P.D.V – Cameron

Alguns minutos antes de ir falar com Sam e Dean…

Soltei a mão da Taylor e a deixei ir falar com o padrasto dela. Não que eu fosse impedir. Não queria que ela ficasse chateada comigo. Ela só parecia um pouco diferente, talvez sarcástica. Odiava quando a Taylor ficava assim, me dava até um pouco de medo. Resolvi segui-la. Tinha um estranho pressentimento de que algo ruim iria acontecer. Vi a Taylor se aproximar dele, cutucar seu ombro e dizer:
-Olá, Heath! Há quanto tempo nós não nos vemos! Tenho um presentinho pra você!- observei chocado enquanto ela recuava o punho e desferia um soco forte no meio do rosto do Heath. A mulher que estava beijando ele, deu um grito e disse:
-Socorro! Alguém tem que parar essa garota! – isso chamou a atenção da lanchonete, mas, ninguém se atreveu a parar a Taylor.
-Você é a namorada dele? – ela perguntou dando um chute no estômago de Heath, quando ele estava prestes a se levantar. A moça respondeu um pouco chocada:
-Sim, eu sou! Larga ele! – ela disse tentando impedir a Taylor de dar um outro soco nele. Essa pequena distração foi o suficiente para o Heath ter tempo de se levantar e revidar. Ela caiu por causa da força do soco dele. Fui até a Taylor para ajudá-la a se levantar, mas, ela não precisou dessa ajuda. Rapidamente já estava de pé, desviando de um soco dele. Ela disse para a namorada do Heath:
- E tem filhos? – ela perguntou sarcástica arqueando a sobrancelha
- Tenho gêmeos, uma menina e um menino. – ela tentou novamente puxar a Taylor, mas, foi quase atropelada pela pequena cadeira de plástico que foi arremessada na sua direção. Taylor deu uma risada que fez os pelos do meu braço se eriçarem e disse:
-Então tome cuidado com esse seu namorado filho da mãe, pra ele não fazer seus filhos de sacos de pancadas. – a mulher ficou horrorizada. Pude escutar algumas pessoas que estavam na lanchonete, eles disseram coisas do tipo: “Isso mesmo Taylor! Esse canalha te agredia, dá uma boa surra nele!”, ou, “ Como ela está conseguindo bater nele!? Heath é o professor de educação física, um dos caras mais fortes da escola!” e até “ Alguém tem que parar essa menina antes que ela se machuque.”
Processei essas informações sem querer acreditar. A Taylor era AGREDIDA quando ela era mais jovem?! Como ninguém percebeu? Como eu não pude perceber e falar isso pra alguém que pudesse ajudar? Decidi fazer algo antes que ela se machucasse. Só não sabia o quê. Olhei para os lados em procura de alguém que pudesse me ajudar e vi algo. Os irmãos dela estavam no bar, do outro lado da rua. Talvez ela os escutasse. Corri em direção ao bar como se minha vida dependesse disso.

P.D.V – Dean

Presente
Sammy e eu chegamos correndo no McDonald´s. Vi espantado a pirralha dando socos e chutes com força em um cara que era do tamanho do Sam. E o mais chocante… ela quase não se machucava. Uma coisa estranha podia estar acontecendo com ela. Corri em sua direção e a segurei, imobilizando-a. Ela gritou:
-Me solta, Dean! Esse cara merece apanhar. – nunca tinha visto tanta fúria em seus olhos.
- E por que ele merece apanhar Taylor? – Sam perguntou preocupado indo em direção a ela e afagando seu rosto tentando tranqüilizá-la. Não funcionou muito. Ela nos respondeu tentando se soltar:
- Quer mesmo saber o porquê, Sammy?! Porque esse idiota batia em mim sempre que estava bêbado, ou seja, todo dia! – larguei a Taylor, fui em direção ao cara e perguntei:
-O que minha irmã falou é verdade? – o homem não respondeu. Sacudi-o pela manga na camisa e perguntei novamente- Isso é verdade?! E é melhor responder seu filho da mãe, ou eu juro que pioro seus ferimentos! – ele demorou alguns segundos para responder
- Não é verdade! Essa estúpida está mentindo! – Taylor soltou um rosnado de raiva e retrucou:
- Eu não estou mentindo, seu porco bêbado, e você sabe muito bem disso! Se eu estivesse mentindo, não teria as cicatrizes de uma das suas piores agressões, não é mesmo? – ela disse isso e levantou a manga da blusa até o final, exibindo uma longa e fina cicatriz avermelhada em sua pele.

De repente, tudo parou. Todas as pessoas pareceram congelar. Como se alguém tivesse apertado o pause.O tempo simplesmente tinha parado. Claro que eu achei tudo isso muito estranho.

Do nada uma luz forte começou a brilhar da entrada da loja e uma pessoa apareceu quando essa luz acabou.
Castiel. O que ele estava fazendo aqui? E por que ele precisou parar o tempo? Ele leu meu pensamento. E respondeu em forma de pensamento também. Uma conversa silenciosa.
“ Ô Castiel, porquê você deu uma do Adam Sandler em Click?” – “ Quem?” – “Esquece, Cass. O que te traz aqui?” – “Vou ajudar vocês. Tem uma coisa que eu descobri recentemente sobre os Arcanjos Prateados. Um coisa horrível que pouquíssimos anjos no Céu sabem. Não tenho a autorização para contar, mas, preciso desobedecer essa ordem pelo menos uma vez.” – “O que foi que você descobriu sobre os Arcanjos Prateados?” – “ Que eles têm sangue de demônio junto com o sangue celestial, daí o nome prateado. Olhos de Arcanjos são brancos e os dos Demônios são pretos, não é? Então, preto mais branco igual a cinza ou no caso prateado.” – “Meu Deus. Tem como impedir que a parte do sangue de demônio se manifeste?” – “Tem. Você tem que impedir ela de fazer coisas ruins, como bater nas pessoas, por exemplo. Vou ajudar vocês mais do que um Anjo já fez. Vou mudar a continuidade desse momento. Vai ser como se nunca tivesse acontecido.Só vocês três se lembrarão disso” – “Tudo bem.”

Então tudo escureceu e em um segundo estávamos todos de volta ao quarto do hotel.

P.D.V - Taylor

Do nada eu tinha aparecido junto do quarto de hotel com os meus irmãos. Dean estava com uma expressão estranha. Parecia preocupado e triste ao mesmo tempo. Perguntei a ele o que estava acontecendo e por que tínhamos aparecido aqui do nada.
- Dean, o que aconteceu? Você parece preocupado.
- Aquele incidente foi apagado do tempo. E eu estou mesmo preocupado. – nunca tinha visto meu irmão tão sério daquele jeito. Já estava ficando curiosa pra saber o que era.
- Por que, Dean? – Sam perguntou curioso
Dean respirou fundo. E respondeu. E se eu soubesse que ele seria tão direto em sua resposta, teria o impedido.
- Taylor, você tem sangue de demônio. O Castiel me explicou que para que esse sangue não “aflore” existem providencias que precisam ser tomadas. Você não pode fazer coisas como a que você estava fazendo no McDonald´s Taylor. Coisas que a façam usar seu lado malvado.

Ouvi tudo o que Dean disse em silencio. Lágrimas escorriam sem parar dos meus olhos. Eu tinha algo maligno dentro de mim. Pensei também em Sam. Como eu podia recriminá-lo se estava cometendo o mesmo erro que ele? Eu sabia que o que eu estava fazendo no restaurante não era certo e mesmo assim continuei. Não era melhor do que ele ou qualquer demônio.

Depois que Dean terminou de falar tudo, eu apenas assenti com a cabeça e fui para a minha cama. Estava quase chegando lá quando ouvi a voz do Sam.
- Taylor, antes de você ir dormir nós dois podemos conversar, por favor? – me surpreendi com as palavras dele. Não sei por que, mas esperava que ele fosse esfregar na minha cara o fato de eu ter sangue de demônio dentro de mim.
- O que você quer falar comigo, Sammy?- ele me encarou com seus lindos olhos acinzentados e disse:
- Eu sei como você está se sentindo. Foi um choque pra mim quando eu descobri. Sei que o Dean não foi delicado na forma que ele disse tudo, mas, não existe um jeito delicado de se falar isso. E também sei que você ainda deve estar muito brava comigo, mas eu prometo que vou tentar parar com essa coisa de tomar sangue de demônio, ok?
- Obrigada, Sammy. Você é um ótimo irmão. – queria eliminar aquele clima triste que estava nos rodeando então resolvi fazer uma piada.
- Sammy, se eu e você temos sangue de demônio, o Dean tem sangue de quê? Reparou que só os que têm sangue de demônio são os únicos inteligentes? – de um sorriso realmente alegre pra ele pela primeira vez desde o dia que eu tinha visto ele e a Ruby no hotel.

Ele deu uma sonora gargalhada e respondeu:
- Sinceramente, eu acho que ele deve ter sangue de burro. – agora foi a minha vez de rir. Bocejei. Estava muito cansada. Disse para o Sammy:
- Vou dormir. Tô morta de cansada.
- Tudo bem então. Boa noite.
Estava novamente quase chegando na porta do quarto quando ouvi a voz de Dean:
- Sammy! Consegui ligar para as prostitutas e em cinco minutos elas chegam! Hoje vai ter!
Pensei por alguns segundos. Fingir que não ouvi nada, deixar o Dean tranqüilo e ir dormir, ou, falar que eu tinha ouvido e irritar o Dean? Claro que eu escolhi a segunda opção.
-Dean, eu ouvi isso! – pude ouvir o barulho dele se engasgando e cuspindo a cerveja que ele devia estar bebendo.
- Pô, Sammy! Podia ter avisado que a pirralha não estava dormindo ainda!
- Olha só quem está todo preocupadinho com a minha integridade, provoquei.
- Vai dormir pirralha!
- Boa noite, Dean-Safadenho! Boa noite, Sammy!
- Boa noite! – Sam falou da sala.
-Dorme com os anjos! – Dean falou tirando onda da minha cara.
- Engraçadinho.
Finalmente, entrei no quarto e me deitei pra dormir.
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EXTRA:
Celular da Taylor. Você recebeu uma mensagem, aparecia no visor.
De: Azazel
Para: A garota que não vai sobreviver por muito mais tempo
Você, fugiu pirralha. Mas agora você vai receber o troco de tudo o que você me causou, quando mesmo sem saber, me mandou de volta para o Inferno. Se prepare por que desse baile que haverá amanha, você não passa. Vou te matar custe o que custar. E pode ter certeza que vou fazer isso o mais devagar e dolorosamente possível.