O dia mal começou e já está pior que segunda-feira. Meus amigos partiram ontem de volta para o Brasil, o que me deixou em uma situação, no mínimo, critica.

Ao fim da guerra contra Gaia, os doze olimpianos usaram todos os seus poderes para prender a Mãe Terra num sono eterno estabelecendo, assim, a paz por mais alguns milênios. Mas isso os esgotou. Com o Olimpo vulnerável, coube aos deuses menores protegê-lo, e, assim, uma barreira impenetrável por monstros foi erguida em volta de Manhattan. Uma barreira que me protegeu, até hoje. Os deuses recuperaram suas forças e a barreira está para cair a qualquer momento.

– Okay, se depois disso, eles não aparecerem, eu juro que assalto um banco - Disse ao me retirar da quinta loja que eu “roubei” só está manhã – Acho que eles se assustaram mesmo daquela vez...

– Na verdade, já passei por coisas piores.

– Até que enfim! - Digo me virando para encarar o loiro - Sabe que, olhando bem para o seu look, sinto até falta da bandeira.

Ele me encarou com expressão de dúvida, e eu comecei a rir.

– Você é bem estranha.

– Nossa, fofo! Assim você me ofende! - Digo fazendo biquinho. - Okay, parei de brincar. Agora, pare de me olhar com essa cara de tacho.

– Preciso pedir que você...

– Corta essa. Não aja como se estivesse no controle da situação, porque você não está. - Digo completamente séria. Está na hora de colocar as cartas na mesa. - Quero uma audiência com o seu superior, o que, suponho eu, era exatamente onde você queria me levar, certo?

–Na verdade, sim. – Disse ele me encarando, desconfiado - mas como você...

–Isso não vem ao caso. Eu vou, mas com algumas condições...

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– Tenho que admitir: não acreditei que vocês iriam cumprir com todas as minhas exigências!

A sala era pequena e não havia nenhum aparelho eletrônico visível. Eu estava nos confins da base da S.H.I.L.D em Nova York. Cara a cara com o chefão, também conhecido como Nick Fury.

– Sem câmeras, monitoramento ou gravações. Somente dois agentes poderiam me acompanhar, um deles deveria ser o Capitão Rogers. Todos os presentes deveriam ter plena consciência de que o que vão ouvir colocariam suas vidas em risco. - Disse o Chefão com um ar cético. - Além de que o Senhor Stark não deveria ficar ciente dos assuntos tratados nesta sala.

– Vejo que entendeu direitinho minhas exigências, Nick.

– Bem, como pode ver, elas foram seguidas a risca.

– Admito que não gostei muito na escolha do segundo agente. - Digo encarando a ruiva, que me fuzilava com os olhos.

– A Agente Romanoff é uma das minhas melhores agentes, além de trabalhar muito bem com o Capitão Rogers.

– Entendo. Pois bem, Nick, faça as suas perguntas, quero ter certeza de não falar nada além do necessário.

Todos na sala me olhavam com um ar desconfiado, mas quem estava realmente me tirando do sério era aquela Ruiva Falsa que me encarava com um olhar assassino, e em momento algum retirava a mão de perto da arma fixada em sua perna, o que me fez, instintivamente, levar a mão ao meu colar.

– Bem, comece explicando o porquê de seu padrinho, Tony Stark, não poder saber sobre você.

Mentalmente, tive que agradecer ao Nick por quebrar o silêncio; eu estava prestes a transformar meu colar e partir para cima da ruiva.

– O Tony era o melhor amigo do meu pai, ele me viu crescer e quando o meu pai morreu e minha vida virou essa bagunça, eu não quis arrastar ele para tudo isso.

– E o que seria exatamente “tudo isso”?

– Agora sim, você fez a pergunta certa, Nick. Mas antes de responder, eu tenho uma pergunta para você.

Ele apoiou os cotovelos sobre a fria mesa de ferro posta entre nós e analisou minhas palavras antes de responder:

– Pois diga, mas devo alertá-la que não responderei nada sobre...

– Você acredita em Deus, Nick?- O interrompi. - Ou melhor, você acredita em deuses?

– Talvez não na definição conhecida, mas, um deus nórdico invadiu Nova York e ele me parecia bem real.

– Nórdicos, gregos, egípcios, tudo o que hoje chamamos de mitologia, é real.