Anjo De Cristal escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 9
Saudade Assassina


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo, meus doces de mel! Temos muitas surpresas por aqui!



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POV Maria

Quatro meses se passaram e eu não sabia absolutamente nada sobre a
minha filha. Minha vida virou um caos, não havia mais nenhuma felicidade dentro de mim. Eu e Estevão tentávamos nos manter fortes, mas era impossível. Neste meio tempo Letícia deu a luz a um menino que se chama Henrique. Foi a única coisa que nos deu um pouco de paz. Mas Maite permanecia adormecida, ainda em coma. Meu mundo parou e não mais nada que o faça voltar ao normal.

Então me dou conta de que sou um fracasso como mãe. Não vi Heitor e
Estrella crescerem, perdi toda a infância e a juventude deles. Eles
não me tinham como apoio quando precisavam. Perdi Amara, a perdi
para sempre porque foi arrancada dos meus braços violentamente.

Tenho todo o amor e carinho comigo para dar para ela. Meus braços
agora vazios parecem não ter mais função alguma. Meus seios não
alimentaram a minha princesa. E tudo porque ela foi arrancada de meus
braços e eu não lutei por ela! Eu sou um fracasso como mãe.

—Que espécie de mãe eu sou?—Pergunto para mim mesma. Havia chorado
tanto que até enjoada eu já estava, trêmula... —Nunca mais verei a
minha filha, nunca mais. —Falo desabando no choro novamente.

—Maria?—Fabiana entra em meu quarto enquanto choro. Ela vem até mim e
me abraça forte e desesperadamente. —Não sei o que sente minha amiga.
Mas eu estou aqui para te ouvir. —Fala e me olha profundamente.

—Eu perdi minha filha, perdi Maite, estou perdendo tudo. Parece que
tudo esta se voltando contra mim. —Falo desabando no choro novamente.

—As coisas saíram de suas ordens naturais, Maria. Eu nem sei como essa
fatalidade aconteceu com todos nós. —Fala de cabeça baixa chorando. Ela
estava se sentindo sozinha. —Eu me culpo porque se vocês não tivessem
me esperando fora do restaurante nada disso teria acontecido. —Fala
chorando descontroladamente.

—Não se culpe, Fabiana. A culpa não foi de ninguém. —Falo.

—Lorenzo disse que talvez esses seqüestradores estivessem espionando
todos nós sem nos darmos conta. —Fabiana fala ainda chorando. —Eu tenho medo, Maria. Medo de que as coisas sejam diferentes daqui para frente.

—Eu também, Fabiana. —Falo e nos abraçamos. —Tenho medo do que vai
acontecer com a minha filha.

—Só nos resta à fé. —Fabiana fala enquanto chorávamos juntas.

POV Lorenzo

Quatro meses se completavam desde que tudo aconteceu. Maite estava em
coma fazia quatro meses. Letícia acabou de voltar a trabalhar, trabalhar sobre o caso do sequestro do irmão. Maite voltou para casa mesmo em estado de coma. Uma equipe medica a observava dia e noite. Eu esperava ela acordar todas as manhãs.

—May, você precisa saber o quanto eu sinto a sua falta. —Falo segurando
a sua mão. —Você faz muita falta. Não sabe o quanto eu sofro ao te ver neste estado. —Falo triste. —Você precisar acordar, Maite. Precisa viver... —Falo pensando que talvez ela me escute.

—Pai?—Letícia me chamava na porta do quarto. Ela entra no quarto e vem
até mim e me abraça com carinho. —Posso fingir que com um abraço seu tudo isso vai acabar?—Pergunta com o olhar sobre a mãe.

—Tente. —Falo a abraçando forte. —Talvez assim eu me sinta melhor.

—Não descobriram nada sobre os sequestradores. Eles são muito
inteligentes. —Fala triste. —Pai, eu tentei e ainda tento dar um jeito nisso. Mas eu não encontro nenhuma forma.

—Está sendo difícil. —Falo alisando seu cabelo.

—Eu me lembrei de Rafael hoje de manhã, papai. —Minha filha fala com lágrimas nos olhos.

—Filha, você agora deve construir sua vida com seu filho. Vocês dois
merece viver. —Falo e ela me olha preocupada. —Você deve se apaixonar
novamente, deixar que outra pessoa te faça feliz.

—Mas eu não posso deixar vocês dois. —Fala sobre mim e Maite.

—Você não pode é deixar a sua vida passar tão amargurada e mal
amada. —Falo e ela me olha pensativa. —"Os filhos devem sair da casa dos
pais quando maiores para fazerem as suas vidas”. Deixe a lembrança de
Rafael ir embora.

POV Maria

Fabiana foi embora depois de muito conversarmos. Eu acabei sozinha no
quarto de Amara novamente. Não saia deste quarto para nada, eu passava
maior parte do tempo no quarto de minha filha.

—Não irei ver a minha filha nunca mais. Mas se um dia ela tiver a sorte de voltar para casa, eu não estarei mais aqui. Não irei viver mais de esperanças. —Falo enquanto meus olhos verdes e destemidos olham para a caixa de remédio que agora estava vazia.

Se Amara um dia voltasse para sua casa, não me teria mais aqui. Estevão teria que falar que eu cometi suicídio porque eu era covarde demais, porque eu sempre fui um fracasso como mãe.

—Me perdoe, Amara. —Falo me deitando no chão, próxima do berço de
Amara. Minhas lágrimas molhavam o chão do quarto. Em uma de minhas
mãos estava a caixa do remédio que tomei e na outra estava o anjo de cristal que Amara ganhou de presente.

Meu anjo foi levado embora, e eu não sei se ele irá voltar ou não. Mas isso não importa agora, estou morrendo. Eu sou uma assassina, eu mesma tirei a minha vida.

POV Estevão

Eu sai do meu quarto e fui atrás de Maria. Ela estava no quarto de
Amara desde cedo, não saia de lá. Maria e eu mal nos falávamos, a dor
nos fazia parecer dois estranhos sobre o mesmo teto.

Assim que entro no quarto de Amara vejo Maria caída no chão, inconsciente. Rapidamente toco em seu rosto e percebo que ela estava muito pálida, gélida. Foi um suicídio, ela tirou a própria vida. A caixa com os envelopes vazios estavam em uma das mãos de minha esposa.

—Maria, por que cometeu tamanha loucura?—Pergunto a carregando no
colo. —Espero não te perder.

POV Francisco

Para todas as pessoas Leandro tinha um ano e seis meses. Enquanto
Regina tinha apenas seis meses. Tivemos que falar para todos os nossos
amigos que eu e minha esposa nos afastamos de tudo e todos para vivemos em família sem mais ninguém por perto.

Embora eu e minha esposa estarmos felizes com os nossos filhos algo me
dizia que nada estava tão bem assim. Ana Rita estava muito estranha,
inquieta. Falava muito pouco comigo e sempre que olhava para nossos filhos dava suspiros de preocupações. Ela vivia ocupada com papéis e sempre saia muito cedo e voltava para casa sempre depois do jantar. Mas isso iria acabar hoje, eu a seguiria para descobrir o que ela
tanto fazia.

—Ana Rita, Ana Rita... —Falo andando atrás dela fazendo muito esforço
para que ela não me reconhecesse. —O que você tanto faz?—Pergunto e
logo a vejo entrar em um restaurante.

Eu escolho uma mesa distante da qual ela estava. Ela parecia estar impaciente, olhava o relógio a todo minuto. Até que a pessoa que ela
aguardava chegou. Era Rodrigo, ele a tratava como uma rainha. O que
isso significa?

Não sei o que houve entre eles. Mas pude notar que Ana Rita falava com
muita raiva, seu olhar acirrado para Rodrigo me assustava enquanto ele
explicava algo. Eu conhecia as expressões de minha esposa, e agora ela
estava assustadoramente brava. Até que Rodrigo fala algo que a faz ter
medo.

—O que será?—Pergunto nervoso.

Rodrigo se retira da mesa e vai embora deixando Ana Rita incrédula.
Será que a conversa dos dois era em relação aos nossos filhos?

POV Fabiana

Eu estava me explodindo de felicidade pela a minha vingança. Eu acabei
com todos, com todos! Os San Román e a minha família estavam arruinados, na ruína. Eu me divertia fazendo o meu belo teatro diante deles, eu morria de felicidade ao ver todo mundo sofrendo.

—O que quer?—Pergunto atendendo a ligação de Rodrigo.

—Ana Rita descobriu traficamos crianças. —Rodrigo fala e eu fico
perplexa. —Nos ameaçou. Mas eu disse que se ela nos entregasse para a
policia ela e o marido iriam juntos. E também a ameacei dizendo que se
algo nos ocorresse ela e a família iriam sofrer até a morte.

—E ela?

—Permaneceu calada. Eu ordenei que ela nos esquecesse. E que se nos
visse em algum outro lugar ela e o marido fingissem não nos conhecer.

—Cortou o mal pela raiz.—Falo surpresa.

—Ela disse que descobriu depois de ter ouvido uma conversa minha por
telefone com você.—Rodrigo fala enquanto Lorenzo entra no meu quarto.

—Depois darei uma resposta, senhor.—Finjo.

—Alguém chegou perto de você, não foi?—Rodrigo pergunta. —Depois nos falamos.

—Tudo bem. Depois voltaremos a manter contato sobre o meu trabalho. —Finjo enquanto Lorenzo sorri e Rodrigo dá gargalhadas e termina a ligação.—Proposta de trabalho.—Falo o falso motivo da minha ligação para Lorenzo.—Mas não acho que devo aceitar porque não posso deixar vocês agora.

—Ora o que é isso, Fabiana? Não quero que pare sua vida por nossa
causa. —Lorenzo fala alisando o meu rosto. —Siga em frente.

—Mas, Lorenzo... —Tento argumentar.

—Eu devo cuidar de Maite. Eu devo ir atrás do meu filho. Você está
livre para viver. —Fala enquanto eu morria de alegria por dentro.

‘’Sabe, nunca pedi para minha vida ser calma e muito menos pacata. E ela não é. Minha vida é mais turbulenta que um furacão, mas impressionante que a beleza da natureza.

Faz tempo que perdi o verdadeiro olhar triste e solitário da minha vida. Esse olhar não era o meu. Oh não! Era do meu pai. Tanto ele quanto eu sofremos pela ‘’distancia’’ de entes queridos. Ele sofreu pela mãe, e eu por ele. Agora só me resta escrever em linhas tortas a saudade que sinto dele como ele assim sentiu por minha avó.

Olhos idênticos de três gerações diferentes já choravam pelo mesmo motivo: a ingratidão que é a vida e a morte. Por isso eu digo para as estrelas todas às noites que, em algum momento elas são as únicas coisas que me lembram ele além das fotos. A saudade mata, e mata com raiva Seja lá como ela nos matar, ela mata. ’’ - Maria Fernanda Beorlegui, a autora.


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Notas finais do capítulo

Vocês pensavam mesmo que a Ana Rita era burra? Segurem os forninhos agora e quando ela e o marido conhecerem o Estevão através dos negócios!
Chama o Samu que a Maria está mal :/



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