Doce Fruto de um Passado Amargo escrita por XxLininhaxX


Capítulo 12
POV Camus


Notas iniciais do capítulo

Yooo ^^/

Então pessoas, conforme a Sarinha comentou, eu vou postar o máximo de caps q eu puder essa semana e ela vai nos compensar com um monte de caps de O Grande Dia quando ela voltar XD!!
Então, vou começar com esse cap de hj XD!!
Gente, quem me conhece sabe que a minha marca na escrita é o drama, enton preparem-se para esse cap, q saiu com um drama extra XD!!
Espero q gostem, de verdade XD

Sem mais delongas, boa leitura e comentem, please XD
Pode parecer clichê, mas vcs non tem noção de como isso nos incentiva a continuar... Quem tbm escreve aqui no Nyah vai me entender XD

=**

^^v



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— Parece que você está conseguindo algo, não é Milo? – eu disse, sorrindo para meu marido.

— Aos poucos ele vai amolecer aquele coração, Camye. Acho que a gente só precisa dar um pouco de atenção pra ele. Mesmo que ele rejeite no início, com certeza é disso que ele mais precisa. – Milo dizia, enquanto descíamos para a cozinha.

— Fico feliz que pelo menos a sua atenção ele não rejeite.

Senti-me um pouco triste com essa constatação. Tinha tantas coisas que eu queria conversar com meu filho, tantas coisas que gostaria de fazer com ele. Eu perdi anos da vida dele. Não foram dias, semanas ou meses, foram anos. Eu queria conhecer aquele garoto de quem a senhora Valéria falava. Se ele ao menos abaixasse um pouco a guarda, talvez pudéssemos conversar um pouco e esclarecer todas as dúvidas e mal entendidos existentes. Eu estava confiante que poderia me aproximar dele, só precisava de uma oportunidade.

— Não fique assim, meu amor. Vai ficar tudo bem! Logo Hyoga vai perceber que está sendo injusto e vai te aceitar. – meu marido me abraçou gentilmente e me deixei ser embalado por aquele carinho. – Por que não vai conversar com ele enquanto eu almoço?

— Conversar? Sobre o que? – eu realmente não tinha ideia do que dizer.

— Ah! Não sei. Tem tantas coisas que vocês podem conversar. Não me diga que não tem vontade de conhecer mais desse garoto? – ele dizia só pra me provocar mesmo.

— Claro que tenho! Mas por mais que eu não seja sentimental como todos dizem, ainda dói ver a rejeição de meu filho. Eu teria feito até o impossível para tê-lo comigo desde o início se eu soubesse de sua existência.

— Então diga isso pra ele. Abra seu coração e eu tenho certeza que ele vai se derreter todo.

— Mas assim, do nada?

— Você não precisa de desculpa para estar perto dele. Ele é seu filho.

Milo me sorria e ele tinha razão. Eu não precisava de motivos para conversar com meu filho. Sorri de volta para meu marido e lhe dei um beijo rápido, para então voltar para o quarto do meu filho. Sentia meu coração batendo forte. Eu estava nervoso? Sim, eu estava nervoso. O que eu mais queria no momento era que ele tirasse aquela ideia de que a culpa da morte de Natássia era minha. Eu queria me dar bem com meu filho. Eu queria ver o meu Hyoga sem todas aquelas barreiras. Sim, meu Hyoga! Meu filho! Eu tinha pressa em acertar as coisas com ele. Eu não conseguia me conformar em ter perdido tanto tempo da vida do meu filho. Eu sabia que Natássia tivera suas razões, mas ainda assim doía. Eu não era de acreditar em coisas deste tipo, mas se por acaso ela estivesse olhando por nós, eu esperava que ela me ajudasse de alguma forma a ter de volta o que me fora tirado, sem ao menos que eu soubesse que tinha ganhado.

Lá estava eu, em frente à porta do quarto de Hyoga. Devo admitir que não ficava nervoso assim desde quando convidara Milo para sair pela primeira vez. Nem mesmo as cirurgias mais difíceis que eu fiz me deixaram tão nervoso, como naquele momento. O que conversar com ele? Como ele reagiria? Será que estava aberto a isso? Não seria forçar muito a barra? Qual impressão ele teria dessa tentativa de aproximação? Tantas coisas se passavam em minha mente naquele momento. A única coisa que eu não queria era ter que brigar com ele de novo. Respirei fundo. Eu tinha que manter a calma e não perder a paciência, não importando o que ele fizesse. Tinha que manter o foco em tentar conversar com ele. Tinha tanta coisa que eu queria saber, mas não sabia em que momento perguntar. O que eu poderia perguntar que não fosse íntimo demais? Não queria dar um passo maior que as pernas. Tinha que ser algo adequado ao momento que estávamos vivendo. Nada muito pessoal, que parecesse que estava invadindo sua privacidade, e nada muito impessoal, que desse a entender que eu não queria me aproximar. Eu realmente não levava jeito com aquelas coisas. Ainda me perguntava como fui capaz de atrair pessoas como Natássia e Milo. Claro que eu tinha sentimentos, mas eu era a razão em pessoa. Tanto Natássia quanto Milo eram pessoas extremamente emotivas e meu filho parecia ser o mesmo. Como então despertar o interesse dele por mim? Como fazer com que ele quisesse de fato conhecer mais de mim para que estabelecêssemos um relacionamento de pai e filho? Era muito complexo.

Balancei a cabeça. Eu não era do tipo inseguro e não começaria a ser naquele momento. Sempre fui muito decidido e faria o que fosse necessário para conseguir o que queria. Bati levemente na porta e não esperei uma resposta, já fui entrando.

— Hyoga? – chamei.

Ele ainda estava deitado, virado para a parede. Ele não se mexeu com o meu chamado. Eu suspeitava que ele ainda estivesse chorando. Mas por quê? O que fazia que meu filho chorasse tanto assim? Será que eu tinha feito algo que o magoara? Hyoga não parecia ser do tipo que fazia birra por punições. Claro que eu podia estar muito enganado, já que Natássia não teve tempo de ser mais rígida com ele e a senhora Valéria se derretia toda pelo loirinho. Então o que poderia ser? Eu, sinceramente, tinha muito receio de perguntar. Não era fácil aceitar que meu filho não queria minha ajuda. Então eu preferia que ele viesse me confidenciar qualquer problema por conta própria. Eu sabia que algum dia eu teria que intervir de maneira mais ativa, mas por enquanto eu precisava sondar a área, primeiro, para não cair em uma possível armadilha depois.

Aproximei-me da cama e me sentei na beirada. Ele continuava imóvel. Coloquei a mão no ombro dele suavemente.

— Hyoga. – chamei novamente.

Ele se virou para mim e eu vi que seus olhos já estavam bem vermelhos. Aquilo partiu meu coração. Que pai deseja ver o filho naquele sofrimento? Era angustiante vê-lo daquela forma e não poder fazer absolutamente nada. Não consegui evitar a pergunta.

— O que foi? Por que está chorando?

Ele deu que ia falar alguma coisa, mas parou. Eu só queria ajudar. Eu só queria entender. Por que ele não queria deixar que assim eu o fizesse?

— Se não quiser falar, tudo bem.

Ele me olhava de uma maneira diferente. Eu não saberia explicar o que estava vendo em seus olhos, mas não era ressentimento, não era ódio, não era mágoa. Era algo profundo, triste e muito forte. Milo saberia decifrar aquele olhar melhor do que eu. Droga! Detestava me sentir impotente daquela maneira.

— O que você quer? – ele perguntou secamente.

— Queria apenas conversar com você. – tentei ser o mais sincero possível.

— A troco de que? – e lá estava o tom desrespeitoso.

— Só queria conversar por conversar, não tenho um motivo específico.

Claro que eu tinha um motivo específico, eu queria me aproximar dele. Mas dizer aquelas palavras talvez criasse ainda mais barreiras entre nós. E ele me olhava agora, curioso. Levantou apenas uma sobrancelha, como que tentando desvendar minhas reais intenções. Lembrei que Milo sempre me dizia que eu tinha aquela mesma mania. Queria sorrir naquele momento com aquela lembrança, mas não queria ser mal interpretado.

— Não te entendo. Primeiro você briga comigo e agora quer conversar por conversar. – aquele comentário me fez suspirar pesadamente.

— Eu entendo que não queira conversar comigo. Acho que foi ingenuidade minha achar que você o faria. – levantei-me. – Vou deixar que descanse.

Estava para sair, quando senti a mão dele me segurando. Agora foi minha vez de erguer uma sobrancelha, querendo entender o que ele queria.

— Desculpa. Não quis parecer grosseiro. – ele disse.

Ele me pediu desculpas? Ele estava sendo educado comigo? Eu queria soltar fogos de artifício naquele momento. Aquele já era um começo para alguma coisa! Já conseguia ver uma luz no fim do túnel. Voltei a me sentar e ele também se sentou na cama, se encostando à parede.

— Já que quer conversar, será que posso fazer uma pergunta? – ele começou, o que me deixou aliviado. Poupou-me de ter que pensar em um assunto.

— Diga. – incentivei.

— Por que não foi atrás da minha mãe?

Droga! De todas as possíveis perguntas que ele poderia ter feito, tinha que ser justamente aquela? Abrir aquela ferida não seria nada fácil. Desde que Natássia partira eu evitava tocar no assunto. Mas com meu filho não teria como escapar daquilo. Ele merecia saber o motivo de não ter dado a ele a família que ele precisava. Eu apenas tinha medo da reação que ele teria. Eu tinha que ser o mais sincero possível, para não ter arrependimentos depois. Suspirei pesadamente antes de começar.

— Hyoga, eu poderia te dar várias desculpas. Poderia dizer que não sabia para onde ela tinha ido, poderia dizer que ela me magoara muito por ter me abandonado. Mas nada disso justificaria minha falta de reação ao que aconteceu. – dei uma pausa, apenas para fitar o chão. – Eu não sou o que as pessoas chamam de “sentimental”. Muito pelo contrário, creio que já deva ter escutado de Natássia ou de sua avó que eu era alguém bem rígido, muito ligado à disciplina e regras. Mas a sua mãe, quer dizer a Natássia, mexeu demais comigo. Foi a primeira e única mulher que amei em minha vida. Naquela época eu daria minha vida por ela. E eu não sou do tipo que se entrega dessa forma tão facilmente. E uma vez que o faço é porque é realmente sincero. Então, quando ela foi embora sem me dar qualquer satisfação, eu me senti traído. Não sei se isso faz algum sentido para você, mas foi algo tão doloroso que eu não consegui mover um músculo sequer. Passei semanas trancado na minha casa, sem querer falar ou ver ninguém. E passei anos sem sequer cogitar a ideia de me envolver com alguém novamente. – parei um pouco e olhei para meu filho, que me olhava atentamente. – Não quero me fazer de vítima para você, até porque eu não o sou. Eu errei em não ter corrido atrás da mulher que mudou minha vida, devia ter me esforçado mais. Mas também peço para que tente entender meu lado e não me condene por minhas fraquezas.

Eu abri meu coração para meu filho. Não sabia se aquele era o momento certo para aquilo, mas já que ele perguntara, quis ser o mais verdadeiro possível. Sem meias palavras, sem desculpas. Vi que ele desviou o olhar por um momento. Eu não queria que meu filho me rejeitasse por aquilo. Se eu pudesse voltar no tempo, não sei se faria diferente, afinal eu pude encontrar com Milo justamente por causa daquilo. Mas eu também não desejava que Natássia tivesse morrido. Nunca quis que ela morresse. E era exatamente isso que eu precisava que ele entendesse.

— Sabe, quando eu era pequeno, eu me lembro de ver minha mãe no quarto, olhando para uma foto de vocês dois juntos. Ela olhava para a foto com os olhos marejados, mas com muito carinho. – ele deu uma pausa e respirou fundo. – Ela me contava histórias de como você era e de como ela imaginava que seria nossas vidas quando nos encontrássemos. – nesse ponto ele começou a chorar. – E eu pensava que tudo que eu mais queria era encontrar aquele homem tão incrível que ela me descrevia com tanto amor. Mas eu não sabia que aquele desejo custaria a vida dela.

Naquele ponto, meus olhos também estavam marejados. Como um garotinho poderia imaginar que algo como aquilo aconteceria? Eu conseguia imaginar em minha mente o quanto o pequenino Hyoga tinha ficado feliz no dia que descobrira que conheceria o pai de quem a mãe tanto falava. Ele era apenas uma criança que queria conhecer o pai, mas que acabara perdendo a mãe. Era uma situação tão delicada, tão complexa. Que tipos de pensamentos passaram por aquela cabecinha durante todos aqueles anos?

— Provavelmente você não sabe, mas amanhã completam exatos dez anos que minha mãe morreu. – então era por isso que ele estava chorando tanto. – E nessa época do ano eu realmente choro muito. Não é fácil rever a cena do naufrágio em minha cabeça. A imagem do barco afundando e minha mãe sorrindo para mim ainda são muito nítidas em minha mente. – ele deu outra pausa, apenas para limpar as lágrimas. – Eu sei que não tenho sido muito amigável com você desde que cheguei aqui. Mas agradeço por respeitar meu espaço. Isso é muito importante para mim.

Meu filho me olhava de forma grata e eu me senti extremamente feliz por aquilo. Era muito bom saber que eu estava fazendo a coisa certa. Eu tinha medo de errar e piorar as coisas entre nós. Eu sabia que não era perfeito, mas errar com as pessoas que me são importantes era algo inadmissível para mim. E Hyoga tornara-se importante no momento em que descobri que ele era meu filho. Foi um sentimento que cresceu muito rápido dentro do meu peito. Eu estava até um pouco assustado com aquilo, já que o natural seria que demorasse algum tempo para que nos apegássemos. Não sabia se era porque Hyoga parecia muito com Natássia e eu estava projetando o carinho que sentia por ela em meu filho ou se realmente o instinto paterno estava falando mais alto que qualquer racionalidade existente em mim. Eu só sabia que eu queria proteger meu filho de qualquer coisa que pudesse lhe fazer chorar daquela forma. Eu queria ver um sorriso naqueles lábios. E eu lutaria para que ele fosse o mais feliz possível a partir daquele momento. Com todas as minhas forças, eu lutaria.

Eu queria de alguma forma demonstrar para Hyoga tudo que eu estava sentindo naquele momento. E tudo que me veio à cabeça naquele momento foi tentar confortá-lo. Fui até onde ele estava sentado, encostando-me à parede também, e em um ato de ousadia eu o abracei. Eu queria que ele se sentisse seguro em meus braços. Seguro de todo aquele passado horrível que tinha. Seguro de qualquer coisa que pudesse feri-lo novamente. E eu pensei que haveria uma resistência da parte dele, mas ele afundou a cabeça em meu peito e chorou mais forte. Não consegui conter as lágrimas também. Eu senti, naquele momento, que nada poderia tirar meu filho de mim. Nunca mais ele sairia dali. E mesmo que ainda não fossemos próximos, já era o começo de algo que duraria para sempre.

— Talvez seja tarde para dizer isso, mas eu estou aqui, meu filho. E vou estar aqui para sempre! Sei que isso não é suficiente para reparar a perda de sua mãe, mas eu espero que amenize a dor de alguma forma.

Hyoga levantou a cabeça para mim e, entre soluços, me disse tudo que eu precisava ouvir.

— Apesar de tudo que eu disse ontem, ter você comigo faz toda diferença... pai.

POV Milo

Meu marido estava demorando muito no quarto de Hyoga. Eu já estava começando a ficar preocupado. Decidi que ia até lá, apenas para ver se estava tudo bem. Quando estava no pé da escada, ouvi a campainha tocar. Quem poderia ser?

Continua...


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