Quando o Amor Chega escrita por Miss Viegas


Capítulo 20
Conversas


Notas iniciais do capítulo

Eis aqui. Tentarei postar com mais frequência, eu tenho muitas coisas que demandam atenção, blog, página, fic, fora os deveres ditos oficiais hihi, mas quero terminar essa fic, pois ela é muito importante pra mim e agradeço muito a vocês que continuam acompanhando



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Kurt virou-se e ao encontrar seu olhar com o de Wulcan, sentiu uma pontada em seu coração. Dava pra ver a decepção em seus olhos castanhos, pareciam profundos, algo marejados e extremamente tristes.

— Wulcan...

— Por que não me falou sobre isso?

— Eu...

— Então quer dizer que tinha notado algo sobre meus poderes e não me disse nada?

— Não é isso... é que eu... achei melhor buscar ajuda de quem tem mais possibilidade de ajudar. Ninguém melhor que o Professor.

— Mas tinha que ao menos ter falado comigo antes... Talvez eu mesma pudesse resolver, sem ter que incomodar o Professor ou quem quer que seja.

Ela parecia chateada e brava de verdade, a tristeza ao fundo, por mais que tivesse boa intenção, Kurt vendo-a daquele jeito arrependeu-se.

— Wulcan, entenda, eu me preocupei com você, fiquei tenso, você não está sozinha...

— É verdade, Wulcan – começou Kitty, vendo como Kurt estava atrapalhado sem saber o que dizer. – Você pode contar conosco, ajudamos uns aos outros.

— Eu sei disso, Kitty, mas eu devia ser a primeira a saber. É como se resolvessem por mim... Eu acho que quero ficar sozinha agora... – disse ela se retirando para seu quarto dando as costas aos dois.

— Wulcan... – Kurt tentou inutilmente chama-la, ela parecia exausta. – Kitty, o que foi que eu fiz? – ele pôs a mão na testa em sinal de preocupação.

— Você a ajudou, Kurt. Foi isso que você fez, acho que talvez ela tenha ficado brava por não ter falado antes.

— Eu acho Kitty, que devia ter deixado que ela procurasse o Professor por espontânea vontade...

— Talvez ela precise de um tempo Kurt, logo será o jantar e depois vocês conversam. – Kitty saiu e deixou Kurt pensando a respeito. Ele não devia mas não conseguia evitar de se martirizar por isso, ele se sentia até meio bobo, tivera boa intenção mas sempre parecia que se atrapalhava com as situações. Pensando se teleportou para o escritório do Professor.

— Professor, eu preciso falar com o senhor. Desculpe o incômodo

— Pode falar, Kurt. Está tudo bem?

— Acho que cometi um erro. Eu falei com Wulcan, talvez eu não devesse ter mencionado nada sobre o que observei na sorveteria. Ela ficou muito brava ao saber que contei, se sentiu traída, queria que eu tivesse contado a ela antes.

— Kurt, ela não está com raiva de você, está com raiva dela mesma.

— Como assim, professor? – Kurt pareceu surpreso.

— Nas sessões, pude ver algo sobre a vida de Wulcan antes da mansão. Ela não tinha uma boa relação com a mãe, era sempre comparada com o irmão mais velho, a segunda em tudo e a mãe detesta mutantes. Óbvio que quando ela se revelou, tal ódio se estendeu. Wulcan tem raiva por não ter conseguido superar esses sentimentos.

— E isso teve influência nos poderes dela, creio eu.

— Ela os reprimiu por muito tempo tentando esconde-los, então quando vieram, foi de uma vez. Ela tem raiva por não ter conseguido ficar indiferente a mãe e aos maus tratos, a uma parte dela ter ainda culpa por ser o que é. Kurt, você fez bem em me procurar, não se culpe, ela está nervosa agora, mas os sentimentos em Wulcan são muito fluídos, eles afloram com facilidade, estou trabalhando com ela e pode crer que isso trará muito mais benefício do que dano.

— Eu sei professor, mas...

— Charles, eu estava pensando – Era Logan que acabara de entrar no escritório. Assim que viu Kurt ali, o rapaz baixara a cabeça, como que sentindo certa vergonha e constrangimento. Logo notou que pra ele estar ali conversando com Charles, era algo sério – Algum problema?

— Nenhum, Logan. Kurt só veio me reportar algo que o estava preocupando, mas creio que ficou tudo esclarecido, não é Kurt?

— Professor eu..

— Está tudo bem, Kurt. Fique despreocupado

Vendo que a conversa terminara e nada poderia fazer a não ser esperar e esperar que tudo se ajeitasse, Kurt deixou cair os ombros e se retirou do escritório.

— Charles, o duende parecia preocupado, algum problema?

— Logan, creio que fica mais evidente o quanto era necessário que eu começasse um trabalho com Wulcan. Kurt estava aqui mencionando que ela o ouviu dizer que tinha notado algo em seus poderes e que se chateara com isso, o pobre se sentiu culpado e veio falar comigo.

— O que tem visto, Charles?

— Ela tem muitas rachaduras Logan. Muitas dores, algumas muito profundas e ressentimentos, isso combinado com os poderes dela não é bom. Estamos aqui para ajuda-la, eu sinto que ela está explodindo por dentro – Charles coloca a mão na testa e fecha os olhos como que querendo sondar os pensamentos de Wulcan – Se você pudesse talvez falar com ela...

— Eu? Mas eu não tenho sua... psicologia. – disse Logan com um riso de canto. – Mas creio que antes que a Espoletinha exploda algo talvez eu possa dar uns conselhos, me preocupo com ela.

— Ficaria muito grato, Logan.

***

Wulcan estava em seu quarto, definitivamente mesmo sabendo que logo seria hora do jantar e estava com certa fome, não queria ver ninguém. Por que Kurt não lhe contara nada? Talvez estivesse sendo um pouco boba e dando muita importância a algo que não merecia tanta atenção, mas ela tinha direito de saber se tinham notado algo sobre seus próprios poderes que ela não notara. Puxa, era legítimo querer saber. Ali na mansão ela se sentia acolhida, após anos se sentindo diferente, como se não tivesse sequer lugar no mundo, aquele era o primeiro local em que as pessoas não se importavam pelo que ela era, ou como se vestia, ou do que gostava, mas agora era como se tivessem escondido algo e ela se sentia triste e sufocada. Estava sentada no chão, de costas para a porta abraçando os joelhos, derramou algumas lágrimas e fechou os olhos como que querendo esquecer por um momento o que estava sentindo, queria apenas mergulhar em si mesma. Todavia, foi retirada de seu estado por uma batida na porta.

— Seja lá quem for, vá embora. – respondeu ríspida

— Eu acho que não, Espoletinha. – Logan respondeu firmemente. Wulcan ao ouvir a voz dele, teve um estalo, não que quisesse abrir de fato, mas a figura de autoridade dele enquanto seu professor falava mais alto, por mais que ela não gostasse de fazer o que não queria, ainda tinha consigo que professores e pessoas mais velhas deviam ser respeitadas, por isso levantou e abriu a porta.

— Professor, eu não quero conversar agora, se puder ser depois...

— Não pode não. Com licença... – Logan adentrou no quarto de Wulcan e não poder deixar de ficar surpreso e ao mesmo tempo um pouco tenso. Não que nunca esperasse, mas ver aquilo fora deveras impressionante. Fora o fato do quarto estar bem mais quente, algo do tipo um dia de verão nas horas a pino, ele notou que haviam pequenos flocos de cinza no ar, como os que aparecem após algo ser queimado. Ao dar um passo, notou que haviam pequeninos galhos, quase minúsculos no chão, de aspecto seco que faziam um estalar quando se passava por cima deles. Wulcan literalmente materializou suas emoções e as colocou pra fora.

— Bem, Espoletinha, não sei se percebeu mas você fez uma bagunça aqui.

— Oh... – Wulcan só então se deu conta do que fizera – Desculpe, não foi minha intenção senhor, eu só...

— Estava fula da vida... é, me contaram.

— Não é verdade! Eu só queria ficar sozinha...

— Wulcan, o duende, digo, Kurt foi falar com Charles sobre você, ele ficou triste de pensar que você havia ficado chateada por ele ter procurado ajuda quando notou essa peculiaridade de seus poderes.

— Ele devia ter falado comigo antes, eu teria dado um jeito, sempre me viro...

— Na verdade, ele só se adiantou.

— Como assim?

— Nós vimos você no seu treino. Nós percebemos a dimensão do que pode fazer e como você reage diante de ameaças. O que Kurt percebeu foi somente uma dessas manifestações, assim como o que você fez no seu quarto. Eu falei com Charles sobre isso, nós íamos ficar de olho, mas como Kurt surgiu com uma nova situação, decidimos que algo devia ser feito.

— Eu só queria poder ter mais controle de tudo, professor Logan. Me sinto um fracasso...

— Você está se deixando levar por esses sentimento, eles blindam e cegam você, sentimos que é mais forte do que pensa todavia precisa direcionar para o caminho certo. E não fique brava com Kurt, ele quis ajudar você. Imagino eu que do mesmo jeito como você o ajudou. E eu devo dizer que foi uma baita ajuda, ele não vai mais a enfermaria depois dos treinos graças a você.

Wulcan sorriu um pouco e Logan sentiu uma ternura imensa pela menina, havia algo nela de muito sincero e aflorado, uma qualidade que ele prezava muito em qualquer pessoa.

— Obrigada Professor, de verdade.

— O jantar logo vai ser servido, quero ver você lá hein, Espoletinha. – Logan saiu do quarto deixando Wulcan pensativa. Talvez tivesse sido boba e um pouco injusta com Kurt, precisava remediar isso.

***

O jantar transcorreu normal, todos estavam falando de seus dias, da escola e pensando nos treinos que teriam. Apesar de sem fome, Wulcan desceu e comeu pouco, não falou muito com ninguém também. Mas na hora de levar seu prato para a cozinha ao passar por Kurt sussurrou para ele: “Me encontra no coreto”. Ele estranhou aquilo, mas por se sentir ainda meio culpado pelo que ocorrera mais cedo após o jantar foi se encontrar com ela.

Ele se teleportou para perto, uns 5 metros antes para andar até o local. Viu Wulcan de costas olhando para o horizonte.

— Wulcan, eu...

Ela se virou para ele, deu um leve sorriso sem graça e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela o abraçou forte. Kurt foi pego de surpresa, mas sentiu uma agradável sensação de estar ali com Wulcan em seus braços e com a cabeça em seu peito, a envolveu e pousou a cabeça na dela, não evitou de fechar os olhos. Sentiu-a levantar o rosto e depositar um leve beijo em sua bochecha, engoliu em seco sentindo uma sensação em seu estômago e temeu que ela pudesse ouvir o quanto seu coração estava acelerado com seu gesto.

— Obrigada, Kurt. – foi tudo que ela disse antes de abraça-lo novamente, como ele podia negar o que sentia naquele instante?


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Notas finais do capítulo

Quem sabe as coisas fiquem mais emocionantes agora? XD



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