Harukaze escrita por With


Capítulo 44
Capítulo 44


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 44

Dentro de minha fraca memória

Eu sinto que você me chama

Como se nossas células desejassem uma a outra

Haru estava nervoso. Treinara a semana inteira com o pai e na Academia Ninja para se sair bem no teste de Gennin e mesmo assim podia sentir o suor se juntando na palma das mãos. O coração acelerado indicava que se continuasse assim poderia fracassar. Então ele se distanciou dos amigos e escolheu um canto silencioso para acalmar os pensamentos e se manter focado. Respirou fundo várias vezes, de olhos fechados, as cenas de sucesso preenchendo sua mente. Encontrava-se a um passo de sua futura carreira ninja, isso já era incentivo suficiente.

— Nervoso? — Saiyuri interrompeu sua meditação, sorrindo para ele de forma doce. Sentou-se próximo a Haru, que não se incomodou em ter companhia. — Vai dar tudo certo e formaremos um time.

— Parece bem confiante. — Haru expôs, olhando-a pelos cantos dos olhos.

— Estou. Treinamos a semana toda para isso.

— E se não der? — Ele fez a pergunta, sentindo-se extremamente ridículo. Saiyuri era uma menina e aparentava estar mais confortável que ele.

— É só tentar de novo! — Ela disse como se fosse o óbvio. — Mas você vai conseguir e se tornar um ótimo ninja.

— Por que tem tanta certeza?

Saiyuri cogitou. Ela não poderia dizer que se devia ao fato de ele possuir uma herança sanguínea forte, que lhe proporcionaria sucesso em tudo que tentasse fazer diferente dela que sequer tinha habilidade com Ninjutsu ou Genjutsu, com certeza o ofenderia. Talvez Haru achasse que ela apenas levava em conta àquela questão, quando na verdade não se tratava disso. Haru sempre foi um menino habilidoso a seus olhos mesmo sendo jovem, e aquele teste não os qualificaria de imediato. Tinham muito por que passar e gostaria de trilhar aquele caminho com ele.

— Eu confio em você. — Ela sorriu e inclinou-se, depositando um beijo suave na bochecha de Haru.

O choque o preencheu e ele não se deu conta de que Saiyuri saíra correndo, deixando-o ali para resolver se acreditava ou não que realmente ela o beijara. Levou a mão a bochecha, o olhar perdido em um ponto qualquer. Se antes estava nervoso agora ele não tinha palavras. Ele jamais entendia como a mãe ficava calma após Kakashi beijá-la, contando que o beijo deles era diferente. Haru agitou a cabeça, tirando aquela imagem da mente e se levantou. Em breve seria um ninja e deveria saber lidar com aquela situação.

— Onde você estava? — Souma ralhou ao vê-lo. — O teste já vai começar!

A sala 1B-101 se encontrava com todos os lugares ocupados. Ao total eram vinte crianças, conversando animadas e apostando que conseguiriam na primeira tentativa. Iruka-sensei dissera que não havia mais o que ensinar a eles, portanto deveriam prosseguir para a próxima fase. Verdade que se tornavam Gennins aos doze anos, mas aquela classe se tratava de crianças especiais. Aos seis anos Haru ansiava por obter seu hitaiate de Konoha. Estava mais confiante de que poderia fazer um Kage Bunshin, seu controle de chakra era bom, então não tinha por que temer o fracasso. Além de ser um Yatsuki, o sangue Uchiha corria em suas veias mesmo que não quisesse admitir.

Um por um as crianças foram chamadas e se dirigiam a frente da turma, a fim de mostrar a todos o resultado do treinamento. Haru observou a todos com atenção, notando que havia muitos talentos ocultos. Era uma prévia de que times habilidosos surgiriam. Souma, Hideki, Saga e Saiyuri foram chamados e obtiveram sua posição de Genin, o próximo era ele.

Haru prostrou-se a frente de Iruka-sensei e outros dois Chuunins que ele não conhecia e se concentrou. O chakra percorria seu corpo, dando-lhe a ideia de que em breve deveria liberar o poder. Os olhos fechados se fixavam em seu clone e logo ele executou o selo de mãos, invocando outro de si ao seu lado.

— Kage Bunshin no Jutsu!

O clone tinha sinais de vitalidade e sorria para os presentes com confiança, contaminando Haru com a satisfação. As crianças e senseis aplaudiram como fizeram com todos e Haru recebeu seu hitaiate, não se abstendo da felicidade. O Kage Bunshin se desfez e ele se juntou aos amigos, recebendo felicitações.

— Eu disse que conseguiria! — Saiyuri exclamou, as bochechas levemente coradas.

— É, você disse.

— Não fique muito feliz, pirralho. — Um dos garotos mais velhos da turma se aproximou, destilando sua inveja. Trazia nos lábios um sorriso presunçoso e desrespeitoso. — Se não fosse por sua genética teria sido reprovado.

— Cai fora, Hiro. — Saiyuri enfrentou, assumindo a frente.

— Deixe ele pra lá. — Haru não iria cair na provocação. — Vamos embora. — Segurou Saiyuri pela mão e começou a caminhar na direção contrária.

— É mesmo um covarde.

Os passos estancaram. Ele aceitava ser chamado de muitas coisas, menos de covarde. Rápido e certeiro, Haru acertou um soco no rosto de Hiro, sua altura maior em nada lhe amedrontava. Hiro se desequilibrou enquanto um filete de sangue escapava de seu lábio inferior cortado. Era o cúmulo que houvesse recebido um golpe daquele nanico. Revidou, porém Haru desviou e acertou uma joelhada em seu abdômen, roubando-lhe o ar.

— É isso aí! — Souma gritou, os braços elevados como se saudasse um deus.

— Tudo bem, Haru. — Hideki não aprovou a atitude do irmão, tampouco do amigo, mas não expôs. — Vamos embora.

Haru encarava Hiro com certa arrogância, mirando o quanto ele tinha dificuldade em estabelecer a respiração. Sorriu minimamente e atendeu ao pedido dos amigos, indo para fora. Naquele momento era como se ninguém fosse capaz de desafiá-lo e Haru gostava daquela sensação.

— Ei, a gente devia comemorar! — Souma sugeriu animado, fazendo os outros sorrirem. — Todo mundo pro Ichiraku Lamen! O Hideki disse que vai pagar!

— Ei! — O mais velho ralhou, correndo atrás do irmão.

Mas nada poderia competir com o lamen. Por culpa de Naruto, que acabou muita das vezes servindo de babá, fora apresentado àquela comida fascinante e que apenas poderia existir no Ichiraku. Verdade que o de Tsuhime o agradava, contudo os sabores eram indiscutíveis. O cheiro a cada passo ficava mais forte e Haru podia sentir a boca salivar. Como ele adorava aquele lamen.

— Tio! — Souma anunciou a chegada, acenando para o dono do Ichiraku. — Prepara cinco porções das grandes!

Acomodaram-se nos banquinho vermelhos e o som de macarrão sendo puxado despertou a atenção de Haru, que virando a cabeça para sua esquerda deparou-se com Uzumaki Naruto. E não se surpreendeu.

Yo, Haru! — A voz embargada de Naruto o saudou. — Sabia que não iria resistir!

— Estamos comemorando. — Haru mostrou a Naruto seu hitaiate. — Sou um Gennin.

Ta de sacanagem?! — O Uzumaki não disfarçou o espanto, recebendo um sorriso satisfeito. — Wow, você é tão novo. Me formei com doze anos.

— Somos uma classe especial. — O jovem Yatsuki retrucou sem parecer presunçoso, logo tendo os cabelos afagados por Naruto. — Amanhã formaremos os times.

— Nee, nee... — O rapaz loiro aproximou-se do mais novo, como se fosse contar um segredo. — E Saiyuri-chan?

O rosto de Haru assumiu uma tonalidade avermelhada, fazendo Naruto rir. Ele conhecia os sentimentos de Haru para com a menina, podia decifrá-lo por olhá-lo. Afinal, era daquele jeito que se comportava perto de Sakura.

— Isso...! Ora, não me enche!

— Oh, isso me lembra que há grande chance de ficarem juntos.

— Naruto! — Haru o repreendeu, desviando o olhar. Nesse tempo todo, desde a invasão, havia uma questão o incomodando e ele se recusava a conversar com os pais. Talvez essa fosse a oportunidade que tanto pedira. — Posso perguntar uma coisa?

Naruto estranhou o tom sério do menino. Acostumou-se facilmente com o jeito espontâneo e aberto de Haru, que aquilo indicava que ele estava realmente preocupado. Acenou positivamente, aguardando que ele falasse.

— O próximo ataque será logo?

— Não sei, Haru. Pode ser amanhã ou em anos... A Akatsuki é imprevisível. Mas por quê?

— É que... Tem uma pessoa que eu gostaria de encontrar de novo. — E ali estava o motivo de suas preocupações. A roupa que Tobi usara ao se encontrar com ele era a mesma do cara que os surpreendera. Se ele tinha ligações com a organização Haru se interessava.

— Da Akatsuki? Eu não acho uma boa ideia. Eles são perigosos, não se pode negociar nem se aproximar demais, você...

— Naruto. — Haru o interrompeu, mirando os grandes olhos azuis com afinco. Ele precisava que Naruto lhe desse aquela brecha, que confiasse nele.

— Por quê? — Naruto interrogou, realmente não compreendendo onde Haru queria chegar. Não era assunto para ele.

— Eu... Aquele homem, ele... Não, tudo bem. Esquece.

— Ei, termine!

— Esquece, é apenas algo da minha cabeça.

Contar a Naruto que seu pai verdadeiro era um membro da Akatsuki não ajudaria, e na certa Naruto revelaria tudo o que conversaram a Kakashi, que por ventura diria a Tsuhime. Ele tinha que manter suas ideias seguras. Talvez o posto de Gennin viesse a calhar.

Apesar de Naruto não ter se dado por vencido não tocou mais no assunto e se despediu, levando o pedido silencioso de Haru para que mantivesse segredo. Havia algo de grande escondido ali, que se quisesse descobrir precisaria ser paciente.

— Ei, Haru, vai esfriar! — Saiyuri exclamou, trazendo-o de volta dos devaneios.

— Sim.

— Eu ainda não acredito que você socou o Hiro! — Souma não esquecera aquela cena, imitando os golpes pelo caminho. Ainda estava cedo para voltar para casa.

— Sabe que ele vai te marcar, né? — Saga se pronunciou pela primeira vez, lembrando aos amigos que ainda se encontrava presente.

— Não tenho medo dele.

— Bom, é melhor medir sua raiva. Não vai querer adquirir inimigos agora. — Hideki sugeriu, racional.

E Haru não entendia de onde todo aquele sentimento saía, apenas que não conseguia controlar. E somando a ele a imagem de Tobi invadia constantemente seus pensamentos, aprofundando ainda mais a raiva, que aparentemente era direcionada a nada. Não havia motivos, ela apenas estava lá, sondando seus desejos mais íntimos e obrigando-se a tapear com os amigos. O que acontecia com ele?

— Certo. — Ele concordou, desconfortável. — É melhor eu ir para casa. Encontro vocês amanhã na Academia.

Ele seguiu, ignorando os chamados de Souma. Sua mente ligada ao fato de que precisava analisar bem o que queria. Ele iria encontrar Tobi, custasse o que custasse. Por isso ele seguiu a direção contrária de casa, aonde em uma hora a mãe chegaria, então aquele era o tempo disponível. Seria impossível dormir com aquela ansiedade o corroendo. A busca por Tobi teria que começar naquele instante.

Fora complicado alcançar a entrada da vila sem que alguém o interrompesse. Muitas pessoas disponibilizavam de alguns segundos para saudá-lo e pedir que mandasse lembranças aos pais ou que o chamavam para ajudar em algo. Contudo ele conseguira se esgueirar dos olhares e burlou a atenção dos guardas, ultrapassando o portão da vila. Se tivesse uma hora todos os dias avançaria mais rápido em sua busca, a questão era entender porque de repente cismara com Tobi.

Não fizera nenhum contrato com invocações, o que diminuiria o seu trabalho. Quem sabe em alguns anos aquilo fosse possível? Mas nada mudava o fato de que ter um cachorro ninja seria incrível. Ao menos se lembrava do caminho que tomara para procurar por Kabuto.

Preferiu se infiltrar na floresta ao redor de Konoha. Muitos Jounins saíam em missão constantemente e se por ventura se encontrasse com eles estaria encrencado. Tsuhime o repreenderia de verdade e ele não queria descobrir o quanto a mãe poderia ser dura.

Um arbusto se mexeu e Haru sacou uma kunai, armando guarda. Porém seu coração pôde relaxar ao ver um coelho branco saindo dentre as folhas, passando por si assustado. Suspirou, aquilo estava se tornando patético. Se fosse realmente um inimigo teria sentido a frequência do chakra.

— Ah, eu estou cansado! — Uma voz chorosa ecoou não muito distante e o garoto se escondeu. — Supervisionar vilas não é trabalho para nós.

— Precisamos saber o que acontece ao redor de Konoha, e se alguém estiver planejando um ataque? — Outro retrucou, irritado, também nada satisfeito com a tarefa. — Mas admito que isso devesse ficar nas mãos dos grupos especiais.

— Eu acho que estão apenas tirando uma com a nossa cara.

— É, pode ser.

Os passos retumbaram bem perto de onde Haru se encontrava e se encolheu mais atrás da árvore, notando que já vira aqueles homens poucas vezes, pois como Kakashi era do mesmo posto muitos o procuravam. Não poderia se permitir ser visto.

Assim que eles se adiantaram Haru também o fez, mandando chakra pros pés e se impulsionando. Perdera dez minutos tentando se manter oculto que agora precisaria ser rápido. Enquanto saltava de árvore em árvore Haru ia reconhecendo pontos de outrora, o que indicava que estava no caminho certo. Subiu até o topo, visualizando pequenas casas ao redor da floresta e, mais ao longe, montanhas.

— Provavelmente o limite de Konoha. Com tão pouco tempo foi o máximo que consegui chegar? — Ele conversou consigo, rompendo a distância de cinco metros. Poderia ser muito para outros, mas não para ele.

Até que tocou o chão. O tornozelo reclamou e ele perdeu o equilíbrio, enquanto uma onda de perigo percorria seu consciente. Ele não estava mais sozinho. Ativou o Sharingan bem a tempo de desviar de um shuriken, caso contrário teria feito um corte em sua bochecha. Como o esconderia? Empunhou sua arma, esperando pelo próximo ataque. E este viera de cima, e seu olhar acompanhou a mão fechada em punho vindo em sua direção. Por sua habilidade de prever movimentos foi fácil se esquivar, contudo uma rajada de vento o varreu para longe. Bateu com força em um tronco, despedaçando-o.

— Droga... — Haru maldisse, se levantando. Ainda não vira seus inimigos, mas eram claramente fortes. Olhou para todas as direções, impulsionando-se para cima antes que uma mão saindo da terra agarrasse seu pé.

A risada feliz ecoou pela floresta, divertindo-se com a situação. Desde o momento em que Haru colocou os pés naquela área os três destinaram atenção a ele, afinal, não era todo dia que encontravam alguém com kekkei genkai, ainda mais se fosse o Sharingan. O chefe ficaria grato se conseguisse aqueles olhos.

— Você é bom. — O homem apareceu em seu campo de visão. Os cabelos longos presos em uma trança, os olhos cruéis e negros mirando-o como um prêmio de alto valor. As roupas eram simples e não trazia qualquer hitaiate que identificasse de que vila pertencia.

— Nukenins? — Haru lançou a pergunta, aumentando o sorriso do homem.

— Oh, vejo que os talentos de Konoha ainda existem. — O segundo retrucou. Os cabelos cortados baixos formavam um desenho assimétrico e os olhos castanhos eram um pouco mais gentis. — Sorte a nossa, não é?

— Desça dai, gaki.

Gaki? Era daquele jeito que Tobi o chamava. E que hora inapropriada para se recordar daquilo. Ele tinha que se concentrar, os minutos escorriam como areia na ampulheta.

Haru procurou papéis explosivos em sua bolsa ninja e anexou a três kunais. Ele não sabia se funcionaria, mas ele tinha que descer de qualquer maneira. Criar uma distração seria essencial, embora não fosse sua intenção fugir. Caso o fizesse apenas daria razão a Hiro. Lançou as kunais, fincando-as a frente de cada ninja e as ativou. A explosão fez uma nuvem densa de fumaça se desprender e aquela era a oportunidade para agir. Concentrou-se em se lembrar de todas as posições de mãos e, aos poucos, sentia o chakra correspondendo.

— Katon: Goukakyuu no Jutsu!

A rajada de fogo desceu sobre seus oponentes, seria impossível que eles houvessem escapado. A confiança crescia dentro de si e ele quase sorriu. A fumaça que restara foi expelida pelo elemento Fuuton do oponente, mostrando que seus ataques não surtiam efeito. Eles ainda tinham alguns truques na manga.

— Não fique desapontado, pirralho. — O homem de cabelos assimétricos falou, a palma da mão virada para Haru. — Mas somos melhores.

— Não mesmo! — Mandando chakra para os pés Haru posicionou-se entre eles e atacou o da sua direta com um chute forte no rosto. Os olhos começavam a embaçar a imagem.

— Tori! — O homem exclamou, lançando um olhar furioso ao garoto. Com precisão acertou Haru em cheio, porém logo o corpo infantil transformou-se em madeira. — Kawarimi no Jutsu? Seu pirralho, onde você está?

E Haru o respondeu chutando-o entre os joelhos e o fazendo se subjugar, do mesmo jeito que Hiro. Segurou-o pela testa e expôs o pescoço, a kunai pronta para rasgar a pele. E teria sido incrível se Tori não tivesse se recuperado e o erguido com um redemoinho de vento. O ar aos poucos era sugado, fazendo seus pulmões reclamarem. Talvez ainda não estivesse no nível para enfrentar três homens experientes.

Contudo, ele não podia se esquecer de que carregava a inteligência dos Uchiha. Aquele era um fato que em breve teria que se acostumar. Sabia que seria arriscado, mas invocou o katon, que consumiu o ar a sua volta e se multiplicou. O calor era insuportável e Haru tinha que se concentrar antes que acabasse queimado. Domando as chamas ele as direcionou para os oponentes. Tori já estava com as mãos a posto, mas o terceiro homem foi mais rápido.

— Doton: Escudo impermeável!

O solo tremeu e começou a se agrupar em todo deles como se fosse uma concha, escondendo-os das chamas. Haru sentia-se cansado. Invocar o katon consumia grande quantidade de chakra, restava pouco e suas condições não o favoreciam. Todavia, assim que sua respiração normalizou, ele percebeu que as rochas cederam e seus inimigos não se encontravam mais sob a proteção.

— Isso... — Haru não terminou a frase, pois a dor irradiou para sua cabeça e sua visão turvou. Caiu de joelhos, cobrindo os olhos com as mãos, notando que o sangue escorria.

As chamas aos poucos foram cessando, já que não tinham nada para queimar. A única coisa que o deixava mais tranquilo era se ver sozinho, cansado e pela floresta estar inteira. Ergueu-se, apoiando-se em uma árvore. As pernas trêmulas indicavam cansaço, e Haru esforçou-se para se arrastar de volta a vila. Tsuhime já deveria estar em casa esperando por ele, mas somente daquela vez ele desejava que não fosse assim.

(...)

— Pirralho dos infernos! — Tori exclamou, pasmo que fugiram de um garotinho que nem ao menos tinha controle do próprio poder. — Deveria ter sido mais fácil.

— Mas admita: Ele está mandando bem com o Sharingan. O garoto tem movimentos bons, o único problema é ser apressado demais e não pensar nas consequências.

— Ah, por favor, vai ficar ressaltando os pontos fortes do moleque, Daichi?!

— Eu sou realista.

O trio continuou o caminho após ter conseguido escapar graças ao Doton de Kuro, que transformou o solo em terra movediça e os absorveu. Normalmente Kuro era um homem que preferia não se envolver nas lutas e servir como uma espécie de apoio. Tori e Daichi necessitavam de alguém que zelasse pelas suas costas, já que ambos se arriscavam comi alegavam que o garoto fizera. Não eram tão diferentes assim comparando por aquele ângulo. Ajeitou os óculos no nariz, aproximando-se de uma caverna. Havia uma rocha selada barrando a entrada de pessoas que não conheciam o jutsu certo para liberá-la, caso contrário seria reduzido às cinzas.

— Barreira de Selamento: Kai!

Com o estremecer, automaticamente a rocha se moveu para lado,.permitindo que os três adentrassem. O corredor úmido e gosmento os recepcionou, e Tori reclamou por seus pés estarem grudando no chão de segundo em segundo.

— Mas que merda! Quem escolheria um local como esse? — Tori retrucou mal humorado, revestindo a sola dos pés de chakra. — Do jeito que aquele cara é me estranha muito.

— Sabe que isso é o de menos. — Daichi rebateu, virando a esquerda com os companheiros.

O corredor começava a se inclinar e a fraca luz do interior fazia as sombras bruxulearem nas paredes. Naquela parte o aspecto da caverna melhorava, dando um ar de “lugar habitável”. Tori suspirou aliviado, ele odiava se sentir sujo e se não precisasse presta relatório teria ido para o quarto. Até quando continuariam sendo capachos daquele maldito?

— Demoraram. — A voz divertida repeliu com insatisfação, as mãos ágeis manipulavam um corpo de mulher.

— Ah, não amole! — Ralhou Tori.

— O garoto está descobrindo novos poderes. Se não fosse por Kuro a gente teria virado adubo.

Silencioso, Kuro apenas escutou e tomou a fala como elogio.

— E?

— Como assim “e”?

— A mulher... Tinha alguma mulher com ele?

— Olha, se tivesse a gente teria mencionado. É desse jeito que diz que confia em nós? — Tori bufou, irritado, quase ofendido.

O homem se virou, refletindo a luz do cômodo nos óculos finos e redondos. Os cabelos cinzentos foram cortados na altura do queixo e se ondulavam levemente nas pontas, mas detinha o mesmo olhar arrogante e sugestivo.

— Me desculpe, Tori. — Yakushi Kabuto pediu sem a mínima par ela de arrependimento. — Isso foi o bastante por hoje. Vamos começar a pensar no próximo passo.

— Próximo passo? — Daichi se pronunciou, confuso. — Nosso acordo não envolvia isso. Fizemos o que nos pediu, pague nossa parte.

Kabuto sorriu, caminhando até uma prateleira e retirou da bandeja uma seringa pequena contendo um líquido viscoso e quase negro.

— Vamos melhorar, então. Se continuarem trabalhando para mim e obtivemos sucesso prometo que isso... — Kabuto agitou a seringa, movimentando o conteúdo. — Será de vocês. Eu mesmo injetarei.

E a ambição de ter kekkei genkai era maior, sobrepujando qualquer pensamento racional. O brilho ansioso nos olhos dos três deu a resposta que Kabuto já sabia.

— O que temos que fazer?

Além da noção do trio, mais uma pessoa escutava a conversa com um sorriso. Finalmente iniciariam os preparativos.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Dúvidas, críticas construtivas, sugestões... Receberei com muito carinho.
Bom fim de semana!
Beijos!



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