O demônio acorrentado escrita por Kethy


Capítulo 3
Incríveis... Pedaços de merda


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi... Como vão? Bem tbm, obrigada.
Ah, e pra mim, o vestido é branco e dourado, mas também é muito feio, quem fez aquela merda?
Continuando? Demorei muito crianças?!
SIM, KETHY!!!!!!!!!!
Tah, tah, deixe-me explicar, sabe quando você rele e fica tipo: Que merda foi que eu fiz, como o próprio título, que incrível pedaço de merda. (Obs.: o titulo e essa frase de agora não tem nada a ver, mais ou menos.)
Então, perdi toda a minha vontade e criatividade para escrever ela. Mas aí, hj, esse domingo maravilhoso em que estou atoa pra caramba... PORRA, TENHO QUE FAZER TRABALHO.
Eu decidi escrever, então, aproveitem, e comentemmmmm!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



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[...]

Quando chegou em casa já estava escuro, Summer havia ficado muito feliz ao ver o dono sair da caverna uma hora atrás. Mas Edric nem brincou muito com o cachorro, do lado de fora estava tão frio que ele poderia morrer congelado, mesmo sendo verão. Então apenas correu todo o caminho de volta para casa. Sua mãe estava na cozinha, remexendo em um baú pra lá de velho, Edric sentou-se ao seu lado para ver melhor.

– O que é isso? – indagou ele olhando por cima dos braços da mãe.

– Minhas lembranças filho. – disse ela, os olhos vermelhos e inchados nunca chorara tanto, mas desde que seu marido a deixou, não pode segurar-se. – Onde estava?

– Na casa da árvore. – mentira, mas é melhor assim. Pensou o moreno. – Quem são eles? – perguntou ao pegar uma das fotos na mesa. Havia um casal rechonchudo em um canto e do outro sua mãe e seu pai e sua mãe, que também não estava muito magra, só que bem mais jovens.

– Essa é June, e esse é Martin. – disse ela olhando para foto e indicando eles como dedo. – June fazia cálculo comigo no colegial, era muito boa. – disse ao sorrir parecendo lembrar-se da época. – E Martin era irmão dela, a acompanhou no baile de formatura, pois ninguém a convidou.

– Papai te convidou mãe? – indagou o garoto olhando os dois, a foto estava velha e encardida, mas ainda dava pare ver que os dois estavam juntos e sorrindo.

– Bem, na verdade não. Ele era filho dos O’Donnel, e minha mãe fez com que a mãe dele fizesse ele me convidar, claro que, na época eu não sabia, descobri anos depois. – disse Evelyn ao colocar os cabelos atrás da orelha. – Quando ele era bem pequeno, jogava aviõezinhos no meu quintal só para me chamar em casa e perguntar se poderia ir apanhá-los. Ele era uma gracinha.

A mãe falava, mas Edric só escutava blá blá blá papai. Ele não achou a estória muito boa, e também, o final fora trágico, a garota ficou sozinha. A garota de vestido espalhafatoso e sorriso doce da foto, parecia tão feliz naquela época.

– Ele pediu-me em casamento seis meses depois deste baile. Então larguei a faculdade para me casar com ele. – ela sorriu tristemente. – Mas, acho que ele não foi tão ruim assim.

– Por quê? – indagou Edric, ele havia largado ela, como não era tão ruim assim?

– Ora, mesmo depois de tudo, ele me deu você. – disse a mãe e olhou para o garoto, ele ainda não compreendia. – Está com fome não é? Seu jantar deve estar frio uma hora dessas, deveria voltar mais cedo para casa. Ei, que tal amanhã nós irmos à cidade, vou te comprar um relógio e te dar de presente. – disse a mãe como se tivesse a ideia mais fantástica do mundo. – Então poderemos jantar juntos sempre. Afinal, agora somos só nós dois.

Edric achou a ideia de ir à cidade muito boa, mas não a de comprar um relógio, porém a mãe parecia mesmo um pouco solitária. Na sua turma antiga tinha uma menina, chamava-se Lauren Matters, os pais dela também haviam se separado. Mesmo assim, a mãe dela encontrou outro homem, e agora Lauren tinha um padrasto. Ela dizia que ele trabalhava em uma loja de doces e sempre levava para Lauren algum. Pensou que talvez ganhasse doces se a mãe encontrasse outro homem.

– Por que não procura outro marido? – perguntou a mãe que lhe encarou abismada. – A mãe de Lauren Matters tem um novo marido, e Lauren diz que ele é muito legal.

– Não, não, eu não superei seu pai para arranjar outro... – ela parou de falar quando percebeu que aquilo não levaria a nada, Edric não entenderia, nunca. – Bem, acontece que, eu não estou preparada para ter outro marido. E peço que não fale mais sobre isso, tudo bem? – o garoto fez que sim com a cabeça. – Ótimo, amanhã iremos à cidade então, pode escolher um brinquedo se quiser também, não caro. Teremos de economizar daqui para frente.

– Claro. – disse Edric e voltou a olhar as fotos enquanto Evelyn lhe preparava o jantar. Não estava com fome, havia comido o sanduíche de Mephisto no caminho, mas jantaria apenas para agradar a mãe. – Relógio.

[...]

Evelyn usava um vestido cor-de-rosa rodado, luvas e um chapéu também rosa. Edric usava roupas novas, todas eram presentes do pai, só de pensar que eram todas dadas por ele, o moreno ficava com raiva. Porém, não havia nada em seu guarda roupa que sua mãe houvesse lhe dado. Como era baixo, mesmo não sendo muito novo, dava a mão à mãe, sua cabeça batia nos ombros dela, mas sabia que iria crescer muito uma hora.

– Quê foi Edric? – indagou a mãe ao notar o desconforto do moreno. – Aconteceu alguma coisa?

– Nada, mas eu não quero um relógio. – disse o garoto, nunca jantava com os pais, e eles nunca reclamavam, preferia jantar na sala, ou no quarto, mesmo que o risco de ataques surpresa de Summer fosse alto. O cachorro ficara em casa acorrentado. – Por que preciso de um relógio?

– Por quê? Bem, pois seu pai nos deixou, e eu não quero jantar sozinha, e com um relógio você pode chegar sempre na hora do jantar e almoço também. – disse Evelyn um pouco irritada com o egoísmo do filho. – E como somos só nós dois, prefiro estar com você.

– Por que não vai jantar na casa de Rose então? Por que precisa ser eu? – rebateu também irritado, tantas mudanças e era tudo culpa do pai.

Evelyn quis gritar com o filho, por que ele não entendia que ela se sentia sozinha e precisava de companhia? Bem, não importava, ele era seu filho e tinha de obedecê-la, querendo ou não. Então apenas disse.: - Por que eu quero que seja você, e é melhor que apareça na hora.

Edric ficou fazendo bico até comprarem o relógio e depois irem à loja de brinquedos, mas estava muito indeciso de qual deles escolher. Optou por um avião de madeira leve, que se lançado voava por uns sete metros. Depois disse quis ir à casa de Samuel para brincarem, pois sabia que o amigo tinha um tanque de guerra e um balde de soldadinhos. Seria perfeito um avião para a brincadeira. Mas não havia ninguém em casa quando foram visitá-los. Mônica, a vizinha de Rose disse que eles haviam saído de carro, os quatro. A irmã mais nova de Samuel, o pai de Samuel, Rose e o próprio Samuel. Edric ficou um pouco enciumado que o amigo pudesse sair de carro com o pai, e ele não.

Depois de almoçar com a mãe brincou de avião por uma hora no quintal, e logo quando saia com a mochila nas costas e Summer ao lado das pernas a mãe o parou, ele revirou os olhos mentalmente.

– Quero você aqui as sete, nem um minuto a mais. – disse ela ao colocar o relógio no pulso do garoto, era prata e com fivelas de couro escuro. Marcava duas da tarde. – E não vá longe.

– Está bem, agora posso ir? – disse o garoto após bufar de raiva.

– Pode ir. – ela soltou seu braço e o assistiu correr para dentro do bosque com Summer correndo junto à suas pernas. – Crianças.

Demorou mais que de costume para chegar lá, por que Edric teve impressão de ter se perdido ao seguir a trilha perto da casa na arvore, então voltou tudo de novo, só para ter certeza. Então chegou a caverna cansado, a água quase que havia sumido por completo, a pedra estava apenas molhada agora, então quando aproximou-se de Mephisto e as bolas de fogo acenderam-se fracas, pode ver os joelhos que sangravam negro, era estranho e dava uma agonia ao olhar. Porém, ergueu os olhos e viu os vermelhos e profundos de Mephisto.

– Você veio outra vez, nem consigo acreditar. – disse o demônio sorrindo calorosamente. Edric ficou sem fala por um segundo. – O que houve?

– Onde está a água? – ignorou a pergunta do demônio que pareceu pensar por um tempo.

– Ah, fiz um pequeno esforço para que ela secasse. – disse ao sorrir cansado. – Você ficou todo molhado e...

– Por isso as bolas de fogo estão tão fracas? – indagou e interrompeu Mephisto. – Isso não machuca você não?

– Bem, sim, mas...

– Não há nenhum “mas”, você não pode ficar se machucando assim. – disse o garoto olhando para os joelhos esfolados do demônio. – Já não basta estar preso?

Mephisto ficou em silêncio por um instante, aquilo foi estranho, geralmente ninguém se importava com seu bem estar, nem quando era loucamente apaixonado por ele. Edric apenas colocou a mochila no chão e sentou-se ali também, não consegui desviar os olhos dos joelhos do demônio. Retirou o casaco que usava e foi até o demônio lhe cobrindo da cintura para baixo, os olhos de Mephisto não se desviaram do garoto até que ele sentasse novamente no chão e abraçasse os próprios joelhos. Continuaram a se olhar até Edric quebrar o silêncio.

– Fui à cidade com minha mãe, fomos comprar um relógio. – disse o moreno sem olhar para Mephisto, a única ideia de relógio que tinha era um grande tronco na praça que marcava a posição do sol no chão, e nos dias de chuva ele era praticamente inútil. – Pois ela se sente sozinha e quer que eu faça companhia a ela. Então terei de estar em casa para o jantar.

Mephisto pensou que aquilo queria dizer que o garoto iria embora para sempre, mas o relógio apenas marcava o tempo, então esperou Edric continuar a falar.

– Então não poderei ficar aqui por muito tempo... – disse quase que triste, mas depois pareceu com raiva. – É tudo culpa do meu pai, se ele não nos tivesse deixado, não teria de...

– Mas se não fosse por ele, não teria me conhecido também. – disse Mephisto ao quando o pequeno elevou a voz. – Não fique assim, seres humanos tendem a ser muito egoístas.

Edric se calou e apenas observou o demônio que lhe sorria, parecia tão feliz, mesmo preso e sentindo tanta dor.

– Como você aguenta? – indagou o menino ao levantar o rosto. – Digo, isso é dor demais para qualquer um.

– Acho que isso seja algo que ter imortalidade cobra. – disse Mephisto após pensar um pouco. – Não posso morrer, mas posso sofrer. – deu uma risada.

– Como ainda pode sorrir? – indagou Edric desacreditando. Aquela pergunta merecia muito mais que um beliscão de mãe, talvez dois cascudos do pai.

O demônio ficou em silencio olhando para o garoto, demoraria muito até que este o libertasse?

– Bem, sorrio, pois você está aqui. – explicou deixando o garoto ainda mais confuso. – Não sei o porquê, mas você me deixa muito feliz. – o moreno não disse nada, apenas continuou a olhar para Mephisto. – Gosto de ouvir sua voz, gosto de saber que você está aqui. – o rosto de Edric ficou rubro e o demônio sorriu. – Gosto de olhar para você...

– Ah, sim, se sente sozinho é isso? – como diabos crianças conseguiam transformar uma clara declaração de amor em algo egoísta? – Bem, com você eu gosto de ficar. Seria melhor se eu tivesse uma irmã menor, ou maior, mas que fosse menina e minha mãe me deixasse em paz.

– É, acho que isso seria melhor para nós dois. – disse Mephisto ao sorrir, mesmo que sua vontade fosse de dar um soco no garoto.

– Sim seria... Não, espere. – disse confuso. – Deixa, mas sabe, meu amigo Samuel tem uma irmã menor, ela é uma gracinha, tem três anos, e sua mãe fica tão preocupada com o bebê que quase nunca dá atenção para Samuel.

Provavelmente esse Samuel morre de ciúmes da irmã menor. Pensou Mephisto.

– Mas ele morre de medo do bosque e quase nunca quer vir comigo. – disse Edric olhando por cima do ombro. – Temos uma casa na árvore a meia hora daqui, por isso demorei a chegar hoje. Pensei ter errado o caminho.

– Samuel tem medo do bosque? – indagou Mephisto pensando em como seria o tal Samuel.

– Sim, ele diz que aqui tem lobisomens e mini duendes que vivem nas árvores e que se morderem você em alguns minutos você morre. – disse Edric e logo começou a rir. – Mas isso são apenas histórias de acampamento, é fomos a um acampamento juntos. O velho da fogueira contou essas historias, Samuel dormiu segurando minhas roupas naquela noite. – o demônio pode visualizar Edric irritado com o amigo a lhe puxar as roupas. – Foi muito legal o acampamento. Eu era péssimo em esgrima, mas Samuel era ótimo, seu pai lhe ensinava todo fim de semana.

– Parece muito interessante. – disse Mephisto depois de um tempo.

– Sim, é bem legal, se um dia você sair daí pode tentar ir para um, mas são apenas para crianças. – o sorriso de tubarão apareceu no rosto de Mephisto. – Você pode se transformar em criança?

– Posso me transformar em qualquer ser vivo. – disse o demônio com um ar misterioso.

– Sempre quis saber como é ser uma raposa, elas são muito rápidas, e bonitas. – disse Edric lembrando-se da raposa que vira dias atrás. – Seria muito legal.

– Sinto falta disso, me transformar em algo diferente. – disse Mephisto, os olhos azuis tremeluziram na luz do fogo deixando o demônio sem fala.

– Pensei nisso também, como você vai sair daí? Ou vai ficar preso para sempre? – indagou o garoto olhando de relance para as correntes, Mephisto suspirou pensando em dizer: “No dia em que você me amar muito e ter coragem de tocar nelas! E assim queimando as mãos até perdê-las só para libertar um demônio.” Mas não disse, é claro.

– Conhece contos de fadas? – indagou e Edric acenou que sim com a cabeça. – Bem, não tem nada a ver com eles, afinal, nenhuma mulher com a cara de tigre vai te matar por não amá-la depois de descobrir a verdade. – o garoto ficou confuso por um tempo. – Mas bem, creio que vai precisar de coragem e amor.

– Pensei que demônios não amassem ninguém. – disse a Mephisto alheio aquilo, afinal, coragem ele até teria, mas amor? Nunca.

– Ah, por que não amaríamos? Humanos são incríveis. – “pedaços de merda” continuou em sua cabeça. – Mas sabe, vocês crianças são espertas demais para cair...

– Cair?

– Perder-se, mas é claro que a maioria dos meninos perde-se com facilidade. – Edric franziu o cenho por um instante. – Mas você não cairia com facilidade, certo?

– Não sei, provavelmente não. – o moreno encarou Mephisto por alguns segundos. – Me explique melhor isso...

– Se um dia, alguém corajoso o suficiente, quebrar as correntes com as próprias mãos, eu serei liberto. – disse Mephisto sorrindo e Edric pareceu pensativo. – Mas claro que não é tão simples assim, as correntes são enfeitiçadas, se qualquer um tocá-las, terá as mãos queimadas. – e com isso Edric decidiu ficar sentado e não mexer nas correntes. – Por isso, coragem e amor, coragem para tocá-las e amor para me salvar.

– Queria poder ajudar, mas não está me parecendo uma boa idéia tocá-las. – disse Edric colocando as mãos nos bolsos.

– Bem, talvez um dia você tenha coragem e amor o suficiente para fazer isso por mim... – Mephisto queria dar-lhe um tapa no rosto, como ele era irritante.

– Acho muito difícil que eu faça isso, sem querer ser rude, mas me queimar por você não está em meus planos... – disse Edric e o olhar do demônio tornou-se triste. – Desculpe , é que...

– Você deveria ir embora por hoje...

–... Desculpe, não quis dizer isso... – começou Edric, mas Mephisto apagou duas das bolas de fogo. – Mephisto, eu sinto muito...

– Eu não quero falar sobre isso Edric... – disse o demônio impassível e mais duas bolas de fogo se apagaram. – Mesmo que não quisesse dizer, você disse...

– Eu... – depois de vários segundos o garoto pode perceber uma lagrima de sangue negro escorrer do olho direito do demônio, por onde passava saia fumaça e queimava. – Desculpe... Eu vou para casa...

Edric saiu correndo da caverna, Summer corria junto a ele, já estava escurecendo, mas daria tempo de chegar em casa na hora em que sua mãe lhe ordenara. Correu tanto que quando chegou nos trilhos de mina estava quase morrendo de cansaço, sentou-se no chão para respirar um pouco, já estava perto de casa. Checou o relógio, ainda tinha meia hora. Summer lhe lambei o rosto, pois só agora conseguiu demonstrar a felicidade de ver o dono voltar. Edric o abraçou e se lembrou das lágrimas de sangue do demônio, eram horríveis, mas doía mais velas descerem queimando o rosto dele.

– Acho que perdi um amigo, Summer. – ele apenas tentou pular em cima de Edric. – Vem, vamos para casa...

[...]


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Notas finais do capítulo

Ei, gostou? Se sim, comente, se não, mesma coisa. Obrigada por ler!