Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 24
Como Tudo "Supostamente" Terminou


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou então, para postar o fim da fic



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587374/chapter/24

As mesas do salão principal haviam sido repostas e os corpos afastados dali. Teríamos bastante tempo para chorar por nossos mortos agora que a guerra havia chegado ao fim. E ninguem se importava de se sentar exatamente na mesa de sua casa. Pela primeira vez em sete anos, eu e Draco comiamos lado a lado no salão principal, sem nenhuma rixa idiota entre Grifinória e Sonserina. Tentei ao maximo dar atenção a todos que vinham me cumprimentar e abraçar, mas a verdade era que só queria ir para um lugar calmo com ele. Era o começo de uma nova vida, uma nova vida que eu passaria para sempre ao lado de Draco.

Mas o destino ainda não queria que fosse dessa forma. Não pude ver Harry, mas sabia que ele também estava sendo suprimido de felicitações e agradecimentos. Após uma olhada rápida pelo salão, notei Rony parado sozinho na porta, sendo ignorado por quem entrava e saia, mas ele parecia não ligar para isso. Então senti algo se movendo atrás de mim e Harry sussurrou em meu ouvido:

— Você pode me acompanhar?

Me assustei, fazendo com que Draco olhasse para mim com ar inquisidor. Antes de responder a ele, acenei a cabeça afirmativamente para Harry, ou para o lugar que Harry provavelmente estava, já que permanecia invisível.

— Você me da licença? Harry precisa falar comigo. – suspirei.

— Desse jeito eu fico com ciúmes. – Draco brincou, me abraçando pela cintura. – Vai ser uma pena, pois tenho certeza que assim que você se levantar e sair, eles vão vir aqui.

Já havíamos visto os pais de Draco há algum tempo. Lucio e Narcisa estavam praticamente encolhidos em um canto, tentando não ser notados, mas era obvio que nos encaravam. Eles deviam estar extremamente irritados com as decisões do filho e, se já me odiavam antes, agora seu desgosto por mim era algo inimaginável. Infelizmente, Draco não poderia ficar sem falar com eles para sempre. Disse isso e ele concordou, revirando os olhos. Antes que eu fosse, ele me puxou e beijou minha testa de leve.

— Estarei esperando, amor.

Dei um sorriso radiante e fui até onde Rony estava.

— Aonde vamos, Harry? – perguntei, quando já estávamos em um corredor bem distante do salão principal. Ele tirou a capa depressa, guardando-a no bolso.

— Preciso ver uma pessoa.

No fundo, eu já sabia o que ele ia fazer. Fizemos o caminho silenciosamente até uma gárgula despedaçada caída no chão. Aquela parte do castelo estava bem calma e convidativa, como se ignorasse o fato de que há algumas horas uma guerra estava acontecendo.

— Podemos passar? – Harry perguntou.

— À vontade. – disse a gárgula.

Subimos as escadas circulares sem muita pressa, até o escritório do diretor. Eu, como aluna exemplar, nunca havia estado ali antes. Quando entramos, todos os antigos diretores e diretoras de Hogwarts nos aplaudiram com energia. Muitos deles choravam, acenando para nós três. Harry agradeceu timidamente e se dirigiu a um em especial.

— A coisa que estava no pomo... – Harry disse, com um sorriso e uma piscadela para mim. Então realmente era a Pedra da Ressurreição dentro do pomo. Droga! Eu odiava estar errada. – Eu deixei cair na floresta, não sei onde. E também não vou sair procurando. O senhor concorda?

Dumbledore assentiu, sorrindo.

— É claro que concordo, meu caro rapaz.

— Mas eu vou guardar o presente de Ignoto. – ele disse, indicando a capa que escapava para fora de seu bolso.

— Naturalmente, Harry, será sua até você decidir passa-la adiante!

Harry sorriu e puxou a varinha das varinhas do bolso. Rony a encarou, admirado e eu devo dizer que também tinha um certo apreço pela varinha. Afinal, era a mais poderosa de todas! Harry nunca mais iria se preocupar em perder um duelo...

— Não a quero. – ele disse, para nossa surpresa.

— QUE? – Rony exclamou. – Você é maluco?

— Harry, tem certeza...? – perguntei, de olhos arregalados.

— A Varinha não vale as confusões que provoca. – disse. Ele puxou a bolsinha que Hagrid havia dado a ele no ultimo aniversario e tirou dali os pedaços partidos de sua varinha antiga. Me senti um pouco culpada ao vê-los, mas logo entendi o que ele ia fazer. – Eu sempre gostei da varinha de pena de fênix, então... Reparo!

Mesmo que nós já tivéssemos tentado isso inúmeras vezes, dessa vez eu sabia que ia dar certo. Dito e feito. A varinha se remendou sozinha e faíscas vermelhas escaparam de sua ponta Agora estava como nova. Harry apreciou o trabalho e depois deixou a varinha das varinhas em cima da escrivaninha. Virou-se para nós, analisando a cada um com um sorriso enorme.

— Já tive confusões suficientes para uma vida inteira.

Ele abraçou a nós dois ao mesmo tempo e retribuímos. Sem poder evitar, comecei a chorar. Estava bem. Estava tudo bem.

Bom, não ainda. Como eu disse, o destino ainda tinha seus planos para mim. Quando voltamos para o salão fomos recebidos como se nunca tivéssemos sumido. A Sra. Weasley me abraçou com força, dizendo que sempre me consideraria uma filha. Agradeci, notando que Gina tentava chamar minha atenção, fui até lá. Ela também me abraçou, sorrindo, mas depois se tornou séria.

— Você e Draco...

— Estamos bem. Muito bem, alias. – disse, rindo.

— Ótimo, por que ele veio me perguntar se eu sabia onde você estava e eu disse que não. – ela franziu o cenho. – Acho que tem algo a ver com os pais dele.

Só aquilo serviu para me fazer ficar nervosa. Nada de bom poderia sair daquelas palavras. Deixei Gina ali, até por que ela agora prestava mais atenção em Harry do que em mim, e fui procurar por Draco. Não foi muito difícil, já que ele também estava procurando por mim. Parecia estar do mesmo jeito que eu o havia deixado, apesar de ligeiramente impaciente.

— O que foi? – perguntei, depois de abraçá-lo.

— Meus pais. – ele resmungou. – Fui falar com eles. E disse umas boas verdades, também. Meu pai não parece estar aceitando muito bem, mas minha mãe pediu pra conversar com você.

Congelei. A ferida quase cicatrizada em meu braço formigou levemente. A irmã de Belatriz? Por que mesmo isso soava tão ruim?

— Não vão te fazer nada, eu prometo. – Draco parecia ansioso. – Minha mãe... É complicado. Mas ela é uma boa pessoa.

— Tudo bem. – eu disse, mas minha voz tremeu um pouco.

— Você tem certeza? Não devemos satisfação nenhuma para eles, você sabe. Eu não vou morar mais naquela casa nem um segundo, vou comprar algum lugar em Londres e nós nunca mais vamos precisar saber deles.

— Draco, não seja bobo. – revirei os olhos. – São seus pais. Você não pode simplesmente tirar eles da sua vida.

Ele resmungou algo que pareceu ser “você quem pensa”, mas eu ignorei. Fui guiada até um canto relativamente deserto se comparado ao resto do salão, onde Narcisa e Lucio esperavam. Eles pareciam ansiosos em sair dali o mais rápido possível. Quando me viu, Lucio Malfoy fez uma expressão de nojo, mas não falou nada. Narcisa respirou fundo e encurtou a distancia entre nós, estendendo-me a mão.

— Acho que não fomos apresentadas. – Ela disse. Não sorria, mas sua voz também não era rude, o que já era um avanço. – Sou Narcisa, mãe de Draco.

— É um prazer, senhora Malfoy. – disse, apertando-lhe a mão.

— Você já conhece meu marido, creio eu.

— Ah... Sim. Conheço. Olá senhor Malfoy. – tive que me conter o máximo para ser educada.

Ele não me dirigiu a palavra. Olhava para o filho com profundo desprezo, como se não acreditasse que ele estava forçando-o a fazer aquilo.

— Draco nos contou... Sobre vocês. – Narcisa continuou. – Devo dizer, senhorita Granger, que não aprovo a relação dos dois.

Engoli em seco e senti Draco ficando tenso ao meu lado. Era só o que me faltava.

— Mas você deixa meu filho feliz. E nesses últimos tempos, eu teria dado qualquer coisa para vê-lo sorrir. – ela olhou para Draco com um carinho que só uma mãe poderia ter. – Eu prefiro acreditar que é uma paixão de escola, mas de qualquer forma para todos os efeitos, você não precisa temer uma reação negativa de nossa parte.

Lucio se moveu, como se quisesse questionar o “nossa”, mas nada disse. Ao que parecia, a esposa o mantinha quieto. Depois de tantos fracassos durante a época de Voldemort, achei sensato que dessa vez ela não fosse dar ouvidos ao o que ele dizia.

— Ahn... O-obrigada, senhora Malfoy. – gaguejei. Olhei para Draco e ele sorriu, aprovando a situação. Era claro que eu não podia esperar nada melhor. – Eu prometo que deixarei Draco feliz. Muito feliz.

— Que bom. – pela primeira vez, Narcisa Malfoy sorriu. Foi uma mudança e tanto em seu rosto. Ela parecia bem mais jovem quando sorria. – É a única coisa que eu posso lhe pedir, depois de tudo.

— Narcisa. – Lucio se pronunciou, sem olhar para a esposa. – Acho que devemos ir.

— É claro, não podemos nos demorar. – ela olhou por cima do meu ombro.

Olhei também e vi alguns aurores conversando com um grupo de pessoas. Depois de tudo, prestar um depoimento e pagar uma multa seria o mínimo que Lucio Malfoy teria que fazer. Eu podia garantir uns doze anos em Askaban, para ser sincera.

— Você ainda vai ficar um pouco em casa, antes de se mudar, não é? – Narcisa perguntou ao filho, afagando-lhe a bochecha.

— Claro. Mas pouco tempo. – ele sorriu para ela, que pareceu aliviada.

— Que bom. – eles se abraçaram e enfim Narcisa foi se juntar ao marido, que batia o pé ansiosamente. Ela sorriu novamente para mim, dizendo: - Nos veremos em breve então, senhorita Granger.

Concordei com um aceno. Ela e o marido se apressaram em sair do salão principal, colocando os capuzes pretos sob a cabeça, temendo serem reconhecidos. Soltei todo o ar que podia, aliviada. Draco riu.

— Eu disse que ia dar certo.

— É, não foi tão ruim.

Ele me puxou para perto e me beijou. Foi como nosso primeiro beijo. Calmo, leve e hesitante. A única diferença é que dessa vez, eu sabia que o queria. Aquilo era o certo a se fazer. Eu não conseguia mais ver meu mundo, se não com Draco Malfoy.

— Ei. – ele chamou, se separando apenas poucos centímetros de mim.

— O que? – perguntei, em voz baixa. Estava ávida para ter os lábios dele nos meus de novo.

— Eu te amo, Hermione.

Sorri. Harry tinha razão, já havíamos tido confusão demais para a vida toda.

— Eu também te amo, Draco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!