Quando o Amor Chega escrita por Miss Viegas


Capítulo 16
Esclarecimentos


Notas iniciais do capítulo

Apenas leiam. Estou super feliz de ter postado e agradeceria de montão se lessem!



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Wulcan não esperava uma atitude tão direta de Kurt. Embora devesse ao menos ter imaginado que ele não ficaria impassível frente a sua atitude, afinal em um momento eles estavam bem e se falando e noutro, ela se mostrava fria e evitando-o.

— Kurt, eu... – ela começou.

— Não, Wulcan. Eu quero saber. Fiz algo que a desagradou? Disse algo errado? Você parou de falar direito comigo, acho que mereço ao menos saber porquê.

— Kurt, eu sinto muito se o fiz sentir mal. É que... – Kurt se sentou na cama ao lado de Wulcan – Bem, é que na escola, aquela sua ex-namorada falando tantas coisas, depois que comentei, você ouviu e ficou tão bravo, fiquei receosa de acabar indo com ela e arrumar confusão e problemas para você. O diretor já não gosta muito de mutantes, não é difícil ele querer o mínimo pretexto para expulsar um de nós. Daí se era em parte culpa minha, eu devia fazer algo a respeito.

Kurt ouvia atento, muitas coisas passavam pela sua mente. Amanda e suas intrigas atingiram pessoas que nada tinham a ver com o caso deles, o que incluía Wulcan que mal tinha chegado a Bayville. Ele se limitou a olhá-la, ela estava com os olhos baixos e uma expressão triste. Com uma mão, levantou seu queixo fazendo-a olhar para ele.

— Mas que boba. – Wulcan esboçou um sorriso de canto

— Ninguém nunca me chamou de boba.

— Wulcan, é um pedido meu. Não se deixe levar pelas implicâncias da Amanda, ela está muito errada, porém ainda assim é um assunto meu.

— Ela parece tão brava, ás vezes é como se não aceitasse que estou em Bayville e estudo na mesma escola. Kurt, se você não se importar, como aconteceu? Você é tão legal, não acredito que tenha feito algo que a magoasse de propósito, ao contrário sou levada a crer que ela é que realmente magoou você não aceitando quem você é.

— Não fiz. Wulcan, pela minha aparência, eu sempre tive receio das outras pessoas, depois que os mutantes foram descobertos foi um agravante. Eu era um mutante com aparência distoante e assustadora. Amanda já havia descoberto antes, ela me viu teleportar sem querer na escola. Eu achei que não havia ninguém olhando, mas ela estava escondida. Fomos a um baile tempos depois, ela me convidou e eu fiquei superempolgado. Só que algo deu errado e no meio do baile, um monte de monstros apareceram, por minha causa devo dizer – Wulcan fez uma cara de espanto.

— Não foi intencional. Um amigo nosso projetou uma máquina para que eu desacelerasse no momento do meu teletransporte. O Professor achava que nessa hora eu meio que passava por outra dimensão e que saber mais detalhes poderia contribuir para melhorar meus poderes. Daí quando eu me teletransportei pudemos ver que não só eu parava numa dimensão diferente como ela também era habitada por criaturas ferozes. Acabou que com a máquina e a desaceleração uma fenda se abriu entre as dimensões e as criaturas entraram, invadindo o baile. Eu estava com a Amanda quando uma das criaturas nos atacou e ela pediu pra eu sumir como já tinha feito, percebi que ela sabia.

— E aí acabou confirmando quando se teletransportou...

— Sim. E aí conversamos. Eu estava receoso dela me ver como realmente sou, mas na hora acabou gostando. Começamos a namorar, mas no dia em que fui a casa dela conhecer seus pais, um dos mutantes da Irmandade apareceu e roubou meu indutor. Acabou que os pais dela me viram azul e peludo e começou toda a história que você já sabe. – finalizou Kurt com ar pesaroso.

— Wow, que história. Bem, não consigo imaginar como minha mãe reagiria se eu tivesse um namorado mutante. Na verdade, acho que nem daria pra saber porque se comigo foi tão brutal, imagina com um namorado. Ela não daria a mínima chance.

— Wulcan, nada disso importa agora. Você está conosco e a Amanda já é passado, eu percebi que não posso deixar isso me atrapalhar. As coisas já são complicadas o bastante para nós enquanto mutantes, não precisamos buscar problemas desnecessários. Não vou negar que ainda me sinto triste ás vezes, como as coisas aconteceram não foi uma questão de um término com alguém que eu achava que gostava de mim, mas tem a ver com o preconceito com quem eu sou e com quem também é mutante. E isso levanta outras questões, mas não importa, todos nós aqui no Instituto somos uma grande família e nos apoiamos.

— Puxa, Kurt, isso é bem tocante. Eu me sinto muito grata por tudo, por toda a amizade que vocês tem me dado. Nunca senti isso em casa, quer dizer, só meu irmão Diggory me protegia e me dava carinho, mas havia o lado da minha mãe que sempre me destratava. Mas nunca me envergonhei ou me revoltei de ser uma mutante, acho que é um dom, se podemos usar para o bem então não é algo ruim.

— É verdade. Agora, que tal a gente ir à sorveteria pra comemorar nossa sobrevivência ao treino da Ororo? – perguntou Kurt rindo.

— Tudo bem, eu vou me trocar e vamos.

Kurt se teleportou para a sala. Cerca de 15 minutos depois, Wulcan desceu usando um vestido branco com manchas vermelhas imitando gostas de sangue, braceletes e um coturno preto, usava uma gargantilha preta com uma pequena caveira, os cabelos mechados de vermelho estavam soltos. Kurt respirou fundo, não podia negar que Wulcan estava muito bonita e cada vez mais percebia que não somente por fora, mas se revelava muito gentil e uma verdadeira amiga.

— Bem, agora sim. Vamos lá.

— Mas eu gostaria de ir andando, o teletransporte é legal, mas priva a gente de ir caminhando e rindo. – disse Wulcan.

— Sem problema, eu até curto a idéia. – disse ele enquanto os dois saiam.

                                               ***

Enquanto Kurt e Wulcan estavam tranquilos indo para a sorveteria, os professores se reuniam no escritório para o relatório do treino dos alunos. Logan tinha um interesse especial em Wulcan, algo nela despertava nele um instinto diferente, um instinto diferente de todos os que já tivera. Ela mesmo inexperiente parecia a ele tão forte, mas ainda assim ele queria estar perto dela de algum modo, queria ajudá-la a controlar seus poderes. Quando a viu cair no dia de seu treino com o medidor, algo o fez correr para acudi-la, despertou uma sensação como se quisesse protege-la. E no treino com Ororo, estava bem atento a cada passo, cada movimento e se Kurt por estar mais distraído nos treinos não favoreceria com eles saíssem machucados. A surpresa contudo, foi geral. Ele notou que não só Wulcan se concentrou muito bem como também Kurt colaborou para que eles vencessem a competição. Embora ainda brutos, os poderes de Wulcan começavam a aflorar e ele notou que em situações em que uma emoção mais exacerbada se fazia presente, eles surgiam de forma espontânea e explosiva, aquela cortina de fogo foi quase um reflexo. Ele e os outros professores precisariam trabalhar muito isso para que em alguma situação não conveniente, eles aparecessem e alguém saísse ferido. Logan se sentia em algum ponto de seu interior aflito com isso. Talvez por ele mesmo ser cabeça quente em vários momentos, sabia ao que Wulcan estaria suscetível se explodisse, com certeza os que recebessem essa explosão não ficariam passivos e tudo poderia virar uma grande confusão.

— Muito bem, senhores. – adiantou-se Tempestade – Creio que o balanço do treino de hoje foi muito positivo. Os alunos já estão aprendendo o sentido do trabalho em equipe. E Wulcan, bem, ela controlou bem seus impulsos e mesmo dependente de Kurt, conseguiu coordenar bem seus movimentos e poderes.

— Eu discordo de você em alguns pontos, Tempestade – começou Logan. – A Espoletinha de fato se controlou bem, contudo não creio que isso signifique domínio total.

— Explique melhor, Logan. – pediu Charles.

— Eu percebi que mesmo ela com o duende tinha cuidado com os passos, porém pude notar que os poderes dela se exacerbam conforme suas emoções e isso pode ser um problema se não trabalhado.

Charles cruzou as mãos e coçou o queixo, demonstrando estar pensando naquela afirmativa. De fato, ele também notara o quanto Wulcan se assustara no treino e aquilo resultara em uma cortina de fogo, contudo percebia que Logan falava com especial interesse e certa preocupação.

— Wulcan é uma mutante diferente. Com dois poderes dentro dela isso por si só é algo peculiar, logo devemos trabalhar com cuidado o manejo dela. Com relação às suas emoções, devo lembrá-lo Charles, de que só conseguiu localizá-la porque ela usou os poderes em uma situação de perigo, ou se esqueceu disso?

— De fato, Logan. Ao que parece, um rapaz quis atacá-la e ela se defendeu inconscientemente.

— Pelo pouco que vejo, a Espoletinha deve ter ficado muito brava com isso. O maior problema é o quanto pode se tornar um perigo para ela e para os demais. E se houver uma situação na qual ela não consiga se controlar e possa causar um acidente? Vamos considerar que o mundo não é um lugar exatamente gentil com gente como nós.

— De fato, Logan. – Charles concordou – Isso é algo que não podemos ignorar. Wulcan está estudando agora e não podemos arriscar um acidente que só vai servir como negatividade associada a mutantes.

— Logo creio que devemos insistir mais em treinos em equipe, Logan – completou Ororo – Pelo que sabemos dela, permaneceu em um ambiente familiar nocivo e foi obrigada a sair dele, devemos esperar certa dificuldade em lidar com pessoas, sejam humanos ou até mesmo mutantes, afinal, nem todos de nós são solidários e mantém a paz, os mutantes da Irmandade são um bom exemplo disso. Se você permitir, Charles, eu gostaria de nos próximos treinos colocá-la em simulações que estimulem sua reação em conjunto. Hoje, ela e Kurt fizeram um bom trabalho, lógico que ainda estava impulsiva, todavia soube proteger o colega e também atacar, só que concordo que suas reações podem se virar contra ela mesma. Em dupla, ela possuiu um bom desempenho, porém em grupo, não sabemos, com múltiplas ameaças também não. Charles, será que você também não poderia trabalhar com ela? Verificar se possui sentimentos e pensamentos mais escondidos que podem vir a tona e representarem perigo?

— É um ponto a se considerar, Ororo. Porém eu quero ver mais alguns treinos de Wulcan antes de usar o recurso da mente. Ela ainda está se adaptando, chegou a pouco tempo. Eu prefiro esperar um pouco mais antes de sondar as profundezas de seus pensamentos. Notei que ela tem algo de muito transparente, da mesma forma como suas reações refletem em seus poderes, sua personalidade não admite dualidades, ela mostra o que sente e pensa de forma natural. Se nos treinos não houver avanço em seu controle, farei sessões com ela.

— A Espoletinha não vai ser fácil, Charles. Ela não vai deixar você entrar na cabeça de forma tão fácil...

Charles limitou-se a olhar Logan, estreitando os olhos como que a analisá-lo, havia certo cuidado em suas falas quando se referia a Wulcan e isso não lhe passava despercebido. A reunião terminou com os professores comentando sobre o desempenho dos outros alunos e traçando metas para os próximos treinos, especialmente com foco em Wulcan, que devia ser colocada a prova nos próximos dias.

                                           ***

Na sorveteria, Kurt e Wulcan tinham um excelente momento.  Eles chegaram e foram logo ao balcão fazer seus pedidos. Ela se surpreendeu de ver tantos sabores, alguns que nem imaginava que existia, de frutas diferentes ou até mesmo combinação entre elas. Kurt vendo que ela estava indecisa resolveu facilitar, pediu um rodízio para os dois, assim ela poderia experimentar quantos quisesse. Ele notou que se sentia feliz de estar ali, algo dentro dele estava mudando, era como se a velha forma estivesse voltando, seja nos treinos, seja no seu ânimo e naquele momento, com uma nova amiga, era como se as coisas houvessem voltado ao normal.

Eles escolheram seus sorvetes e sentaram-se em uma mesa ao fundo.

— Está delicioso! Nunca tinha experimentado esse sabor, parece que tem todas as frutas vermelhas dentro.

— Eu gosto desse também, mas fui no tradicional chocolate com pedaços.

— Queria agradecer, Kurt. Foi gentil ter me convidado, não precisava, podíamos só ter conversado e você não precisaria ter gasto com tudo isso. – Wulcan disse sem graça.

— Wulcan, eu quis trazer você porque achei que devia e acho que deve conhecer mais Bayville, fico feliz de lhe mostrar.

Wulcan sorriu e ele não pôde de evitar ficar um pouco sem graça com o olhar dela, era sincero e havia uma afeição verdadeira. Lembrou-se de quando ela chegou, ele estava tão afundado que no primeiro dia nem lhe deu direito as boas vindas, ela que lhe convidou ao cinema e começou a amizade. Ela mal chegara e já se mostrara alguém de confiança, que fez por ele mais do que muitos haviam feito nos últimos meses.

— Acho que está escorrendo aqui – Disse ele notando que o sorvete dela estava sujando seu queixo.

— Nossa, que desastrada! Sorvete é uma coisa pra qual nunca tive maturidade – disse ela sem jeito

— Eu ajudo – disse ele pegando um guardanapo e limpando seu queixo, enquanto ambos sorriam bem sem graça pelo gesto. Estavam tão distraídos por aquele momento leve e divertido que não notaram que alguém se aproximara da mesa dos dois, ficando de frente para ambos, com olhar inquisidor e braços cruzados, uma expressão que beirava a chateação extrema.

— Olá, Kurt.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram a volta?



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