A rainha perdida escrita por Amanda


Capítulo 10
A volta de Aslan




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/588865/chapter/10

– Amanda –

Eu deveria ter contado tudo, sobre a adrenalina, sobre aquela coisa violeta...tudo...até sobre a floresta e o Leão. Queria vomitar tudo aquilo. Meu estômago revirava a cada vez que pensava sobre tudo o que tinha acontecido, por medo de acontecer de novo, por medo de tudo ser culpa minha, afinal, eles vieram atrás de mim, isso estava bem claro.

Todos estava com sono, a melhor decisão foi que todos voltassem para seus quartos e descansassem para raciocinar mais na próxima "reunião".

Até que foi uma boa decisão, mas não para mim, não conseguia dormir de jeito nenhum, tanto por causa dos guardas andando e fazendo barulho por todo o Castelo, quanto por ficar pensando que eu precisava de respostas, mas não fazia ideia de como consegui-las.

Tomei uma decisão: Contaria aos reis tudo o que havia acontecido. Seja lá qual for a resposta, é melhor do que resposta nenhuma

Aquelas cenas não saiam da minha cabeça, Olhos violeta famintos, vidrados em mim como se eu fosse uma presa fácil, o que na verdade eu achava ser, e então faço uma barreira, também violeta, sair de mim e eles temem. Era algo incrível e ao mesmo tempo perturbador e louco.

E o que foi aquela sensação? Adrenalina subindo pelas minhas veias, eu queria tanto enfrenta-los, mas estava com tanto medo também. Fiquei imaginando como seria se eu tivesse atacado, criando cena após cena na minha mente.

Depois de um tempo fechei os olhos e em meio a mais uma cena heroica eu caí no sono.

–Edmundo-

Acordei com o quarto todo escuro. As cortinas estavam fechadas ainda. Pensei em virar e voltar a dormir, sabia que não tinha dormido o suficiente, meus olhos com certeza estavam inchados. Mas tudo que eu conseguia fazer era olhar para o teto e as vezes para a janela, uma pequena fresta abria passagem para a luz do sol, fraca, o que indicava que estava amanhecendo.

Levantei, me arrumei e saí. Teria muitos assuntos a tratar. Assuntos que vinham tirando meu sono e minha paz.

Um guarda estava de pé em frente a minha porta, ele tinha espada e um escudo.

– Bom dia Majestade – ele acenou com a cabeça.

– Bom dia. – Minha voz soava tensa, cheia de preocupação. O que de fato era o que eu sentia. – Pode ir descansar, não voltarei pro meu quarto tão cedo.

Ele assentiu e sai por um corredor.

Desci as escadas e segui para a mesa para tomar café da manhã.

Assim que entrei naquele cômodo, uma grande surpresa me aguardava. Quando meus olhos pararam naquela figura tive vontade de pular de alegria, correr e dar um forte abraço nele. Nunca senti tanta falta assim de um amigo, principalmente de Aslan.

E minha vontade foi feita, afaguei meu rosto em sua juba e o abracei com toda força.

– Senti tanto a sua falta, precisamos conversar, tantas coisas estão acontecendo, o castelo foi atacado e tem uma garota aqui, a profecia e nós estamos em perigo...- Quase me engasguei com minhas próprias palavras de tão rápido que falei.

– Edmundo, acalme-se, e sim, precisamos mesmo conversar. – ele disse calmamente porém rígido. Como um pai.

Eu respirei fundo e endireitei minha postura, me afastando um pouco dele. Onde eu estava com a cabeça? Sou um Rei, não uma criancinha.

– Está cedo, seus irmãos ainda dormem, gostaria de falar com você antes de falar com os outros. Agora seria uma boa hora. – Ele mantinha a postura, mas eu podia enxergar seu olhar de apreensão.

– Sim, claro.

– Venha, vamos caminhar um pouco ao ar livre.

Ele caminhou sobre suas quatro patas de uma forma calma e relaxada, seus olhos não pareciam tensos, porém não aparentavam felicidade.

Seguimos para o jardim.

–Amanda-

"ARGH que luz é essa no meu olho?" pensei. Virei para o outro lado e coloquei um travesseiro sobre meus olhos. Senti alguma coisa me cutucar.

–Amanda...acorde.

–Eu vou em 10 minutos – resmunguei apertando mais o travesseiro contra o meu rosto.

– Senhorita, levante por favor, Aslan está no castelo! – ela cutucava meu braço.

– Quem é Aslan? Que Castelo? - resmunguei sem pensar no que dizia.

– Como assim, quem é Aslan? Senhorita, vamos, levante-se. Não está nem conseguindo pensar direito.- Ela puxou minhas cobertas e abriu ainda mais as cortinas. Levantei sonolenta e fiquei um bom tempo sentada meio acordada, meio adormecida, enquanto Lilian pegava outro vestido.

– Seu banho já está preparado.

Me arrastei para o banheiro e me joguei dentro da banheira assim que tirei minhas roupas. O ato foi tão inconsciente que levei um susto. Arregalei os olhos e fiz uma cara de medo enquanto tentava pular fora da banheira. A água estava congelando.

–LILIAN VOCÊ É UMA PESSOA MUITO MÁ!!! – Gritei para que ela pudesse me ouvir do quarto.

Pude escutar sua risada, alta e contagiante.

Voltei para a banheira, e encarei o frio. Já estava bem acordada e até que foi relaxante.

...

– Lilian, como consegue rir? – Perguntei sentada na cama a observando procurar um sapato.

– Como não rir e sorrir? Aslan está de volta! Ele vai resolver tudo! – Ela dizia, mesmo de costas podia notar que estava sorrindo pelo tom de sua voz.

– Espero mesmo – disse baixo, mais para mim mesma do que para ela.

– Bem, coloque este e vamos descer para comer, não podemos nos atrasar! Ou melhor, você não pode. –ela me entregou o par de sapatos.

– Tudo bem – Assenti, eu estava ansiosa para falar com Aslan e ao mesmo tempo desanimada, estava com medo de não haverem respostas.

...

Estávamos a mesa a um bom tempo e Aslan e Edmundo eram os únicos que ainda não tinham chegado. Todos conversavam alegremente sobre a chegada de Aslan e eu apenas observava o céu pela janela.

Até que a porta se abriu e os que faltavam tinham acabado de chegar. Assim que Edmundo entrou, Aslan veio logo atrás. Olhei com mais atenção...Aquele Leão, Aslan, na floresta, era ele! Foi ele quem me protegeu e me guiou pra onde os reis estavam, era inconfundível. Sem motivos aparentes eu sorri, sendo afetada por toda aquela alegria. Todos levantaram da mesa para abraça-lo. E quando o último voltou a se sentar, ele se pronunciou.

– Não demorarem muito, temos muitos assuntos para tratar, e quanto menos tempo perdermos melhor.

Todos comeram bem rápido, em meio a sorrisos e conversas. Não pude deixar de notar que Edmundo também sorria e parecia muito menos preocupado do que antes. Não conseguia entender, pela cara deles parecia que Aslan estalaria os dedos e fim de toda aquela confusão.

– Edmundo -

– Então...O que vamos fazer? – disse Pedro preocupado.

– Profecias não podem ser evitadas. – Aslan parecia um pouco aflito. E com essa curta frase todo o clima da sala se tornou pesado. – "Na chegada da terceira filha de Eva

Das cinzas um grande mal ressurgirá

Nem mesmo o mais bravo guerreiro,

Sua fúria suportará

Apenas a que estivera perdida,

o vosso reino poderá salvar

Ao perecer da majestade

A batalha cessará." – Ele a recitou calmamente, bem devagar, o que deixou o clima ainda mais pesado. – A profecia não é clara, não sabemos quem irá viver, nem morrer, então precisamos nos preparar. Aquelas criaturas que vocês viram são chamados em Nárnia de Torpes, são como monstros de pele muito pálida e com olhos mortos, eles são criados por feiticeiros e apesar de não aparentar, são fortes, porém não tem inteligência nenhuma, só obedecem ordens.

Senti um frio na barriga, e todo meu corpo começou a ficar rígido. Aquilo só poderia significar uma coisa...

– Alguém está os controlando. O "grande mal" já ressurgiu – eu disse rígido e preocupado. Dessa vez eu não era o único, olhei para Pedro e ele olhava para o chão procurando um ponto fixo e respirava um pouco pesado, Lúcia fazia o mesmo.

– Sim Edmundo. Precisamos estar preparados para os ataques, se eles entraram uma vez, vão entrar de novo e vão tentar leva-la novamente. – Ele se referia a Amanda e quando disse isso, meu olhar se voltou para ela. Ela encarava a janela e tentava respirar fundo. Podia ver o medo e a tristeza em seu olhar.

– Mas por que querem leva-la? O que tem de tão perigoso em uma garota normal? – Lúcia gesticulava com as mãos enquanto falava.

– Isso nós não sabemos querida, mas temos que protege-la!

– Mas não sabemos exatamente contra o que estamos lutando. – Eu disse.

– Então guardas guardarão o quarto dela, a vigilância dos portões será dobrada, e todos vamos nos preparar para batalhar até que possamos elaborar um plano, estaremos prontos para qualquer ataque. – Pedro falou com convicção e autoridade, como sempre fazia, porém podia ver a preocupação em sua expressão.

– Muito bem Pedro, comunique os guardas e a todos agora mesmo! Não podemos perder tempo.

E assim todos saíram da sala e uma grande correria começou pelo Castelo, pessoas com armas passavam de um lado para o outro. Era notável o medo no rosto de cada um daquele castelo. A qualquer momento poderíamos começar uma grande batalha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A rainha perdida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.