Sins of Our Fathers escrita por Catherine


Capítulo 9
Daenerys


Notas iniciais do capítulo

Peço imensas desculpas pela demora, mas este foi dos capítulos que mais dores de cabeça me deu para escrever até agora, porque nunca estava contente com o resultado, e sendo que o meu tempo não é muito entre trabalho e estudo, acabei por demorar mais do que o previsto.
Espero que gostem, e aguardo a vossa opinião! :)



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Daenerys Targaryen desposou seu irmão, imersa em medo e pânico, no Grande Septo de Baelor, com todo o esplendor que Viserys achava ser seu por direito. O rei duplicara o tamanho da guarda da cidade e a cerimônia fora estupidamente extravagante, tal e qual os desejos de Viserys. Tinha só treze anos, era uma criança que não estava preparada para o que iria acontecer e, para seu desgosto, Rhaegar nem sequer tinha protestado.

Viserys dissera-lhe para sorrir no banquete, e, portanto, Dany sorriu até lhe doer o rosto e as lágrimas lhe subirem aos olhos sem serem convidadas. Fez o melhor que conseguiu para escondê-las, sabendo que o irmão ficaria zangado se a visse chorar. Era-lhe trazida comida, mas afastou tudo com desculpas ocas. Seu estômago dava voltas e sabia que não conseguiria manter nele qualquer alimento.

O pior de tudo era não haver com quem conversar. Viserys mal olhava na sua direção, constantemente bajulando Rhaegar, que parecia querer fugir tanto dele como de Cersei. Jon Connington conversava com Tywin Lannister, o último estando um tanto quanto aborrecido. Seus sobrinhos, Rhaenys e Aegon, estavam demasiado ocupados a conversar entre si para lhe dedicarem algum tempo, e os restantes eram demasiado novos, tendo já sido dispensados. Sentiu falta de Jon. Em tempos, acreditara até que seria a sua princesa. Era um sonho doce, um ao qual preferia sem pensar duas vezes. Dany sabia que teriam sido felizes juntos e que ele sempre a trataria como merecia.

À medida que as horas foram passando, o terror cresceu no seu peito, até que se transformou em tudo o que a impediu de gritar quando foi carregada para o quarto, entre as risadas e mãos atrevidas de seus convidados. Sou o sangue do dragão, disse a si própria, Sou Daenerys, filha da Tormenta, do sangue e semente de Aegon, o Conquistador, proferiu enquanto o irmão lhe arrancava as sedas bruscamente e marcava a sua pele com dentes e garras. Sou o sangue do dragão, repetiu, e o dragão nunca tem medo.

Mais tarde, quando por fim conseguiu adormecer, sonhou.

Estava nua, atrapalhada de temor e Viserys batia-lhe, como vira Aerys fazer a algumas mulheres anos atrás. Dany tentou fugir, mas o seu corpo pareceu pesado e desajeitado. E ele bateu nela de novo. Ela tropeçou e caiu. “Você acordou o dragão” gritava ele enquanto lhe dava pontapés e ria como um louco. “Acordou o dragão, acordou o dragão”. Tinha as coxas escorregadias de sangue, um sinal que meses depois aprenderia a interpretar. Fechou os olhos e choramingou. Como que em resposta, ouviu-se um hediondo som de rasgar e o estalar de um grande fogo. Quando voltou a olhar, Viserys tinha desaparecido, grandes colunas de chamas erguiam-se por toda a parte e, no meio delas, estava o dragão. Virou lentamente a grande cabeça, e quando os olhos fundidos do animal encontraram os dela, acordou, tremendo e coberta por uma fina película de suor.

Os dois anos que se seguiram à cerimónia de seu infeliz casamento foram sido preenchidos de abusos físicos e verbais que poucos sabiam existir. Viserys aborrecia-se consigo constantemente e Dany acordava o dragão tantas vezes que havia perdido conta após as primeiras ocasiões. Nesses dias era seu costume sonhar. Por vezes com chamadas e gritos demasiado reais para não o serem. Outras, com uivos numa escuridão sem estrelas, mas, especialmente, sonhava com dragões. Dany tinha aprendido a apreciar esses sonhos.

Em menina Rhaegar levava-a frequentemente ao local do seu nascimento e, enquanto exploravam as grutas ele costumava colocá-la em seus ombros , fingindo ser Balerion e falando-lhe dos seus antepassados. Dany escutava-o como se dependesse das suas palavras para respirar.

– Estas cavernas foram esculpidas pelos nossos antepassados, querida irmã – explicava Rhaegar baixinho, segurando os seus joelhos de forma a Dany sentir-se segura – Muitos não sabem por que cavaram tão fundo, mas este tipo de mistérios sempre despertou a minha atenção.

– A minha também – respondeu-lhe rapidamente, cheia de necessidade infantil de se sentir amada pelo irmão mais velho. Rhaegar riu – Sou como você, Rhagear, não sou?

– Oh Dany, rezo para que um dia seja melhor que eu. Almejo que cresça sendo uma mulher feliz - fez uma longa pausa - Somos ambos dragões, e enquanto nossos antepassados escavaram tão profundamente nestas rochas, o nosso verdadeiro lugar encontra-se muito acima de nós. Nos céus, entre as nuvas e tempestades. Sob as costas de um dragão. Sei que esse dia irá chegar, e estará nas suas mãos concretizá-lo.

– Estou a montar um dragão – disse Dany, lembrando-se e soltando uma risada, enquanto passava as mãos pelo cabelo macio de Rhaegar. Agora os seus dedos traçavam ocasionalmente as marcas escuras em seu corpo e os passeios com o irmão à muito que haviam ficado para trás, assim como a sua inocência.

No dia em que Alysanne Dayne chegou, Dany voltou a sonhar com um dragão, mas dessa vez Viserys não estava nele. As escamas eram negras como a noite, mas luzidias de sangue. Dany sentiu que aquele sangue era o dela. Os olhos do animal eram lagoas de magma derretido, e, quando abriu a boca, a chama surgiu, rugindo, num jato quente. Dany podia ouvi-lo cantar para ela. Abriu os braços ao fogo, acolheu-o, para que ele a engolisse inteira e a lavasse, temperasse e polisse até ficar limpa. Podia sentir sua carne secar, enegrecer e descamar-se, sentia o sangue ferver e transformar-se em vapor, mas não havia nenhuma dor. Sentia-se forte, nova e feroz. Era como se tivesse finalmente despertado de um longo sono.

Entrou nos aposentos de Rhaegar pela manhã e aproximou-se do baú aos pés da cama. Tocou um dos ovos, o maior dos três, fazendo correr a mão sobre a casca. Negro e escarlate, pensou, como o dragão no meu sonho. A pedra parecia estranhamente quente sob seus dedos. Ou ainda estaria a sonhar? Retirou a mão nervosamente e correu.

No dia seguinte conheceu pessoalmente a sobrinha de Ser Arthur enquanto relaxava nos jardins. Alysanne era pouco mais alta que si própria, com longos cabelos escuros e olhos violeta, no mesmo tom que os seus. A pele era pálida e imaculada, isenta de qualquer sinal do calor de Dorne. Quando ela se foi, Ser Barristan soltou o ar e Dany observou que o cavaleiro estava pálido ao ponto de desmaiar.

– Aconteceu alguma coisa, Ser? Parece ter visto um fantasma.

– E talvez tenha visto Princesa – respondeu – Rei Rhaegar escolheu Lyanna Stark de Winterfell como sua Rainha do Amor e da Beleza, mas eu teria feito uma escolha diferente. Não a rainha Elia, embora caso ela tivesse sido escolhida, muita guerra podia ter sido evitada. Eu teria escolhido a donzela que a acompanhava. Elia era generosa, mas em comparação com Ashara Dayne, a princesa de Dorne, desculpe-me a expressão, assemelhava-se a uma criada de cozinha. Mesmo depois de todos estes anos, ainda me lembro do seu sorriso e do som da sua risada. Basta fechar os olhos para vê-la, com seu longo cabelo escuro sobre os ombros e seus assombrosos olhos violeta – pausou, respirando fundo – A sua filha tem uma beleza igualmente extraordinária, julguei ver uma assombração quando se aproximou. Embora o seu sorriso me lembre o de outra mulher.

Ser Barristan não se alongou muito mais no assunto, perdendo-se em suas memórias, mas Dany descobriu que ele não era o único interessado na nova acompanhante de Rhaenys. Viserys estava sentado na cama, embalando uma taça de vinho e falando consigo mesmo, quando entrou em seus aposentos. Os seus olhos lilases voltaram-se na sua direção assim que fechou a porta.

– Estive a pensar – começou por dizer – Talvez seja hora de tomar uma segunda esposa. Necessito herdeiros e após tantos fracassos da sua parte em manter uma gravidez, querida irmã, ambos sabemos que não os irei ter se depender de si.

Dany sentou-se em frente ao espelho, escovando os cabelos e ignorando as suas palavras – E quem seria a sortuda, estimado esposo? – se Viserys reparou no seu tom sarcástico, não o mostrou. Invés disso levantou-se e aproximou-se dela, pegando a escova das suas mãos e continuando o que fazia. Dany viu o sorriso estampado em seu rosto através do reflexo. Estremeceu.

– Ser Arthur tem uma sobrinha encantadora, não acha Dany?

Daenerys viu Alysanne dar uma fatia de bacon a Meia-Noite por baixo da mesa. A loba selvagem tirou-a da sua mão tão delicadamente como uma rainha. A comparação quase a fez sorrir quando viu o ar de descontentamento presente no rosto de Cersei Lannister.

– Uma senhora nobre não alimenta cães à mesa – repreendeu a rainha, encrespando o nariz. Dany revirou os olhos e suprimiu um suspiro aborrecido. Desde a sua chegada dois dias atrás, que Cersei pouco mais fazia do que reclamar sobre a presença constante da loba, chegando inclusive a sugerir colocá-la nos canis.

– Ela não é um cão, é um lobo selvagem – corrigiu Rhaenys, com um meio sorriso. Dany olhou para a sobrinha, perguntando-se onde ela quereria chegar com a ideia absurda de tomarem juntas o dejejum, era óbvia a tensão presente naquela mesa. Tinha um sorriso pérfido quando continuou, embora Dany fosse a única a realmente notar – Seja como for, Egg disse que Lady Dayne poderia manter Meia-Noite a seu lado em qualquer local se assim o desejasse.

A rainha não estava satisfeita.

– Não acho que essa criatura seja uma boa companhia.

– Temo que a escolha quanto a essa questão deva ser minha, Vossa Alteza – retorquiu Alys.

Antes que Cersei pudesse responder, Rhaenys apressou-se. As suas palavras fluíam como o mais doce dos venenos – Ser Jaime continua sendo herdeiro do Rochedo, correto? – o sorriso da sobrinha aumentou com o aceno positivo da rainha – Talvez devêssemos propor um casamento com Lady Dayne.

Cersei pareceu ficar apavorada. Dany permaneceu em silêncio, embora a sua mente fervilhasse. Sabia que Viserys conversara com Egg sobre a possibilidade de desposar a sobrinha de Ser Arthur e, no entanto, ali estava Rhaenys, minando todos os planos de seu esposo ao querer enviar Alysanne para longe – Jaime é um cavaleiro da Guarda Real, ele não pode casar! – contrapôs a rainha.

– Tolice, o senhor meu pai poderá dispensá-lo – respondeu Rhaenys, sorrindo para Alysanne em seguida – Gostaria disso, não gostaria, querida? Ouvi dizer que o Rochedo é encantador, e um dia poderá ser sua Lady, vivendo longe da corte naquela magnífica fortaleza.

– Lamento imenso, Vossa Graça, mas ninguém me forçará a casar contra a minha vontade – disse Alysanne, levantando-se antes mesmo que Rhaenys pudesse protestar. O rosto de Cersei estava mesclado de alivio e ultraje, mas Dany sorriu, enquanto pegava o copo de vinho e tomava um longo gole.

Era já de noite quando caminhou em direção aos aposentos de Aegon, encontrando um cavaleiro do lado de fora. Não seria nada de anormal, caso a porta estivesse guardada por Ser Lewyn Martell, como habitualmente. Invés disso era um cavaleiro da Campina, que Rhaenys preferia acima de todos os outros.

Foi a sua sobrinha quem lhe deu permissão para entrar, e Dany encontrou-a sozinha na pequena sala de estar que as separava do quarto de dormir. A princesa estava perto da janela, olhando para fora com certo aborrecimento. Quando se voltou para olhá-la, Dany notou que seu vestido estava praticamente aberto na frente, considerando que a renda de Myr pouco fazia para cobrir as suas pernas e seios. Rhaenys assemelhava-se mais a uma prostituta que uma princesa. Com um sorriso malicioso e erguendo o copo, Rhaenys bebeu do choque de Dany e tomou um gole de sua bebida com zelo.

– Deseja vinho, Daenerys? – perguntou, apontando para duas taças vazias sobre a mesa – É dornês, cortesia da casa Toland.

– Não, obrigado, mas não – ela balançou a cabeça, desapontada mas sorrindo – Onde está Aegon? Necessito de falar com ele – um grito feminino ouviu-se através da porta do quarto, fazendo Rhaenys sorrir.

– Acredito que nosso príncipe esteja a acolher Lady Margaery na capital, os Tyrell chegaram esta manhã sabia? – Rhaenys sentou-se no sofá, esticando-se como um gato antes de bater com a mão no espaço vazio ao seu lado – Por favor, sente-se, enquanto o meu irmão entretém nossa querida amiga, nós mulheres poderemos conversar em particular.

Dany hesitou, e quando os sons vindos do quarto ficaram mais altos, Rhaenys começou a rir.

– Oh vá lá, Dany! Qualquer coisa que disser a Aegon será ouvida por mim mais tarde. Sabe o quão próximos nós somos – ela está certa, pensou, mas preocupa-me o quão chegados eles se tornaram. Rhaegar fora-se fazia já algumas luas, e a ousadia de Rhaenys crescera dez vezes mais nesse meio tempo.

– Sabe dos planos de Viserys quanto a Lady Dayne, e sei que não arrisca em desagradá-lo por motivos políticos, no entanto propôs um casamento entre ela e Ser Jaime Lannister. Não só enfurecendo Cersei, mas arriscando enfurecer meu irmão – fez uma pausa, observando Rhaenys encher novamente o copo – Porque motivo?

– Alysanne será um problema no futuro – disse, com algum desprezo na sua voz – Julguei que a vinda dela seria boa, sabe? Lady Ashara foi grande amiga de minha mãe e julguei que poderíamos ser assim. Bem, todos nós cometemos erros, e eu pretendo resolver o meu – tomou um gole de vinho antes de continuar – Renly Baratheon chegará amanhã, uma pena ser irmão de quem é, mas as Terras da Tempestade são aliados importantes que pretendo assegurar.

Dany arregalou os olhos em surpresa – Não pondera casar com Renly, certo? Rhaegar nunca o irá permitir! Ele já deve ter alguém em mente.

Rhaenys assentiu – Ele tem, é verdade, um bom partido aliás. Mas os Tyrell podem-se ligar a nós de uma outra forma e Renly oferece mais... Muito mais. Além disso, meu pai não está em posição de reclamar se eu decidir casar por capricho. Poderá ser difícil encontrar um septão para realizar a cerimónia, mas será feito. O senhor meu pai não terá outra escolha a não ser aceitar, confie em mim Daenerys.

– Confiar em você?! Estamos neste momento a conspirar contra o seu pai!

– Não contra ele! – disse Rhaenys ferozmente – Eu amo meu pai, e desejo que ele governe durante muitos anos, mas faço isso para assegurar que nossa família sobrevive. Ele coloca demasiada importância em profecias e bruxarias, quando o jogo dos tronos é o que importa! E é isto que jogamos aqui. Com o futuro de Aegon em linha, este é um jogo que pretendo ganhar.

O discurso de Rhaenys morreu em seguida, quando a princesa olhou na direção da porta que se abriu. Aegon saiu, com apenas um lençol amarrado na cintura de seu corpo suado. Era uma bela visão a ser contemplada, seu corpo era duro e esculpido por músculos, ao contrário de Viserys que pouco mais era que pele e osso.

A mulher nua que surgiu ao seu lado era igualmente bela. Os seus cabelos castanhos ondulados caíam em cascata cobrindo parcialmente seus seios, enquanto suas pernas se moviam ao longo do príncipe sugestivamente. O seu sorriso desvaneceu dando lugar a choque assim que viu Dany. Aegon também foi surpreendido, dando um passo em frente de Margaery enquanto ela fugia de volta para o quarto.

– Oh... Hum... Olá tia Dany – Aegon coçou a cabeça, corando – Eu apenas... Hum... Caramba Rhaenys, poderia ter-me avisado.

– E interromper a diversão? – sua sobrinha riu, observando Aegon com um olhar faminto antes de virar-se na sua direção – Gostou de tudo o que ouviu Dany?

– Pare! – resmungou Dany, assim que Aegon ergueu uma sobrancelha sorrindo, antes de se mover com intensão de encher uma taça de vinho para si mesmo – Estou aqui porque Rhaenys teve a ideia absurda de casar Alysanne Dayne com Jaime Lannister!

Rhaenys riu, mas Aegon parou o que fazia e seus olhos moveram-se rapidamente na direção da irmã. Parecia surpreso e irritado – Ora imagine a bela canção que seria. A bastarda e o regicida. Poderíamos casar todos no mesmo dia. Eu com Renly e Aegon com a sua rosa. Imagine a cara de choque de meu pai quando descobrisse.

– Chega Rhaenys, desejo tampouco desposar Margaery Tyrell quanto desejo casar com nossa prima Arianne – disse Aegon, pousando a taça sobre a mesa e encostando-se ao sofá – Dany, avise Lady Margaery que pretendo discutir alguns assuntos a sós com minha irmã. E dê-nos licença.

Suspirou aborrecida - Como quiser.


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Notas finais do capítulo

Ponderei criar um video promocional da fic, que acham da ideia?



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