Little White Riding Hood escrita por Kiera
Notas iniciais do capítulo
Não sei se ficou claro na sinopse, mas, basicamente, é um AU onde a Mary é a Chapeuzinho Branco. Porque, na boa, não posso ser a única a achar que ela dá a Chapeuzinho perfeita.
Calor.
A noite estava quente, quente, estupidamente quente. Ou era dia? Não havia forma de saber, e não era importante. Sob as densas copas das árvores da floresta, a escuridão se abrigava, dormia.
Solidão.
A garota não tinha mais ninguém, ninguém. Estava só, correndo por entre as folhas e galhos, apavorada, ofegando, gritando. Gritando pela avó. Não sabia se o caminho era certo, apenas ia em frente. Apesar do calor, tinha um capuz sobre a cabeça. Capuz que a protegia, única lembrança que lhe restara.
Medo.
Fugia. Sabia que ele estava em seu encalço. Sabia que deveria chegar à casa da anciã antes dele. Sabia que ele mataria as duas – assim como fizera com todos os outros, sem pestanejar. Sem arrependimento. Sem consciência. O lobo, o maldito lobo.
Seu capuz não era vermelho, como se esperaria. Era branco, mais branco que seus cabelos claríssimos. Não levava doces para a boa e velha avó, como se gostaria. Levava lágrimas. Levava desespero.
Avistou-se uma clareira e uma casinha. Caía aos pedaços. A flora a devorava e a fauna, amedrontada, se distanciava. A menina se aproximou, tremendo, suando, o coração a mil e a mente a bilhões. Não bateu na porta; empurrou-a.
Viu a velha na cama, enrolada por cobertores, correu até ela. Não mencionou seus olhos amarelos – não eram eles vermelhos? –, os fones de ouvido por sobre as orelhas, ou mesmo seus dentes afiados, brancos, perigosos. Só fez berrar seu nome, afogar-se em inúmeros vocativos, e não receber resposta.
Por baixo dos cabelos volumosos, clamou, clamou freneticamente para que a avó a ajudasse. Ajudasse seus amigos, salvasse-os, o lobo os havia devorado. Por favor, pedia. Consegue me ouvir?, sussurrava. Não me deixe também, soluçava.
Os olhos embaçados pelas lágrimas não a permitiram ver o sorriso se abrir. Sorriso sádico, mortal. Não a deixaram enxergar o corpo se levantando ou as orbes amarelas a fitando.
A garota do capuz não viu ou sentiu mais nada. Sequer foi capaz de ouvir, enquanto o lobo se aproximava, as palavras murmuradas:
“Welcome to my womb”.
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Escrevi esta one há muito, muito tempo, e este não é o estilo em que tenho (tinha?) costume de escrever. Acho que é por isso que gosto dela, por ser fora do meu habitual.
O capuz em questão seria aquele que a Ayano deu pro Seto e que o Seto deu pra Mary quando a encontrou.
É isso. :>