Harukaze escrita por With


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores!
Como prometido o capítulo de sexta.
Essa história é enorme, então significa que ela vai ter muitos, muitos capítulos e eu não faço ideia de até onde ela se estenderá. Achei legal avisar.
Desejo uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/585683/chapter/8

Harukaze

Capítulo 8

Nós somos completamente opostos.

Mas desde quando é

Que começamos a estar juntos?

Dois dias depois...

A febre de Tsuhime não havia cessado, pelo contrário, a cada dia era como se aumentasse ainda mais. O corpo banhado em suor fazia com que as roupas se grudassem e a garota não parava um minuto de se contorcer devido às fortes dores, o que resultava em mais trabalho para Kabuto. Orochimaru mandara-o permanecer ao lado de sua filha, cuidando e atendendo-a no que fosse necessário para não perdê-la. Sua única chance, se tudo desse errado e não conseguisse realizar o ritual a tempo, era Tsuhime e ele não permitiria erros.

Com um pano molhado, Kabuto fazia o que podia para abaixar a temperatura da garota, porém duvidava muito desses métodos – a seu ver – antiquados. Viviam em um mundo de constantes mudanças, descobertas, aperfeiçoamentos e era inaceitável que acatasse tais procedimentos médicos. Pensou livrar Tsuhime das roupas, contudo, poderia prejudicar ainda mais o estado da garota. Suspirou irritado, as piores tarefas sempre ficavam com ele.

— Kabuto... — O chamado ecoou pelo quarto de forma estrangulada, os olhos de Tsuhime cerrados forçando uma visão melhor. — O que é isso? O que papai fez comigo?

— Você se adapta muito bem às modificações, Hime-chan. — O espião-médico sorriu, sentando-se ao lado dela na cama. — O que não é surpresa, já que seu material genético é um pouco... Diferente.

— Pare de brincadeiras. — Tsuhime tentou erguer-se, porém seu corpo encontrava-se completamente dormente. — Diga-me algo que eu não saiba.

— Seu pai colocou em você o Selo Amaldiçoado. — Kabuto esticou o braço, pegando um copo de remédio. Ajudou-a se sentar, embora a dor estivesse estampada no semblante de Tsuhime. — Mas isso me preocupa um pouco.

— E por quê? — A garota bebericou o remédio, contorcendo o rosto em uma careta desagradável. — Isso é horrível! — Devolveu o copo a Kabuto, que não fez o menor esforço para pegá-lo. Apenas pelo olhar ordenou que Tsuhime ingerisse todo o líquido amargo.

— Como você sabe seu chakra é deficiente, ele não se reproduz sozinho, o que significa que precisa de alguém que o estimule. No caso, eu. — O espião começou entediado, explicar as coisas para a garota não lhe era vantajoso. — Portanto, se usá-lo demais perderá o controle e o selo dominará o seu corpo. Bom, isso se você tiver sorte para contê-lo com sua força, o que me custa a acreditar.

— O que pode acontecer se eu falhar? — Os olhos amarelados da garota se abriram um pouco mais, esse movimento causando-lhe dor. Porém o medo a dominava instantaneamente, a cada dia deixava de ser humana.

— Você saberá quando acontecer. — Kabuto descobriu-a, fazendo a garota estremecer pela quebra de proteção. — Precisa de um banho. Venha, vou ajudá-la.

— Não, eu não vou ficar nua na sua frente! — Tsuhime irritou-se com a ousadia do médico, seu rosto enrubescendo violentamente ao imaginar a cena.

Kabuto aproximou-se da garota, repousando as mãos ao lado a cintura da garota. Inclinou-se, encarando fixamente os olhos de Tsuhime. A pupila estava dilatada, no mínimo uma forte dor de cabeça a açoitava, porém havia algo mais ali. O comportamento que ela assumia quando se mantinha perto era gratificante, apesar de não sentir nada mais forte. Como ele intitulava, era apenas uma mera atração física.

— Essa vergonha é desnecessária, afinal, já te vi várias vezes sem roupa. — Um sorriso desdenhoso apareceu nos lábios do espião, logo ganhando um tapa no rosto. Apesar de saber que ela estaria fraca, sentiu a ardência no local recém ferido.

— Fique longe de mim! — A garota empurrou-o, a respiração falhando repentinamente pela exaustão. Mesmo com todas as experiências que sofria seu corpo recuperava-se rapidamente, o que a deixava preparava para qualquer outro obstáculo a seguir. Odiava-se por ter essa capacidade, consequentemente adquirida pelo costume. — Posso fazer isso sozinha!

— Muito bem, Hime-chan, então se levante. — Kabuto desafiou, cruzando os braços e esperando que ela lhe mostrasse que estava errado.

E em resposta pelo desafio, Tsuhime desencadeou um quadro grave de tosse. Os olhos lacrimejavam e uma forte dor no estômago pegou-a de repente, forçando uma êmese descontrolada. Claro que Kabuto se divertia em vê-la naquele estado tão deplorável, porém Orochimaru não podia desconfiar que omitisse socorro imediato quando isso acontecia.

Primeiro deixou que a garota se acalmasse, em seguida sustentou-a nos braços e rumou com ela para o banheiro. Aquele trabalho desnivelava à medida que Tsuhime crescia. Desde quando ela era bebê permaneceu sob os cuidados de Kabuto, e ainda se mantinha. Ele só não contava por quanto tempo mais. Apesar de sempre confrontá-la, conseguindo com que o humor de Tsuhime se modificasse rapidamente, Kabuto se afeiçoara a garota. Afinal, era uma presença que o marcou e que dificilmente se esqueceria.

Acomodou-a gentilmente dentro da banheira, e não havia escolhas. Embora Tsuhime estivesse com dezesseis anos de idade, sempre dependeria dele para a maioria de seus afazeres. E, de certo modo, aquilo não incomodava tanto assim o espião, afinal, Tsuhime era mais flexível do que Orochimaru. Kabuto afastou-se apenas para buscar uma toalha, logo a água cobria o corpo da garota.

— Obrigada... — Depois de tanta euforia, Tsuhime encontrava-se mais fraca, sua voz machucando-lhe a garganta ao falar.

— Vou limpar a sujeira que fez em seu quarto, então, por favor, não durma na banheira como da última vez. — Kabuto alertou, saindo do banheiro a passos arrastados e tediosos.

Todavia, era um conselho cruel para Tsuhime. Retirou as roupas com vagarosidade, a água assumindo uma coloração avermelhada. Então, havia mais ferimentos do que aquele em seu pescoço, embora ela não sentisse os incômodos provocados por eles. Porém, era necessário que ela passasse por tudo se quisesse conquistar sua tão sonhada — e distante — liberdade. Até o momento, sua força não era suficiente para armar uma segunda fuga e seu caminho continuaria tendo a forma de um círculo vicioso.

E aquela vida que se mostrava diante dela não era a que almejava. Tinha um propósito, e o maior deles: Encontrar-se novamente com Shino. Desta vez Tsuhime revelaria tudo o que fosse de curiosidade do Aburame, isso se ela conseguisse se explicar. Ainda tinha mistérios ocultos sobre Shino, a personalidade reservada e séria possuía seus valores mais altos, o que a fazia ter insegurança. Aproximar-se novamente depois de sua partida omissa poderia ser perigosa, e um contato agora colocaria a segurança não só de Shino como de Konoha a desejar.

— O que tanto pensa, Hime-chan? — Kabuto retornara, e agora ocupava um baixo banco de madeira perto de Tsuhime.

— Não me chame assim. — A garota reclamou, encolhendo-se na banheira. Trouxe os joelhos para frente do corpo, escondendo-o do olhar do ninja. — Saía!

— Nada disso, você que vai sair daí agora. — Kabuto abriu a toalha e ficou esperando-a vir de encontro a ele. — Ande, Tsuhime, eu tenho mais o que fazer!

— Não pedi sua ajuda! — Irritada, a garota ergueu-se com certa dificuldade e tomou a toalha das mãos dele, enrolando-se. Kabuto era atrevido e chato, e faria o que quer que fosse para deixá-la pior. As sobrancelhas franzidas de Tsuhime demonstravam todo o seu humor, apesar das dores. Saiu da banheira, rumando para o quarto. Quanto mais afastada de Kabuto, melhor. — Já estou bem, vá para os seus afazeres!

Caminhando em direção a garota, Kabuto ria divertidamente enquanto balançava a cabeça em negativa. Aquela frase, acompanhada da imagem de Tsuhime seminua, soava-lhe altamente cômico. Enlaçou a cintura dela com os braços, juntando os corpos. Inclinou-se, nos olhos negros um brilho de luxúria cujo Tsuhime jamais havia visto.

— Você é minha maior tarefa. — Beijou-a nos lábios brevemente, um ato comumente cotidiano de ambos, porém o ato mexia com Tsuhime. As mãos pequenas pressionavam seu ombro, sem força para expulsá-lo. — Vista o conjunto preto, fica bem em você.

— Kabuto... — Tsuhime espalmou as mãos no peito do espião, empurrando gentilmente enquanto o chakra se concentrava automático. Na voz um teor robótico, como se dentro dela possuísse outra alma. — Não me toque dessa forma. Não são as suas mãos que quero em meu corpo, muito menos seus beijos.

O gelo que servia de luva queimava o peito de Kabuto, ultrapassando a barreira de pano, e o espião não teve outra escolha senão regular as distâncias. Um sorriso insano pairava nos lábios de Tsuhime, uma reação incomum para a garota medrosa, insegura e instável que ele conhecia. Coleções de formas se espalhavam pelo pescoço, descia para os braços e alcançavam o rosto de Tsuhime; a esclerótica logo se rendendo a cor preta, formando um olhar assustador até mesmo para o espião que já vira de tudo.

Droga, Tsuhime! Kabuto repugnou em pensamentos, dando alguns passos para trás. Não esperava por uma resposta tão rápida do selo, porém havia algo errado ali. O chakra dela estava intacto, então não poderia ser a causa da liberação precipitada. Forçou um pouco mais os pensamentos, e percebeu depois de alguns minutos que tinha a irritado.

O selo responde ao humor? O espião franziu o cenho com a própria conclusão, enquanto pensava em como reverter o processo. Seria catastrófico se Tsuhime libertasse por acidente a segunda forma da transformação. Tudo com você é diferente, poderia ser normal ao menos uma vez na vida! Discutia consigo, buscando uma solução rápida antes que o pior acontecesse.

— Tsuhime... — Kabuto chamou-a, medindo a intensidade das palavras de início. — Acalme-se, está bem. Eu não vou tocá-la de novo, prometo.

— Mentiroso! — A garota gritou, lançando agulhas de gelo em direção ao espião. — Todos vocês são mentirosos!

Kabuto alarmou-se, enquanto bloqueava os ataques com uma kunai. Se ela continuasse gastando mais chakra, a situação se agravaria. Adentrou a mão em sua bolsa presa a calça, tateando o interior em busca de qualquer calmante que pudesse injetar em Tsuhime. As doses que preparara em sua busca pela garota foram quantidades mínimas, e irritava-o saber que permanecera ao lado dela desprevenido.

— Não vou deixar que me usem de novo! — Ela avançou tão de repente que Kabuto apenas visualizou um borrão a sua frente. — Você e papai terão que arrumar outro corpo para brincar!

— Tudo bem... — Kabuto envolveu a cintura dela com um dos braços, o outro se defendia dos descontrolados estado de consciência de Tsuhime. A pele ainda queimava pela febre. — Mas se não se acalmar, seu pai ficará bravo com você.

— Papai? — A garota balbuciou de forma infantil, como se tivesse se lembrado de algo. Os olhos amarelados se abriram mais, inerte em seu próprio medo. — Ele vai me punir se descobrir o que eu fiz. Você não vai contar, vai?

— Só se me prometer que não fará de novo. — Kabuto sentiu uma gota de suor frio escorrer por sua espinha, por Deus ele não poderia estar mesmo presenciando aquilo! Além de Tsuhime estar completamente fora de si, sua mentalidade caíra dez anos.

Tsuhime ergueu-se, livrando Kabuto de seu aprisionamento. Caminhava pelo quarto de um lado para outro, murmurando frases desconexas. E essa era sua oportunidade perfeita para agir. A seringa pela metade repousava em sua mão discretamente, pelo menos a situação não estava de todo perdida.

Hime-chan? — Chamou-a, e não esperou que ela reagisse. Injetou o líquido da seringa, amparando o corpo entregue de Tsuhime nos braços.

As marcas lentamente foram se refugiando, os olhos amarelados voltando ao normal e os lábios da garota se entreabriram várias vezes, como se quisesse lhe dizer algo. E a única coisa que escutou foi: Shino.

(...)

— Shino está bem, conseguimos remover toda a substância do organismo dele. Mas... Ele está chateado, Tsunade-sama. — Shizune revelava as condições do Aburame, e aproveitou para desabafar. — Sequer quis saber sobre Tsuhime.

— Não é para menos. — A Hogake rebateu, os olhos fixos a janela observando a vila. Calma, próspera, porém triste a sua visão. — Ela disse para nós não interferimos, e talvez devêssemos dar atenção ao conselho.

— Como assim? — Shizune ajeitou Tonton nos braços, o semblante contorcido em confusão.

— Sabe, eu não sou supersticiosa tampouco acredito em coincidências, mas... — A mulher loira desenhou formas invisíveis no vidro da janela, pensativa. — Algo me diz que Tsuhime-chan irá voltar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agradeço por você ter lido.
Deixe sua opinião, críticas construtivas, sugestões... Tudo será bem vindo.
Até segunda!
Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harukaze" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.