Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 4
A Confusão Mental de Hermione Granger


Notas iniciais do capítulo

Esse cap é dedicado a minha irmã mais chata e linda e ela vai entender que é para ela e por que essa dedicatoria quando ler o capitulo. Se não entender vai apanhar ò-ó



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587374/chapter/4

Gina estava me esperando acordada, como eu previra. Queria que eu contasse como tinha sido a festa. Eu quase tinha convencido ela a ir antes, mas Dino não estava muito afim e ela foi obrigada a ficar. Aposto que não ficou nem um pouco satisfeita com isso. Ela estava lendo um livro com ar entediado, mas quando me viu conseguiu sorrir.

— E então? – ela reprimiu um bocejo ao falar. – Como foi a festa?

— Foi... Interessante. – disse, com um sorriso contido.

— Jura? – Gina me encarou e deu uma risada. – Você ta com uma cara de quem aprontou uma.

Desviei o olhar, ainda sorrindo. Qual era o meu problema? Aquilo havia sido completamente inusitado. Eu nunca faria aquilo em sã consciência, nunca! Mas eu fiz. E agora não sabia o que fazer. Só conseguia sorrir bobamente.

— Espera, você e o Córmaco...? Mas eu achei que ele não fazia seu tipo!

— Não é o Córmaco. – resmunguei indignada.

— Então o meu irmão? Mas ele não foi a festa, vi quando ele foi dormir e teria visto ele saindo...

— Não, não. – balancei a cabeça, olhando para o fogo.

— Quem então?

Respirei fundo e confidenciei, sem olhar para ela:

— Draco Malfoy.

Gina arregalou os olhos, com razão. Nem eu mesma acreditava que estava dizendo aquilo. Ainda podia sentir os lábios dele nos meus e a lembrança me deixava eufórica.

— Draco? O Draco? Aquele mesmo Draco que torceu para você ser morta pelo basilisco no segundo ano? O mesmo Draco que você socou no terceiro ano? O Draco que quase fez seus dentes ficarem do tamanho de um gigante no quarto ano? Draco, aquele que nos entregou para a Umbridge ano passado? Que quebrou o nariz do Harry no início deste ano? Aquele Draco Malfoy? – ela sibilou.

Do jeito que ela falou, pareceu tudo muito pior. Me encolhi, abraçando minhas pernas. Sussurrando mais para mim do que para ela, concordei:

— Sim, esse Draco.

— Hermione!

— Eu sei, é difícil de entender. Mas ele não parece ser como todos pensam. Quer dizer, ele era, mas...

Comecei a contar para ela o que havia acontecido desde o dia em que Rony e Lilá estavam se agarrando pela primeira vez. Gina era uma boa ouvinte. À medida que eu contava, ela parecia ir relaxando e seu olhar antes raivoso e confuso estava começando a assumir um toque de pena e compreensão. Não queria que ela tivesse pena de mim, mas nessa situação... Terminei relatando exatamente o que ele me dissera naquela noite antes de nos beijarmos. Passamos alguns segundos em silêncio, em que Gina roia a unha do dedão e parecia juntar as peças.

— Mione, eu realmente não acredito que o Malfoy seja todas essas coisas que você disse mas... – Ela respirou fundo. – vindo de você eu não posso duvidar. O que vai fazer agora?

— Eu não sei. – pisquei, aturdida. Ela tinha razão, o que eu ia fazer agora. – Eu realmente não entendo aquele garoto, sabe? Depois de todos esses anos...

— Realmente. Mas você estava lá, você ouviu o que ele disse. Se tiver alguém que pode julgar se é verdade ou não, é só você. Eu vou te apoiar, não esqueci o quanto você foi boa para mim quando eu era toda apaixonadinha pelo Harry.

Reprimi um “ainda é”. Não era um bom momento para implicar com a Gina. Dei de ombros, comentando em voz baixa:

— Mas e se ele acordar amanha e perceber que foi um grande erro? E se ele voltar a zombar de mim?

— Bola pra frente. – Gina riu. – Qual é, Hermione. Você não depende realmente da aprovação de alguém como Malfoy, certo? Se ele mudou, incrível! Mas se continua a mesma coisa, não vai fazer muita diferença na vida de ninguém.

Concordei com ela, ficando mais aliviada a cada segundo. Tinha sido o certo contar para ela. De outra forma, eu estaria agora deitada no meu quarto remoendo as cenas dessa noite sem conseguir dormir. Eu já tinha suportado falatórios piores pela escola, realmente se Draco me odiasse ou não, eu era forte o bastante para ignorar. Não havia conseguido esquecer Rony facilmente durante alguns minutos? Eu superaria o que quer que viesse por ai. E também superaria Rony. Sorri para Gina.

— Mas... – ela disse cautelosa. – Ainda temos um problema.

— Qual? – perguntei, confusa.

— Quando você vai contar para os dois? – ela indicou a escada a nossa direita, a mesma que ia para o dormitório masculino.

— É... Nunca?

— Mione!

Mordi o lábio, eles me odiariam quando eu contasse.

— Talvez... Quando não der mais para esconder. Se, como você disse, Malfoy continuar sendo um babaca, não tem motivos para contar não é mesmo?

— Concordo. – ela sorriu, travessa. – Mas vai ser dureza para eles. Principalmente o Rony.

— Que se dane o Rony!

Nós duas rimos. Gina me abraçou com força. Era incrível como mesmo eu andando sempre com Harry e Rony, também conseguisse ter uma amizade tão forte com Gina. Ela parecia me entender muito bem, mesmo sendo um ano mais nova. Nos despedimos alguns minutos depois, ela bocejando abertamente. Eu ainda estava elétrica demais para ficar cansada, ou assim pensava, pois quando me deitei o sono foi instantâneo. E pela primeira vez em semanas, dormi tranquilamente.

Acordei bem tarde no dia seguinte. Surpreendentemente não havia barulho algum no dormitório. Fiquei uns segundos deitada na cama, até lembrar que era o primeiro dia das férias de natal e todas as meninas tinham ido para casa. Eu provavelmente era a única que tinha ficado. Pude demorar o tempo que quisesse no banheiro e também sai deixando a cama bagunçada, apesar de saber que aquilo seria um trabalho a mais para os Elfos Domésticos, eu estava tranquila. Desci para tomar café e apreciei o fato de que não havia sido só eu que levantei mais tarde que o normal. Uns poucos alunos se aventuravam ali, deliciando-se com chocolate quente e gemada. Pelo menos dez da Lufa Lufa, dois da Corvinal, sete da Grifinória incluindo eu e apenas dois da Sonserina.

E para a minha surpresa, um deles era Draco. Era estranho, pois ele sempre passava o natal em casa e se gabava disso. Naquele momento ele estava absorto em seus ovos com bacon, então não olhou para mim quando entrei no salão e parecia ignorar completamente o segundanista que dividia a mesa com ele. Tomei meu café calmamente, evitando a todo custo olhar para a mesa dele. Quando terminei, me levantei e fui calmamente até a biblioteca. Madame Pince estava atrás de sua escrivaninha, com um ar sério, lendo um livro muito grosso. Ao seu lado havia uma caixa de bombons de licor, dos quais ela se deliciava, parecendo nem perceber que já estava na metade da caixa.

Vaguei pelas estantes, procurando algo interessante para ler e me distrair. Mas eu não conseguia me desligar, todos os meus nervos estavam à flor da pele, esperando. Eu sabia que ele tinha me visto saindo do salão principal e por algum motivo esperava que ele viesse atrás de mim. Porém eu estava quase desistindo e voltando para o salão comunal quando ouvi passos hesitantes entrando na biblioteca. Eu já estava em uma estante bem distante da entrada, mas vários buracos feitos por livros que haviam sido retirados me permitiram vê-lo. Sorri comigo mesma, apreciando o fato de eu estar certa quanto ao que ele ia fazer.

— Granger? – perguntou, em voz baixa.

— Estou aqui. – disse, saindo de trás das estantes. Ele pareceu alarmado, olhando para os lados. – O que foi?

— Ela dormiu. – ele disse, indicando com a cabeça onde deveria ficar Madame Pince, mas que eu não podia ver por causa das estantes. – Fale baixo.

Revirei os olhos. Até a bibliotecária merecia um descanso nas férias de natal. Aposto que era por minha culpa que ela não tinha fechado a biblioteca antes de apagar. Eu vinha tanto aqui que ela não teria se importado em dormir um pouquinho e me deixar lendo.

Me virei e fingi que estava analisando um livro sobre azarações, cuja a capa era extremamente grossa. Draco se aproximou, parecendo indeciso. Por fim ele chegou tão perto que eu podia sentir seu cheiro. Perfume masculino e menta.

— Procurando algum livro em especial? – perguntei, me mantendo calma.

— Engraçadinha. – ele resmungou, mas notei um tom de riso em sua voz. – Achei que você não ia mais falar comigo. Depois de ontem à noite.

— Por que eu não falaria? – eu ainda não olhava para ele.

— Talvez... Você tivesse ficado brava, ah... Eu não leio mentes, leio? – retrucou.

Dei uma risada. Caminhávamos juntos para o fim das estantes, cada vez mais longe de Madame Pince. Tirei um antigo livro sobre Hipogrifos do lugar, passando as paginas distraidamente. Um silencio constrangido caiu sobre nós. Coloquei o livro de volta e estava pronta para pegar outro quando Draco segurou meu pulso. Não foi um gesto agressivo, apenas me impedia de retirar mais um livro das estantes. Olhei para ele com uma sobrancelha erguida.

— Então... O que você acha?

— Sobre o que?

— Sobre... Ah você sabe, Granger! – Ele ficou um pouco vermelho. – O que aconteceu ontem à noite.

Baixei os olhos, procurando uma resposta que pela primeira vez eu não tinha na ponta da língua. Ele soltou meu pulso, mas eu não tentei pegar outro livro. Abri a boca varias vezes para responder, mas as palavras não saiam instantaneamente. Toda aquela confusão era terrível, eu nunca havia sentido nada igual. Decidi então lhe dizer a verdade:

— Eu não sei o que pensar.

— Eu também não.

Ele segurou meu rosto delicadamente, erguendo-o. Estávamos cada vez mais próximos, sentindo o calor dos nossos corpos. De repente estávamos nos beijando. Nada como Rony e Lilá, sabe? Nós tínhamos sintonia. Parecíamos saber exatamente o que fazer. Sua língua quente contra a minha, suas mãos na minha cintura, sua respiração ofegante batendo na minha bochecha. Eu podia sentir tudo isso, como se cada parte do meu corpo estivesse acordado. Draco me empurrou até o fundo da sessão, prendendo-me contra a parede. Minhas mãos deixaram sua nuca e passaram a acariciar seu cabelo. Era incrivelmente macio. Infelizmente ele parou de me beijar, rápido demais.

— Pelas Barbas de Merlin, Granger. – ele ofegou, olhando bem em meus olhos. – Isso é...

— Loucura. – completei. – Eu sei.

— Você tem certeza que...

Fiz com que ele se calasse, puxando-o para mais um beijo. Me atrevi a morder o lábio dele de leve, mas ele pareceu gostar, pois deixou escapar um gemido fraco e segurou minhas pernas, me levantando. Em momento nenhum ele tentou fazer nada mais ousado do que isso, e eu agradeci mentalmente. Apenas nos beijávamos, como se o mundo pudesse acabar caso parássemos. Só demos uma trégua quando ouvimos algo muito pesado cair no chão. Draco parou de me beijar instantaneamente, olhando para os lados. Não ouvimos mais nada, mas ele me colocou no chão e foi ver o que era. Quando voltou, tinha um sorriso divertido nos lábios.

— Ela deixou o livro que estava lendo cair. – ele revirou os olhos. – O que foi?

No meio tempo em que ele tinha ido olhar, eu parecia ter recobrado a consciência de onde estávamos e o que exatamente estávamos fazendo. Quando ele olhou para mim, notou que eu estava muito vermelha.

— Acho melhor a gente ir andando né? – perguntei timidamente.

Ele interpretou errado. Seus olhos se estreitaram e ele se virou rispidamente e começou a sair. Antes que ele pudesse dar dois passos eu segurei a manga dele, detendo-o.

— Não, não é isso que eu quero dizer. – concertei, rapidamente. – Só acho que fazer isso, aqui, não é muito certo entende?

Draco riu sarcasticamente.

— Certo, Granger.

— Estou falando sério! Eu estou gostando muito e tudo mais. – soltei a manga dele e cruzei meus braços. – Mas somos monitores, deveríamos dar o exemplo!

Dessa vez ele riu de verdade, o som ecoando pelos corredores vazios. Franzi o cenho, não entendendo a graça. Ele conseguiu parar de rir o suficiente para implicar comigo:

— Tudo bem, Senhorita Certinha. Você é quem manda.

Ele segurou a minha mão. Tentei encarar aquele gesto com simplicidade, mas vários arrepios subiram do ponto em que a pele fria dele me tocava. Respirei fundo, sendo arrastada para fora da biblioteca. Eu sabia que não tinha perigo de ninguém nos ver assim, de mãos dadas. A escola estava completamente vazia a não ser por alguns alunos mais novos que nem sabiam nossos nomes quanto mais nossa reputação. O que me surpreendeu foi que Draco parecia não se importar também.

— Então, você ficou em Hogwarts? Pensei que iria para casa. – comentei, curiosa, quando consegui acompanhar o passo dele sem parecer que ele me arrastava por ai.

— Eu tinha coisas a fazer. – ele resmungou, sem olhar para mim.

— Que tipo de coisas?

— Você é muito bisbilhoteira, Granger. Alguém devia te dizer isso.

Parei, soltando minha mão da dele. Draco me encarou, admirado.

— Por que você não me chama de Hermione?

— O que? – ele pareceu confuso.

— Bem, depois disso tudo, era de se esperar que você me chamasse pelo meu primeiro nome, não?

Draco piscou, aturdido. Depois deu um sorriso tão feliz que eu vacilei em minha postura séria. Ele se aproximou e me puxou para um abraço, que eu retribui mesmo estranhando aquela atitude.

— Tudo bem, Hermione. Vem comigo? – ele perguntou, me soltando e estendendo a mão.

Sorri para ele e peguei sua mão. Durante esse tempo todo, mal pensei em Rony. Ele deveria estar tendo um natal super divertido n’A Toca, do qual pela primeira vez eu não estava participando e não tinha nenhuma vontade de participar. O que estava acontecendo comigo em Hogwarts parecia mil vezes mais interessantes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Alguns créditos devem ser dados a ela tambem, alias -q