A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 41
Batalha em Tubbler - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o desfecho da batalha e a contagem das baixas. Um ataque organizado desta maneira apenas pode ser feito se bem coordenado e o líder dos bárbaros finalmente se revela.



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Capítulo 040

Batalha em Tubbler (Parte 3)

Aghata ouviu uma grande explosão e o som de chamas, isso a deixou extremamente surpresa pelo fato de ainda estar viva. Significava que o alvo teria sido outra pessoa, ou...

Concentrou-se e percebeu que uma aura diferente da dos taurinos shamans estava no local. Resolveu espiar e olhou por detrás das rochas onde se escondia. Viu e percebeu exatamente o que tinha acontecido: Spaak havia derrubado um dos inimigos com um crisis katris e lutava contra os demais.

O mestre esquivou-se com velocidade dos ataques que se seguiram ao seu. As chamas enchiam o ambiente com explosões e fumaça, mas, em sua grande agilidade, ele escapava de todas ileso.

Com um clayn, Spaak criou uma espécie de onda de terra, que foi direcionada contra os taurinos. Após isto, lançou um crisis katris na intenção de criar uma cortina de poeira. Seu intento foi bem sucedido e, com a explosão das rochas e terra que se propagavam, uma espessa nuvem de pó surgiu, deixando a visão do ambiente próxima de nula.

Antes de correr para o lado, o Firyn conjurou um feitiço que ele próprio havia desenvolvido: crisis char. Cerca de dez correntes de elos largos e flamejantes surgiram dos antebraços do mestre. Ele, então, manejou seu feitiço especial contra os inimigos, que se defenderam com perfeição.

Em um movimento rápido, Spaak fez com que as correntes recuassem. A seguir, todas tomaram para si uma ponta afiada e flamejante. Ele as lançou novamente, desta vez em um movimento retilíneo e contra apenas um adversário, que acabou tendo o corpo perfurado em diversos locais.

A poeira começou a se dissipar e, com ela, a vantagem do mestre. Vendo seu inimigo novamente, os shamans puderam retomar seu ataque. Turbilhões de chamas surgiram através do Raz Rashon dos taurinos. Spaak foi obrigado a voltar à defensiva, mas, mesmo assim, não pôde evitar uma queimadura superficial no braço direito e perna esquerda.

Vendo o amigo em perigo, Aghata reuniu suas últimas forças para lançar um feitiço poderoso suficiente para derrubar um dos inimigos.

Uma rajada elétrica foi lançada com baixa velocidade, porém, com grande poder. Atingiu as costas de um dos shamans com precisão e este tombou no ato. O último deles lamentou-se mentalmente por ter se esquecido daquela adversária e se concentrado apenas no recém chegado. Resolveu reparar o erro cometido.

— Jaz Rashon – urrou em sua voz grossa.

Aghata fechou os olhos sem ter forças para se defender ou esquivar do feitiço inimigo. Mais uma vez surpreendeu-se em estar viva, mas, não em ver o outro mestre salvando-lhe a vida novamente.

As chamas entraram em confronto. No entanto, bastou um segundo para que as do mestre de Drugstrein provassem sua superioridade e consumissem as demais junto com seu conjurador.

— Spaak...

— Aghata, tudo bem?

A moça não respondeu a pergunta. Apenas deixou que seu corpo caísse de encontro ao do mestre, os olhos marejados em lágrimas.

— Desculpe-me, eu... eu fui imprudente e quase botei a missão a perder.

— Aghata... a missão não era minha maior preocupação, e sim sua vida – respondeu abraçando-a leve e carinhosamente. – O importante é você estar viva.

Ao ouvir essas palavras, a mestra aninhou-se ainda mais nos braços do Firyn , porém, ainda permaneceu sem dizer uma palavra.

— Algumas costelas quebradas, queimaduras pelo corpo e alguns hematomas. Foi uma luta difícil ao que parece.

— Você também sofreu queimaduras.

— Não é nada comparado com seus ferimentos. Vou ver o que eu posso fazer. Magia branca não é meu forte, mas a Sarah pode te curar quando nos juntarmos a eles.

* * *

Os irmãos Wigg esperavam a chegada de seus inimigos. Uma nova batalha estava para se iniciar. Enquanto os dois mais jovens estavam preocupados com seu destino, o mais velho concentrava-se para lançar um poderoso feitiço.

As nuvens carregadas surgiram no ambiente. Ao ver isso acontecer, um dos taurinos gritou algo para os outros em seu próprio idioma. Quando as poderosas rajadas elétricas caíram, eles permaneceram unidos e defenderam-se delas com suas maças isoladas com cabos de couro espesso.

— Eles são mais espertos do que parecem – comentou Arion.

— É, não vão cair no mesmo truque duas vezes – completou Anion.

— Então vão ser torrados pelo nosso irmão – devolveu o outro com um sorriso vitorioso.

Karion intensificou seu feitiço, empregando-lhe toda sua aura disponível. Alguns segundos mais tarde, o feitiço elétrico rompeu a isolação e os taurinos começaram a ser atingidos. Dois deles não demoraram a tombar. Pouco depois, mais alguns acabaram cedendo e se abaixando ou caindo.

Por fim, o mestre acabou esgotando-se. Quase caiu e foi obrigado a apoiar um joelho e o braço direito no chão. O ataque cessou e todos os taurinos, com exceção de dois que perderam suas vidas, levantaram-se para combater novamente.

Na tentativa de deter o avanço dos inimigos, Arion e Anion agiram ao mesmo tempo e duas poderosas rajadas elétricas saltaram em direção aos taurinos. Estes, já sem a proteção das luvas e cabos de couros, concentraram-se em se esquivar do ataque, que era redirecionado pelos gêmeos. Essa situação perdurou até que um deles teve a ideia de destruir uma rocha próxima com sua arma. As pedras foram arremessadas pela enorme maça contra os dois raios que se chocaram e perderam a força.

A seguir, os taurinos se lançaram ao ataque até que foram repelidos por uma barreira dos gêmeos. Sendo assim, eles começaram a golpear incessantemente, até que a barreira se rompeu. Os ataques que se seguiram foram cruéis e furiosos, mal dando tempo para as defesas e esquivas dos magos.

Arion aproveitou um curto espaço de tempo para lançar um raio elétrico. O adversário tentou se esquivar, porém, essa tentativa se mostrou infrutífera e ele foi atingido em cheio pelo feitiço lançado pelo mago. Após isso, Anion finalizou o ataque com uma explosão de fogo.

No entanto, isso acabou gerando uma abertura em sua defesa e uma das maças inimigas o atingiu em cheio nas costas, dando tempo apenas para que se protegesse com sua aura. O corpo de Anion foi arremessado para frente e ele caiu ao solo, sendo arrastado através da inércia. Ali permaneceu deitado e inconsciente, cheio de hematomas pelo corpo.

— Anion! – seu irmão gritou em desespero.

Os quatro taurinos restantes não deram trégua alguma, e tornaram a atacar o último mago em pé. Apesar das tentativas de se defender, Arion não conseguiria manter isso por muito tempo.

Karion parecia ter recuperado um pouco de sua força e lançou um raio forte suficiente para derrubar mais um dos inimigos. Porém, isso o deixou um tanto quanto enfraquecido novamente e os próximos ataques foram voltados em sua direção. Dois deles foram defendidos por seu aurus pinn, que se quebrou ao terceiro golpe. O mestre estava prestes a ser esmagado por um dos inimigos que saltou contra ele, porém, intensas chamas o salvaram, causando uma enorme explosão no corpo do taurino, que caiu ao chão, já sem vida.

Uma grande irritação atingiu seu corpo ao ver o autor do feitiço crisis katris que o salvara há pouco. Kayan e as magas aproximavam-se, correndo em direção ao campo de batalha.

Anita lançou um feitiço de gelo que começou a tomar conta do corpo de um dos taurinos. A seguir, Sarah conjurou um crisis e as chamas consumiram o corpo daquele inimigo, que não teve chance de defesa graças ao fato de já estar congelado.

Nesse meio tempo, Nathie lançou um raio de energia contra o terceiro e último dos inimigos. Este conseguiu se defender com perfeição, utilizando para tal sua maça. Ele apenas foi arrastado pelo chão ao receber o impacto do raio de energia na cor azulada. A seguir, Kayan lançou um novo crisis katris contra ele, mas o feitiço saiu muito fraco e apenas causou leves queimaduras no corpo do alvo.

Nathie finalizou o combate enterrando o taurino na cratera que ela causara com um clayn. Aparentemente a batalha estava terminada.

— Alguma de vocês é uma maga branca? – perguntou Arion assim que viu o novo grupo de magos.

— Sim, eu – respondeu Sarah.

— Poderia fazer o favor de curar meu irmão?

A garota olhou para Kayan no momento da pergunta. Este apenas movimentou a cabeça em aprovação.

— Karion, está tudo bem? – Nathie perguntou ao rapaz, que havia se sentado próximo a uma rocha e se recostado nela.

— Humph – respondeu mal humorado.

— Eu acho que agora acabou, espero que Spaak e Aghata estejam bem.

Kayan disse enquanto caminhava em direção ao grupo, sendo acompanhado de Anita e observando enquanto Sarah utilizava o ressin em Anion.

— Vocês não precisavam ter se intrometido – comentou Karion.

— Também acho. Devia ter deixado aquele taurino arrancar sua cabeça – provocou Kayan.

O mestre encarou o mago com ira nos olhos. A seguir, levantou-se e ficou frente a frente com o próprio, evidenciando seus dez centímetros a mais de altura.

— Vamos parar com isso vocês dois – disse Anita na intenção de evitar uma briga. – Aqui não é o local nem a hora de se duelar.

Kayan sabia que a amiga tinha razão, por isso, afastou-se de Karion para evitar um confronto. A seguir, isolou-se próximo a umas rochas mais afastadas, recostando-se nelas. Logo a seguir, Sarah aproximou-se dele.

— Você está bem? – perguntou.

— Sim, só um pouco cansado.

— Tem certeza? Você nem discutiu muito com o Karion.

O comentário fez com que o rapaz soltasse uma meia risada.

— Talvez eu esteja muito cansado. Mas me recupero.

— Você se esforçou demais hoje, usou muita aura.

— Eu sei, meu último feitiço que saiu foi um fiasco, acho que não consigo mais nenhum direito hoje. Nem sei como ainda estou em pé.

O último comentário deixou Sarah um tanto quanto preocupada. Porém, antes que ela dissesse mais alguma coisa, o casal avistou Spaak e Aghata descendo a encosta da montanha. A mestra não tinha uma aparência muito boa.

— Sarah, poderia curar a Aghata? Ela sofreu alguns ferimentos durante a batalha. Eu tentei utilizar o ressin, mas não sou muito bom nisso.

— Certo.

A garota verificou a situação da jovem de cabelos negros a sua frente. Constatou inúmeros ferimentos e levou alguns minutos para curar todos eles.

— Spaak, você consegue ser tão ruim quanto o Kayan em magia branca.

Os dois rapazes fizeram uma careta com o comentário.

— Obrigada, Sarah – a mestra agradeceu. – Acho que devemos ir verificar como as demais equipes estão.

— Sim, é verdade – concordou Spaak. – A sua equipe e a de Karion devem seguir em frente. Nós cuidaremos da retaguarda.

As duas equipes se afastaram e, logo atrás delas, seguiu a de Spaak. Porém, Kayan cambaleou e quase caiu.

— Kayan! – Sarah gritou ao amparar sua queda

— Você está ferido, Kayan?

— Não, Spaak, apenas muito cansado. Minha vista está meio embaçada.

— Deve ter usado aura demais, melhor seguirmos em frente e acamparmos logo em seguida. Sarah, fique com Kayan até eu voltar. Vou verificar o que sobrou das carruagens pra ver se encontro algo que possa ser útil.

— Você está bem mesmo? Parece tão pálido – a garota comentou enquanto ajudava o rapaz a se sentar.

— Agradeço a sua preocupação, Sarah.

— Queria que tivesse algo que pudesse fazer por você.

— E tem. Fique aqui do meu lado.

A garota, que já estava sentada próxima a ele se aproximou ainda mais. Surpreendeu-se e ao mesmo tempo ficou feliz ao sentir que ele havia aninhado a cabeça em seu ombro. Iria dizer alguma coisa, mas percebeu que ele havia caído no sono. Sendo assim, a garota deixou que o mago se deitasse e apoiou sua cabeça em suas próprias pernas, tentando deixa-lo o  mais confortável possível.

Quando Kayan finalmente acordou, não mais estava ao relento e sim dentro de uma barraca de acampamento. Sentou-se no colchonete e passou a mão pela cabeça, agitando os cabelos. Abriu os olhos e esperou alguns segundos até que eles se acostumassem com a baixa luminosidade do local. Percebeu estar só, então resolveu sair da barraca.

Já era tarde da noite, percebeu isso porque a lua já estava bem além do meio do céu. Caminhou ao relento por alguns segundos e percebeu algumas barracas espalhadas pelo local, além de uma fogueira que já devia estar apagada há algumas horas. A região era dotada de muitas rochas e morros, todos construídos pelo clayn, ele notou. Devia ser uma estratégia para se ocultarem dos inimigos.

Não demorou muito para notar que Sarah estava sentada em uma rocha grande e plana, enquanto observava o luar.

— Não consegue dormir?

A garota teve um sobressalto, pois o rapaz havia se aproximado pela suas costas.

— Não. Estou cansada, mas não consigo parar de pensar em tudo o que aconteceu hoje. E você, como está?

— Bem melhor. Meu corpo ainda está dolorido, mas logo melhora.

Aproximou-se dela dando a volta pela rocha, a seguir, sentou-se ao seu lado.

— Dois magos morreram no primeiro meteoro – comentou ela.

— Imaginava que algo assim tivesse acontecido. Eles não tinham como se defender.

— A garota era a irmã mais velha de um dos rapazes daquela equipe que estava na carruagem do Karion. Ele chorou bastante por perdê-la.

— Eu sei bem a dor de perder um ente querido.

— Essa é a guerra? Eu... eu gostaria de voltar para Drugstrein.

Kayan não aguentou ver o olhar triste de Sarah e tentou dizer algo para deixá-la melhor.

— Logo ela vai acabar, Sarah. Daí nós vamos voltar pra casa e rever nossos amigos.

Um curto período de silêncio pairou no ar. Até que Kayan o quebrasse.

— Eu tive de ser carregado até aqui, não é? Karion deve ter gostado de ver isso.

— Na verdade, ele também desmaiou. Acho que também se esforçou de mais na luta. Acho que ele queria proteger os irmãos a todo custo.

— Pelo menos ele preza a família, não é?

— Sim.

— E os magos da carruagem que explodiu?

— Sofreram severas queimaduras. Eu e mais um mago branco curamos eles o melhor que pudemos, mas mesmo o melhor ressin não recupera totalmente. Eles estão descansando em suas barracas.

— Verdade, a Aghata ficou com alguns arranhões e escoriações.

— É, mas eu...

Sarah parou de falar no momento em que Kayan colocou seu dedo sobre os próprios lábios pedindo silêncio.

— Está ouvindo isso? – perguntou em um sussurro.

— Agora que você falou, eu estou – respondeu no mesmo tom de voz.

— Por aqui.

Ele caminhou de maneira sorrateira e a garota o seguiu. Esgueiraram-se por detrás das rochas até avistarem o causador do ruído, ou, nesse caso, causadores.

Spaak e Aghata estavam abraçados. A moça massageava as costas do ruivo enquanto as mãos dele repousavam em sua cintura. Ela suspirava ao ter o pescoço beijado e acariciado pela língua experiente do mestre, que continuou a beijá-la no pescoço e, a seguir, no queixo. Só então tomou os lábios sensuais da baixinha entre os dele.

O beijo tornou-se mais intenso e profundo a mediada que as mãos femininas exploravam as costas largas e definidas do rapaz. Spaak, então, fez sua mão esquerda deslizar pela barriga da moça até chegar em seu seio direito, ao qual ele acariciou em movimentos giratórios.

Após isso, com sua mão direita, ele começou a erguer lentamente a blusa da moça. Ela permitiu em primeiro momento, mas depois o impediu de continuar, segurando-lhe a mão.

— Spaak... aqui não é o lugar certo pra isso.

O mestre puxou-a para mais perto de si, colando os corpos. Beijou-lhe o pescoço e a orelha de forma carinhosa. Então, sussurrou algo que seus telespectadores não conseguiram ouvir.

— Vem, Kayan, é feio ficar observando os outros.

Sarah puxou o rapaz pela mão enquanto falava em um tom de voz quase baixo demais para ser ouvido. Lentamente, o casal se afastou do local.

— Spaak e Aghata juntos, quem diria – comentou Kayan ao se afastarem um pouco.

— Eu acho que eles formam um casal bonito. Bem que o eles poderiam namorar.

— Talvez ela até queira, mas não o Spaak.

— É mesmo, ele nunca namorou ninguém. É um mulherengo.

— Acho que ele tem algum motivo pra isso. Mas ele sempre desconversa quando toco no assunto.

— De qualquer maneira, melhor irmos dormir, porque amanhã será uma longa viagem até a cidade de Garyjan.

Apenas trocando um boa noite, os dois jovens seguiram cada qual para sua barraca. Kayan já estava dormindo quando Spaak voltou para a barraca que dividiam, assim como Sarah também já havia adormecido antes de Aghata entrar na que as garotas dormiam.

* * *

O taurino caolho seguia em grande velocidade pela região inóspita e montanhosa. Durante seu percurso, nenhum outro ser o incomodou, caso contrário, teriam o mesmo destino que os lobos gigantes.

Venceu mais um morro alto e cheio de pedregulhos e, ao chegar ao topo, avistou uma enorme construção feita de rochas. Era bem rústica e tinha oito torres ao seu redor, nelas ele pôde avistar pequenos seres de pele cinzenta. Aparentemente, os vigias da fortaleza também haviam o avistado.

Ele desceu o morro agora sem pressa alguma. Não estava cansado, mas queria normalizar a respiração antes de chegar aos enormes portões do seu destino.

Parou logo em frente a ele, que era feito todo de madeira. Ponderou na possibilidade de forçar sua entrada, mas achou que isso poderia ser agressivo demais. Sendo assim, esperou que ele fosse aberto por quem estava por detrás deles, ou seja, dentro da fortaleza.

Assim que isso aconteceu, ele reparou nos dois enormes trolls que o tinham feito. Eles o encararam com desdém, mas o taurino ignorou isso. A seguir, um gnoll um pouco baixo e de orelhas muito pontudas apareceu. Seus pelos eram cinzas e de aparência envelhecida e seus olhos num amarelo profundo. Carregava consigo um cajado com um pequeno cristal em sua ponta.

— General Turenhead, fico feliz que tenha vindo.

— E você, seria...

— Meu nome é Gliuz. Sou um líder de uma tribo de gnolls e um dos escolhidos para esta reunião.

— E quando ela começará?

— Apenas esperávamos a sua chegada.

Ele deixou escapar um sorriso de canto. Ficara feliz em ser tão respeitado por outras raças, além de que se dirigiam a ele pelo idioma humano, no qual tinha um domínio maior, se descontarmos o idioma taurino, é claro.

Seguiram pelo chão de terra batida até chegarem a uma espécie de salão central. Neste, mais dois trolls aguardavam a chegada dos dois seres para abrirem o enorme portão duplo. Entraram no recinto e Turenhead observou o modelo de construção rústico, porém, resistente. Mentalmente considerou que as construções de sua raça eram melhores, mesmo que não possuíssem tal tamanho.

Caminharam pelo corredor largo cheio de orcs. Todos encaravam o taurino com uma cara de poucos amigos. Porém, bastava um olhar deste para que todos desviassem o seu.

Logo chegaram a uma câmara de formato hexagonal. No centro desta havia uma mesa elíptica feita em madeira polida. Pequenas cadeiras estavam preenchidas por diversos gnolls e goblins. O General foi convidado a se sentar numa das partes mais finas da mesa, enquanto o seu acompanhante se sentava exatamente do lado oposto.

Nenhuma palavra foi proferida durantes os minutos que se passaram, até que Turenhead quebrou o silêncio.

— Então vocês aceitarão meu comando nesta guerra?

Um pequeno alvoroço se instaurou no ambiente até que um dos gnoll, que possuía uma aparência anciã, resolveu fazer com que ela se cessasse.

— Quietos todos vocês!

— Taurino quer ser superior a nós, goblins de Naubusec não permitirão isso – um goblin gritou exasperado.

Tudo o que o taurino fez foi deixar escapar um sorriso pelo canto dos lábios grandes e estreitos. Ele decidiu deixar a algazarra tomar forma e só demonstrar seu poder se fosse realmente necessário.

— General Turenhed, desculpe a grosseria dos goblins. Eles apenas temem o desconhecido e poderoso – discursou um outro gnoll.

— Gnoll também se acha superior. Goblin não vai aceitar isso.

— Goblin também deve saber a hora de cooperar, irmão – um outro ser de pele tão verde e enrugada quanto seu antecessor demonstrou sua opinião.

— Tanto goblins quanto gnolls querem saber o que taurino planeja – outro deles falou.

— Eu, General Turenhead, planejo uma expulsão e aniquilação total dos humanos da região nordeste de Wesmeroth. Nossas raças, taurinos, orcs, trolls, goblins, gnolls e gigantes devem permanecer unidas se queremos vencer essa guerra. Como prova do que estou falando, essa noite um clã inteiro de taurinos emboscou e eliminou uma caravana humana que tinha a intenção de reforçar seus magos em Tubbler.

Uma nova algazarra teve início, desta vez em aprovação. Nenhuma das espécies presentes tinha como confirmar se ele falava a verdade ou não, mas resolveram confiar no general dos taurinos após estas palavras.

Um a um, os presentes juraram obediência em nome de suas tribos e dos trolls e orcs que se envolviam na guerra. Assim que a cerimônia acabou, um jantar constituído de carne de javali em abundancia foi servido.

Após o general Turenhead ter comido um javali sozinho, novos questionamentos se iniciaram. Todos queriam saber qual seria o próximo alvo a ser atacado de forma ordenada.

— Será uma cidade humana muito próxima da ordem que mantém a lei nesta região – limpou a boca nas costas da mão direita antes de continuar. – Garyjan, este será nosso próximo alvo.


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Notas finais do capítulo

E alguém esperava um envolvimento entre Spaak e Aghata? O que acham disso?
E agora vocês conheceram o general Turenhead, o mais poderoso dentre os taurinos. O que acharam dele? E uma cidade chamada Garyjan será atacada. Alguém aí consegue adivinhar para onde os magos de Drugstrein estão indo?



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