Harukaze escrita por With


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 32

E todos esses dias eu gasto afastado

Eu melhorei nisso, eu juro

Eu preciso do seu amor pra me segurar

Quando há muito pra suportar

— Como foi que tudo aconteceu? — Kakashi interrogava Tsunade, observando Tsuhime no quarto de hospital pela pequena parte de vidro. — Eu não entendo como as coisas podem mudar de uma hora para outra. — A verdade é que ele estava nervoso. Mal podia virar as costas para um turbilhão de desastres ocorrer.

— Por enquanto ela está estável, mas vai precisar ficar em observação rigorosa. — Tsunade explicava com pesar. Apesar dos anos os males sempre viriam atrás de Tsuhime, como se a jovem mulher fosse um imã. — É curioso demais. Os rins, uma parte do coração e do pulmão esquerdo estão congelados. E mesmo que tentemos aquecê-la o gelo não sofre nenhum efeito, pelo contrário, apenas se intensifica. Parece uma maldição.

Kakashi suspirou profundamente, mandando os pensamentos ruins para longe. Ninguém soube lhe explicar o que aconteceu, até por que ninguém vira ou acompanhara Tsuhime na busca pelo filho. Ela fora sozinha. Como sempre... Será que não percebe que estou aqui por você? Ele rebateu internamente, velando o leve subir e descer do peito da esposa. Queria poder entrar e ficar ao lado dela, porém Tsunade afirmou ser melhor deixá-la descansar.

E suas preocupações não acabam por aí. Haru sumira, como se tivesse sido tragado pela terra ou por outra dimensão. Quando fora avisado por Iruka que Tsuhime tinha saído em busca do filho, ele largou tudo o que estava fazendo e foi atrás. Sentiu-se péssimo por ter chegado atrasado e encontrado apenas a esposa em um estado lastimável. Ela estava acordada e tentou pronunciar uma ou duas palavras, embora estivesse com dificuldades para respirar e cuspindo sangue.

Agora, tinha que se conformar em estar do lado de fora e esperar pelo despertar de Tsuhime. Não iria forçar demais, mas exigiria que ela lhe contasse o mais importante: Quem fora o responsável. Talvez em seu inconsciente Kakashi soubesse a resposta, todavia a preocupação e nervosismo cegaram completamente seus raciocínios.

— Vamos monitorá-la vinte e quatro horas, Kakashi, então mude essa cara. — Tsunade colocou a mão no ombro de seu jounin em gesto de conforto. — Vai ficar tudo bem. Tsuhime já se livrou de coisa pior.

— Eu sei. — Ele concordou, os olhos fixos na esposa. — Deixe-me entrar. Prometo que será por pouco tempo.

— Está bem. Darei a você cinco minutos. — A Hokage foi categórica, porém não o bastante para afastar Kakashi.

Havia apenas um pequeno banco ao lado da cama de hospital e foi ali que Kakashi se acomodou. A Hokage não lhe disponibilizara muito tempo, no entanto não importava. Senti-la, vê-la e ouvir a respiração dela já reduziam e muito o seu nervosismo. Talvez essa fora a primeira vez em sua vida que ficara sem chão. Pelo menos o que se lembrara. Tocou a mão dela, colocando-a sobre a sua com cuidado. Ela estava tão frágil e debilitada.

— Você precisa acordar e me contar o que aconteceu, querida. — Kakashi iniciou o seu monólogo, sabendo que não obteria resposta. — Sinto muito por não ter encontrado Haru, desculpe-me. Eu prometo que vamos trazê-lo para casa, juntos. — Nessa hora, Tsunade apareceu na porta chamando sua atenção. — Eu volto amanhã. — Levantou-se e beijou-a na testa.

— N... Não vá. — Tsuhime pediu com a voz arrastada, impedindo Kakashi de se afastar. Em seguida, a crise de tosse a atingiu, obrigando-a a arquear o corpo pela dor. — T-Tudo bem... Tsunade-hime... Posso cuidar de mim.

Tsunade ainda relutou ao acatar ao pedido, mas ainda assim o fez. O monitor disparou, alertando os batimentos cardíacos de Tsuhime, contudo a jovem ignorou-o. Com as mãos revestidas em chakra verde, ela pousou-as nos locais doloridos. A sensação de alívio alastrou-se por seu corpo e a água que se acumulara saia por todos os seus poros. Apesar de ter aprendido a dominar o chakra, teria que usar uma grande quantidade dele se quisesse se salvar. Os efeitos colaterais foram imediatos, no entanto era muito cedo para se render a eles.

Haru causara-lhe um estrago terrível e agora tinha que concentrar bem mais em cada órgão afetado. E pensar que já ameaçara Kabuto com aquela técnica anos atrás... Aquilo era desumano até mesmo para a pessoa mais cruel do mundo. Impedir o fluxo de sangue e reduzir as estruturas com o esmagamento do gelo, nisso se consistia a técnica. E ela agradeceu por não ter que viver com a lembrança de um erro.

Terminou de curar coração e preocupou-se se teria chakra suficiente para gastar com o pulmão e rins. Encarou Kakashi, como se lhe pedisse para decidir por onde seguiria. Começara-se a se sentir fraca quando tratou o pulmão com extremo cuidado e por conseqüência estendeu-se até o rim, sem qualquer pausa. Ao final, ofegava de olhos cerrados, completamente suada. A pressão caíra e os pontos pretos em sua visão indicavam que, se não se nutrisse logo, iria dormir por três dias.

— Kakashi, eu preciso de você agora... — Ela murmurou, fazendo com que o marido se sentasse na cama. Não queria causar dor a ele, mas se não o fizesse seu chakra não se reproduziria.

— Estou aqui. — Ele prendeu uma mecha de cabelo negro atrás da orelha dela. — O quer que eu faça?

— Basta você me retribuir.

Dito isso, Tsuhime o beijou. O fato de Tsunade estar ou não ali era irrelevante. Prendeu o rosto dele entre as mãos trêmulas e frias, e buscou a língua dele com a sua. O contato foi imediato e em menos de dez minutos Tsuhime se satisfazia, lágrimas escapavam-lhe dos olhos. Desde muito antes aquele ato era repugnante para ela, podia sentir as mãos de Kakashi se fechando em torno de sua cintura com força, embora não houvesse se distanciado, e sentia-se horrível por dentro.

Embora a dor de algo sendo puxado do fundo de sua alma, Kakashi continuava retribuindo Tsuhime e continuaria até que ela ditasse. Diminuiu a distância entre eles, queria fazê-la ver que não importava o que fosse ele faria por ela. E somente por ela. Como se já fosse o suficiente, Tsuhime afastou-se. Olhá-lo agora seria como expor a pessoa que ela fora antigamente, então fixou os olhos nos corpos ainda juntos.

— Está tudo bem? — Kakashi foi o primeiro a começar o diálogo, extremamente cansado. Recebeu como resposta um aceno da esposa. — Ótimo. Só me deixe descansar e eu te levo para casa.

(...)

Mentirosa. Mentirosa. Mentirosa. Essa era a palavra que martelava na mente de Haru como um conselho mal dado. Sentado em um futon com as pernas junto ao corpo, ele repensava em suas atitudes com a mãe. Apesar de tudo doera machucá-la, contudo não tinha o controle de seu corpo. Fora estranho e ainda sentia o sangue quente da mãe em si.

O quarto em que estava era frio e possuía apenas uma janela quebrando as paredes. A sua sombra que tremeluzia as chamas das tochas lhe assustava, porém não o suficiente para fazê-lo chorar. Ele era um garoto crescido e que não chorava por qualquer coisa, embora sentisse vontade. Engoliu em seco quando a porta se abriu e por ela passou um homem completamente desconhecido. Os cabelos eram cinza e ondulados, alcançando o pescoço, usava óculos redondos e se vestia com roupas pesadas e compridas. Ele sorriu ao lhe ver, entretanto Haru não retribuiu.

— Quando Tobi me disse que havia trazido você, eu não acreditei. Tive que ver com meus próprios olhos. Sou Yakushi Kabuto, fui um grande amigo da sua mãe. — Kabuto continuava sorrindo, notando em Haru certas semelhanças com Tsuhime. — Não precisa ter medo, eu só vim conversar.

Haru ajeitou-se no futon, desconfortável com a presença daquele homem.

— Qual o seu nome? — Embora soubesse, Kabuto apenas queria puxar assunto, ou seja, conhecer o menino melhor. — Você não fala, Haru?

— Se sabia o meu nome, por que perguntô? — Haru rebateu malcriado, os lábios formando um bico emburrado. — E eu não quero falar com você.

— Ou o quê? Vai chamar a mamãe? — Kabuto debochou, rindo divertido. — Não há dúvidas que seja filho da Hime-chan. Sabe, a sua mãe sempre acreditou que iria viver em paz, mas o problema é que ela nunca vai conseguir. Quer tentar adivinha o por quê?

— Não gosto do jeito que fala da minha mãe. — Haru ameaçou, o Sharingan ativo por instinto.

— Oh... Não sei de onde herdou tamanha coragem. — O ninja médico rebateu, soando falsamente admirado. — Esse jeito petulante só poderia ser do seu pai.

— Ele não é meu pai! — Haru negou, irritado.

— Não? — Aquela voz grave integrou-se a conversa, estremecendo o menino. — Quer que eu te mostre a verdade novamente? — Tobi encostou-se ao batente da porta, envolvido pelo Sharingan que o filho apresentava. — Pelo visto Kakashi começou a treiná-lo... Mas somente um Uchiha legítimo pode obter sucesso.

— O que você quer? — Haru dirigiu-se a Tobi, ocultando o quanto o incomodava ter o olhar do pai sobre ele.

— A sua mãe negligenciou muito sua educação, gaki. Acho que terei de começar do início. — A passos lentos, Tobi caminhou em direção ao filho, que recusava sua aproximação. — Não se preocupe, Haru, eu vou te transformar em um verdadeiro Uchiha.

Haru não soube ao certo o que aquilo significava, mas tinha certeza que sua vida a partir daquele momento iria mudar.

(...)

Assim que chegaram a casa, Kakashi tomou um banho e deitou-se. Queria ter conversado com Tsuhime, porém o cansaço o derrotara e agora se encontrava dormindo. Tsuhime estava ao seu lado, velando-lhe o sono enquanto repercutia os fatos em câmera lenta. Ela realmente achou que, como Kabuto sumira depois do segundo mês de sua gravidez, tudo seria tranquilo tanto para ela quanto para Haru. Pelo visto, novamente, enganara-se. Reparou que constantemente notava-se assim, discutindo algo por ter errado. Era sua sina, até que colocasse um fim.

O que a preocupava era Haru. O que estaria se passando pela cabecinha dele? O que Tobi estaria exigindo de seu filho naquele momento? Apesar de ser possessiva com Haru, compreendia que ele tinha um pai. E esse pai de maneira alguma era Tobi. Kakashi merecia todos os títulos, pois o vira nascer, crescer, educara-o e o amara como ninguém. Deveria estar sendo difícil para Kakashi lidar com a situação, embora ele soubesse se resolver internamente enquanto ela floreava todas as suas emoções. Talvez o objetivo de Tobi fosse justamente deixá-la instável.

Ajeitou o roupão ao corpo e dirigiu-se a cozinha. Preparou um chá e rumou para a varanda. O vento soprava ameno e ela sentiu os olhos marejarem. Em outras circunstâncias ela veria Haru treinando com Kakashi, agora podia apenas imaginar. Já tivera a ideia de ir atrás, todavia aprendera que os impulsos sempre atrapalhavam fora que ela não era a única afetada naquela história. Por seu sentimentalismo ferira Kakashi com seus atos agressivos.

— Não era para ser assim... — Ela murmurou para si mesma, passando os braços em torno da cintura. Apesar de ter se curado, podia sentir claramente as dores. — Os meus erros não podem recair sobre meu filho. O que eu posso fazer para não prejudicar você, Haru?

— Você apenas o protegeu como podia. — Aquela frase que outrora pronunciara, agora lhe acalmavam como o melhor dos sonhos. — Não foi sua culpa se Haru não entendeu seus sentimentos. Você é a mãe dele e faria qualquer coisa que pudesse para protegê-lo.

— Não deveria ter saído da cama, amor. — Tsuhime sorriu para ele, aproximando-se mais quando o marido sentou-se a seu lado. — Como está se sentindo?

— Muito bem. — Kakashi assegurou.

— Ah, é mesmo? Pois sua cara me diz o contrário. — Ela o incitou, batendo os ombros nos dele. — Eu deveria ter avisado que doeria. Mas não se preocupe, seu chakra está inteiro.

— Não é isso que me preocupa. — Ele encarou a esposa, depositando nela suas inseguranças. — Pelo o que você disse, Tobi quer Haru para atrair você.

— Duvido que seja por esse motivo, Kakashi. — Ela discordou, e em seguida sorveu mais um pouco de chá. — Haru tem sangue Uchiha, acredito eu que Tobi queira algo além do que possamos imaginar.

— Como o quê? Passar algum legado a Haru? — Kakashi retorquiu, quase irritado. — Está mais do que explícito que ele quer você, só nos resta saber para que fim.

— Isso não tem lógica, Kakashi. Tudo bem que é uma tática inteligente raptar o meu filho e me fazer segui-lo, mas me querer foge completamente dos padrões de Tobi. — Ela expôs suas opiniões, logo escutando o som impaciente que o marido soltara. — Digamos que esteja certo, dê-me um motivo suficientemente cabível para o que disse. Apenas um.

Kakashi silenciou-se por longos segundos, o que fez com que Tsuhime sorrisse. Talvez essa fosse a primeira vez em que conseguira ganhar uma discussão com o marido. Sinal de que estava melhorando seus argumentos. Na verdade, Tsuhime equivocara-se. O motivo do silêncio era que Kakashi não queria admitir suas conclusões.

— Espera... Não está pensando que... — Embora o momento não pedisse por risadas, Tsuhime rendeu-se a uma. — Que bobagem, Kakashi! Isso é absurdo. Tobi é oportunista, sempre atrás do melhor para ele. Acho que o amor não tem espaço na vida dele. A única coisa que fará com que minha raiva diminua é se ele estiver tratando nosso filho bem.

— As pessoas tendem a zelar por seus interesses. — Kakashi lançou, elevando os olhos para o céu. — Não estou incitando arrependimentos, mas desde o início devíamos ter dito a Haru que eu não sou o pai biológico dele.

— Pode não ser o biológico, mas o que tem a ver? Haru te ama e isso não vai mudar. Eu conheço o meu filho. Temos algo em comum quando o assunto é você.

— Eu prometo que iremos trazer Haru para casa. — Ele repetiu o juramento que fizera antes, agora tendo a certeza de que Tsuhime ouviria. Levou a mão à nuca da esposa, puxando-a contra ele.

— Não precisa me prometer, Kakashi... — Tsuhime sussurrou, os olhos fixos no rosto bonito dele. — Eu confio em você.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido.
Deixe sua opinião, crítica construtiva ou sugestões receberei com muito carinho.
Feliz dia dos namorados e bom fim de semana!
Beijos.



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