A rainha perdida escrita por Amanda


Capítulo 12
Não precisa temer!




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–Amanda-

Eu estava sentada em uma cadeira. Edmundo e Pedro não tiravam os olhos de mim e não paravam de tentar me acalmar. Me senti muito grata por isso. Depois de tudo que eu tinha passado até agora, aquela tinha sido uma das piores, não sei dizer por que, mas foi pior até mesmo que me perder na floresta. Aquele sussurro...aquela voz, parecia familiar, aquela voz mexeu tanto comigo que era algo inexplicável.

Eu não conseguia falar nada. Eu formulava as frases na minha mente, mas nada saia. Eu definitivamente não estava bem...e eu achava que não tinha coisa pior que mofar por 16 anos em um orfanato (e era assim que eu me sentia, um objeto esquecido no porão da sala)

–Aqui Senhorita, beba um pouco de água. - Pedro estendeu a mão me oferecendo um copo cheio de água.

Bebi um gole e tirei a boca do copo, não consegui beber mais que aquilo.

– Pedro, é melhor chamar Aslan.

– Pode deixar, eu vou pedir para alguém chama-lo. - Ele colocou a cabeça para fora da sala e falou com alguém.

Meus olhos hora paravam no chão, hora na janela. Se eu escutasse aquela voz de novo eu surtaria mais ainda.

Atento ao meu olhar, Edmundo observou a cortina fechada e decidiu abri-la para ver o que tinha lá fora.

–Foi alguma coisa lá fora não foi? - Apenas assenti com a cabeça - Estranho, não vejo nada lá . - Ele observava o jardim vazio e escuro.

Senti algo frio tocar minha mão esquerda, estava tão distraída com Edmundo falando que não havia percebido Pedro chegar perto. Ele segurou firme minha mão e me olhou com apreensão, como se tivesse pena e medo por eu estar daquele jeito.

– Vai ficar tudo bem...- Ele disse e em seguida escutamos um rugido, todos olharam para a porta e lá estava ele, parado.

Levantei-me da cadeira e caminhei até Aslan, com os olhos agora cheios de lágrimas.

Ajoelhei-me abraçando seu pescoço, sentindo sua juba no lado direito do meu rosto, era macia, parecia um travesseiro. Ele acariciou minhas costas com o focinho.

Ali, junto a Aslan, me senti confortável, segura e mais calma, me senti protegida.

– Vai ficar tudo bem filha. - Ele disse. - Conte-nos o que aconteceu.

Eu me sentei perto deles, respirei fundo e comecei a contar.

–Lilian fez uma tiara pra mim e eu a deixei cair no jardim, achei que poderia ir lá sozinha buscar...- minha voz foi sumindo e meu olhar se perdendo, não queria lembrar daquilo.

– Mas o que você viu? O que aconteceu lá fora? - Pedro perguntava

– Não deveria ter ido sozinha.- Edmundo falou baixo em um tom de voz muito sério.

– Eu...Ela...Aquela...Aquela voz- eu gaguejava. - Era uma voz fria, indescritível, era aterrorizante.

Enfiei meu rosto entre as mãos e tentei respirar fundo para continuar. Olhei para Aslan e algo em sua presença me fez ter forças para continuar. Proteção.

– Fui pegar minha tiara e quando cheguei perto de um dos arbustos para procurar, senti algo gelado tocar meu ombro, como uma mão, e depois uma voz horrível começou a dizer que eu deveria pegar a tiara e então eu corri, direto pra cá.

Os rostos dos dois reis se enrijeceram. E eles ficaram meio tensos.

– O que exatamente a voz disse? - Perguntou Aslan.

– "Pegue a Tiara. Mal posso esperar para traze-la para mim! Pegue e será mais fácil para todos...sem mortes ou guerras, apenas pegue e virá direto para mim..."

– Vamos, Pedro, vamos lá em baixo ver se ainda está lá. - Edmundo e Pedro saíram pela porta e eu fiquei sozinha com Aslan

– Querida, sei que está com medo e se sente muito mal, mas tudo vai ficar bem. Não precisa temer! - Ele deitou perto de mim, exatamente como na floresta.

Ver ele daquele jeito e lembrar do dia em que me perdi, me deu confiança e meu medo foi indo embora cada vez mais rápido. Aslan tinha me protegido e me confortado e não seria diferente dessa vez.

Me apoiei do seu lado e o abracei, respirei fundo e deixei o ar sair, suspirando aliviada.

Apesar da coragem, ainda assim não queria dormir sozinha.

– Aslan, será que a Rainha Lúcia se incomodaria de dormir no meu quarto essa noite?-Perguntei.

– Creio que não. Falarei com ela. Venha, vou lhe acompanhar até seu quarto.

Fiquei no meu quarto com a cabeça deitada no travesseiro. Não estava com sono, ou medo, ou qualquer sentimento. Apenas estava lá, pensando mais uma vez.

Dizem que pensar demais nos deixa mal, e é verdade.

Ouvi alguém bater na porta. Não disse nada, apenas esperei a pessoa entrar ou bater novamente.

– Olá! - Lúcia apareceu.

– Olá - sorri para ela. Fiquei feliz em ter companhia.

– Parece que depois de meses vou finalmente ter uma colega de quarto de novo! - ela sorriu.

Minha cama era de casal, então ela poderia dormir junto comigo.

A rainha se sentou na ponta da cama e começou a tirar os sapatos.

– Vou me trocar, já volto. - ela disse e seguiu para o banheiro.

Esperei deitada na cama, vagando em pensamentos aleatórios.

– Pronto. - Ela deu a volta e se jogou na cama.

– Então, vamos falar de garotos e vestidos! - Ela fez uma voz fina com tom sarcástico. Nós rimos. - é bom ter companhia de novo - ela disse entre risos.

– Lúcia...eu posso fazer uma pergunta? - Tive receio de perguntar, não queria deixa-la triste, nem mal, mas segui assim mesmo.

– Claro.

– O que aconteceu com a Rainha Susana?

– Ah...- Seus rosto perdeu a alegria, ela forçou um sorriso, mas eu sabia que estava contendo ao máximo sua tristeza em lembrar da irmã. - é uma longa história, não quero entrar em muitos detalhes, mas quando visitamos as ruínas do castelo da Feiticeira Branca...- ela fez uma pausa, percebi que seus olhos estavam vermelhos e ela lutava para conter as lágrimas. - Ela...

– Majestade, não. - a interrompi. - não continue por favor.

Ela assentiu, respirou fundo e limpou as lágrimas dos olhos.

– Então... Amanda, agora eu tenho uma pergunta pra você. - sua voz ainda falhava, mas podia ver que já não queria mais chorar.

–Vá em frente - brinquei.

– Como está sendo tudo isso pra você? Quero dizer, não exatamente Nárnia, mas os ataques, a profecia etc...você ainda não me contou também sobre aquela noite na floresta.

Me senti desconfortável em contar tudo, mas aquele era o momento! Eu poderia contar tudo para a Rainha Lúcia.

– Sobre aquela noite na floresta, Aslan...ele estava lá, ele me guiou e ficou comigo, mas eu não sabia que era ele, descobri quando ele retornou ao castelo...e como estou me sentindo? - ela me encarava de um jeito apreensivo e curioso. - Confusa, com medo, mas principalmente confusa.

Esperei ela dizer alguma coisa, tinha certeza que meu olhar estava me entregando, mas torci para que ela não percebesse.

– Entendo. - Ele me olhou desconfiada. - Toda essa agitação, se sentir culpada, querer respostas e não ter. Sabe o pior de tudo? Ter que esperar...Isso as vezes me corrói. - Ela deitou olhando para cima.

– Amanda, sabe de uma coisa? - Eu a olhei curiosa. - Você está passando muito tempo dentro do quarto! Deveria se distrair mais.

Não disse nada, porém em minha mente eu concordava com a rainha, ela estava certa.

Ela ficou olhando pensativa para o teto e depois olhou animada para mim, indicando que teve uma ideia.

– Amanhã, vamos para o campo perto de onde ficam as armas e onde os guardas as vezes duelam só por diversão. Lá também tem arco e flecha, posso te ensinar o que aprendi com a Su.

– Tudo bem - Eu sorri e me joguei minhas costas na cama, eu queria contar sobre tudo, mas parecia que a oportunidade havia passado.

Depois de algum tempo, Lúcia dormiu e eu fiquei pensando, eu precisava tentar fazer aquilo de novo, sozinha, se eu conseguisse não contaria de imediato. Não sei por que, essa era uma decisão sem fundamento algum, mas algo me dizia para não contar.

Senti meus olhos ficando pesados e então adormeci.


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Notas finais do capítulo

Oi gente!! Tudo bom? Então, eu sei que esse cap não teve muita coisa interessante, me desculpem por isso, mas estou desenvolvendo melhor as ideias, o mais irônico é que esse foi um dos maiores caps haha
Enfim, espero que entendam. Muito obrigada pelos comentários, todos me motivaram e ajudaram bastante!!
Até o próximo capitulo ^^ vou tentar postar essa semana ainda!



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