O que?! Matemática?! escrita por Triccina Ofner


Capítulo 4
Escudo de arrogância


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Boa leitura a todos e desculpe a demora. ^.^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/588524/chapter/4

Deitada na grama analisava o desenho que eu acabara de ter terminado, o traço estava bom e o sombreado não ficou forçado, um belo pássaro, não estava muito realista, pois antes que eu acabasse os traços principais o pequeno já havia voado para longe, para sua liberdade.

Rebeca conversava com um dos garotos que estavam todo domingo no parque, enquanto Guilherme jogava tênis com Renan e Alexandre. Eu queria ir para casa jogar videogame, domingos alegres no parque não estavam combinando comigo aquela semana chata e um pouco depressiva. Depois do acontecido no meu quarto, eu mal olhei para Luke nas suas aulas, dormindo em todas. Ele até veio conversar comigo, mas não estava com a mínima disposição de lhe dar satisfações. Antes dele ser meu professor ele era o amigo idiota do meu irmão.
– Belo desenho. – Disse Renan. – Por que você não vai jogar hoje?
– Estou com preguiça e deixei a raquete em casa. – Ele sentou do meu lado, literalmente, sua coxa roçava na minha. – Sai de mim meu!- Fui para o lado.
– Por quê? Está ficando apaixonada por mim?
– É mais fácil eu beijar um babuíno!

Renan é moreno, do tipo bronzeado, seus olhos cor mel, levemente esverdeados, magrelo, porem definido e alto. Rebeca se derretia por ele, mas ele não dava morar para ela, o que era um desperdício, Rebeca era linda e seus cachos perfeitos e volumosos, ela parecia uma modelo. Mas por algum motivo a nerd aqui lhe chamava mais a atenção.

Eu levantei e Guilherme parou o jogo, observando o que Renan estava fazendo. Alexandre deu dois gritos e eles voltaram a jogar.
– Vamos fazer uma aposta então. Eu contra você no tênis. Três sets, que tal? Se eu ganhar você sai comigo, e se você ganhar...
– Você vai me dar um jogo do PS3!- Ele concordou. – Ok.

Amarrei meu cabelo com um rabo de cavalo, refiz o nó no meu tênis e limpei o shots-saia que estava sujo de grama. Guilherme me deu a raquete dele e então fomos para a quadra. Depois de um pequeno aquecimento começamos o jogo. O primeiro game eu ganhei de lavada, estava querendo garantir o primeiro set. O segundo game foi mais complicado, mas acabei ganhando. O set já estava garantido. O segundo set infelizmente perdi. O game estava acirrado, não saímos do 40-40, mas após um topspin eu o derrotei, só precisava vencer mais um game e meu jogo novo estava garantido.
– Não se preocupe amor, eu deixo você escolher o lugar. – Disse ele dando risada. – Você quer um jantar romântico?
– E o que você entende de romantismo? Seu senso de literatura é péssimo, filme romântico bom para você tem que ter putaria. Sem contar que você é...
– Arrogante? Se olhe no espelho garota. – Ele rebateu a bola com tanta força que eu acabei perdendo o game. – Vou te levar em um restaurante bem legal.
– O jogo não terminou.

Empate atrás de empate. Eu precisava de apenas mais uma rebatida certeira para me livrar daquele ser.

A bola quicou e Renan se jogou para rebatê-la, mas sua rebatida foi fraca e que não passou da rede. Depois de muito esforço havia ganhado. Rebeca ficou feliz e veio comemorar comigo, Renan saiu chutando as bolinhas. Posso ser arrogante, mas ao menos sou orgulhosa de algo que realmente sou.

Quando fui pegar a garrafa de água me deparei com Luke e outro rapaz, eu o conhecia, mas não me lembrava de seu nome. Ambos me encaravam e eu fiquei vermelha, minhas bochechas estavam fervendo e meu coração disparou. Guilherme então acenou para eles, que apenas retribuíram e voltaram a correr.
– Quem era aquele gato com o Luke? – Perguntou Rebeca.
– Parecia ser o Gustavo. – Disse Guilherme.
– Vou pra casa pessoal.

Ninguém entendeu muito bem a minha rápida evasiva, Guilherme se ofereceu para ir junto comigo, mas eu não queria estragar o domingo do garoto. Ele apenas beijou minha testa e me deixou partir.

A adolescência é uma fase tão idiota! Nos preocupamos à toa, achamos que o mundo está contra nós, que quem amamos deve ficar conosco e que ninguém quem razão, apenas o nosso ser sábio e iluminado por feromônios! Quero voltar a ser bebê! Comer, dormir e sempre receber um elogio por ser sorridente e rechonchuda. Todos caindo aos meus pés por causa da minha fofura extrema.

Acho que a minha paixonite idiota por aquele imbecil adorador do demônio da matemática havia voltado. Lembro que quando eu estava na quinta serie eu me apaixonei por ele, e isso continuou até ele sair da escola. No ano seguinte. Como eu era idiota. Tinha a capacidade de chorar por ele e tantas outras coisas. Ele namorava uma menina na época, Clara, irmã da doce e nada simpática Clarisse. Acho que é por isso que eu as detesto tanto. Lembro que quando ela ia lá em casa levava Clarisse junto, Guilherme tinha que me segurara para eu não estrangula-la. Ela se achava a dona da casa e não saia de perto dos meninos, até mesmo de Luke. O engraçado que Luke nem deu bola pra ela nessa ultima semana, deve ter rolado uma treta cabulosa!

Resolvi cortar caminho pelo atalho, era o melhor lugar para organizar as ideias. Não queria voltar a gostar de Luke, além de ser muito infantil da minha parte era ridículo aos meus olhos. A aluninha se apaixona pelo professor e eles vivem o dilema de não poderem confessar um para outro o que sentem. Isso me dá enjoo só de pensar.
– Você gosta de vim por aqui ainda?! – minha perdição, maldição e tudo mais com ção no final. – E você gosta de me perturbar. O que você quer?
– Você estava incrível jogando. Não sabia que gostava de esportes?
– Prefiro passar meus dias trancada em casa. Mas entre Paula me atormentando o pouco juízo que tenho, prefiro não fazer nada no parque. – Finalmente chegamos na rua da minha casa. – Obrigada pela companhia e até amanhã.
– Não vai me convidar pra entrar.
– Não. Não é certo um professor frequentar tanto a casa de uma aluna, principalmente quando ela está sozinha em casa.
– As duas saíram?
– Aham, a mãe dar reposição e a Paula foi biscatear. Então tchau!

Eu sei que eu não sou simpática com ele, e sou arrogante, principalmente arrogante, agindo como se a existência dele fosse insignificante e incomoda. Mas as vezes escudos são necessários para nos protegermos de coisas maiores e desnecessárias. Antes vale ser a nerd arrogante e indiferente do que aquela menininha boba que acreditava em todos amava todos e era fudida pela maioria.

Entrei pelo portão e Luke ficou esperando eu desaparecer pela porta. Pela janela o vi voltar para sua corrida. Provavelmente voltando para casa.

A banheira estava tão gostosa que eu queria virar um maracujá e ficar ali para o resto da semana. A água quentinha e as espumas fofas fazendo cocegas no meu nariz. Acho que iria procurar um marido rico, assim poderia ficar o dia tomando banho de banheira, jogando videogame e comendo. Mas se eu engordasse era possível que o suposto ricaço me largasse e arranjasse uma amante. No divorcio me dando a metade já estava ótimo!

– Pare de pensar besteiras e saía logo daí porque é minha vez! – Paula já estava gritando e batendo na porta, meu desejo carnal da preguiça e luxuria foi dissolvido a apenas um pouco de paz. – Está me ouvindo?!
– Já estou saindo. – Respondi com a voz cantada.

De madrugada fui acordada por um sonho estranho e infeliz. Eu era menina e vi Clara e Luke fazendo amor, de uma maneira intensa e profunda. Será que ele a amava tanto assim para deseja-la de corpo e alma? E a sua decepção foi tão desastrosa que não deixa Luke nem olhar na cara da irmã caçula de seu antigo amor? Confuso pensar nisso, e totalmente desgastante.

Vaguei pela casa até o relógio bater quatro e meia. Voltei para o meu quarto e dormi novamente, desta vez sem sonhos.

Acordar e fazer tudo de novo, se arrumar, lavar o rosto, escovar os dentes, tomar café e sair desesperada por causa do atraso. Desta vez eu tinha uma leve certeza de que Luke tinha fechado a porta. Alguma coisa me dizia no fundo da minha alma. Pois que razão ele tinha para esperar uma aluna que, além de sempre chegar atrasada, dorme em suas aulas?

A porta fechada me deixou triste e desanimada. Havia perdido a primeira aula. Fui até o refeitório, joguei a mochila em cima da mesa e sentei no banco esperando aqueles quarenta e cinco minutos passarem. Por que ele fechou a porta?

Aquele perfume me levava às alturas, me deixava nostálgica e apaixonada. Cada nota da fragrância refletia sua personalidade única e maravilhosa. Eu realmente a adorava, pois o estilo de perfume que uma pessoa usa reflete muito à sua personalidade, e se ela era igual ao seu perfume, Christina era então, encantadora.
– Ficou para fora Pamella? – Perguntou-me ela sentando ao meu lado. – Luke não lhe deixou entrar é?
– A professora lembra do meu nome? – Fiquei contente e sorri.
– Claro! Nunca ouvi tanto a respeito de alguém como eu ouvi de você Ella. – Naquele momento uma aflição tomou o meu ser e eu queria morrer ali mesmo. – Luke falou de você a semana inteira.
– Aé? – Falei sem nenhum entusiasmo, naquele momento minha paixão acabou e eu fiquei com ciúmes, era óbvio quem era ela, a nova namorada do meu querido professor. – Que bom...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada a todos por lerem e acompanharem ^.^
Não deixem de comentar!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O que?! Matemática?!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.