O sol se punha no horizonte e o dia estava lindo, tinha tudo para ser um dia normal, na vida de um casal normal no meio de uma floresta úmida e quente da Índia, o paraíso. Esse casal poderia estar em uma grande expedição pela floresta em busca de aventura, apenas jovens buscando vida. Poderia... se o motivo da expedição fosse fugir de um feiticeiro das trevas maluco, se o homem não fosse um lindo príncipe indiano de mais de 300 anos amaldiçoado por esse feiticeiro, se a menina não estivesse correndo perigo e se ela não estivesse comprometida com o irmão desse príncipe igualmente amaldiçoado e se ela não estivesse perdidamente apaixonada pelo companheiro da floresta. 

Resumindo, a história deles era bem mais complicada do que um jovem casal apaixonado. 

Sr.Kadam os enviará para a floresta, numa fuga desenfreada e despreparada. Não tinham suprimentos, não tinham roupas. Kishan devia tê-los acompanhado, porém não pôde sair da casa no mesmo momento, contudo Dhiren viu que o irmão fugiu pelo outro lado. Confiou nele para cuidar da mulher que ambos amavam. 

Eram árvores tão iguais na mente de Kelsey, ela nunca entendia como Ren conseguia se localizar na floresta sem GPS. Enquanto observava o homem à sua frente, os músculos definidos no moleton cinza, além do bumbum, pensava em como seria poder abraçá-lo, ter o calor de seu corpo e seus lábios eternizados nela. 

Ren parou abruptamente e Kelsey corou ao pensar que ele podia ter ovido seus pensamentos, mas logo repreendeu-se pela ideia. Ele não podia ler mentes como um ser sobrenatural. Ele franziu a testa e farejou. 

Alguns dos capangas do Lokesh tinham alcançado o grupo. 

—Kelsey, por favor, se esconda - encareceram aqueles olhos azuis maravilhosos e hipnotizantes. 

Mesmo sendo persuadida, a menina não cedeu. Não deixaria que o episódio do Oregon se repetisse. Não deixaria Ren ser levado, ou pior morto. O homem ficou impaciente, transformando-se em tigre, Kelsey pensou que ele iria atacá-la, porém saltou sobre ela, a barriga praticamente roçando seus cabelos. 

Virando-se rapidamente avistou quatro homens de feições comuns, expressões vidradas, talvez pelo comando mental do perverso Lokesh. Aquele feiticeiro imundo faria de tudo para por as mãos em Kelsey e torturar os príncipes. Um dos homens a atacou, enquanto ela gritava assustada, cerrando os olhos e ao abri-los viu que Ren saltara sobre o homem distroçando sua garganta com os dentes.

Kelsey sentiu-se muito covarde naquele momento, enquanto ele arriscava a vida para salvá-los, ela ficava gritando esperando um milagre de sobrevivência?

Não, essa não era ela. Iria agir.

Concentrou-se o máximo que podia, estendeu a palma para os agressores e sentiu a chama arder a partir de seu peito e subir em seu braço como um corcel com patas de fogo cavalgando furios. Os desenhos surgiram em sua mão e um flash de luz foi tudo o que viu enquanto o raio domado atingia o peito de dois deles.

Um momento de pura fadiga consumiu-a por inteiro, porém, todos os seus sentimentos naquele momento, a raiva, o amor foram capazes de domar sua mente e corpo cansados. Levantou-se e valendo-se de wushu tentou combater os agressores, no momento em que os rugidos de Ren ficavam cada vez mais fortes.

Kelsey perdeu-se em pensamentos, como um deja’vu. Aquilo parecia extremamente familiar, já tinham passado por uma situação parecida, quando Ren fora capturado e ela o perdera para sempre, desde aquele dia nada voltara ao normal em sua vida confusa. Tudo era uma confusão quando viu a espada de um dos homens atravessar a barriga de Ren que saltava no ar.

Estavam vencidos. Certamente esse era o pensamento de Kelsey naquele momento, ela perderia Ren novamente e provavelmente seria tida nos braços de Lokesh para o resto de sua vida infeliz.

Uma voz dentro de si, talvez Durga,riu dela “Você é assim tão fraca, menina tola?”, “Vai aceitar isso, deixar que sua vida seja controlada?”. Isso moveu Kelsey, seu instinto ia além do de sobrevivência, almejava mais bem mais. Era um poder guardado dentro dela há um bom tempo, desde que sua corrente com Ren fora quase rompida. Apenas um laço sobrou da tempestade e Kelsey pensou que não sobreviveria àquilo, teria que destruí-lo para salvá-lo. Era o que ela pensava, a última força.

Com o corpo de Ren caído no chão, Kelsey gritou e uma lágrima escorreu de seu olho enquanto sua força vital era praticamente espremida para for junto com as luzes que mais pareciam saraivadas de flechas certeiras que saíam de sua palma direto para o peito dos agressores restantes. A escuridão veio rápido, mas antes um rosto amigo e amado sobre ela, com uma expressão aterrorizada tentando ancorá-la à praia.