Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 17
O Plano


Notas iniciais do capítulo

Heey! Mais um capitulo grande q. E tenho o prazer, ou não, de informar que acabei de digitar a fic! Já ta prontinha, agora é só ir postando, hehe.



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O ar salgado invadiu minhas narinas. Estava muito escuro e eu só conseguia ver os contornos dos outros, mas eu sentia que Rony ainda me segurava. Eu não me sentia forte o suficiente nem para perguntar se havíamos conseguido. Não saberia descrever aquela sensação novamente, mas ser torturada foi como se toda a minha essência tivesse sido sugada e apenas a dor existisse. Quase como receber um beijo de um dementador, mas eu ainda tinha consciência do que estava acontecendo ao meu redor. Por isso, os soluços altos de Harry me atingiram como um baque. Tentei perguntar o que havia acontecido, mas da minha boca só saiam gemidos fracos. Nem o som forte do mar batendo contra o rochedo me impedia de ouvir Harry gritar:

— Dobby! DOBBY!

Balancei a cabeça, enterrando o rosto no peito de Rony. Ele afagou meu cabelo e me ergueu facilmente, me carregando para longe. Duas já vinham em nossa direção, uma delas com a varinha acesa e a outra falando uma linguagem estranha muito rápido. Rony resmungou alguma coisa para as pessoas e eu senti que olhavam para mim. Eles conversaram por mais dois segundos e eu fui levada para dentro do pequeno chalé.

Fui colocada em uma superfície macia e Rony me ajeitou da melhor maneira possível. Depois se ajoelhou na minha frente e brincou com uma mecha do meu cabelo, com ar sombrio.

— Você é uma pessoa incrível sabia?

Forcei um sorriso. Eu não me sentia incrível. Longe disso.

— É sério. Outra pessoa não teria conseguido.

Me mexi inquieta. Rony interpretou meu acanhamento mal e se apressou em pegar um cobertor para mim, me enrolando com firmeza nele. O espaço quentinho melhorou um pouco, mas a o frio que eu sentia era mais interno do que externo e eu não me sentia à vontade para compartilhar minha dor no momento. Ele me encarava como se soubesse que algo estava errado, mas graças a Deus não perguntou nada.

Depois de alguns minutos em um silêncio pacífico que não nos incomodou nem um pouco, ele pareceu se lembrar de algo.

Tirou a varinha que havia recuperado do bolso da calça e indicou meu braço semi tampado pela coberta. Franzi o cenho, confusa.

— Seu braço. – ele explicou – Ela o cortou não foi? Deixe-me ver.

Ah. Eu estava tão preocupada que tinha até esquecido. Estendi o braço, deixando a coberta pender ao lado de meu corpo. O sangue havia secado ao redor do ferimento, mas ainda era possível distinguir as marcas profundas. Formavam letras.

— Aquela mulher doentia. – Rony parecia enojado, mas mesmo assim apontou a varinha para o ferimento, murmurando um feitiço. O sangue seco desapareceu imediatamente, dando lugar a um pequeno ardor. Assisti curiosa enquanto Rony limpava a área com cuidado.

— Como você aprendeu a fazer isso? – perguntei.

—Sempre o tom de surpresa. – ele ironizou.

Fleur entrou na casa parecendo muito abalada. Ela passou direto por nós e foi para a cozinha, resmungando consigo mesma em francês. Rony suspirou e terminou de limpar o ferimento. Enquanto ele se levantava para ir buscar algo para enfaixar meu braço, tive tempo para analisar melhor o que aquela bruxa (no sentido ruim da palavra) havia feito. Minha boca se abriu em uma silenciosa exclamação de surpresa.

Sangue-ruim.

Ela havia me marcado. É claro que esse era o objetivo dela o tempo todo. Deixar marcado na minha pele algo que ela considerava uma vergonha, deixar óbvio para quem quer que me olhasse que eu não devia pertencer à aquele mundo. Um castigo eterno, por que se eu bem conhecia aquela mulher, as palavras não iam simplesmente cicatrizar e desaparecer e provavelmente nenhum feitiço poderia apagá-las.

Uma lágrima caiu silenciosamente na ponta do meu nariz. O ódio que eu sentia era indescritível.

—Você está se sentindo culpada por causa dele.

Ergui a cabeça rápido demais, o que fez com que ela doesse. Rony havia voltado, segurando bandagens é um frasco com um líquido alaranjado. Ele se sentou ao meu lado com ar desanimado, deixando as duas coisas cuidadosamente no sofá.

— Eu te conheço. Você sabe que ele vai ser punido pelo o que aconteceu lá e acha que é culpa sua. Mas ele que decidiu isso, Mione, você não o obrigou a nada. Ele já estava planejando como nos ajudar antes mesmo que eu e Harry conseguíssemos sair daquele porão. Não teríamos conseguido chegar aqui se não fosse por ele.

Eu realmente estava apreensiva pensando no que Voldemort faria com Draco caso usasse leglimencia nele e descobrisse que ele nos ajudou de propósito, mas não era por isso que estava chorando. De qualquer forma, deixei que Rony continuasse, pois estava curiosa para saber o que tinha acontecido no porão enquanto eu estava sendo torturada.

— Ele sabe o que esta fazendo e vai sair dessa. Todos nós aguentamos muita coisa, não fique se culpando por isso ok?

— Eu...

— Ah, você já pegou as coisas Rony. – Fleur me interrompeu. Seus olhos estavam marejados, mas ela tentava esconder o fato. - Pode deixarr que eu cuido dela agorra. É melhorr irr verr se Arry está bem.

Rony pareceu indeciso, mas acatou a ideia dela. Ele me lançou um último olhar de pena, mas eu virei a cara, fingindo estar super interessada no modo como Fleur passava o líquido laranja que ardia como mil demônios.

Depois de devidamente enfaixada e muitas perguntas não respondidas de Fleur sobre o que estávamos fazendo naquela noite, já me sentia bem o suficiente para andar, mesmo que segundo ela eu ainda estivesse mais pálida do que um fantasma. Mas eu insisti que queria ver Harry, por isso Fleur me ajudou a ir até a ponta do penhasco, onde uma pequena cova havia sido aberta. Harry colocava o corpo sem vida de Dobby ali.

A noite estava fria e o clima refletia nosso estado de espírito. Luna se adiantou para dizer algumas palavras ao elfo e foi melhor que qualquer coisa que eu pudesse pensar. Rony me abraçou delicadamente, como se temesse que eu quebrasse com um simples toque. Quando acabou, Harry pediu um tempo para ficar sozinho e pela primeira vez resolvi não contestar. Deixei que Rony me conduzisse até o chalé, atrás de Dino e Luna. Fleur havia preparado chocolate quente para todos nós e eu me senti infinitamente agradecida. A dor ia embora aos poucos, mesmo que a lembrança permanecesse.

— Não posso dizer que tenha sido uma surpresa agradável. – Gui comentou quando todos se acomodaram. – Tive que pensar rápido quando Luna e Dino nos contaram o que houve. Acho que não vão nos dizer o que estavam fazendo na casa dos Malfoy, certo?

— Certo. – Rony concordou.

— Não custa tentar. Tivemos que retirar todos lá de casa depois disso. Foi uma ação rápida e silenciosa. Por sorte Gina estava em casa para as férias. Se estivesse em Hogwarts provavelmente teriam-na levado antes que pudéssemos chegar até ela. Estão todos a salvo, até então.

Gui se virou e viu Harry parado a porta com os tênis sujos de lama. Explicou rapidamente o que havia acontecido e que agora todos d’A Toca estavam protegidos por um feitiço Fidelius. Harry assentia, concordando com as medidas, mas parecia estar muito distante.

— E quando Grampo e o senhor Olivaras melhorarem nós vamos mandar eles para a casa da Muriel também. Não temos muito espaço mas ela o tem de sobra. As pernas do duende estão se refazendo rápido e pela manhã...

— Não. – Harry interrompeu e Gui se calou, espantado. – Preciso dos dois aqui. Preciso falar com eles, é importante. Vou me lavar e depois preciso vê-los imediatamente.

Eu e Rony nos entreolhamos. Harry parecia decidido e ao mesmo tempo nervoso. Ele se retirou rapidamente, deixando a todos bastante intrigados. Luna e Dino decidiram ir dormir, ambos já não aguentavam mais as novidades daquela noite e só queriam um sono tranquilo e sem os pesadelos. Infelizmente Fleur não sabia fazer a poção que Madame Pomfrey preparava para uma noite sem sonhos, então teríamos que nos contentar com nossos pensamentos.

Ela é Gui se afastaram um pouco, aos sussurros, deixando Rony e eu sozinhos na sala de estar. Olhei ao redor, um pouco desconfortável. Só havia uma única foto no aposento, do casamento deles, na mesinha perto da porta. Fiquei imaginando se com toda aquela confusão, um dia nós veríamos as pessoas sorrindo daquele modo de novo.

— O que será que ele está planejando? – Rony perguntou, se referindo a Harry.

— Não faço ideia.

— Você acha que ele esteve espiando? A mente de você sabe quem, digo.

Hesitei. Rony tinha razão. Provavelmente era por isso que Harry parecia tão decidido. Tinha visto algo na mente de Voldemort que poderia ser mais uma peça na nossa busca. A ideia em minha cabeça se aprofundou ainda mais. Talvez ele tivesse visto o que Voldemort havia feito com Draco. Eu precisava saber, precisava...

— Eu vou falar com Grampo primeiro. – Ouvimos Harry dizer com autoridade. – e eu preciso de vocês dois!

Nos levantamos no mesmo instante e fomos até ele. Gui e Fleur nos encaravam com preocupação, mas não nos impediram de subir as escadas atrás de Harry. Gui veio junto conosco, deixando Fleur plantada no último grau com cara de poucos amigos. Chegamos até o topo, onde havia um corredores estreito e três portas.

— Quem você quer ver primeiro?

Harry pareceu ter que pensar na questão. Mas antes que Gui pudesse estranhar, ele respondeu:

— Grampo. Quero ver Grampo.

— Certo. Segunda porta a direita. Já vou trazê-lo. – ele indicou e nos encarou um minuto a mais que o necessário antes de sair para nos dar privacidade.

Harry aproveitou a deixa para me afagar carinhosamente no ombro e sorrir.

— Como vai? – perguntou. – Você foi fantástica, inventando aquela história enquanto ela a machucava daquele jeito...

Sorri de volta. Rony me abraçou de lado, indicando que concordava com Harry e perguntou:

— Que estamos fazendo agora, Harry?

—Vocês verão. Venham.

O quarto em que entramos era obviamente de Gui e Fleur, decorado ao gosto do casal. Abri a boca para perguntar a Harry se aquilo não seria uma certa invasão de privacidade, mas no mesmo instante o dono do quarto entrou carregando Grampo. Gui o colocou um pouco mais brusco que o normal em cima da cama de casal com um grunhido e saiu, fechando a porta atrás de si.

Harry acenou com a cabeça para o duende e o outro retribuiu o assento. Me encostei na penteadeira de Fleur, ao lado de Rony, enquanto Harry começava delicadamente:

— Lamento fazê-lo se levantar. Como estão suas pernas?

— Doloridas – respondeu o duende. – Mas se recuperando.

Notei que ele ainda segurava a espada de Griffyndor e não a largara nem mesmo para ser carregado por Gui. Sua postura era quase defensiva, como se fosse fugir com ela a qualquer movimento suspeito de nossa parte. Mas seu ar curioso indicava o por que não havia feito isso ainda. Ele estava absurdamente interessado em Harry.

—Você provavelmente não lembra...

— ... que fui o duende que o levou ao seu cofre, na primeira vez que visitou o Gringotes? - Completou Grampo. – Lembro, Harry Potter. Mesmo entre os duendes, você é muito famoso.

Eles ficaram em silencio, se encarando. Tentei pensar a onde aquele dialogo iria dar, mas meus pensamentos ainda estavam vagos e difíceis de se formar, o que me aborrecia. Todos os meus esforços estavam indo para a parte que impedia as lembranças daquela noite virem à tona.

—Você enterrou o elfo – O duende disse de repente. – Observei-o da janela do quarto ao lado.

— Enterrei – confirmou Harry.

Grampo analisava a espada com cautela, mas registrava todos os nossos movimentos com o canto dos olhos.

— Você é um bruxo incomum, Harry Potter.

— Como assim?

—Você cavou a sepultura.

— E?

Rony apertou minha mão de leve. Sem olhar para ele, sentindo os olhos de Grampo ainda fixos em nós, dei de ombros. Estava igualmente confusa.

— Grampo, preciso lhe perguntar...

— Você também salvou um duende. – ele interrompeu

— Quê?

— Você me trouxe para cá. Me salvou.

— Bem, espero que não esteja se lamentando – Ouvi o tom de impaciência na voz de Harry, o que não era um bom sinal. Se ele queria algo de Grampo, não era um bom momento para se estressar.

— Não, Harry Potter – o duende retrucou. –, mas você é um bruxo estranho.

— Certo. Bem, preciso de ajuda, Grampo, e você pode dá-la.

Ninguém falou. Grampo não fez nada que encorajasse Harry a continuar, apenas olhava para ele como se fosse uma peça rara e cobiçada de coleção.

— Preciso arrombar um cofre no Gringotes.

Rony praticamente engasgou. Eu arregalei os olhos e instintivamente abri a boca para protestar:

— Harry...

— Arrombar um cofre no Gringotes? – Grampo me interrompeu, com um sorriso de escárnio. – É impossível.

— Não, não é – Rony cruzou os braços, franzindo o cenho. – Já foi feito.

— É – disse Harry. – No mesmo dia em que eu o conheci, Grampo. Meu aniversário, faz sete anos.

— Na época, o cofre em questão estava vazio – ele parecia pessoalmente ofendido ao cogitar a ideia de que o Gringotes pudesse ser arrombado. – Tinha uma proteção mínima.

— Bem, o cofre em que precisamos entrar não está vazio, e imagino que deva contar com fortíssima proteção. Pertence aos Lestrange.

Abri a boca, chocada. Estava começando a entender a ideia. Cutuquei Rony com o cotovelo e ele acenou para mim, concordando. Tinha entendido também.

— Sem chance – Grampo respondeu. – Não há a menor chance. “Se procuram sob o nosso chão, um tesouro que nunca enterraram...”

—“... ladrão, você foi avisado, cuidado...”. É, eu sei, lembro bem. Mas, não estou tentando roubar um tesouro para mim, não estou tentando apanhar nada para meu lucro pessoal. Dá para você acreditar?

— Se houvesse um bruxo em que fosse possível crer que não visa a um lucro pessoal – o outro resmungou, depois de um bom tempo em silêncio. Ele havia deixado a espada de Griffyndor pender ao seu lado, na cama. –, este seria você, Harry Potter. Duendes e elfos não estão acostumados à proteção ou ao respeito que você demonstrou esta noite. Não de porta-varinhas.

— Porta-varinhas – repetiu Harry.

— O direito de portar uma varinha – disse o duende, em voz baixa – tem sido, há muito tempo, motivo de contestação entre bruxos e duendes.

As palavras me fizeram lembrar as aulas de historia da magia. Sorri internamente. Mesmo que as aulas fossem, para a maioria, entediantes, eu achava tudo muito fascinante. Sentia muita falta da escola e de aprender coisas novas sobre aquele mundo fantástico.

— Bem, os duendes são capazes de magia sem o auxílio de varinhas – disse Rony antes que eu o alertasse para não contrariar um duende.

— Isto não vem ao caso! – Grampo rosnou. - Os bruxos se recusam a dividir os segredos tradicionais sobre varinhas com outros seres mágicos, nos negam a possibilidade de ampliar nossos poderes!

— Bem, os duendes também não dividem os seus conhecimentos de magia – argumentou Rony, ignorando minha pisada forte em seu pé. - Vocês não querem nos contar como fazem suas espadas e armaduras. Os duendes sabem trabalhar o metal de um modo que os bruxos jamais...

— Não importa – Harry disse com pressa. – O que está em questão não são os bruxos contra os duendes, ou qualquer outra criatura mágica.

Grampo deu uma risada desagradável.

— Mas é essa, a questão é exatamente essa! À medida que o Lorde das Trevas se torna mais poderoso, a sua raça se coloca mais firmemente acima da minha! O Gringotes cai sob o domínio dos bruxos, os elfos domésticos são massacrados, e quem entre os porta-varinhas protesta?

Aquilo me inflamou. Parei de tentar fazer Rony calar a boca e me endireitei, perdendo o apoio da penteadeira.

— Nós protestamos! – disse, de queixo erguido. – Não é uma questão de ter ou não uma varinha! Eu sou caçada do mesmo modo que um duende ou um elfo, Grampo! Sou uma sangue-ruim!

E para ilustrar minhas palavras, mostrei meu antebraço, ainda marcado em vermelho vivo. Grampo pareceu reconhecer as palavras.

— Não se chame de... – murmurou Rony.

— Por que não? Sou sangue ruim com muito orgulho! – gritei. – Aquela megera não vai me intimidar. Sob a nova ordem, não tenho uma posição melhor do que você, Grampo! Foi a mim que escolheram para torturar na casa dos Malfoy! Não posso ficar com a pessoa que eu amo pelo simples fato dele ser sangue puro! O preconceito existe em todo lugar Grampo, não é uma questão de uma raça inferior ou superior. Você sabia que foi Harry quem libertou Dobby? Você sabia que há anos queremos que os elfos sejam livres? – dessa vez foi Rony quem pisou no meu pé, mas eu o ignorei. – Você não pode desejar a derrota de Você-Sabe-Quem mais do que desejamos, Grampo!

Ele olhava diretamente para mim, seus olhos escuros como contas parecendo impressionados com meu discurso. Passamos um longo momento nos encarando, até que ele se virou para Harry, grunhindo:

— Que procuram no cofre dos Lestrange? A espada que está lá é falsa. Esta é a verdadeira. Acho que já sabem isso. Você me pediu para mentir lá no porão e depois, aquele garoto Malfoy também pediu.

Olhei para Rony e Harry, chocada. Nenhum dos dois tinha me contado essa parte. Harry sentiu meu olhar e deu de ombros, indicando que eles também não sabiam.

— Mas a espada falsa não é o único objeto naquele cofre, é? – perguntou.– Talvez você tenha visto outras coisas lá dentro, não?

O duende enrolava a barbicha rala distraidamente com o dedo. Seu tom era um misto de surpresa e desprezo:

— É contra o nosso código de ética falar sobre os segredos de Gringotes. Somos os guardiões de tesouros fabulosos. Temos um dever para com os objetos postos sob nossa guarda, e que foram, muitas vezes, feitos por nossas mãos.

Ele acariciou a espada, um exemplo de suas palavras. Olhava para nós como se fossemos animaizinhos extremamente engraçadinhos. O silencio estava me matando, mas Harry foi firme e não o quebrou. Grampo parou de enrolar a barbicha, deixando um pequeno cacho no lugar.

— Tão jovens – disse, finalmente – para estarem lutando contra tantos.

—Você nos ajudará? – perguntou Harry. – Não temos a menor esperança de arrombar o cofre sem a ajuda de um duende. Você é a nossa única chance.

— Vou... pensar no pedido – ele pareceu decidido.

— Mas... – Rony tentou protestar, mas fui rápida e lhe dei uma cotovelada nas costelas. Ele se calou, me lançando um olhar irritado.

— Muito obrigado – disse Harry.

O duende inclinou como se reconhecesse o agradecimento. Depois, puxou as cobertas até metade do peito e disse, sôfrego:

— Acho que aquela Esquelesce já fez efeito. Poderei, enfim, dormir. Me deem licença...

— É, claro – disse Harry, mas, antes de sair do quarto, inclinou-se e apanhou a espada de Gryffindor.

Grampo fingiu não se incomodar, mas vi um brilho rancoroso em seus olhos quando saímos apressados do quarto.

— Bostinha – sussurrou Rony. – Ele está se divertindo em nos fazer esperar.

— Harry – sussurrei, puxando os dois para longe da porta. Até onde tinha estudado, duendes tinham uma audição muito boa para segredos e mentiras. –, você está dizendo o que penso que está dizendo? Você está dizendo que tem uma Horcrux no cofre dos Lestrange?

— Estou. Belatriz ficou aterrorizada quando achou que tínhamos entrado no cofre, perdeu a cabeça. Por quê? Que achou que tínhamos visto, que mais pensou que poderíamos ter levado? Alguma coisa que a deixou apavorada que Você-Sabe-Quem descobrisse.

— Mas pensei que estávamos procurando lugares em que Você-Sabe-Quem tivesse estado, lugares em que tivesse feito alguma coisa importante! – Rony comentou, confuso. – Ele algum dia entrou no cofre dos Lestrange?

— Nem sei se algum dia ele entrou no Gringotes – disse Harry. – Quando era mais moço, jamais guardou ouro lá, porque ninguém lhe deixou nada. Mas teria visto o banco por fora, na primeira vez que foi ao Beco Diagonal. Aposto que ele teria invejado qualquer um que tivesse uma chave do cofre, um verdadeiro símbolo de que se pertence ao mundo bruxo. Ele confiava em Belatriz e o marido, foram seus servos mais dedicados. Mas acho que não disse à Belatriz que era uma Horcrux. Jamais contou a Lúcio Malfoy a verdade sobre aquele diário. Provavelmente, disse a ela que era um objeto de estimação e lhe pediu para guardá-lo no cofre. O lugar mais seguro do mundo para qualquer coisa que se queira esconder, segundo Hagrid... à exceção de Hogwarts.

Concordei com a cabeça. Sua teoria fazia sentido e, alem do mais, não tínhamos mais pistas alem dessa. Valia a pena tentar. Rony assoviou baixinho.

— Você realmente entende ele.

— Bocadinhos apenas – respondeu Harry. – Bocadinhos... Eu gostaria de ter entendido tanto assim Dumbledore. Mas veremos. Hermione?

— Sim?

— Sobre Draco... Ele nos ajudou a sair daquele porão. Não sei se Rony te contou, mas ele já tinha um plano desde o inicio para nos tirar de lá.

O encarei, confusa.

— O que você espera que eu faça com essa informação?

— Bem, sinceramente teria sido bem mais complicado sem ele. – Harry sorriu sem graça. – Então, se de alguma forma sairmos dessa, saiba que eu gostaria muito de ser o padrinho.

As orelhas de Rony ficaram vermelhas assim como minhas bochechas, mas nós não comentamos nada. Harry deu de ombros e murmurou, já com a mão na maçaneta:

— Vamos ao Olivaras agora.


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Notas finais do capítulo

o> Espero que gostem e não tenha ficado muito chato q.