Anjo De Cristal escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 39
Born to Die




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POV Fernando

Uma ideia mortífera se passava em minha mente, talvez o ódio que eu sinta esteja me deixando louco, talvez eu esteja precisando de ajuda. Sei que Leandro não tem culpa pela morte de Amara, muito menos por Angélica não ser Amara. Mas minhas mãos tremem ao me imaginar matando Leandro, por que é isso o que penso em fazer. Meu ódio por ele apenas aumenta, e não acredito que o ajudei a encontrar sua família biológica. Eu não sei por que sinto essa vontade de querer acabar com a vida dele, eu apenas sei que vou, e que não irei falhar.

POV Daniela

Eu me sinto mais sozinha do que de costume, romper o meu noivado com Henrique me afeta mais do que eu poderia imaginar. Mas eu não posso voltar atrás e pedir perdão, eu não posso passar por cima do meu orgulho, seria uma vitória para ele e uma vergonha para mim. Sei que estou errada eu sempre adiar o nosso casamento, mas eu realmente não tenho cabeça para enfrentar todos os preparativos, de ter que aturar Leandro durante a cerimônia.
Eu sei que o ódio que sinto por ele só vai me trazer problemas, mas eu não consigo perdoar Leandro por me esquecer e esquecer meus pais antes mesmo de Amara morrer.
Céus, eu ainda não sei o resultado do exame de Maria e Angélica. Mas acho pouco provável que Angélica seja a minha irmã, até por quê Amara não tinha motivos para fingir que estava morta, ou teria?

Inúmeras perguntas me fizeram parar na porta da mansão Santisteban. Não estou aqui para me reconciliar com Henrique, muito menos com Leandro. Eu estou aqui para saber sobre o resultado do exame, nada mais que isso.
Se engana aquele que pensa que ainda acha que o considero como um irmão, ou que sinto algum sentimento fraternal por ele. Eu antes me sentia segura com Leandro ao meu lado, mas agora... Agora eu o vejo como uma ameaça.

—Daniela? —Maite pergunta incrédula ao me ver adentrar a sua sala. —O que está fazendo aqui? —Ela pergunta enquanto observo a casa procurando por Leandro.

—Onde Leandro está? —Pergunto eufórica. —Ele saiu?

—Daniela. —Ouço Leandro falar o meu nome. Tentei não ser irônica como sempre, mas vontade é o que não me falta.

—Soube do resultado? —Vou direito ao assunto. Maite se retira da sala com um sorriso cínico nos lábios, todavia eu não dou muita importância.

—Ainda não. María não me falou nada sobre o resultado... —Leandro para de falar ao ouvirmos a porta ser fechada com total brutalidade. —Fernando? —Leandro indaga assustado ao ver o estado de Fernando. Realmente é de se assustar, Fernando está com ar de louco, olha fixamente para Leandro como se quisesse o devorar.

Eu estava na frente de Leandro, o possível alvo de Fernando. Digo alvo por quê Fernando parece observar Leandro como se um caçador estivesse observando sua caça. —Fernando? —O chamo, mas ele nada fala.

—Você deveria estar apodrecendo no inferno simplesmente por existir. —Fernando fala me assustando. Suas palavras foram dirigidas para Leandro. —E você deveria saber como deixou Henrique furioso. —Ele fala olhando para mim. —Vocês se merecem.

—Fernando, se acalma! —Peço assustada.

—Calma? Vocês realmente se merecem! Desprezam quem os amam, não é mesmo? —Fernando pergunta fora de si. Um revólver surgiu de sua mão esquerda e eu rapidamente levantei as mãos em sinal de total susto. —Eu deveria matar os dois.

—Daniela não tem motivos para ser morta, Fernando. —Leandro fala com calma. —Abaixe essa arma.

—Eu não recebo ordens de ninguém. —Arqueio a sobrancelha ao ouvir Fernando se comportar com total indiferença. —Se você soubesse o que te espera, Daniela... Você me pediria para te matar agora mesmo...

—Você está fora de si por quê terminei meu noivado com Henrique? —Pergunto assustada e curiosa. —Abaixa esse revólver, Fernando...

—Eu quero matar ele! Eu quero ver ele morto! —Fernando esbraveja nervoso e aponta a arma para mim e Leandro. —Você está bem na frente dele, Daniela. Está servindo de escudo para ele?! —Ele pergunta com nojo. De certa forma, eu projeto de Leandro.

—Fernando, abaixa essa arma. Você não sabe o que está dizendo. —Falo nervosa e me sentindo uma idiota por estar sendo o escudo de Leandro. Se Fernando perder o controle, eu quem serei morta.

Mas eu vi que ele não desistiria, ele não iria fazer o que eu estava pedindo. Então eu em um acesso de loucura e inconseqüência, me atirei na frente de Fernando e acabei por derrubar o seu corpo no chão. Senti o revólver escorregar nas nossas mãos enquanto brigavamos no chão, vi Leandro ficar sem ação ao nos ver rolar pelo chão da sala bem próximos a escada. Mas então páramos de brigar pela arma, um tiro foi dado, um sangue foi derramado, uma vida foi roubada.

—Você não fez isso. —Falo olhando nos olhos de Fernando. Nos olhamos por alguns segundos até darmos atenção para Leandro que estava com uma de suas mãos no tórax, o tiro o acertou.

Foi então que tentei retirar o revólver das mãos de Fernando, mas outro tiro foi dado. Fernando me olhou com pena, sentiu meu corpo se afastar do seu. Vi Leandro cair próximo á mim, eu tentava me manter de pé, mas o tiro havia me acertado o ventre.
Quando Leandro caiu estirado no chão, com uma de suas mãos sobre o tórax, eu caí próximo à ele. Vi gotas do meu sangue fazerem com que a poça do sangue de Leandro se tornasse ainda maior e chamativa.

Flash Back On

—Você não vai me ensinar a dirigir? —Pergunto assustada ao ver Leandro não dar importância para o meu desespero.

—Regina vai te ensinar. —Leandro responde sem me olhar.

—Mas e quando eu não tiver Regina?—Pergunto ao ver Regina se esconder e esperar Leandro me ensinar a dirigir.

—Você terá somente á mim
...

Flash Back Off

—Eu matei os dois... —Ouço Fernando falar assustado e sinto o revólver ser jogado próximo á mim e Leandro. Um álibi perfeito para Fernando, já que na arma tem as minha digitais. Ele pode fugir e me deixar morrer ao lado de Leandro, e todos pensarão que matei Leandro e em seguida cometi suicídio. Foi o que ele fez, Fernando fugiu covardemente e nos deixou agonizando no centro da sala da mansão Santisteban.

Flash Back On

—Você sabe rezar?—Regina pergunta segurando minha mãos. A irmã mais velha de dez anos, ensina a mais nova de nove a rezar.

—Me ensina...

—Você precisa entender tudo o que digo, Daniela. —Regina fala. —Se lembre deste momento todas as vezes que sentiu medo.

—Medo? Ele não existe. O que existe é covardia.

—A covardia existe por que a coragem também existe, Daniela...

Flash Back Off

—Vamos morrer, não vamos? —Leandro pergunta arfando de dor.

—Estamos indo nos encontrar com Ela. —Falo me referindo a Amara. —Leandro? —Não obtive resposta e acabei pousando minha cabeça sobre o colo de Leandro. Sinto uma profunda tristeza invadir minha alma ao notar que eu e Leandro estamos morrendo ao saber que Amara "voltou".

Meu vestido azulado está encharcado de sangue, o meu sangue, o sangue de Leandro. Sangues que antes pensei que fosse um só, mas agora, realmente é.

POV Maria

—Como se sente? —Pergunto para Angélica enquanto saímos do hospital.

—Um pouco melhor. —Angélica responde calma e serena. —Eu estou faminta... —Ela reclama.

—Vamos em restaurante. —Estevão fala me fazendo lembrar o mesmo restaurante que fomos quando soubemos da minha última gravidez. Me lembro do dia em que nós dois presenciamos uma mulher ter sua filha arrancada de seus braços, mal sabíamos que o mesmo iria acontecer conosco.

—Hm. —Angélica geme de dor e se ajoelha no chão.

—O que foi? —Perguntamos assustados.

—Meu coração acelerou... Bateu tão forte que pensei que ele fosse sair pela boca. —Angélica reclama com a mão no peito. —Como se fosse um aviso...

—Você disse que estava faminta, talvez seja isso. —Falo.

—Não, não! Foi um sinal! Alguma coisa aconteceu, mas eu não sei o quê, entende? —Angélica pergunta confusa consigo mesma.

POV Maite

Me escondo após ouvir dois disparos, o barulho me fez tremer, senti medo, pânico, e rapidamente me lembro de Leandro e Daniela. Vários pensamentos negativos se passaram em minha mente, o medo me fez demorar a ir na sala de estar. Mas quando eu entrei no cômodo, vi uma enorme poça de sangue escorrer pela minha sala.
Senti uma a ânsia tão forte, mas tão forte que coloquei minha mão na boca, meu susto foi ainda maior ao ver Daniela com a cabeça repousa no colo de Leandro e o revólver próximo á eles.
Foi então que resolvi pegar o e o telefone e chamar por ajuda, talvez Fernando me ajude.

—Não atende... —Falo nervosa e resolvo pedir uma ambulância. —Alô? A-alô, eu preciso de ajuda! —Gagueijo nervosa ao ser atendida. —Eu preciso de uma ambulância com urgência...

POV Lúcia

—Lúcia! —Ouço Fernando me chamar desesperado. Não dou muita importância e sigo lendo meu jornal, mas rapidamente me assusto com meu irmão na entrada da sala.

—O que foi que aconteceu? —Pergunto soltando o jornal imediatamente e vou até o meu irmão que estava ensanguentado. —Fernando, o que você fez? —Pergunto assustada.

—Eu matei os dois, Lúcia. —Fernando revela trêmulo. —Eu matei Leandro e Daniela! —Ele grita aos quatro ventos e retira sua roupa manchada por sangue.

—Me explica isso direito, Fernando. Eu não estou entendendo, ou estou e não quero acreditar... —Falo ao imaginar Fernando matando outra pessoa. —Quem você matou?

—Leandro... Eu fui até a casa dele para mata-lo e Daniela estava lá! —Fernando exclama alterado. —Eu matei Daniela...

—Você fez o que?! —Pergunto empurrando Fernando. —Você matou Daniela?

—Ela partiu en defesa de Leandro e eu a matei... —Fernando fala dando as costas. —Quando eu...

—Onde está a arma? —Pergunto. Fernando volta a dar atenção para mim, mas desta vez, com medo.

—Eu deixei a arma perto de deles...

—Você tem pelo menos a certeza de que os matou? —Pergunto com esperança de que meu irmão não tenha matado ninguém.

—Eu não sei. Mas onde eu os acertei... —Fernando fala me deixando desesperada. —O que eu faço agora?

—Fugir é pior. —Falo atordoada. —Em qual problema você se meteu, Fernando...

POV Maite

Fiquei andando de um lado para o outro, sendo observada por Lorenzo. Ele havia comunicado para Ana Rita e Francisco que nossos filhos estavam no hospital. Eu não sei o que aconteceu entre Leandro e Daniela enquanto os deixei sozinhos. Não sei se meu filho surtou, ou se Daniela foi para nossa casa com a intenção de matar o filho e depois se matar. Não sei o que pode ter acontecido naquela sala, não sei as palavras que foram ditas, apenas sei dos disparos que foram dados.

—DANIELA! —Ouço Francisco gritar ao entrar na sala de espera. Lorenzo saltou da poltrona assustado, o grito de Francisco foi o suficiente para algumas pessoas nos olharem. —Onde ela está?!

—Se acalme! —Peço nervosa ao ver o estado deplorável de Francisco. —Eu não soube nada sobre Daniela e Leandro, apenas sei que eles estão a muito tempo lá dentro...

—O que aconteceu com os dois? Eu não consigo entender toda essa tragédia! —Ana Rita fala assustada.

—Eu os deixei sozinhos e segundos depois ouvi disparos... —Falo horrorizada ao me lembrar dos disparos. Lorenzo me consola, todavia eu contínuo nervosa. —Quando fui até a sala os vi ensanguentados no chão...

—Que horror! —Ana Rita fala e leva a mão até a boca. Quando eu vejo o médico se aproximar, me solto de Lorenzo e vou fazendo a seguinte pergunta:

—E o meu filho? —Pergunto nervosa. —E Daniela? Como eles estão?

—Eu sinto muito. —O médico fala com um semblante extremamente sério. —Seu filho não reage. —Ele fala me deixando apavorada. —Mas a mulher e o bebê estão bem.

—Bebê? —Todos nós perguntamos assustados.

—Daniela está grávida? —Lorenzo pergunta para Ana Rita e Francisco.

—Eu não sabia de nada... —Ana Rita fala surpresa.

—Creio que nem mesmo a própria Daniela deve saber. —Francisco fala com um sorriso enorme. —Daniela será mãe...

—A bala quase atingiu a criança. Mas por sorte a gestante, de alguma forma, conseguiu salvar a própria vida e a do bebê. —O médico fala.

—Daniela está carregando um filho de Henrique no ventre? —Pergunto assustada. Essa maldita criança será descente de Fabiana, será tão amaldiçoado quanto ela.

—Mas eles terminaram o noivado. —Lorenzo enfatiza. —Precisamos resolver tudo isso.

—Creio que mesmo com os dois separados, Henrique irá se responsabilizar pela a criança. —Francisco fala.

—Não. Daniela é jovem, ser mãe solteira não lhe cairá bem. Não quero que Daniela sofra como Letícia sofreu por criar um filho sozinha. —Lorenzo fala me assustando. Ele vai obrigar Henrique a se casar com Daniela?

—Deseja ver o seu filho? —O médico me pergunta. —O estado dele é grave e acredito que cada minuto é valioso ao lado dele.

—Meu filho pode morrer a qualquer momento? —Lorenzo pergunta assustado.

—Infelizmente sim. —O médico fala e eu olho amedrontada para Lorenzo. Minha primogênita morreu e Letícia ocupou seu lugar, depois fui atropelada enquanto estive grávida pela segunda vez e perdi a criança. Agora o único filho que me resta pode morrer a qualquer momento...


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Notas finais do capítulo

Aviso: Últimos capítulos



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