Doce Fruto de um Passado Amargo escrita por XxLininhaxX


Capítulo 31
POV Camus


Notas iniciais do capítulo

Ei pessoinhas!!

Sim, eu dei uma sumida absurda ^^"
Desculpa, minha vida teve tantas mudanças nesse tempo...
Mas eu nunca quis parar de escrever!
Essa fic é um pouco densa pra mim, então é difícil entrar no humor pra escrever!
Eu quero tentar terminá-la esse ano, mas não sei se vou conseguir!
Por favor, torçam pra q eu continue nessa vibe de escrita ^^

Anyway, sem mais enrolação!
Espero q gostem desse novo capítulo ^^

^^v



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/593735/chapter/31

— Isaak...? – ouvi meu filho chamando.

— Surpresa! – disse o jovem a nossa frente com os braços abertos, como que chamando Hyoga para um abraço.

Meu filho atendeu prontamente e correu para os braços do outro jovem.

— Isaak! Isaak!! Não acredito que você veio. – ele falava com os olhos um tanto marejados. – Mas... como?

— Digamos que meus pais estavam me devendo um presente. – o jovem falou, piscando um dos olhos para Hyoga, que lhe sorriu.

— Vai nos apresentar, Hyoga? – disse Milo, chamando a atenção dos dois.

— Ah sim! Desculpa, é que fiquei um pouco empolgado. – Hyoga enxugou os olhos e continuou. – Esse é Isaak, um amigo meu lá da Sibéria. Isaak, esse é meu pai, Camus, e o marido dele, Milo.

— Muito prazer, senhor Milo, senhor Camus. – ele disse educadamente.

— O prazer é nosso. Sendo amigo do Hyoga, então é muito bem-vindo. – Milo sorria educadamente.

Eu apenas acenei com a cabeça. Aquela, definitivamente, não era uma boa hora para visitas. Depois do que acontecera no hospital, eu precisava saber o que Hyoga estava escondendo. Não dava mais para adiar aquela conversa. Afinal, o que raios aquele garoto estava pensando? Por que ele agira daquela forma com a presença do dr. Shura? Os dois não se conheciam. Shura era espanhol, até onde eu sabia. Nós não éramos muito próximos, mas já ouvi comentários de que ele detestava frio. Então achava improvável que ele passasse férias em um lugar como a Sibéria. E Hyoga nunca saíra de lá. Então como Hyoga poderia conhecê-lo? Se não era esse o caso, o que foi aquela reação? Mesmo que eles fossem conhecidos, jamais permitiria que meu filho agisse daquela forma grosseira. Aquele comportamento era inaceitável. E eu precisava entender. Precisava entender o que o levou a agir daquela forma. Não só porque o comportamento foi desrespeitoso, mas também porque, provavelmente, ele agira daquela forma devido ao que ele estava escondendo de nós. Se o dr. Shura fosse parecido com alguém que Hyoga conhecesse, que tipo de relacionamento era aquele? Hyoga parecia sentir ódio da pessoa, mas tremia ao falar. Mais estranho era como Hyoga conhecia alguém que aparentava ser bem mais velho que ele. Como se deu esse encontro? Por que os dois tinham alguma relação? A senhora Valéria não mencionou nenhuma outra pessoa na vida dos dois. Então quem era? Sinceramente, não queria nem pensar. Quanto mais eu pensava, mais confuso eu ficava e mais aflito também. Milo já tinha suas suspeitas e parecia que aquilo se sustentava. Mas eu não queria que fosse verdade. Tudo levava a algo absurdo, terrível. Qualquer coisa que essa pessoa tenha feito com meu filho, seria a gota d’água. Ele já tinha sofrido muito com a perda da mãe. Mais um trauma daquele nível seria catastrófico. Será que eu saberia lidar com isso? Será que Milo saberia lidar com isso? Parecia tão surreal. Aquela não era a experiência que eu queria que meu filho tivesse! Aquilo passava longe de tudo que Natássia e eu sonháramos para nosso filho. Só de pensar, sentia meu coração se apertando. Se não fosse médico, diria que estava tendo um infarto.

Senti Milo segurando minha mão mais firme. Olhei para ele, cansado. Senti compaixão em seu olhar. Ele me sorriu, tentando me animar, mas eu sabia que ele também estava preocupado. Milo provavelmente chegara à mesma conclusão que eu. Mas talvez ele tivesse prestado atenção em algum detalhe que eu deixei passar. Também precisava conversar com ele.

Fui tirado de meus pensamentos ao ouvir a conversa dos dois jovens a minha frente.

— Quanto tempo você vai ficar aqui? – Hyoga perguntou.

— Hum, não sei. Uma semana ou talvez um pouco mais. – o jovem respondeu, fazendo meu filho sorrir.

— Desculpa interromper, mas e seus pais? Onde estão? – disse Milo.

— Eles foram pro hotel. Eu pedi pra eles me deixarem aqui antes, porque eu queria muito encontrar com Hyoga.

— Em que hotel estão hospedados? Fica aqui perto? – Milo continuou.

— Estamos no Saint Laurent, não sei se é muito perto daqui.

Fiquei me perguntando por que Milo queria saber aquelas coisas. Se eu bem o conhecia, estava desconfiado de alguma coisa. Parecia estranho mesmo que os pais daquele jovem o deixaram na nossa porta, sozinho, sem nos conhecer e sem nem saber se estávamos em casa ou se aquela era mesmo a nossa casa. Era muita irresponsabilidade! Olhando para o jovem, ele não parecia ser muito mais velho que Hyoga. Diria até que deviam ser da mesma idade. Ele era um pouco mais encorpado que meu filho, tinha cabelos esverdeados e uma cicatriz no olho esquerdo, inclusive parecia ser cego desse olho. Ele não parecia ser russo, não tinha traços característicos. Será que havia mudado pra Sibéria com os pais? Quando foi que ele começou a ter contato com Hyoga? De acordo com a senhora Valéria, Hyoga passava a maior parte do tempo em casa, com ela. Ela havia dito que, de vez em quando, Hyoga ia pra cidade e demorava mais do que o necessário. Será que era com esse jovem que Hyoga se encontrava e passava o tempo? Com certeza não era dele que Milo desconfiava. Então quem seria a outra pessoa? Será que aquele jovem sabia quem era? Ele parecia ser bem próximo de Hyoga, talvez soubesse de alguma coisa que pudesse nos ajudar. Suspirei pesado. Mesmo que ele soubesse, será que nos contaria? Ele teria algum motivo para nos contar? Talvez Milo conseguisse arrancar alguma informação, mas achava pouco provável. Até quando teríamos que conviver com aquelas dúvidas? Até quando eu teria que ver Hyoga sofrendo daquela forma?

— Seus pais vêm te buscar mais tarde, então? – Milo tirou-me dos meus pensamentos.

— Ele não pode dormir aqui? – meu filho perguntou, antes que o jovem respondesse.

— Não sei se é uma boa idéia, Hyoga. – respondi. – Não conhecemos os pais dele e nem eles nos conhecem.

— Não se preocupe com isso, senhor Camus. Eu já imaginava que Hyoga pediria que eu ficasse, então já deixei meus pais avisados. Até vim preparado. – ele mostrou a mochila que estava em suas costas.

— Não sei não. Não me sinto confortável com essa situação. Além disso, tenho muito que conversar com você. – olhei mais sério para meu filho, que apenas abaixou a cabeça.

— Entendo seu ponto, senhor Camus. Mas meus pais conhecem Hyoga e a senhora Valéria. Eles sabem que enquanto eu estiver com os dois, mesmo não conhecendo vocês, vai ficar tudo bem. Não é, Hyoga? – ele falou, virando-se para meu filho, que logo acenou afirmativamente com a cabeça.

Coloquei uma de minhas mãos na cintura e com a outra apertei a ponte de meus olhos. Eu realmente não queria que aquele garoto ficasse ali. Não naquele momento.

— Vamos fazer o seguinte; vamos entrar e Camus e eu conversaremos melhor sobre isso. Por enquanto, você pode ficar conosco, ok? – disse Milo, tentando apaziguar.

Hyoga olhou agradecido para Milo e eu suspirei, resignado.

— Por que não vai mostrar seu quarto pro seu amigo, enquanto eu converso com seu pai?! – Milo direcionou-se a Hyoga, que pareceu lhe atender prontamente.

Vi Hyoga puxando o jovem para dentro de casa. Milo e eu seguimos os dois. Enquanto eles subiam para o segundo andar, sentei-me no sofá da sala e passei as mãos no rosto, subindo para os cabelos, nervoso. Senti que Milo sentou-se ao meu lado e colocou uma de suas mãos em meu ombro.

— Vai ficar tudo bem, Camye. – ele dizia, tentando convencer a si mesmo também.

— Eu não sei mais o que pode acontecer, mon ange. Uma hora ele parece bem, outra hora parece mal. Ao mesmo tempo em que ele está tranqüilo, está triste. Em outro momento, está com raiva, em outro está com medo. Eu não consigo entender mais nada. – olhei aflito para meu marido. – O que vamos fazer? E ainda tem a situação da senhora Valéria. Eu preciso acompanhar de perto, pois qualquer mudança em seu estado pode ser crucial pra que ela viva ou... – não consegui finalizar.

O que aconteceria se o estado dela se agravasse e ela viesse a óbito? Será que Hyoga me culparia pela morte dela também? Não! Ele jamais me perdoaria se eu permitisse que sua amada avó partisse. O que eu faria?

Senti os braços de Milo me envolvendo. O que eu estava fazendo? Eu precisava me manter calmo. Precisava voltar ao eixo. Desse jeito, eu apenas preocuparia Milo. Ele não estava acostumado a me ver naquele estado. Eu também não estava acostumado a ficar daquele jeito. Inseguro. Emotivo. Indeciso.

— Eu sei que está difícil enxergar uma resolução, mas tudo vai se resolver, meu amor. – Milo falava, agora com mais segurança.

— Como pode ter tanta certeza? Sinceramente, até agora eu não consegui processar direito tudo que aconteceu. Em menos de uma semana, descobri que minha ex-esposa faleceu e me deixou um filho. E como se não bastasse ter perdido quatorze anos da vida dele, ele me aparece aqui completamente traumatizado por ter presenciado a morte da mãe. E agora, a figura que ele tem por avó está muito doente, correndo risco de morte. Isso sem contar com alguma coisa que ainda não sabemos e ainda o aterroriza, mesmo ele tendo saído da Sibéria. – eu desabafava, sem muita esperança.  – Sendo assim, como você consegue acreditar que vai dar tudo certo?

— Porque é você, Camus. – senti meu coração se aquecer com aquela declaração. – Você é o cara mais incrível que eu já conheci na minha vida. Nesses anos de convivência, não teve nada que você não conseguisse fazer. Acredite! Você é o pai que o Hyoga merece e precisa. Qualquer que seja o problema que ele está enfrentando, eu sei que você vai fazer de tudo para resolver e protegê-lo. E não importa se você não se sente preparado agora, pois tudo tem acontecido muito rápido. Eu sei que você tem total capacidade de ser um pai excepcional. Como eu disse, não teria me casado com você se não tivesse visto isso.

Olhei para Milo de maneira bem significativa. Eu ficava impressionado como ele sabia exatamente o que dizer para me deixar mais calmo, para me colocar de volta nos eixos. Ele parecia me conhecer melhor até do que eu mesmo. Não conseguia nem cogitar passar por tudo aquilo sem ele ao meu lado. Ainda bem que Hyoga pareceu aceitá-lo muito bem. Aquilo me dava uma pontinha de esperança de que, depois que tudo passasse, poderíamos ser uma família feliz. Hyoga ainda carregaria o peso de todas as experiências ruins que passara, mas teria dois pais ao seu lado, amando-o com todas as forças, cuidando de tudo para e por ele. Milo tinha razão!

— Mon amour, fica difícil me sentir inseguro com você ao meu lado, dessa forma. – disse sorrindo levemente e colocando uma das mãos no rosto do meu marido.

— Eu sei! Eu sou um marido maravilhoso! – ele riu da própria afirmação.

— É sim! Convencido, mas sim. – falei, vendo ele me fazer um bico.

Não resisti, o beijei. E foi um beijo intenso, sem pressa. Queria passar o quanto ele fazia diferença na minha vida. Queria passar o quanto eu precisava dele, o quanto eu o amava. Sentir que ele correspondia me dava segurança para ser e fazer qualquer coisa. Independente do resultado, eu sabia que ele estaria ao meu lado. E nada mais importava. Nada seria capaz de me abalar por completo, enquanto ele estivesse comigo.

Aprofundei mais o beijo. Eu precisava daquele contato. Eu precisava daquele carinho. Eu precisava daquele calor. Milo enchia meu coração de uma forma inexplicável. Eu o amava de uma maneira que pensava não ser mais capaz de amar novamente. Sim, Natássia tinha sido especial em minha vida. Mas eu não conseguia comparar. Milo me preenchia completamente. Cada lacuna do meu ser, Milo completava. E eu não poderia agir de forma diferente, senão entregando todo meu ser a ele.

Separamo-nos apenas para nos olharmos mais intensamente. Eu via o brilho em seus olhos e, só isso, era suficiente para espantar qualquer medo que existia dentro de mim.

— Está mais calmo? – ele me perguntou.

— Acho que sim. – suspirei. – Agora tenho que pensar o que fazer com aquele loirinho. Esse amigo chegou numa péssima hora.

— Vamos pensar por outro ângulo; talvez tê-lo aqui distraia um pouco o Hyoga e faça com que ele foque menos no problema da avó.

— Pode ser. – dei uma pausa, pensativo. – Mudando um pouco de assunto. O que você acha desse garoto? Você desconfiou de alguma coisa com relação a ele? Acha que ele sabe de alguma coisa?

— Pode ser que ele saiba. Ele não me convenceu com aquela história dos pais. Acho difícil acreditar que os pais dele o deixariam na casa de completos estranhos, mesmo sabendo quem é o Hyoga.

— Concordo.

— Mas com certeza não é dele que Hyoga tem medo. Levando em consideração a reação que Hyoga teve no hospital, podemos concluir que é um homem e bem mais velho. – aquela declaração fazia meu coração se apertar. – Mas existe a possibilidade que esse jovem conheça o cara, vendo como ele parece próximo de Hyoga.

— E você acha que ele pode estar envolvido com esse homem de alguma forma?

— Vamos torcer pra que não.

— Por que diz isso?

— Porque se ele estiver envolvido, de dois, um. Ou ele é uma vítima, como Hyoga. Ou é cúmplice. Nenhuma das opções seria legal.

Ponderei sobre aquelas palavras. Se o jovem fosse vítima, como Hyoga o parecia ser, o que faríamos? Comunicar a polícia? Será que ele realmente tinha pais, como falara? Ou será que era um órfão à mercê desse suposto homem? E ele teria sido submetido às mesmas coisas que Hyoga? Será que, talvez por isso, ele tenha se aproximado de Hyoga? E se ele realmente fosse uma vítima, o que ele estaria fazendo ali? Parecia contraditório. Se tanto ele quanto Hyoga estivessem submissos ao suposto homem, por que ele permitiria que os dois saíssem da Sibéria, correndo o risco que eles fugissem ou mesmo comunicassem às autoridades? Eu não tinha muito parâmetro para avaliar aquilo. A única reação que vira Hyoga demonstrando com relação ao homem fora ódio, no hospital. Milo é quem presenciara uma reação de terror e medo. As coisas não se encaixavam. Talvez fizesse mais sentido se aquele jovem fosse cúmplice. Então a sua presença ali seria como que para vigiar para que Hyoga não fugisse? Mas Hyoga já tinha saído da Sibéria. Será que o suposto homem sabia para onde Hyoga estava indo? Será que ele estava vigiando os passos do meu filho? Será que era por isso que Hyoga ainda estaria aterrorizado? Será que esse era o motivo de Hyoga não permitir que nossos laços se aprofundassem? Será que ele pensava que logo esse homem viria tirá-lo de mim e por isso não poderia se apegar? Jamais! Eu jamais permitiria que alguém afastasse Hyoga de mim! Eu esperava que tudo isso não passasse de uma teoria, porque se fosse verdade, as coisas poderiam se complicar ainda mais.

— O que vamos fazer agora? – Milo me perguntou, tirando-me dos meus devaneios.

— Bem, com Isaak aqui, não tenho como conversar com Hyoga. Acho que vou voltar pro hospital então. Não quero que a senhora Valéria fique muito tempo sozinha. Além do mais, ela também deve estar preocupada com o rompante que Hyoga teve mais cedo. Preciso tranquilizá-la.

— Entendo. Eu fico com os meninos então. Vou dar umas voltas com eles pela cidade e ver se consigo me aproximar deles, principalmente desse amigo do Hyoga. Algo me diz que ele sabe o que precisamos descobrir. Só não sei se ele vai nos ajudar ou nos atrapalhar. – Milo parecia considerar algo em seus pensamentos.

— Me avise se você sair com eles, de fato. Não me importo com isso, mas não quero Hyoga no hospital, por enquanto. Eu darei notícias da senhora Valéria, mas prefiro deixá-lo longe nesse momento. Já me incomoda o fato de que terei que discipliná-lo de novo em tão pouco tempo. Quero evitar que ele acumule motivos e me faça ser mais rígido do que gostaria. – falei, suspirando pesadamente e me levantando do sofá.

— Dessa vez nem tenho como argumentar. Confesso que até eu fiquei com vontade de dar umas palmadas nele quando o tirei do quarto e ele ficou fazendo aquele show. – Milo me surpreendeu com aquela fala. Eu sabia que ele não era muito adepto aquele tipo de disciplina.

— É mesmo? Isso eu pagaria pra ver. – provoquei, puxando-o pra perto de mim pela cintura.

— Não vai achando que só você que será responsável pela disciplina não, viu? Quero que ele me veja como pai em todos os aspectos. – Milo respondeu, me dando um selinho.

— E verá, mon ange.  

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Doce Fruto de um Passado Amargo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.