos quero dizer quase nenhum.

— Obrigado. —A morena sentia a respiração quente e descompassada de Quinn batendo em seu rosto, seus olhos não conseguiam se desviar dos lábios finos e altamente atrativos da outra mulher. Aqueles olhos avelã estavam fixos nela como uma fera observando a presa antes de dar o bote, um único passo e ela poderia capturar a boca da loira com a sua. Quinn sorriu para a confusão estampada nos olhos chocolates e se afastou. — E então, com fome?

Rachel pareceu acordar de um devaneio e assentiu sem graça colocando uma mexa do cabelo atrás da orelha.

— Acho que tenho uma boa noticia pra você... — A loira disse enquanto pegava uma folha na pilha com inúmeras outras espalhadas pelo chão onde elas estavam sentadas, revirando as pesquisas feitas por Quinn. — Elena Gilbert, divorciada a sete meses do quarto marido, sem filhos, corretora de imóveis muito bem sucedida, bonita, rica... Quer que eu continue?

— Eu me lembro dela, nós só saímos por umas três semanas. Ela era casada com o segundo marido na época e antes que você me julgue, quando eu descobri isso disse que não poderíamos mais nos encontrar porque eu não era exatamente a favor do adultério.

— Bem, ela está solteira agora, então nada te impede de encontrá-la.

— E como eu vou fazer isso?

— Ela é corretora, nada mais natural do que você ligar e marcar uma hora.

A morena apertou as duas bochechas da loira sorrindo antes de gritar entusiasmada. — Você é um gênio, Quinnie! — Rachel sabia que a loira odiava apelidos e só fez aquilo para provocá-la. — Me dê o telefone agora, anda!

[...]

A judia se preparava para subir o último lance de escadas quando ouviu a risada zombeteira de Quinn ecoar.

— E ai, como foi? — A loira perguntou antes de dar uma mordida na maçã verde em sua mão.

— Elena Gilbert está, definitivamente, fora da lista.

— Por que?

— A mulher é uma maníaca sexual, é serio. Ela tentou me beijar em todos os cômodos daquela maldita casa que eu supostamente estava interessada em ver e suas mãos foram parar na minha bunda mais vezes do que eu pude contar. — Quinn gargalhou alto e aquilo irritou a baixinha que fez um bico emburrado para a loira. — Isso não tem a menor graça.

— Na verdade tem sim. — Deu de ombros.

— Eu realmente preciso transar ou meu humor só vai piorar daqui pra frente.

— E por que não com a maníaca sexual?

— Ta brincando, né? Aquela mulher é uma máquina de sexo. Ela não pararia até que estivesse mortalmente satisfeita, ou seja, ela sugaria até minha última gota de energia vital.

— Qual é? Não confia no seu próprio taco Berry?

— Você usa uns termos tão machistas ás vezes que é inevitável te comparar ao único cara com quem me relacionei na vida.

— E por que ele não está na lista de pesquisa?

— Jesse St. James é um canalha que só merece estar em uma lista e é a do necrotério. — A morena respondeu entrando em seu apartamento e se jogando no sofá.

— Só porque ele é homem ou por ter o pinto muito pequeno?!Você não deveria julgar as pessoas baseada apenas nesses pequenos detalhes. — Rachel sequer se deu o trabalho de responder. — Então, eu vou pedir uma pizza, tá afim?

— Está mesmo disposta a pedir metade vegan só pra ter minha companhia?

— O que eu posso dizer? Sou uma alma caridosa. — A morena não pôde deixar de rir. — Te espero daqui a meia hora no terraço, ok?

— Mas nós recebemos um comunicado de que é proibido subir lá e...

— Eu escrevi o comunicado. As pessoas estavam destruindo meu espaço e não vi alternativa a não ser banir todos de lá.

— Eu sinceramente não sei porque ainda me surpreendo com as coisas que você diz... Enfim, vou tomar um banho e já subo.

— Tem certeza de que não precisa da minha ajuda no banho? — Rachel agarrou uma almofada antes de rapidamente se virar e jogá-la com toda sua força na loira que gargalhava na porta. Quinn riu mandando um beijinho no ar para a baixinha antes de deixar o apartamento.

[...]

— Então foi por isso que você proibiu as pessoas de virem até aqui? — Rachel observou o terraço totalmente mobiliado de baixo de uma grande tenda.

— É que eu gosto de praticar violão aqui à noite e também uso meu caro telescópio para olhar as constelações. Um hobby nerd, eu sei. Além disso, eu não queria as pessoas invadindo meu espaço pessoal.

A baixinha assentiu e então elas permaneceram em silêncio por um tempo, ouvindo o barulho dos carros e olhando a lua cheia no céu.

— Sinceramente, eu cansei dessa maldita lista. Minhas amigas estavam certas, não foi uma boa ideia. Por que dar uma segunda chance a alguém que sequer merecia a primeira? Essa foi, sem dúvida, a coisa mais estúpida que eu já fiz na minha vida.

— Quer saber? Eu não concordo. — Quinn sentou ao lado de Rachel no sofá vermelho que ela mesma havia posto lá.

— Como assim? — A baixinha parecia confusa.

— A coisa mais estúpida que você já fez na vida, foi não ter transado comigo ainda. Mas nós podemos resolver isso agora, se você quiser...

Rachel riu aplicando um tapa na mão boba de Quinn que subia por sua perna. — Você não cansa de ser idiota?

— Na verdade, não. — A loira deu de ombros com um sorriso charmoso.

— Você quer mesmo dormir comigo? — A baixinha engoliu em seco quando seus olhos se fixaram nos de Quinn.

A loira aproximou sua boca da orelha de Rachel e aplicou um pequeno beijo atrás dela. A morena se arrepiou inteira ao sentir a respiração quente da mulher ali juntamente com seus lábios molhados. — Você não faz ideia do quanto. —Quinn sussurrou rouca.

Rachel fechou os olhos e contou até dez antes de abrir um sorriso ensaiado e responder venenosamente. — Então pode continuar sonhando. Quem sabe um dia, baby?

A loira sorriu desconcertada antes de se afastar completamente. — Então, tem certeza de que não quer saber nada sobre St. James? — Rapidamente mudou de assunto.

— Aquele cretino me traiu com a líder de torcida mais vadia do colégio.

— Achei que o objetivo da lista fosse proporcionar uma segunda chance.

— É, tanto faz. Enfim, o que você descobriu sobre ele?

— Foi uma pesquisa rápida e muito mais fácil que as outras. Ele basicamente nunca foi casado e é vice-presidente de uma rede de Cassinos em Vegas.

— Vice-presidente? Cassinos? Las Vegas? — Quinn apenas concordou rindo da morena. — Bem, me parece que Jesse St. James acaba de ganhar uma segunda chance para se explicar com Rachel Berry.

Não que a baixinha fosse uma mulher oportunista, mas ela adoraria saber como aquele cretino com o sorriso mais egocêntrico que ela já havia conhecido tinha conseguido subir tão alto na vida.