O demônio acorrentado escrita por Kethy


Capítulo 12
Maldições de Morte


Notas iniciais do capítulo

OI!!!
Dessa vez eu não demorei!
Espero que gostem do capitulo, e espero que comentem, por favor, amo falar com vocês.



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Seu corpo não pesava quase nada, mas Ink já estava cansado de carregá-lo corriam há horas, pois graças a Edric eles não poderiam se teletransportar. Seven Sins ficava em Londres enquanto Edric morava perto de Weeting ao norte. Para sua sorte, estavam quase chegando lá.

Mephisto discutia com Belial sobre o que ele havia perdido nos últimos anos, ou séculos, falavam rapidamente em sua língua complicada. Edric estava adormecido no divã velho, o rosto pálido e frio ao toque, era um dos efeitos colaterais por ter sido apagado. A mancha negra em seu pulso já chegava perto do cotovelo, tinham de se apressar, assim que ela chegasse a seu peito seria o fim. Ink lhe observava perto da porta do outro lado da sala, não estava nem um pouco interessado nos assuntos do grande B com Mephisto. Queria poder invadir o os sonhos de Edric naquele instante, mas sentia a presença da garota do outro dia.

Mephisto se levantou de supetão e apontou para Ink.

– Você andou falando com ele pelos sonhos? – perguntou Mephisto com ódio brilhando nos olhos vermelhos. Ink sequer se mexeu. – Eu vou matar você seu merda!

– Se acalme! – gritou Belial ao puxar Mephisto pelo ombro. – Eu já tomei providências sobre isso, tenho certeza de que ele não fará de novo. – B passou a mão pelos cabelos e sentou-se novamente. – Temos problemas mais sérios.

– Vamos matar o garoto! – sugeriu Mephisto como se fosse obvio. – É nossa melhor opção, eu não aguento mais ficar preso a ele assim.

– Não sabemos o que vai acontecer se o matarmos. – disse Belial como se falasse com uma criança, pois aquilo já havia sido discutido antes. – Temos de tomar cuidado.

– Ele não vai demorar muito a morrer. – falou Ink e os dois demônios no divã passaram a encará-lo. – A mancha é uma maldição com certeza. – ele se aproximou e pegou o braço esquerdo de Edric. – Quando ela chegar aqui, ele não vai resistir.

Belial não havia notado a mancha antes, estava prestando atenção em Mephisto. Olhou por um bom tempo assim como Mephisto e Ink. Depois desviou os olhos para a porta e foi até lá, abriu e chamou por Sam, a loira de treze anos entrou e Belial a beijou nos lábios, Ink percebeu como ela sorriu encantada. Tinha se apaixonado, era uma pena.

Belial passou o braço por seus ombros e a conduziu para perto de Edric, apontou para a mancha.

– O que você acha? – perguntou Belial a ela e Ink soltou o braço de Edric. A garota olhou por um bom tempo e depois pareceu pensar. – E então? – insistiu Belial impaciente como era.

– Me parece uma maldição de morte. Uma poderosa, mas não posso dizer com certeza. – respondeu ela incerta, depois seu rosto se iluminou e ela se virou para Edric. – Há uma ótima bruxa na cidade, ela é muito antiga, com certeza vai saber o que fazer.

– Uma bruxa? Elas são muito pouco confiáveis. – afirmou Belial franzindo o cenho, Samantha empalideceu e engoliu em seco.

– São realmente mentirosas, mas duvido que ela tenha coragem de mentir para você. – comentou Ink e os olhos de Samantha pousaram sobre ele, ela parecia quase agradecer. – E não temos muitas opções quanto a isso. A não ser que, prefira esperar o garoto morrer. O que não vai demorar.

– Deveríamos deixá-lo morrer. – resmungou Mephisto.

– Você está agindo como uma criança, e me irrita muito então é melhor parar com isso. – repreendeu Belial e depois pegou a mão de Samantha. – Nos leve até ela.

A garota sorriu e se encaminhou para a porta sendo seguida por Belial, Ink pegou Edric no colo quando Mephisto começou a se mover. A corrente tintilava enquanto andavam pelas ruelas desertas de Londres, estava frio, mas o único que sentia era Edric que sequer poderia reclamar. Chegaram a uma loja com vidraças embaçadas com bonecas enfileiradas na vitrine, aquelas com olhos enormes e vidrados, rostos pálidos e cabelos perfeitos. Samantha foi a primeira a entrar na loja, um sininho tocou. A loja era escura e havia bonecas, muitas bonecas. De todos os tamanhos e de todos os jeitos possíveis, Ink carregava Edric para dentro quando uma mulher saiu de uma porta atrás do balcão no fundo da loja, ela era alta, tinha a pele escura, lábios fartos e cabelos enrolados em um pano roxo. Os olhos cegos fitavam o nada, eram brancos e chamativos, mesmo sendo cega Ink sentia que ele podia enxergar muito bem.

– Demônios não são bem-vindos aqui. – disse ela amargamente, cruzou os braços como se xingasse o cachorro e esperasse que ele saísse de fininho. – Saiam.

– Precisamos de seus serviços. – falou Belial sem alterar a voz mesmo que estivesse irritado com a ousadia da bruxa.

– É claro que precisam de meus serviços, vocês demônios só podem destruir, não criar ou consertar. – a bruxa descruzou os braços e suspirou, virou-se e passou pela porta. – Tragam o garoto. E um de vocês fique vigiando na porta.

– Você fica. – mandou Belial apontado para Samantha que ficou chateada e depois foi para a entrada da loja. – Como posso lhe chamar? – perguntou à bruxa ao passar pela cortina de fios.

– Eleanor, mas não quero que me chame. – respondeu a bruxa ríspida. – Deite-o ali. – mandou ela a apontado para uma mesa verde.

Aquela sala sim parecia com a de uma bruxa, havia cortinas escuras, prateleiras com livros velhos sem títulos nas lombadas assim como vidros foscos que não deixavam definir o que havia dentro. Ela se aproximou de Edric quando Ink o colocou na mesa. Passou a mão por cima do braço esquerdo de Edric sem tocá-lo, olhava para frente como se estivesse analisando a cor da parede.

– Uma maldição de morte, nojenta. – informou Eleanor e Mephisto sorria. – Você estava mesmo com raiva daquelas pessoas não é? – ela cruzou os braços e encarou os demônios, mas parecia olhar para seus ombros. – Vocês precisam remover o selo. Só os dois tem o selo como sólido, mas para o restante do mundo ele meramente existe. – ela provou o que dizia passando um pálido que estava em sua manga pela corrente. – Entendem?

Mephisto e Edric já haviam notado aquilo há muito tempo.

– Mas é uma maldição, certo? Pedras preciosas não resolvem isso? – perguntou Ink e ela fechou os olhos leitosos com pesar.

– As pedras são uma prevenção. Elas só funcionam se estiverem em contato com sua pele no momento em que a maldição for lançada contra você. Então ela vai absorver a maldição e se quebrar. – explicou ela e Ink indignado cruzou os braços. – Sem falar que...

– Espere, Amaimon havia lhe entregado um amuleto desse tipo no dia em que... – começou Belial, mas foi interrompido pela bruxa.

– Ele foi libertar seu amigo? O amuleto era de baixa qualidade, é claro, ou era muito fraco para suportar séculos de sangue de demônio e ódio. – falou Eleanor. E tocou nos cabelos de Edric com uma expressão triste. – Ele é tão jovem, vocês são mesmo os piores.

– Sabemos o que somos. – irritou-se Mephisto e se aproximou da bruxa que empalideceu com os olhos ainda focados em um lugar qualquer. – A pergunta é: Como nos livramos da merda do selo?

Belial o segurou pelo ombro enfiando suas unhas na pele do loiro fazendo Mephisto rosnar.

– Não faça isso! – repreendeu Eleanor e depois apontou para o braço de Edric, a mancha se moveu mais um pouco, tinta preta sendo despejada no braço dele. – Quanto mais ódio o demônio sentir, mais a maldição irá crescer.

– E como retiramos o selo? – perguntou Ink também se irritando, a bruxa se virou e foi até uma prateleira passando os dedos vagarosamente pelas lombadas dos livros, em um momento ela parou e tirou um volume verde e grosso do lugar, foliou e passou a mão por uma das paginas.

– Talvez seja isso. – disse ela e guardou o livro. – Vocês precisam do sangue da família do homem que fez o selo.

– Mas ele era um padre, ele nunca teria filhos. – falou Mephisto e todos os olhos foram para Eleanor de novo. Ela sorriu, tinha um belo sorriso.

– Não há nada que eu possa fazer. – respondeu ela dando de ombros. – Mas caso encontrem alguém de sua família, aqui está o que precisam fazer. – disse ela rabiscando em um papel amarelado rapidamente e depois estendeu para o ar, Belial o pegou e olhou por alguns instantes. – Espero ter sido útil.

– Espero poder dançar em seu tumulo. – proferiu Mephisto e maneou com a cabeça para que Ink pegasse Edric. – Malditas bruxas, aposto que foi uma que deu a Amaimon o amuleto de baixa qualidade.

– Eu tenho que concordar com você, demônio. – disse Eleanor sorrindo para o nada enquanto Mephisto se dirigia a porta sendo seguido por Ink com Edric no colo. Assim que os três saíram da sala, Eleanor segurou Belial pela roupa e se aproximou de seu rosto. – O incubo, fique de olho nele, pois ele tem muito interesse na criança. – sussurrou ela à Belial que ficou um pouco surpreso, já sabia que Ink tinha algum interesse em Edric, mas não pensou que fosse muito. – Espero não nos encontrarmos outra vez.

O demônio sorriu.

– Quem sabe, quando a senhora estiver precisando de companhia. – sorriu ele mesmo que ela não pudesse ver.

– Não se preocupe, eu tenho um gato. – riu-se a bruxa e se virou para outra porta que tinha na pequena sala.

[...]

O dever de procurar a tal família ficou com alguns subordinados de Lilith, Mephisto deu todas as informações das quais precisavam para que iniciassem as buscas. Havia uma pequena chance, pois padres geralmente não se importam de não cumprir as regras. Mesmo que fosse bastardo ainda havia esperanças. Belial deu um jeito para que o pai de Edric assim como os outros não percebessem o desaparecimento do garoto, teve ajuda de um demônio da diversão, ele fazia com que você só pensasse em si mesmo e esquecesse deveres e obrigações. Então quando Edric acordou estava tendo uma festa na casa de Dilory. O barulho não o deixaria dormir.

Edric repousava sua cabeça nas coxas de Mephisto, que olhava para frente como se estivesse pensando, mas logo baixou seus olhos para o rosto sonolento de Edric. O garoto lhe sorriu e Mephisto acariciou seus cabelos.

– Pensei que não acordaria mais. – disse à Edric com a voz baixa. O garoto sentia mesmo que havia dormido por muito tempo, se levantou e esticou os braços. – É melhor ficar no quarto por enquanto, Dilory disse para não incomodar seus convidados.

– Como assim convidados? – indagou Edric com a voz arrastada.

– Ela está dando uma festa, por que não volta a dormir? Você ainda me parece cansado. – disse Mephisto observando Edric coçar os olhos, ele também levantou o pulso esquerdo que estava preso pela corrente. – Venha, eu deito com você.

– Onde está o Ink? Ele estava aqui, não estava? – perguntou Edric se virando para a janela, suas lembranças não eram muito precisas. Mephisto rangeu os dentes e cobriu os olhos. – Nossa, eu acho que dormi demais, estou até tonto.Você está bem Meph?

O demônio não respondeu, apenas deitou-se na cama e se virou para a parede, como se não quisesse conversar. Edric quis insistir, subir em cima dele e cutucá-lo, como Samuel costumava fazer. Sentiu um aperto no peito quando Samuel lhe veio à mente, então apenas aproximou-se de Mephisto e lhe cutucou o pescoço, o demônio sequer se mexeu. Não sabia como consolar pessoas, ou demônios, sempre fora o que era consolado.

– Ei, eu disse alguma coisa? Se eu disse, desculpe-me, eu sinto muito mesmo. – pediu Edric enquanto se debruçava sobre o rosto de Mephisto e lhe beijava na bochecha, o loiro não perdeu tempo, virou o rosto e tomou os lábios de Edric, que se afastou rapidamente. – Seu maldito, estava me enganando! – praguejou o garoto enquanto tentava se afastar, mas foi parado pela corrente que era puxada. – Solte isso seu idiota!

– Não faça barulho, quer que Dilory venha nos interromper? – perguntou Mephisto sorrindo e irritando Edric. – Ora vamos Edric. Eu preciso disso, você sabe o quanto eu preciso.

Ink observava a cena se desenrolar pelo cálice de Belial, seus dentes rangeram quando Edric perdeu a batalha, jogou o cálice longe, derramando o sangue e sujando o chão e a parede. Sam estava no recinto, estava incumbida de ficar de olho em Ink, ela quis rir do pobre incubo que se estirou no sofá, o cenho franzido e os olhos fechados com força. Ela quase se sentia satisfeita, até que a porta do quarto se abriu de repente.

– Mas o que...? Quem derramou o...? – começou Belial, mas parou olhou para Ink e então cruzou os braços. – Sabe o quanto é difícil conseguir um desses? – perguntou sendo completamente ignorado. – Você se parece muito com Amaimon, e não estou nem um pouco a fim de lidar com isso agora. Levante-se daí e vá fazer algo de útil!

Ink levantou a contragosto, mesmo que detestasse ordens, não poderia ir contra o grande B, assim que passou pela porta notou que Sam começava a seguir-lhe. Passou pelo corredor barulhento e então chegou ao salão, olhou em volta entediado, talvez encontrasse algo interessante para se distrair naquela noite. Ali todas as prostitutas já o conheciam, assim como ele já as conhecia. Claro que não seria muito difícil convencer qualquer pessoa, mas não queria se dar ao trabalho com aquelas garotas. Saiu da Seven Sins e caminhou por bastante tempo, Sam o seguia de longe, mas ainda sim lhe incomodava. Ele entrou em uma ruela e se escondeu nas sombras até que ela aparecesse.

Ela parou na entrada da ruela quando não conseguiu ver para onde Ink havia ido, o incubo a pegou pelo braço e lhe pressionou contra a parede apertando seu pescoço quase lhe tirando do chão. Os olhos de Samantha tremiam assim como os lábios.

– Por quanto tempo pretende ficar atrás de mim? – perguntou Ink irritado, já não bastava estar quase perdendo suas chances de conseguir o que queria, precisava de mais um obstáculo.

– Eu... – tentou dizer, Ink afrouxou o aperto para que ela pudesse falar. – Eu só estou cumprindo ordens...

– Ordens? Soldados cumpriam ordens e agora seu sangue rega o campo de batalha e seus corpos são devorados por animais. Eles só cumpriam ordens. – cuspiu Ink fazendo Samantha prender a respiração. – Se você não desaparecer tenha a certeza de que não vai ver o amanhecer de hoje. – ameaçou Ink e a soltou. – Malditos mestres de maldições, pensei que fossem mais inteligentes.

Ink saiu andando enquanto Samantha tossia e engasgava no chão.

Mestres de maldições são humanos com certo talento, cada mestre controla um tipo de maldição. Como sonhos, memória, emoções, morte entre muitas outras. A maioria deles evitam usar seus dons, tanto porque se pegos eles podem ser transformados em escravos e etc, quanto ao que acontece logo depois do uso, que seria sua própria maldição se voltando contra você. Isso não quer dizer que bruxas, demônios e criaturas sobrenaturais não possam amaldiçoar, só dá um pouco mais de trabalho.

Samantha havia sido encontrada por Belial há algumas semanas e foi seduzida facilmente, Ink sabia disso e não tinha tempo para lidar com uma garota apaixonada, precisava agir rápido. Sam tentou encontrá-lo novamente, mas acabou perdendo seu rastro, pensou em voltar e contar ao grande B, mas sentiu medo. Se ele ficasse furioso seria seu fim. Ela mudou seu caminho e decidiu fingir que nada havia acontecido, iria ficar longe da Seven Sins por um tempo.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostou? Eu espero que sim, pois eu amei! É claro né, nossa.
Sério, vou bater na tecla de novooooooooooooooooooooooo ~ba dum tiss~
Que bosta, alguém me bate. Comentem!!! Eu quero saber a opinião de vocês amo criticas e conselhos!
Bjs, até o próximo!



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