Meus olhos estavam pesados, fui abrindo de vagar e quando observei o lugar levantei no susto. Eu estava deitada em uma cama pouco confortável em um quarto muito pequeno, o teto era baixo e a porta era menor que eu (E eu não sou muito grande). Eu não fazia ideia de onde estava.

Ouvi vozes do outro lado da porta

– Será que ela já acordou? - uma voz feminina dizia.

– Melhor irmos ver.- Agora era uma voz masculina.

– Espera, melhor eu ir e vocês esperam aqui, afinal, ela desmaiou ao ouvir vocês. - Eu conhecia aquela voz.

– Ele tem razão, vamos amor.

E então a porta se abriu devagar e eu apenas o observei entrar.

– Olá! Vejo que já está melhor. - ele se aproximou e sentou ao meu lado na cama.

– Onde eu estou? - eu estava tão curiosa e agoniada com essa informação que minha educação ficou de lado.

– Bem...Estamos na casa dos Castores- ele disse rápido e baixo.

Então a ficha caiu, era tudo verdade, Nárnia, castores falando...eu não estava louca.

– Castores. Certo. - Senti um pouco mais de confiança sabendo que eles tinham me acolhido, não me fazendo nenhum mal e me lembrando das histórias que Tumnus havia me contado. - Posso conhece-los?

– Claro senhorita! Para isso que viemos - ele sorriu pra mim e se levantou. Afastei as roupas de cama e me levantei. Tive que ficar um pouco curvada dentro daquela casinha.

Chegamos em uma sala que, mesmo pequena e apertada parecia um bom lugar pra se morar.

Olhei para a mesa e dois castores me olhavam em total silencio, acho que estavam com medo de que eu desmaiasse de novo.

– Olá! - dei um breve aceno e fiquei repetindo em minha mente " Eles vão responder e isso é normal!"

– Graças a Deus você acordou minha querida! Está se sentindo bem? Dor de cabeça? Enjoo? - Perguntou a Sra Castor.

– Assim você vai assustar a menina! O que nós conversamos?

A sra Castor pareceu ignorar seu parceiro e veio me examinar.

"Isso é normal! Animais falam! Calma Amanda!"

– Eu...eu estou bem, não precisa se preocupar. - se castores podem sorrir, eu garanto que aquilo era um sorriso.

– Venha, sente-se. Precisamos conversar. - Ela me guiou até uma cadeira - aceita uma xicara de chá? Um prato de salada talvez?

– Não, obrigada eu estou bem - sorri meio sem jeito para ela. Não sabia como reagir muito bem com animais que falam.

– Senhorita, como se chama? De onde vem? Como chegou até aqui?

– Meu nome é Amanda, eu venho do Orfanato Westside, eu me escondi em um armário na sala vazia...- fui interrompida por Tumnus.

– Sala vazia! Você vem do mesmo lugar que a rainha Lúcia e seus irmãos! Magnifico!

– Ela é de fato filha de Eva! Uma humana! Este é um evento muito atipico! Precisamos leva-la para Aslam imediatamente! Ele precisa saber que ela está aqui! - dizia o sr castor freneticamente.

– Creio que ele já saiba sr Castor. - disse Tumnus - De qualquer modo, a levarei para o castelo comigo amanhã de manhã, mande uma carta para Cair Paravel comunicando que teremos uma convidada! - Ele sorria. - Senhorita Amanda, precisa de um lugar para passar a noite, sugiro que fique com os castores! Passarei amanhã cedo para busca-la! Até mais senhorita! - Ele se curvou e quando levantou me deu um breve aceno. - Sr Castor, poderia me acompanhar em uma caminhada até o lampião?

– Claro, precisamos conversar. Querida, volto em alguns minutos! - Disse ele saindo pela porta.

O clima ficou estranho, mas não um estranho normal de duas pessoas que mal se conhecem sem o que falar, era muito esquisito pra mim esperar palavras sairem de um castor.

– Já está ficando tarde querida, vou preparar algo para você comer e logo mais vá se deitar, amanhã seu dia começará cedo!

Acenti. E ela foi preparar nossa comida. Durante o jantar, eu e a Sra Castor conversamos bastante, sobre meus pais, sobre o orfanato, sobre Nárnia e Aslam. Percebi que não me importava mais se estava falando com um animal, pois a Sra Castor me tratava como uma filha e pela primeira vez senti que alguém realmente se importava comigo, e esse alguém era um castor femea que eu acabara de conhecer.

Enquanto isso...

– Você acha mesmo que é ela? - Disse o castor

– Sim! Eu estava lendo um livro antigo da biblioteca de Cair Paravel, me recordo muito bem das palavras da profecia!

"Na chegada da terceira filha de Eva

Das cinzas um grande mal ressurgirá

Nem mesmo o mais bravo guerreiro,

Sua fúria suportará

Apenas a que estivera perdida,

o vosso reino podera salvar

Ao perecer da majestade

A batalha cessará."

– Isso é preocupante! Não tem como não ser ela! E você sorrindo e calmo! Como pode, Tumnus?

– Desde a queda da feiticeira Branca, eu confio nas profecias e em Aslam! Sei que ele saberá o que fazer!

– Mas não podemos simplesmente ficarmos em paz. Trata-se de uma grande batalha! Precisamos nos preparar ou perderemos muitos! - O Sr Castor parecia muito preocupado e ansioso.

– Isso é certo! Amanhã comunicaremos tudo aos reis. Olhe, chegamos ao lampião, até amanhã meu caro amigo!