Rosas Brancas escrita por AndromedaSama


Capítulo 1
Reencontro.




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Eu definitivamente, odeio a sexta-feira.

Principalmente, odeio hoje. Já não bastava ser a noite, eu ainda estava andando nessa rua deserta que era o atalho para minha casa, a luz dos postes estavam piscando assustadoramente e eu começava a me arrepender de ter assistido Sobrenatural na noite anterior.

E só para completar eu estou escutando passos, e eu não sei diferenciar se são meus próprios passos ecoando na rua vazia, mas prefiro não arriscar, então aperto o passo e começo a andar mais rápido. Meu coração está a mil e eu estou quase correndo. Escuto alguém arfando atrás de mim, e sei que não são meus passos ecoando. Alguém esta me perseguindo.

O que eu faço?

Busquei com meus olhos algo útil dentre as coisas que estavam jogadas pela rua cheia de becos. Socado entre enormes sacos de lixo pretos estava a minha esperança, um taco de basebol, com marcas de mofo e algo que eu desejava fervorosamente não ser uma barata andando nele. Tomei uma grande quantidade de ar, fui correndo até os sacos de lixo e enfiei a mão lá de olhos fechados, rocando em algo peludo, esperando sinceramente que não fosse um roedor. Arranquei o taco de basebol de lá e virei com tudo, já tencionando acertar o meu perseguidor.

— Senho... – Escutei uma voz familiar começar a falar, mas não dei tempo para continuar e acertei ele com o taco de basebol com toda minha força, escutando um grunhido de dor, observei o contorno escuro da pessoa no meio da adrenalina e percebi que eu havia acertado apenas o ombro, não satisfeita, mirei em sua cabeça, para conseguir ao menos um desmaio, já que acertando no ombro só o fez andar dois passos para trás. Porém, antes que eu pudesse fazer isso, a pessoa á minha frente segurou meu pulso e o torceu, conseguindo um grito de dor vindo de mim e o som do taco de basebol caindo no asfalto.

— Mas que droga! – Tentei me soltar do estranho, sentindo a adrenalina diminuir drásticamente no meu corpo.

— Senhorita se acalme, por favor. – A voz soou novamente, e realmente me era familiar, mas acima de tudo era tão calma e persuasiva que me fez parar de me mexer.

Só conhecia uma pessoa com tal tom na voz.

Virei lentamente em direção á pessoa que segurava meu pulso, só para constatar seus cabelos alvos e olhos de cores diferentes, eu reconheceria eles em qualquer lugar, qualquer multidão, e em qualquer idade.

Pois aquele foi meu grande amor da adolescencia, Lysandre.

— Selene...? – Ele me olhou assombrado por um instante, para depois me soltar. O contato da sua íris com a minha foi o suficiente para me açoitar com memórias nostalgicas, e trazer de volta sentimentos a muito guardados. Foi como se uma fração de segundo, fosse o suficiente para destruir anos de esforço em tentar esquece-lo.

Lysandre era um veterano da minha escola do ensino médio, quando eu entrei lá, ele já estava no segundo ano e eu como uma caloura boba, de cara me apaixonei por seus olhos coloridos e aura misteriosa. Não tardei a descobrir que ele tinha uma banda com outro menino da escola, um tal de Castiel, e logo me tornei uma espécie de groupie de sua banda. Eu ia em todos os seus shows, sem falta, e sempre lhe entregava uma rosa branca antes de ele começar a cantar, que ele aceitava, me direcionando um sorriso gentil. Era sempre a mesma coisa. Eu lutava ferozmente para ficar á frente do palco, lhe entregava a rosa, ele sorria para mim, cheirava a rosa, e a jogava para trás, para começar a embalar sua voz nas composições selvagens de Castiel, que misturadas as suas letras sensuais cantadas no francês mais sexy que eu já havia ouvido, me causavam arrepios em todos os shows, mesmo que eu já tivesse assistido milhares de vezes.

Eu sabia que Lysandre amava rosas brancas. Por isso em todos os shows eu as entregava, e quando eu o visitava no camarim, ele sempre estava segurando a rosa.

— Obrigada, Selene. – Era o que ele sempre dizia, nem uma palavra a mais, nem uma palavra a menos. E isso sempre enchia meu coração com uma felicidade inigualável.

Ah...

Eu realmente o amei.

Infelizmente, no fim do meu segundo ano, foi também o fim da minha vida de groupie da banda de Lysandre, eles iriam se formar e deixar a escola, para tentar a sorte com sua banda em Paris. No dia de seu último show, quando eu fui visitar o camarim de Lysandre, ao invés de ele segurar apenas uma única rosa, ele segurava exatamente vinte e quatro rosas brancas, presas por uma fita também branca. Eu lembro que devo ter feito uma expressão de confusão, mas Lysandre logo livrou minha mente da dúvida, estendendo o buquê em minha direção e dizendo.

— Obrigada por seus dois anos de apoio incondicional á banda, Selene. – Segurei o buque hesitante, enquanto ele me pegava de surpresa mais uma vez, depositando um leve beijo em minha bochecha. Lembro que saí de lá mais vermelha que uma maçã madura, e que chorei a noite toda no meu quarto, lamentando a ida De Lysandre.

Foi como um sonho que durara dois anos, e tinha acabado como uma magia quebrada.

— ...é você mesma, Selene? – Lysandre me acordou de meus devaneios e me coloquei aobservá-lo. Ele parecia congelado no tempo, o mesmo corte de cabelo, as mesmas roupas e a mesma aura misteriosa que me atraíra quando eu era uma adolescente.

Mesmo que tenha passado quatro longos anos desde aquele dia.

— É, parece que sou eu mesma. – Ri nervosamente, com as mãos tremendo. – Há quanto tempo, Lysandre.

— Certamente.... – Ele concordou, com um olhar vago. – Faz quatro anos, afinal.

Eu o olhei de esguelha. Como alguém que era mais esquecido do que eu poderia me lembrar – quantas não foram as vezes em que achei seu bloco de notas jogado em algum canto da escola – consegueria lembrar de uma data com tanta precisão? Acho que até Lysandre amadurece, hein?

— De qualquer forma, o que faz aqui no meio da noite me seguindo? – Perguntei, mudando de tópico e ele me olhou como se tivese acabado de se lembrar de algo.

— Ah, sim. Na verdade eu estava tentando pedir informação para você, já que eu me perdi. Mas você começou a correr e depois me atacou. – Ele voltou ao seu olhar vago.

— Oh, meu deus! Mil perdões! – Eu me arrependi instantâneamente. – Eu estava com medo, me perdoe!

— Não se preocupe tanto, eu também estava errado. – Um silêncio desconfortável se instalou entre nós e ele quebrou o gelo. – Então, você poderia me indicar o caminho para o centro? Tentei um atalho, mas acabei me perdendo. – Ele parecia levemente constrangido.

Parece que ele não amadureceu ao todo. Ri levemente.

— Claro. – Disse, sentindo meu coração bater cada vez mais rápido. Poxa, coração! Já faz quatro anos! – É só seguir por ess...

Não terminei minha frasde, pois logo um apagão súbto aconteceu, me fazendo gritar e pular de encontro a Lysandre, que me segurou pelos ombros e andou um pouco para trás, batendo em uma parede.

Eu detesto o escuro.

— Desculpe... – Pedi ofegante. – Eu me assustei.

— Porque... – Ele começou totalmente ofegante. Eu procurei seus olhos no escuro, perdida. - Porque você nunca me ligou, Selene? - Sua voz estava cheia de dor. Eu o olhei surpresa. - Eu quis falar com você todo esse tempo.

Abri a boca para sanar minhas dúvidas, mas fui calada por um beijo de Lysandre, que tomou minha sanidade.

Minha mente ficou pastosa e tudo que eu sentia era o beijo de Lysandre. Calmo e sensual.

Nesse meio tempo, minha cabeça estava a mil

Não pode ser...

O bilhete no buquê que eu nunca tive a chance de ler porque minha irmã jogou ele fora antes de eu me dar o trabalho de ler?

Meu coração batia rápido.

Me separei de Lysandre, que ofegava.

— Não me diga que as ro... - Fui interrompida novamente.

— Sim, as rosas. - Ele respondeu. - Eu sempre amei rosas brancas, Selene, assim como sempre amei a você.

Ele tomou meus lábios novamente.

Desde hoje, eu tenho certeza que rosas brancas, também são minhas favoritas.


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