Doce Fruto de um Passado Amargo escrita por XxLininhaxX


Capítulo 7
POV Camus/ POV Hyoga


Notas iniciais do capítulo

Yoooo ^^/

Tudo bom? Então, estou aproveitando que minha inspiração ainda está por aqui para atualizar essa fic o máximo que eu puder XD
Espero que aproveitem ^^

Eu devo admitir q não tenho sentido q os caps estão tão bons assim non... é como se eu tivesse perdido o jeito ú__ù
Mas vou continuar escrevendo até voltar ao ritmo e escrita de antes XD

Bom, de qualquer forma, espero q gostem, pq independente de qualquer coisa, eu sempre escrevo com mto carinho XD

Agradeço pelos reviews q vem chegando, msm q aos poucos XD!!
Isso me deixa mto feliz e animada para continuar escrevendo, por isso peço para q continuem comentando ^^

Boa leitura =**
^^v



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Eu estava achando tudo muito estranho. Hyoga estava agindo completamente diferente do que ele mostrara no dia anterior. Eu fiquei preocupado de que ele poderia ser mal educado com Shaka e Mu, mas parecia que estava tudo bem. Será que o problema dele era só comigo? Será que ele realmente me odiava por tudo que aconteceu? Eu ainda não tinha engolido aquela história. Por mais que fizesse sentido, Hyoga agia de uma maneira muito contraditória. Ele não era completamente rebelde, nem mesmo comigo. Ele parecia estar magoado, mas era como se ele quisesse transferir a mágoa para mim sem que acreditasse que eu a merecia. Alguma coisa estava muito errada e eu precisava saber o que era. O problema era como eu descobriria aquilo. Eu acabara de conhecê-lo. Não poderia simplesmente impor uma autoridade paterna sendo que nunca fora de fato pai dele. Eu não acreditava naquela história de que pai era quem colocava no mundo. O homem que me colocou no mundo nunca fora de fato meu pai. E eu definitivamente não seguiria o exemplo dele. Eu teria que ter paciência para lidar com Hyoga e conquistar sua confiança. Se ele estivesse apenas fazendo teatro, tenho certeza que logo mudaria de ideia.

Enquanto dirigia, olhava de soslaio para o banco traseiro pelo retrovisor. Hyoga parecia uma criança que nunca andara de carro. Seus olhos brilhavam olhando através da janela. Sorri de leve. Daquele jeito, ele me lembrava de Natássia. Aquele encantamento pelo mundo, um ar inocente e doce. Apesar do comportamento controverso dele, algo despertava em mim sempre que eu olhava para ele. Era meu filho! Meu filho! Eu não imaginava que poderia me sentir daquela forma. Natássia sempre falava que queria ter filhos e formar uma família comigo. Eu apenas observava sua empolgação todas as vezes que ela tocava no assunto. Milo também já havia me questionado sobre a possibilidade de adotar um filho. E eu sempre trocava de assunto, pois um filho nas nossas atuais circunstâncias seria muito complicado. Além disso, esse nunca tinha sido um sonho particularmente meu. Mas vendo Hyoga, não sabia explicar. Ficava imaginando o nascimento dele, seus primeiros passos, o primeiro dente, as primeiras palavras; tudo do qual eu não pude participar. E aquilo me doía como eu jamais pensara ser possível. Não sabia se era pela nostalgia de relembrar Natássia, mas algo muito forte me vinha quando olhava para Hyoga. Eu tinha esperanças de que esse sentimento se desenvolveria junto com meu relacionamento com meu filho.

Estava torcendo para que o dia continuasse calmo. Seria um bom tempo para me aproximar de Hyoga. Talvez conseguisse ficar um pouco sozinho com ele e poderíamos conversar. Milo sempre ficava ocupado nesses dias, tirando fotos e coisas nesse sentido. E enquanto ele estivesse ocupado, eu iria dar umas voltas com meu filho. Senhora Valéria poderia ficar com Shaka e os meninos. Tenho certeza que se eu explicasse, ela entenderia e me apoiaria.

Não demoramos para chegar. Vi Shaka e Mu estacionando e me dirigi para perto de onde eles haviam parado. Descemos do carro e Milo já seguiu para onde Mu estava e foram andando na frente. Hyoga ajudava a senhora Valéria a descer do carro, enquanto Shaka se aproximava com Ikki e Shun.

— Então, para onde vamos? – Shaka me perguntou.

— Preciso achar um lugar onde Hyoga possa comer alguma coisa. – respondi.

— Mu me disse que tem uma lanchonete dentro do parque. Podemos ir para lá e esperar até que ele e Milo se desocupem.

— Isso vai demorar? Não estou com saco pra ficar “apreciando a natureza”. – Ikki dizia, totalmente desrespeitoso.

— Ikki, você poderia pelo menos fingir que não está mal humorado hoje. Só pra variar. – Shaka olhava para ele, desaprovador.

— Eu até que poderia, mas não to afim.

— Ikki, Ikki. Não me teste! Você sabe muito bem que paciência tem limite, principalmente a minha. – Shaka já começava a demonstrar sinais de irritação.

— Ah! Vê se me erra.

Ikki saiu andando e Shaka suspirou. Ele não parecia disposto a ir atrás do meu afilhado. Até imaginava por que. Shaka era muito parecido comigo nesse sentido, detestava rebeldia, falta de educação e indisciplina. Provavelmente se fosse discutir com Ikki, acabaria perdendo a paciência.

— O que ele tem? – Hyoga perguntou.

— Falta de corretivo. – Shaka falava com um tom estressado.

— Não liga não. Meu irmão é assim mesmo. Ele parece meio revoltado com tudo, mas é uma pessoa muito gentil. – ouvi Shun defender o irmão, como era de praxe.

Hyoga ficou calado, como se aquilo o tivesse deixado intrigado. Eu esperava estar vendo coisas, porque a última coisa que eu precisava era desses dois juntos, tentando tirar Shaka e eu do sério. Eu preferia que ele se relacionasse mais com Shun, que era um garoto extremamente dócil e educado, apesar de ser um pouco manhoso demais pro meu gosto.

— Bom, vamos andando também. Tenho que levar você para comer, meu filho. – falei.

— Por favor, não me chame de filho. – ele respondeu secamente.

— Hyoga! – senhora Valéria lhe chamou a atenção.

— Tudo bem, senhora Valéria. Deixe-o. – eu apenas queria evitar showzinhos públicos. Hyoga ainda ia aprender a me respeitar, isso eu garantia. – Bom, vamos logo, de qualquer forma.

Começamos a andar em direção ao parque. Realmente tinham feito um trabalho interessante. Não tínhamos muitas áreas verdes dentro da cidade e aquele parque seria um entretenimento muito bom, principalmente para famílias. O espaço era tão grande que não conseguia ver o final do parque. Pelo mapa, parecia ter lagos, pistas de skate, área para piquenique, etc. Hyoga olhava tudo ao redor, mas agora sentia certa tristeza em seu olhar. Era impressionante como ele mudava de humor com tanta facilidade. Era quase como se ele tivesse duas personalidades completamente distintas. Qual era a real? Quando eu poderia conhecer meu verdadeiro filho? Até quando ele se comportaria daquela maneira dúbia? Eu não costumava ser ansioso daquela forma, mas eu já havia perdido tanto tempo. Não queria perder mais.

Chegamos à lanchonete e Hyoga escolheu um lanche qualquer. Assim que terminou, ele começou a caminhar para fora do recinto, o que me chamou a atenção, pois estávamos todos assentados à mesa.

— Onde pensa que vai? – perguntei.

— Vou dar uma volta por aí. – ele sequer virou-se para me responder.

— Não pode sair sem minha permissão.

Ele não me deu ouvidos e continuou andando. Suspirei. A paciência já estava chegando ao limite.

— Que estranho, Camus. – Shaka comentou. – Na sua casa, Hyoga parecia ser muito tranquilo. Aconteceu alguma coisa durante o trajeto até aqui?

— Não Shaka. Infelizmente Hyoga não parece muito disposto a me aceitar como pai. Ele me culpa pela morte de Natássia. – respondi resignado.

— Como? Mas isso é absurdo! Ele conhece toda a história?

— Sim.

— Então não faz o menor sentido que ele te culpe. Foi um acidente! – Shaka parecia revoltado com a notícia.

— Por favor, tentem entender o lado dele. Hyoga passou por momentos muito difíceis até aqui. Sei que pode ser complicado lidar com ele por agora, mas tenham paciência. – senhora Valéria intercedia por seu neto.

— Acredite, senhora Valéria. Estou tendo mais paciência do que imagina. – respondi.

POV Hyoga

Eu andava sem um destino certo. Aquele lugar era lindo! Eu estava encantado com tudo que via ao meu redor. O lugar onde eu morava era só gelo a maior parte do tempo. Não tínhamos nada similar a aquilo. E eu queria aproveitar aquele tempo sozinho.

— “Não é lindo, meu anjo?!”

Eu conseguia ouvir a voz de minha mãe sussurrando aquelas palavras em meus ouvidos. Meus olhos voltaram a marejar. Seria tão bom se ela estivesse ali comigo. Ou melhor, com a gente. Tenho certeza que teríamos sido uma família espetacular. Eu sentia uma fincada no peito cada vez que dava uma má resposta para meu pai. Como se sentisse que minha mãe ficasse triste com o que eu estava fazendo. Mas eu não saberia agir de outra forma. Eu não conseguia ver minha utilidade na vida dele em hipótese alguma. Era diferente da minha avó. Ela precisava de mim. Eu cuidava dela e ela cuidava de mim. Era simples, prático e eficiente. Não havia “por quês” não respondidos ou qualquer coisa de complicado. Mas entre eu e meu pai havia um abismo enorme. Ele não sabia quem eu era e vice-versa. Tantas coisas a se dizer, tantas feridas a reabrir. E pra que? Pra machucá-lo! Pra atrapalhar a nova vida que ele construiu. Não era justo! Não por mim!

Eu andava meio que sem destino. A verdade é que eu estava com muito sono. Eu tinha gostado muito daquele parque, mas estava muito cansado para apreciá-lo como queria. Estava começando a sentir minha cabeça latejando. Eu tinha certeza que começaria a delirar em pouco tempo. Sempre que essa época do ano chegava, eu ficava tão exausto que começava a ver ilusões. Não era nada assustador. Mas ver minha mãe como um holograma para depois abrir os olhos para a realidade era tão cruel, tão desumano que eu mesmo seria incapaz de descrever a dor que aquilo causava. Eu tinha quase certeza que já não era um garoto muito normal. Depois de ter visto minha mãe morrer, aconteceram outras coisas que contribuíram para a minha piora. Não era lá a coisa mais terrível do mundo, mas também não era algo do que eu me orgulhasse. De qualquer forma, eu também não me arrependia. Piorar o que já estava ruim não parecia tão absurdo. Eu considerava como o ciclo natural da vida. Nada é tão ruim que não possa piorar.

Fui em direção a um lago que havia por ali. Havia alguns cisnes nadando ali. Eu sempre me lembrava de minha mãe quando via Cisnes. Era uma ave graciosa, elegante, bonita. Quase como se não pertencesse a esse mundo. E o mais importante, tinha apenas um parceiro por toda a vida. Minha mãe sempre deixou claro que meu pai era o único na vida dela. Ela foi forçada a ficar com outro o qual ela simplesmente não suportava, mas nunca deixou de pensar em meu pai um minuto sequer. Se não a comparasse com um cisne, só restaria um anjo como base de comparação. Pensar naquilo fez meus olhos arderem novamente. Abaixei-me na beira do lago e fiquei balançando minha mão lá dentro, como que brincando com a água.

— Também está entediado? – ouvi alguém falando comigo e voltei minha atenção para a pessoa, que estava atrás de mim.

— Ikki, não é? – disse, retornando minha atenção para o lago após fazer aquela constatação.

— Isso mesmo. – ficou silêncio por alguns segundos, antes que ele retornasse a fala. – E então? Fiz uma pergunta.

Levante-me e sequei minha mão em minha blusa, para então virar para encará-lo.

— O que quer como resposta? Eu pareço estar me divertindo ou algo assim? – falei seco, sem paciência para perguntas óbvias como aquela.

— Atrevido você. Eu gosto disso! – ele sorria pra mim, bastante malicioso por sinal.

— Acho que não preciso saber da sua opinião, já que não a pedi.

— Eu sei que não, mas também não preciso da sua permissão para falar o que eu penso.

Ele olhava para mim em um tom desafiador, com um sorriso cínico no canto dos lábios. Eu também estava sorrindo de maneira debochada. Não nego que gostava daquele joguinho bobo que ele queria criar. Quando bati meus olhos nele, eu já sabia que seríamos muito próximos. Não no sentido sexual da coisa, porque eu não era muito de acreditar em amor à primeira vista. Mas também não excluía essa possibilidade. Só era muito cedo para pensar em qualquer coisa daquele nível.

— Que seja. – respondi por fim.

— Você pretende ficar agindo assim o tempo todo ou algum dia teremos uma conversa normal? – ele continuava provocando.

— Isso depende. Não sei se você é tão interessante assim para que eu me dê ao trabalho de ter uma conversa descente.

— Está me julgando só porque pareço um rebelde sem causa?

— Talvez.

Ele gargalhou alto. Foi se aproximando de mim, até que nossos rostos ficassem tão próximos ao ponto de um sentir a respiração do outro. Ele se aproximou ainda mais, indo em direção à minha orelha.

— Você não é muito diferente de mim. – ele sussurrou.

— Eu sei que não.

Por algum motivo, aquela constatação me deixou um pouco chateado. Não era que eu considerasse Ikki alguém ruim nem nada. Até porque nem o conhecia o suficiente para tirar qualquer conclusão. Mas pensar que eu poderia ser um rebelde sem causa não era motivo de alegria para mim. De qualquer forma, também não pensava que Ikki era um rebelde sem causa. Eu sabia reconhecer a dor nos olhos dos outros. E eu via muita dor naquele par de olhos azuis escuros.

Ikki se afastou e passou a me observar cautelosamente.

— Podemos começar de novo, sem joguinhos. O que acha? – ele disse, agora com um tom mais gentil.

— Será um prazer. – sorri de leve.

— Vamos dar um passeio então. Temos muito que conversar.

Começamos a caminhar lentamente e conversar casualidade. Ele me perguntou como era o lugar onde eu morava e qual era minha rotina lá. Claro que omiti certas coisas. Coisas que nem mesmo minha avó sabia. Se eu não contara a ela, não via necessidade de contar para Ikki também. Ele também meu contou como era sua rotina e como era sua vida com os pais adotivos e o irmão. Quando ele falava dos pais, era perceptível o carinho que ele tinha por eles. Não era algo meloso e cheio de drama. Era algo sólido e muito bem resolvido. Não conseguia imaginar o motivo de tanta hostilidade para tratá-los, então. E quando ele falou do irmão, senti um amor muito grande, mas certa tristeza no fundo de seus olhos. Realmente não dava pra negar que Ikki era alguém muito interessante.

Sentamos em um banco.

— Mas me diga. É perceptível que você gosta muito dos seus pais. Então por que os trata daquela forma? – perguntei, mesmo sabendo que provavelmente não teria uma resposta.

— Não é por mal. Foi assim que eu aprendi a viver, antes de conhecê-los. Tornou-se minha marca registrada, o mau humor. – ele falava olhando para o nada, como se estivesse divagando em um tempo diferente do agora.

Eu não falei mais nada. De alguma forma eu entendia o que ele queria dizer. Mas se eu começasse a pensar muito em coisas como aquela, eu provavelmente ia começar a chorar. E isso era o que eu menos queria naquele momento. Precisava relaxar de alguma forma. Tirei uma caixinha do bolso; cigarro. Eu achava aquele meu hábito um tanto quanto patético, mas era algo que me relaxava em momentos como aquele. Ascendi e dei uma tragada. E Ikki, que até então estava perdido em pensamentos, virou-se para mim.

— Cigarro? Sério? – ele me olhava de maneira curiosa.

— Tem algum problema com isso? Não parece do tipo moralista que vai me recriminar por isso.

— E não sou mesmo. Mas, apenas lhe aviso, seu pai não vai gostar muito disso. E o Camus não é lá um poço de paciência.

— O que quer dizer com isso? Está com medo dele? – provoquei.

— Medo não, respeito. Talvez o respeite até mais que meus pais. Shaka tem aquele jeito certinho dele, mas não é tão linha dura quanto seu pai.

Eu não falei nada. Minha avó havia me dito isso várias vezes. Não me lembrava da minha mãe focando muito nesse ponto, mas minha avó sempre dizia que meu pai era alguém muito rígido. Provavelmente ela ouviu aquilo de minha mãe. Mas até aquele momento, ele não tinha demonstrado muito daquele lado, com exceção daquele rompante no quarto de minha avó. De qualquer forma, eu não tinha que me preocupar. Afinal, o que ele poderia fazer? Abaixar minhas calças e me bater como um menininho de cinco anos? A ideia parecia ridícula demais.

— Depois não diga que eu não avisei. – Ikki falou de repente.

Eu não dei muita atenção. Dei mais uma tragada e inclinei minha cabeça para trás, exalando toda a fumaça para cima.

— Hyoga! O que pensa que está fazendo? — ouvi meu nome ser gritado e quase engasguei com a fumaça.

Pelo visto, aquele dia ainda ia render.

Continua...


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