Harukaze escrita por With


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/585683/chapter/30

Harukaze

Capítulo 30

Nós continuamos nadando no mesmo mundo

Até o dia em que alcançarmos os nossos desejos

Todo mundo enfrenta as mesmas ansiedades,

Você vai encontrar apoio ao parar e procurar por mim

Estarei exatamente lá

Encontraram-se com o grupo nos portões da vila. Sakura e Ino carregavam suprimentos a pedido da Hokage, que também estava ali para se despedir. Tsuhime apenas tivera tempo de tomar banho e servir alguma coisa rápida para o filho, pois esperava que não precisassem parar logo. A situação em Suna não lhe abandonara a mente, e estava confiante de que poderiam reverter os danos da doença. Com Sakura e Ino de apoio, seria mais fácil se concentrar nas suas tarefas.

Dez minutos depois, todos já se apressavam pelo caminho, desviando de árvores ou saltando sobre elas. Tsuhime preferiu seguir mais atrás com Haru, que lhe convencera a deixá-lo ir sozinho. Kakashi estava ao seu lado para guiá-la. Embora preocupada, tentou esconder o máximo possível.

— Estou pensando que talvez devêssemos ter deixado Haru em Konoha. — Tsuhime proferiu de repente, expondo sua ideia. — Não sei por que pensei nisso agora, mas algo não está certo. É como se alguma coisa ruim fosse acontecer.

— Pressentimentos? — Kakashi interagiu, vez ou outra observando Haru a sua frente.

— É estranho... Quando Haru foi para o acampamento com Iruka-sensei, eu senti a mesma coisa de agora. Ele estava esquisito, pensativo e silencioso. Acho que algo aconteceu na floresta e ele não quer nos contar.

— Se tivesse acontecido, Haru teria contato para um de nós.

— Sim, sim, você tem razão. — Tsuhime agitou a cabeça, afastando os pensamentos chatos. — É melhor nos apressarmos.

Quando a tarde foi ganhando espaço, Haru já estava cansado e ia as costas do pai quase dormindo. Alegou fracamente que as pernas aguentavam, entretanto não conseguiu se manter de pé. Devido a isso, percorreram mais alguns quilômetros, dispostos a encurtarem o percurso, montaram as barracas e estenderam o saco de dormir. Kakashi tomou a decisão de mandar Sakura e Ino na frente, pois não poderia seguir viagem com o filho sonolento. Não obteve discussão, e quando a noite os cobriu só havia os três na floresta.

Tsuhime acendeu a fogueira enquanto Kakashi dava mais uma olhada em Haru. Sentou-se ao lado da esposa, que ainda guardava o semblante pesado. Na verdade, ela não contara a Kakashi sobre o sonho do filho e o fato de ele ter dito a ela somente dias depois a inquietava. E se Tobi tivera algum contato com Haru? Não queria pensar na possibilidade, seria o mesmo que dar razão aos medos. Aceitou a bebida que o marido lhe oferecera, porém não fez menção em tomá-la.

— Vai dar uma de rebelde? — Kakashi brincou com a esposa, enquanto levava a mão aos cabelos dela e desfazia o penteado. Recebeu um olhar irritadiço de Tsuhime, no entanto, não o suficiente para intimidá-lo. — Haru está bem, então coma alguma coisa.

— Não tenho fome. — Colocou o copo no chão, desfazendo-se da gentileza de Kakashi. — Sinto-me frustrada. E não, não tem nada a ver com estarmos aqui. É até bom. Eu só não consigo descobrir o que está me incomodando.

— Ajuda se dormir um pouco. Pode ir, eu fico de guarda. — Kakashi sugeriu solícito, preocupado com a esposa.

— Não, estou bem aqui com você. — Ela aproximou-se, unindo os corpos. Na verdade sentou-se entre as pernas dele, recebendo os braços do marido em torno de seus ombros. — Sentir você me acalma.

— Isso soou altamente malicioso. — Enfiou os dedos entre os cabelos longos, acariciando-os. A risada de Tsuhime preencheu seus ouvidos como uma sonora música.

— Certo, é melhor eu ir dormir. — Tsuhime rebateu, virando-se de frente para ele. Dedilhou-lhe o rosto e beijou-o por cima da máscara. — Qualquer coisa me chame. Boa noite.

Caminhando rápido e contendo um bocejo, a Yatsuki adentrou a barraca e deitou-se ao lado do filho. Ele ressonava cansado, todo a vontade no saco de dormir. Sorriu com a inocência dele e acariciou os cabelos negros e rebeldes. Haru poderia ser filho de um Uchiha, porém não possuía as características de um. Pelo o que ela se lembrava havia apenas histórias decadentes do clã, considerado corrupto por muitos. E não lhe interessava conhecer as razões para tal denominação. Seu filho viveria longe de qualquer contato com sua origem.

(...)

Na manhã seguinte, o céu nascera cinza e sem vida, por isso ambos seguiram viagem muito antes do sol nascer. Desta vez Kakashi carregava o filho nas costas, que se rendia ao sono e dificultava seus movimentos, entregando todas as bagagens para Tsuhime. Pelo o que podia ver dela, a expressão havia melhorado e parecia mais disposta, embora o brilho hesitante imperasse nos olhos castanhos.

Não pararam nenhum segundo e quando chegaram a Suna já passavam das três da tarde. O que em partes dizia que percorreram o caminho mais rápido do que previram. A família foi guiada por um jounin de confiança do Kazekage aos aposentos e lá Tsuhime pôde tomar um banho e comer, menos descansar, pois o soberano de Suna marcara uma reunião com ela em menos de uma hora. Pediu a Haru que permanecesse no quarto com o pai, e feito isso seguia o mesmo jounin até o gabinete do Kazekage.

Assim que foi anunciada, Tsuhime deparou-se com um jovem anos mais novo que ela, cabelos ruivos e olhos verdes, presenteados com profundas olheiras. Agora, ela só não sabia diferenciar se eram por falta de sono ou por doença. Por Kami-sama, isso não. Curvou-se levemente, notando pelo canto dos olhos que o soberano pediu silenciosamente que os deixasse sozinhos.

— Então, você é Yatsuki Tsuhime, a médica enviada por Tsunade-sama. — A voz soava grave e sonora, invadindo Tsuhime de surpresa. A imagem que ele passava não condizia com o teor dominante. Sentiu-se desconfortável. — Eu sou o Kazekage, Sabaku no Gaara. — E quando ele se levantou, foi ainda pior. Perto dele, Tsuhime o ultrapassava na altura. — Nossa vila foi assolada por uma doença e já perdemos muitos. Espero que você possa nos ajudar.

Sim, Kazekage-sama, darei o meu melhor. — Ela respondeu convicta, recebendo uma confirmação de Gaara. — Consegui analisar a situação pelos documentos que o senhor enviou. Edema pulmonar é a suspeita mais provável. É o acúmulo de líquidos nos pulmões e leva à falta de ar. — Tsuhime despejou a informação devagar e pausadamente, prosseguindo ao entendimento de Gaara. Como médica, dar o máximo de informação era essencial. — Preciso examinar o senhor também.

— É algo contagioso? — Gaara perguntou, não havendo problema em ser diagnosticado também. Ele faria de tudo para o bem de sua vila. — Será necessário isolá-los?

— Não, pode ficar tranquilo. — Ela sorriu suave. — O senhor prefere ir ao hospital ou...?

— Se não for muito incomodo prefiro que eu seja examinado aqui. — Ele cortou-lhe a frase, irredutível. Hospitais causavam-lhe arrepios e inseguranças. — Mas primeiro, trate dos internados.

— Como o senhor quiser. — Tsuhime curvou-se novamente, dando a conversa por encerrada e saiu do gabinete.

Aquilo não estava certo, Tsuhime sabia disso, porém entendia os motivos do Kazekage. Ele era um líder de aldeia e a aldeia sempre viria em primeiros planos, independentemente do que fosse e qual situação estivesse. Uma vida que exigia sacrifícios. Se pensasse melhor veria atos bonitos, embora a achasse cruel ainda mais para uma pessoa tão jovem quanto Gaara.

Expulsando esses pensamentos da mente, ela chegou ao hospital de Suna com a companhia do jounin. Agradeceu-o pelo trabalho e disse que ficaria bem, assim ele se foi. Teve com Sakura e Ino, que lhe explicaram a situação detalhadamente. Alguns pacientes apresentavam melhoras com os medicamentos que Sakura havia preparado, outros precisavam de métodos mais evasivos e diretos. As mais jovens decidiram deixá-la encarregada por eles, o que Tsuhime não pestanejou em começar.

Vestiu o uniforme, higienizou as mãos e calçou as luvas. Esclareceu ao seu paciente o que faria e assim teve início. Claro que foi muito desconfortável retirar os líquidos diretamente dos pulmões com a seringa, contudo ela faria o que fosse necessário. Dera sua palavra a Gaara, falhar não era uma opção. Devido à dor, o paciente perdeu a consciência. Não se alarmou, já que a doença havia castigado-o bastante.

Repetira o processo com os próximos cinco e quanto à noite fazia alta, ela ainda não pudera abandonar o hospital. Fora requisita ao laboratório e trabalhou a noite inteira na fabricação de medicamentos mais eficazes. O cansaço sentara-se em seus ombros e quando voltava para o quarto que o Kazekage fornecera já eram mais ou menos dez horas da manhã do dia seguinte, ela não assimilava um palmo sequer a sua frente. Seu corpo pedia por cama. Recusou todos os cumprimentos, tanto da família quanto de Sakura e Ino e rumou para o quarto, caindo na cama do jeito que se encontrava.

E essa foi a sua rotina por pelo menos duas semanas, tempo em que os pacientes começaram a apresentar melhoras. Uns necessitavam de respiradores, outros a doença se tornara tão grave que não existiam mais métodos que os ajudassem. Acompanhou a morte de uma criança, que a todo o momento encarava-a como se dissesse: “Eu sei que tentou, está tudo bem”. Estava no quarto quando os pais chegaram alarmados e despejando a culpa sobre ela. Escutou os maldizeres, e no final apenas proferiu:

— Fizemos todo o possível. Eu sinto muito.

E só Kami-sama sabia o quanto ela havia tentado lutar contra a morte daquela criança. Segurou as lágrimas de frustração e o vazio que insistia em tragá-la para a solidão, até que encontrou os olhos de Gaara. Tão inexpressivos e ao mesmo tempo passando-lhe conforto. Aquele rapaz era impossível de entender. E quando ele colocou a mão sobre seu ombro em um gesto reconfortante, ela sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto. Desculpou-se muitas vezes com o soberano de Suna e ele tivera que interrompê-la para dizer que seu esforço não fora em vão.

— Muitas pessoas melhoraram, então pense nisso. Você fez um bom trabalho e eu agradeço.

E embora aquelas palavras soassem verdadeiras, Tsuhime não as aceitava. Não enquanto o semblante daquela criança dominasse a escuridão de sua mente cada vez que fechava os olhos. Você não pode se deixar levar tão facilmente. A voz de Tsunade invadiu seu consciente, e tomando coragem ela continuou o caminho. Já o havia decorado, então a presença do jounin tornou-se irrelevante.

As luzes obedeceram ao toque de recolher e ela se viu imergida nas ruas escuras. Na verdade, seus olhos captaram uma figura a mais, que dividia a caminhada com ela. Não o notara até que uma nuvem descobrira a lua e o brilho o iluminou. A princípio sorriu, pensando ser Kakashi, entretanto perdeu a infantilidade quando reconheceu a silhueta de outrora. Os olhos que a assustaram no passado encaravam-na agora com extremo divertimento.

— Tobi... — Ela murmurou trêmula.

Instintivamente Tsuhime deu dois passos para trás — e talvez houvesse piscado naquele momento, pois o ser fugira de sua consciência —, chocando as costas em algo maciço. Seu corpo correspondeu, tremendo da cabeça aos pés. Seus movimentos estagnaram, prendendo-a no lugar. A percepção esvaia a cada respirar que sentia em seus cabelos; as pernas começaram a falhar, levando-a a ceder. Quando dera por si, estava nos braços dele.

(...)

Alguém a chamava incessantemente, contudo aos ouvidos dela soava totalmente entrecortado. Levou uma das mãos aos olhos, protegendo-os da claridade do cômodo e tentou se sentar, notando-se impossibilitada. A cabeça latejava, causando-lhe náuseas, que por sinal foi incapaz de impedir. Despejou tudo o que havia em seu estômago, sujando o bonito tapete.

— Mamãe! — Quem a chamava preocupado era Haru, ela reconheceu depois de alguns minutos. — Você desmaiou e o tio trouxe você!

— O quê? — Tsuhime não entendia nada, apenas a dor de cabeça latejante. — Quem?

— Devagar, filho. — Kakashi advertiu-o, dando espaço para que a empregada limpasse o quarto. — Parece que perdeu a consciência enquanto vinha para casa. O Kazekage te encontrou a tempo.

— Hmm... — Ela murmurou, massageando as têmporas. — Eu não me lembro do que aconteceu, desculpe.

— Tudo bem... Eu vou colocar Haru na cama e já volto. — Esperou o menino beijar a mãe e desejar boa noite. — Descanse.

Tsuhime franziu o cenho, tentando reviver as memórias, contudo sua mente era um grande vazio branco. Era como se tivesse alterado, retirando as recordações vãs. Forçou-se a chegar ao banheiro, onde tomou um banho e escovou os dentes. Vestiu-se com um roupão macio e voltou para cama, sentindo-a girar. Fechou os olhos com força. Seja lá o que tenha acontecido, afetou-a drasticamente.

— Você tem se esforçado bastante. — Kakashi anunciou-se, logo se sentando ao lado dela. — Talvez precise diminuir o ritmo. Faz duas semanas que eu não a vejo.

— É, você tem razão... Ou a temperatura pode ter me prejudicado. Ora faz frio, ora faz calor... Não consigo me acostumar a esse clima esquisito. — Ela o puxou, fazendo com que Kakashi se deitasse. — Fique comigo.

— Eu sempre estou. — Beijou a testa da esposa, recebendo-a nos braços. — Quando acha que poderemos voltar para casa?

— Não sei... — Tsuhime proferiu baixo, os olhos cerrados pelo sono. — Mas é tudo o que eu mais quero.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Deixe sua opinião, crítica construtiva, sugestões... Receberei com muito carinho.
Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harukaze" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.